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História Crônicas de Althunrain - Rei Lich - Fracasso


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Esse cap está meio longo... sim, tem muita coisa nele então leiam devagar... creio que vão gostar, e ficarem bad? Talvez...

Capítulo 73 - Fracasso


Fanfic / Fanfiction Crônicas de Althunrain - Rei Lich - Fracasso

Meu coração acelerava a cada instante, minha boca estava seca e, a dor em minhas costas cessava, ainda mais depois que todos nós fomos jogados para trás com a queda de meu mestre e seu inimigo poderoso, por um lado, desejava que meu senhor tivesse matado esse humano bem rápido, mas, só por ver que ele nem ao menos se armou com Ehras torna tudo seguro, Aryn não tem problemas com ele, porém, por mantê-lo nesse tipo de brincadeira, todos aqui são afetados.

Coloco os braços afrente de mim ao sentir um clarão aquecer-me, um impacto forte treme o solo, mesmo a mais de cem metros sinto a força de meu mestre que lança o general longe, Ryte, o amigo de meu senhor, havia me avisado dele antes de tudo isso, porém, nunca iria crer que se levantaria após tal golpe. Fayra, o general de Ehiet, parece ficar mais forte à medida que luta, mais rápido, forte e ágil eu acho, bom, ele salta na luz como meu mestre faz nas sombras, então não o vejo muitas vezes, no entanto, não vou me preocupar até ver Ehras sendo empunhada, pois só ai que meu senhor Aryn está a sério de verdade. Aperto as patas no chão enquanto dou as costas para a luz irradiante e vejo Mospher e Mythix correndo para trás, eu havia me distraído enquanto os soldados inimigos avançavam com a luz atrás deles garantindo vantagem. Avanço ao contrário, é meu dever protegê-los e, por mais que o caos tenha imperado agora, preciso correr, e o faço, piso em sangue, metal e terra para ficar ao lado deles, os humanos em seus trajes brancos reluziam com a forte luz, porém, mesmo assim, consigo chegar perto enquanto os nossos homens também faziam o mesmo, entretanto, o avanço de lanceiros e guerreiros desesperados me fazem tomar medidas assim também. Salto para frente usando de minhas patas para ganhar mais velocidade, rolo no chão afim de ficar entre eles e todos os inimigos nossos que avançavam quase ignorando as armas que se erguiam contra si mesmos.

A partir daí, tudo fica um tumulto apertado, nossos amigos unem-se a nós assim como os aliados que temos, escudos se erguem a cada lado meu enquanto o choque entre os corpos de metal açoita o ar com um som pesado... as lanças avançam, arranhando armadura e carne. Alguns caem com cortes na garganta, outros revidam com golpes irados, porém, eu recuava junto aos magos que devo defender a todo custo. All’ma passa por mim como um vulto que chega decepando a mão de um homem, Akryn, se revelava ser um daqueles na frente e, Mallf, assim como Enlay, estavam desaparecidos. Não tenho tempo de procurar, nem mesmo de pensar, não havia chance de vacilação, pois pode significar a morte...

E então, furando a muralha de metal e gritos, alguns escapam, não, nossa barreira se desfaz com um homem enorme que vaza tudo correndo com dezenas de flechas no corpo armadurado, cai logo em seguida, morto, mas dá passagem a outras dezenas que avançam urrando, preparo a cimitarra, começo segurando o golpe de um machado que vem por cima, o desvio para a direita com a lâmina e chuto o peito da mulher que cai no chão e é pisoteada pelos seus próprios aliados. Uma lança voa a minha direita, entretanto, uma barreira de água se forma e para a arma que, mesmo furando-a, desacelera a centímetros de meu rosto assustado. Minha respiração acelerada faz o meu corpo tremer, minhas orelhas caem, isso foi muito perto...

Agradecendo em mente, dou graças a essa ajuda reciproca e... rebato uma espada que chega à esquerda, assusto com a minha própria reação veloz e quase mostrando os dentes, me apronto para matar um velho de armadura completa e negra que me olha pelo elmo fechado com fúria. – Um animal pra matar é?!

Debocho com um sorriso e aperto o cabo com ambas as mãos, ergo a espada acima da cabeça, faço a lâmina descer afrente de mim em uma posição mais defensiva do que queria parecer. Dou um passo à frente, sinto a terra úmida pelo sangue entre os meus dedos, era hora, mas, outra vez a terra treme, um estralo intenso faz todos perder o equilíbrio, porém, por alguma obra divina, eu consigo ter um sustento com as patas e me movo, corto o peito do velho subindo a lâmina, rasgo o metal como se não fosse nada, algo que notei a muito tempo. Mordo os dentes enquanto todos recuperam os sentidos, o humano apalpa o corte e vê seu sangue enquanto ri. – Ahhh eu vou matar você! – grita partindo para cima de mim, seguro um golpe frontal dele e giro o punho a fim de furá-lo enquanto minhas patas movem-me para a esquerda, tal coisa acontece, enterro a cimitarra em seu ombro direito e a retiro puxando com violência a fim de fazer o maior estrago possível. – Verme!!! – mesmo danificado, o velho move-se, sua espada cheia de dentes passa rumo a minha barriga, porém, mais uma vez tenho uma prova de agilidade absurda, levo o quadril para trás.

Sinto o vento mortal balançando os meus pêlos enquanto passa, aproveitando a distância, levo a minha cimitarra para trás e preparo um golpe suficientemente forte, entretanto, ele recua também o prevendo. Tossindo, o humano parece sentir os cortes, sua boca cospe sangue e seus olhos tremulam dentro do elmo prateado, mesmo sob a luz das pedras brancas e azuis que jazem nas paredes, consigo ver muito bem... – Ahhhr... – suas pernas tremem.

Aproveito o vacilo para avançar, mas, outro pensamento passa em minha mente e me paralisa com tanta força quanto um puxão na minha coleira, olho para trás assim que ouço gritos, Mallf segurava dois machados com as mãos nuas, Akryn estava mais ao fundo, cortava um homem em vários lugares enquanto All’ma passava como um vulto. Minhas orelhas se movem para trás, me alertam, viro-me com rapidez, mas, não consigo reagir rápido do suficiente, apesar de bem melhores, os buracos das flechas ainda ardem ao movê-las, no entanto, a espada vem tão veloz em direção ao meu pescoço que não tenho tempo, coloco o meu braço esquerdo na frente e mordo os dentes mais forte para suportar a dor visceral e intensa, a lâmina fura e atravessa o meu membro parando felizmente, cheia de sangue, o velho não a move mais, pois respirava pesado e com dificuldade, minha mão afetada treme enquanto o vejo soltar sua única arma de cair de lado. Ergo a cimitarra para o ar com fúria, porém, seu rosto já estava sem vida, sua boca, jorrava sangue que agora estagnava, baixo a arma e olho para o meu membro ferido, o preço da distração...

Uso a ponta da minha cimitarra para, com muito cuidado, retirar a lâmina do meu braço sem machucar mais do que já foi, porém, a dor é muito intensa, sangue escorre sujando ainda mais o meu pêlo, porém não desisto de fazer isso, o corte vai infeccionar assim e, eu... Aperto os olhos enquanto engulo ar e coragem, sinto o metal saindo de dentro de mim com velocidade. – AHHHHH! – grito para o céu, respiro outra vez com aflição...

Volto a olhar para trás, e o que vejo, faz o meu corpo tremer, de ira, ódio, e desespero. Um lanceiro jovem enterra a lança no peito de Mospher, como conseguiu chegar ali é algo que nunca vou saber, mas, o que eu sei, é que falhei.

Assim, sinto o ar ficando frio de uma forma violenta, minhas pernas tremem...

 

 

Uso os braços para desviar a investida de Fayra e, isso está começando a me irritar, caído no chão, o general retorna a se erguer e... – Ahhh... – reclamo, o esmurrei forte o suficiente para desmaiar, pois, não quero mata-lo, não agora, não aqui... ele será um prisioneiro de guerra muito valioso, por isso sua morte não vem com Ehras.

— Acabe... – o humano fraqueja, não consegue se colocar de pé direito. – Acabarei com isso agora... nem que eu morra. – seus punhos voltam a se apertar.

— Aryn! – meus sentidos encontram algo, ouço um grito familiar, era Klyce, um arrepio de ira sobe pelos meus braços e pernas assim que Thereza avisa e mais atrás dele, Mospher... Não! E ai, se aproveitando, Fayra dispara, porém.

Viro o rosto de volta ao general, o gelo negro em mim irradia, grita, vibra! – RAAAAH! – ele ruge enquanto mira um soco em meu rosto enquanto voa usando sua luz.

O impacto acontece, o clarão de luz que sempre emite oculta o resultado, dessa vez. Agarrei seu punho direito com o meu esquerdo, os olhos azuis dele arregalam, pois os meus estavam vibrantes, pela primeira vez sinto o cheiro de medo nele... – Chega... Isso acaba agora... – meu punho armadurado se fecha estridente com o ranhar de gelo.

Puxo seu braço cativo e emendo um golpe em seu peito, é instantâneo, ele cospe sangue em mim e é disparado para o outro lado da fenda onde bate contra rocha quase no limite dali. Perdendo o ar, Fayra força os pulmões para reavê-lo, porém, eu já estava encima dele, chuto o seu peito com a bota direita enquanto minha outra gira e acerta sua cabeça o fazendo perder os sentidos, ainda com esse movimento, soco seu rosto que mal afunda pelo braço mais fraco que uso, porém, agarro seu rosto e mordendo os meus dentes o lanço para trás, seu corpo voa pelos ares e disparo usando as minhas pernas potentes para chegar até ele, sinto o poder que elas produzem pulverizando a rocha e com isso, me jogando até o general que tenta recobrar o controle. Meu salto foi calculado muito bem mesmo que eu estivesse mais alto, pois, em queda, meu braço direito ganha fogo azul que junto a toda força que posso dar sem matá-lo, mas, mesmo assim, quebro costelas dele com o impacto, posso sentir a falta de resistência dele e, o faço entrar em combustão, as chamas espirituais estavam ainda mais caóticas e vorazes, uma forma que ele nunca viu aqui. Apesar de ser nova, amo o contraste de cor que ela faz e amo ainda mais a dor que causo em Fayra, afundo o punho em sua carne e o arremesso com tanta ira que o ar quebra, um estralo troveja e seu corpo passa pelas casas e pela muralha explodindo o chão onde cai mais afrente erguendo uma poeira vermelha, me mantinha no ar somente pela bondade de uma nuvem que tapava o Sol e me permitia ficar atrelado as sombras.

Eu respirava pesado, meus ombros estavam enrijecidos, meus punhos se apertavam, a minha brincadeira, o meu teste... custou Mospher...

Vejo naquele lado da cidade, o exército inimigo estava se contorcendo como um aglomerado de formigas, meu braço esquerdo flameja em azul e com um golpe no ar, dissemino o fogo espiritual sobre toda a cidade com a força e a velocidade de uma baforada diacrônica que espalha por cada lugar e queima aqueles feiticeiros, por sorte deles, essas chamas não queimam suas carnes, porém, ilumino todo esse lugar aos gritos dos homens que sentem seu poder ser incinerado de seus corpos e armas. Desapareço no ar ao saltar rumo a Fayra, caio no chão a alguns metros dele, levanto poeira dessa terra rubra com as minhas botas que congelam o chão que emana calor como brasa.

— Vou levar você daqui, mesmo que seja em pedaços Fayra! – minha voz é alta, irada. – Quando não for importante, seu animal, quero ter o prazer de te ver morrer. – meus lábios tremem, a fúria do nosso erro queima dentro de nós, esquecemos dos mortais ao nosso redor, de que eles não são como nós... Meu coração dói, pois, e se fosse com Klyce!? Tal ideia me arrepia, a terra ao nosso redor treme enquanto Ehras surge devagar do Limbo, agarro seu cabo negro fazendo toda a lâmina repetir a cor, Thereza mesmo disse a mim que nossos poços de magia estão baixos, faz quase um dia que venho lutando sem parar em alto nível.

Dou um passo, e quando minha bota direita toca o calcanhar na terra, uma centena de sombras humanoides se movem e pegam suas próprias versões de foices negras e disparam para cidade em uma investida silenciosa, irada e mortal. Eles ignoram a muralha, correm sobre ela como se nada fosse subir em vertical por mais de vinte metros, e assim que chegam ao topo, minha foice se levanta, não tiro os olhos de Fayra que geme muito baixo a cada vez que tenta respirar. A lâmina curva erguida pelo meu braço esquerdo desce, e é instantâneo, todo e cada um dos clones sombrios avançam para dentro da cidade incitando gritos, fúria e abates... quanto ao general, ele não se move, a luz de seu corpo falha, pisca enquanto a luminosidade dele diminui e revela um corpo machucado, arranhado, lacerado, locais roxos se mostram enquanto o metal que era sua pele escorre para o chão. Ele estava desacordado, a armadura que usava inexistia, restou apenas a ele umas roupas íntimas de um pano que era branco e agora é vermelho-sangue.

Caminho imaginando, eu poderia cortar os braços de as pernas dele fora, encarcerá-lo com gelo cristalino como fiz com aquele homem a muito tempo, esse verme merece sofrer!

 

 

Meus olhos ardem, os cortes no meu corpo doem muito e, Mospher... está caído ao meu lado, seus olhos entreabertos perderam a cor a muito tempo enquanto seu assassino é estraçalhado por Akryn que avança em fúria. Tento me mover, mas, há duas flechas na minha perna direita, Leona está chorando desesperada a minha esquerda enquanto meu sangue escorre pelo corte profundo de uma lança fez em minha barriga, a dor estava sumindo, eu não sentia mais, minhas pernas mesmo não parecem estar mais aqui e... um zumbido fundo e confortável surge no fundo da minha mente, enquanto os meus olhos esfumaçam, queria falar, mas, da minha boca nada sai e só tenho tempo de ver... um arrepio eletriza o meu corpo enquanto sinto e vejo acima de nós, Aryn ruge no ar com uma chama tão vívida e azul que atrai os meus olhos de forma absurdamente instigante, aquele zumbido some com essa nova vontade, não posso... eu não posso partir agora, preciso ver, preciso sentir, preciso acender na história como esse homem fez...

Eu sou tão fraco agora... mal pude usar magias que realmente fossem poderosas, o caos de uma batalha nunca é como imaginei, é tudo tão rápido, tão doloroso, tão visceral e horrível que, me faz rir, aqueles poemas lindos e épicos são uma mentira vagabunda. Leona abre os olhos e, sem o que fazer na mente, apenas se coloca sobre mim e grita algo que... eu não ouço nada...

Meus olhos ficam fixos nos dela, a mulher segura a minha mão esquerda com força, é verdade, as vezes sou tão cego com o meu ego, que perco as reais chances de poder ter uma paz diferente. Sempre fui instigado a ser cada vez mais poderoso, a buscar poder a todo instante, ser o melhor dos melhores, ser O Mago, mas, no final, estou aqui, caído no fundo de uma fenda abissal em uma terra esquecida pelos deuses vendo alguém que tanto invejo realizar o que daria minha vida para fazer em frações, parece patético, porém, se pudesse escolher, teria ficado com Leona em Nostradam, abandonado toda essa loucura e partido com ela para ter uma vida comum em algum lugar de Althunrain...

E assim vejo, ao lado da cabeça dela, Aryn some e sinto sua falta em presença arcana, isso me deixa enjoado, porém, isso é o que me faz ter certeza de que ainda estou vivo, que seja em dor, eu quero viver para realizar, para ultrapassar as idiotices que fiz e ficar com quem amo, não me importo em fazer o que desejo, se os deuses permitirem, não quero ir para Kan’Nam agora... por favor...

 

 

Ver Mythix caído ali me faz apertar o coração... é minha culpa, não consegui, eu... fracassei, a ordem de meu mestre, eu não... Meus olhos lacrimejam, meus braços e pernas tremem, caio de joelhos com os olhos fixos nos dois, eu matei eles, eu fui fraco, não fiz o que me mandaram, não consegui cumprir a ordem do meu senhor, não completei a missão que ele confiou em mim... baixo a cabeça desolado enquanto ouço os gritos de nossos inimigos cessando, Cixoam tinha vindo de outra fenda mais atrás e se transforma em humano enquanto voa, suas asas enormes e douradas permanecem saindo de suas costas enquanto clareia todo o lugar com sua luz, expande um campo dourado que faz tudo brilhar intensamente, ventos fortes lançam sobre nós e me faz cair de lado na terra úmida por sangue, sinto tudo me machucando, eu havia falhado com meu mestre... Meus olhos ardem rentes a terra enquanto aquela luz esvoaça os cabelos de Leona que grita para Mythix, mas, não sei, estão mortos... sinto o meu pêlo pesado e grudento sendo acalentado por algo intenso e confortante, porém eu tenho outro tipo de ferida...

Fayra não se moveu perante a mim, a vontade de despedaça-lo era imensa, apertava o cabo de Ehras várias vezes. – Calma Aryn, precisamos dele, sua mente será intensa para vasculhar e... – um arrepio nos toma a atenção, viro-me de lado para ver.

— Fayra, seu inútil... – um homem de armadura pesada e negra estava saindo de um portal criado no ar. – Era para matar Bennely, só isso! – o humano repreende o homem que mal pode se defender.

Meus dentes raspam entre si, caminho na direção dele ignorando qualquer coisa. – Esse aqui não vai ter a mesma sorte... – digo a Rainha que me dá forças, meu corpo incandesce, pura fúria faz meus cabelos esvoaçar para toda parte em poucos segundos, solto o ar dos pulmões e salto.

Surjo afrente dele, um par de olhos verdes e arregalados me trazem a vontade irada dos meus refletindo no fundo de sua alma. Chuto seu peito sem cerimônias, ele sai voando baixo e outra vez disparo, mas agora uso as pernas, inclino o corpo para frente, toco a mão esquerda na terra vermelha enquanto Ehras, em meu punho direito, curva-se atrás de mim rente ao chão. Avanço acima dele e trago a foice para baixo, sua ponta cai no meio dele, porém, o intruso abre a mão esquerda e se lança para o outro lado, giro o meu corpo no ar para vê-lo mudar a direção de seu corpo com maestria, se ergue no ar com os punhos acendendo em chamas ardentes, une as mãos acima da cabeça e faz uma espada de puro fogo, o mortal cai sobre mim, trago Ehras de baixo para cima com sua ponta pronta para enfiar entre as pernas dele e empalá-lo, porém, o humano explode chamas desesperadas. Sinto o calor a minha volta, entretanto, nem meu rosto se queima, toda via, esse não era o plano, com uma agilidade sobre-humana sinto a espada dele vindo de outra direção, é fácil saber, pois é mais densa do que o resto, atingiria o meu quadril, mas, minha mão esquerda agarra a lâmina escarlate e vejo seu portador surgir das chamas logo em seguida.

— Hah! Aryn! – ele grita sorrindo. – Será uma honra levar sua cabeça para Ehiet! – nisso, aperto sua espada de fogo que range.

— Será um prazer espalhar teu sangue por aqui... – o gelo negro nos meus ossos libera-se, e é quase instantâneo, o próprio fogo é congelado em um tom azul escuro, para se livrar, o humano larga sua arma e salta para trás.

— Eu so-

Antes que falasse, emerjo do gelo quebrando-o só com a vontade, falando nela, pela primeira vez depois do rei, posso me soltar um pouco.

 

Lanças e espinhos de gelo surgiam do solo congelado que fiz, não deixava ele parado nem um instante, pois, as minhas sombras estão falhando, sinto isso em forma de dor, minha cabeça dói e tal fato me deixa ainda mais irritado, queria parar, queria pensar direito, porém, antes...

Aponto a mão esquerda para o mortal que usa seu fogo e vento para voar, e assim, uma mão de puro gelo emerge do chão e tenta captura-lo, mas, atacando e desviando, o humano sai do caminho e tenta derrete-la, entretanto, isso é completamente inútil. Com apenas o pensamento, o ar ao redor dele esfria, bato a base de Ehras no solo e todo o gelo que estava no chão o ataca, uma enxurrada frígida atinge seu corpo, no entanto, com um disparo das duas mãos, bolas de fogo explodem o que fiz em milhares de pedacinhos pequeninos. – Hah! Sinto sua magia ficando mais fraca Aryn! – caindo no solo outra vez, o humano ergue os braços. – Já eu, estou em plena potência!

Solto a foice que permanece de pé. – Fraco? – meus punhos se apertam e mordo os dentes. Nisso, gelo se forma por toda parte, sinto o poder bruto fluindo por nós e quando uno as mãos afrente e acima de mim, dois braços de gelo emergem e com uma velocidade absurda o esmagam, entrelaço os dedos e desabo tudo ao chão. A terra treme, poeira vermelha levanta onde não estava congelada, meus olhos ardiam pelo tanto de poder que usávamos sem parar, era exaustivo demais...

E então, um clarão vermelho surge em meio a toda a poeira, uma torrente de chamas infernais cresce e gira em minha direção como dois dragões dançando entre si. Agarro Ehras e abaixo o cabo fazendo a lâmina curvar para cima, a palma esquerda estava aberta sobre o cabo enquanto a direita o mantinha firme, assim que aquilo nos atingiu, o fogo começa a ser dividido ao meio em labaredas caóticas que lançam meus cabelos para trás, porém, era fraco, nem mesmo fechei os olhos para isso, todo o calor era tolo perante o gelo negro que range em fúria, dou um passo para frente, faço a ponta da foice enterrar-se e puxando-a com o braço direito, golpeio o ar em uma crescente vertical única que lança uma onda branca e azul. Tal ataque divide as chamas até seu produtor que precisa saltar para longe e cessar o seu ataque caótico, pude ver ai, seu elmo tinha marcas de amassado, sangue escorria pelo seu punho direito fechado assim como na gola do peitoral. – Desgraçado...

Arrasto Ehras enquanto ando no rumo do mortal que fica parado, a foice negra congela o chão a todo momento e com um giro lanço uma onda negra e horizontal em seu rumo. Agilmente ele salta usando as botas e manoplas como impulso ao soltarem fogo e o peitoral envolvido em ventos uivantes para equilíbrio. – Chega! – ele grita e sinto seu poder acelerando. – RAAAAAAAHH!!! – com tudo de si, vejo fogo se formando ao seu redor, chamas vermelhas se tornam amarelas, e quase brancas. – QUEIME!!!

Assim, uma tempestade de fogo se expande ao nosso redor circulando em caos e brilho puro, meus cabelos seguem o sentido das chamas enquanto o gelo que fiz antes derrete por não me interessar mais nele assim. Conosco no meio, vejo o homem mais... arraigado, aparentemente seu elemento o dá força. – Ótimo... – ergo Ehras para cima e com força a jogo contra o chão, sua base negra congela tudo por aqui, agora, o chão está escuro também. – Minha vez! – giro a foice acima da minha cabeça um trio de vezes e do centro uma nevasca se forma em segundos, o chão treme enquanto o frio que crio destrói o calor intenso sem nenhum tipo de problema.

Saltando sobre mim, o mortal golpeia-me, atinge o meu rosto com um punho incandescente, meu rosto se vira um pouco, mas, logo outro me acerta na barriga, e mais outro lá, assim que meus olhos caem sobre ele, o humano me mostra uma mescla de horror e falta de fé. – Não... eu... o meu fogo é invencível! – diz para si mesmo enquanto tenta recuar.

— Pelo visto não... – assim, esmurro sua cara nua, por sua sorte é meu punho esquerdo, porém, por ser extremamente rápido, consigo acertá-lo em três lugares diferentes antes de chutar as suas pernas e deixa-lo no chão.

— Como? – o mortal dá um salto para trás. – Minhas chamas...

— Hmmm... – sorrio com os olhos fixos nele. – Nada derrete o meu gelo seu verme imundo. – meu cenho franzido denota a ira que tenho, tantos que morreram pela minha displicência... – Agora, vou combater fogo... com fogo... – a lâmina de Ehras ganha chamas azuis.

Os olhos verdes do meu inimigo arregalam enquanto todo o meu corpo recebe as chamas espirituais. – Impossível! Fogo? Ninguém domina tantos elementos! – braveja.

— Somos aquele que não conhece essa palavra mortal... – caminho em sua direção. – Somos Rainha e Lich! – assim, o humano foge, dispara para trás com pressa, mas, aponto a mão esquerda em sua direção e de imediato projeto uma versão gigantesca dos meus ossos negros, aquilo o agarra em pleno ar transformando seu arredor em puro azul. Ouço daqui o quanto grita enquanto sua magia queima, ele se contorce e despende das alturas erguendo poeira, dou mais um passo, porém, minha visão apaga.

Recobro-a de joelho, tudo gira, minha cabeça dói muito e sou aplacado por um cansaço absurdo. – Aryn! Rápido! – a Rainha alerta enquanto me coloco de pé outra vez. Minhas costas ardem pelo esforço, entretanto, preciso acabar com isso...

O mortal se levanta cuspindo sangue e ao ver meu estado ri em vermelho. – Ahhhr... parece... – ele cospe um boto rubro no chão de mesma cor. – Você parece acabado Aryn... – assim, seus braços retornam a pegar fogo.

 

 

Me encolho enquanto os últimos caem na terra ao longe, meu corpo estava exausto, os cortes em mim doíam, a punição mais que merecida pelo que fiz... chorava sem parar e em silêncio usando de mim mesmo para não extravasar todo o som que queria fazer, tudo que queria soltar... toda vez que imagino Aryn... quando ele ver... a culpa é minha, não há outra explicação, entretive-me com aquele maldito velho imundo e... – Raaahr! – grito de boca fechada, Mospher morreu, Mythix também e nem tenho coragem de olhá-los.

Nunca vou me perdoar por isso, e quando Aryn... quando ele ver, não posso viver se decepcioná-lo, nem mesmo uma vez, não posso... mas, está feito, sou um imbecil, um inútil idiota, queria que me chicoteassem muito, que me punissem com toda a dor que mereço, descumpri uma única ordem, é imperdoável e...

— Klyce... – era Enlay, ele se aproxima de mim com passos pesados. – Ei, levanta daí... porque está... ahhh Klyce, não tinha como você.

— Eu deixei eles morrerem Enlay, é culpa minha, não há explicação para isso... – digo soluçando, queria tanto me autopunir, mas, o único que pode fazer isso é meu mestre. – Não mereço... por favor, me deixa sozinho, por favor... – escondo o rosto com o braço ferido.

— Cala a tua boca Klyce, você fez o máximo que pode, eu vi, ninguém podia prever isso. – me encolho mais, eu devia fazer isso. – Seu mestre vai entender... – o tom dele é mais brando agora e... minhas orelhas caídas reagem junto a mim.

— Ele... – olho para o meu amigo de canto e o vejo tirar seu elmo bonito.

— Ryte, achamos ele a alguns... – o homem respira. – Não perdemos apenas o Mospher...

— E... eu sei, Mythix morreu por minha culpa também. – falo baixo, mas, mesmo assim...

— Não, o Mythix está vivo Klyce. – essa notícia, ela, não alivia a dor que tenho, mas, é menos um motivo para implorar perdão.

— Ele está?

— Estamos reagrupando a todos, vencemos... Cixoam lançou uma magia para curar a todos assim que o general se foi, se Aryn não o tivesse levado daqui, estaríamos com muito mais amigos mortos.

— Mas... Aryn me mandou cuidar deles e... deixei um morrer, eu fracassei Enlay... fracassei...

E então, sinto sua mão em meu ombro ferido. – Levante daí! Trabalhe ao máximo para compensar o que fez e... para dar o máximo de motivos para que seu mestre o perdoe!

Sei que tenta me ajudar, mas, isso só torna tudo mais difícil, Aryn é um homem tão bom, que não cumprir sua ordem é o verdadeiro erro que me corrói. Porém, tenho que seguir o que ele disse, afinal, tem razão, eu preciso tentar, mesmo que meu fracasso seja irreparável, eu posso mesmo tentar contornar, pois tudo que me importa é a aprovação e a felicidade de meu mestre, nada mais...



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