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História Crônicas de Althunrain - Rei Lich - O Temor dos Vivos


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


OwO o Aryn tá ficando meio... estranho n? To preocupado com ele...

Capítulo 83 - O Temor dos Vivos


Fanfic / Fanfiction Crônicas de Althunrain - Rei Lich - O Temor dos Vivos

E lá chegamos, eu, Cix, os duques e a Aze, nós todos andamos por um local estranhamente confortável, sigo, sei que é uma prisão, mas, não é repugnante e confusamente construída, não, essa tem uma arquitetura bem pensada, locais para escoar água, corredores altos e bem iluminados pelo sol, ou por tochas. A patrulha de guardas é intensa, e como disse antes, as peculiaridades se somam quando andamos em uma calçada ao lado das celas, onde a esquerda se tem uma depressão de mais ou menos um metro, acessível apenas por escadas construídas em certos locais. Deixei o Klyce o palácio por vários motivos, sei que ele já esteve muito tempo em prisões, conheço seu relacionamento com celas e correntes, porém, nada chega perto do que vejo em um dos cantos, ali, em uma gaiola de uns dois metros e meio de altura, estava um Nanci, nem mesmo quiseram ocupar uma cela com ele... a criatura que vejo ali estava com uma corrente grossa ligada a coleira de ferro, em seus pulsos, uma algema estranha feita de madeira machucava sua pele de forma agoniante, via em seus olhos o puro ódio, seus dentes estavam a mostra e, ele rosnaria se não fosse uma coisa de couro que envolve sal boca, porém, ainda assim, conseguimos ouvir seu rosnado ameaçador, bom, todos dão distância e eu apenas me dou o trabalho de olhar, pois, infelizmente, além de ter outros assuntos, esta raposa me parece mais um animais do que um Nanci. Virando a direita no caminho de pedra, logo chegamos a uma cela com as minhas especificações, é o que eles chamam de solitária, com um pequeno gradeado para ver, que podia ser tomado do prisioneiro por uma alavanca deslizante que bloqueava as grades com uma chapa de ferro, uma porta de madeira reforçada com metal prateado, assim como toda as barras das celas e estrutura frontal desta, era o lugar perfeito.

O carcereiro que nos acompanha me mostra um tipo de chave peculiar, ao contrário da chave da coleira do Klyce que possuo, esta é apenas arcana, aparentemente é um pedaço de raiz que cintila em amarelo, Thereza nomeia isso de varinha, mas, eu nomeio de raiz que brilha, bom, o nome não importa, o que me entusiasma é quando o humano toca isso na fechadura da cela, ali, uma runa roxeada brilha e se torna verde enquanto ouvimos um som de metal pesado, e a porta se abrindo.

Cixoam e Sina são os primeiros a entrar, apenas alguns dos duques, e por fim. – Feche a porta. – digo ao carcereiro que tremia as pernas o tempo todo, assim como os outros, ele usa um capuz preto sobra a cabeça, na verdade, todo o seu traje de couro e metal é negro, pelo que Thereza me diz, a sua espada escura é algo chamado Obsidiana, uma das poucas pedras arcanas capazes de serem transformadas em armas.

Aqui dentro, a escuridão impera, bom, ela o faz até Cixoam criar um globo de luz no teto, aqui dentro era até espaçoso, por isso. – Fiquem no canto da porta, não o deixem ver vocês, estamos nessa cela para que não saiba onde está, se souberem magias para inibir o som de entrar, será excelente.

— Eu sei. – a general Espiã, Solvis se vira a madeira e conjura baixo algo que cria um tipo de óleo mágico e lilás sobre o material à sua frente, arrumando os cabelos louros, retorna a me olhar com certa preocupação. – Feito.

— Muito bem... Cix. – aponto para cima, para sua luz.

— Certo. – com a confiança de todos, as luzes diminuem e são extinguidas, era minha vez...

Crio uma cadeira de gelo no centro da cela e cuspo o general sobre ela, o homem estava acabado ainda, sei muito bem que os golpes que dei o deixará incapacitado por mais algum tempo, mas, mesmo assim, prendo seus pulsos e tornozelos contra o gelo, até mesmo seu pescoço, só pela ira de rever sua face surrada de merda.

Como provavelmente sou o único que vê bem, sou este quem comanda. – Encostem-se na parede. – peço a todos e, ao realizarem, crio uma fina barreira de gelo entre nós e eles. – Muito bem... eu poderia entrar em sua mente e derrete-la, mas, prefiro de dar o prazer de mofar em uma cela até que seja julgado devidamente, e... Thereza e eu sentimos algo estranho quando tentamos entrar, optamos pela decisão mais segura possível.

Fayra estava zonzo, por isso, vamos acordá-lo. Pego seu indicador e faço-o tocar o próprio pulso com ele, o grito apavorado de dor desse merda me faz esmurrar seu rosto, o general cospe sangue no chão, e antes que respirasse, quebro seu nariz com um golpe seco da palma da minha mão. – AHHHHR! – grita para o alto e me faz dar outro soco em sua barriga o tirando o ar.

Sua garganta chia, esforçava-se para recuperar o fôlego. – Aproveitando a morte? – meu jogo, enfim, começa, coberto de sombras, mudo a voz, e mais uma vez, serei um Algoz. – Aproveitando o que Nyr o reservou? Verme! – espalmo seu rosto criando quatro linhas vermelhas. – a agonia dele me dava repulsa, queria mata-lo, porém, vê-lo sofrer tem sua ponta de valor.

— Morto? O... o q-

Interrompo sua fala com outro golpe em sua cara, porém, ele desmaia. – Ahh não, acorde bela dama! – agora é a vez de seu dedo médio encontrar o pulso, e num outro grito visceral de dor, tenho sua atenção. – Isso, fique comigo, temos uma eternidade para nos divertir!

— O q... deuses, por favor! – o desespero do humano me faz sorrir, agarro cada lado de seu rosto e passo os dedões sobre os seus olhos, as garras mais negras que as sombras que tenho me instigam a cegá-lo agora, entretanto, vou evitar por termos espectadores.

— Eu vi tudo o que fez... todos que matou! – soco sua cara quase o fazendo cair se não fosse a cadeira bem fixa no chão pedregoso. – Fayra, eu sou aquele que vai puni-lo para sempre!

O terror dele é convertido a gritos estarrecidos, seu corpo inutilmente tenta escapar, mas, cravo as garras em seus ombros e as remexo sentindo sua carne e sangue nelas. – Grite filho da puta! – entredentes, o instigo a fazer o inevitável, seu urro de dor ecoa infinitamente aqui, e quando saio de perto dele, o homem tenta criar luz, porém, chuto seu peito de uma forma tão violenta que faço a cadeira ir ao chão junto ao mortal, entretanto, com um movimento de minha mão esquerda similar a chamar alguém, Fayra fica sentado outra vez. – Sem luz meu caro, sem nenhuma luz... – aproximo e rondo-o como uma serpente diante do rato indefeso. – Apenas você, e a agonia. – digo bem perto de seu ouvido, este mesmo que dou um tapa que o retorna ao mundo dos sonhos.

 

 

 

 

 

Assim como meu mestre me pediu, eu fui direto para o antigo quarto que ocupava, pela primeira vez, nenhum soldado que leva, era quase como, se eu fosse um humano. Não eram os homens de antes que guardavam a entrada, sei disso pelo cheiro distinto, mas mesmo assim, não reagem de forma alguma a minha presença, creio que a ordem de meu senhor viaja bem rápido por aqui... abro a porta branca do quarto e tenho o prazer de rever este lugar bonito, fino e confortável, lugar onde passei tanto tempo sozinho, foi uma cela para mim, uma cela com barras de solidão e desespero. A falta que Aryn me fez é expressada em cada memória que retorna a mim, as vezes que meus pesadelos me faziam gritar seu nome, apavorado. As noites que ficava em claro o desejando estar comigo... ou as noites que chorava baixo e silencioso naquele canto, implorando para que quando levantasse a cabeça, ele estivesse deitado em sua cama ao lado da minha, foram dias difíceis, não só o meu corpo tinha que ficar mais forte, eu tinha de lidar com um sentimento muito intenso.

Porém, graças aos deuses tive muitos para me apoiar, por mais estranho que seja, eram humanos, lembro me bem de como ria sozinho só por pensar que estava sendo treinado por um humano tão forte como All’ma, tinha amigos humanos, mas servia a um meio-dragão, e ao meu rei.

Aproximo-me das camas e passo as mãos sobre elas, a macies me traz memórias sórdidas, de quanto ficava aqui sozinho em silêncio, ou molhando o travesseiro com lágrimas, por mais que eu tivesse ficado muito tempo neste quarto, sempre zelei muito por ele, afinal, era a minha cela, eu devia cuidar o máximo que pudesse dela, apesar das empregadas... todo esse tempo aqui não me fez relaxar nenhum pouco, sempre fiz tudo com a menor chance de incomodar alguém, pois meu mestre estava viajando e eu não podia, nem posso, causar qualquer tipo de problema, mas, me dou a liberdade de executar uma provável ordem dele. Caminho pelo chão macio por conta dos tapetes e sigo ao banheiro, preciso tirar todo esse sangue que gruda no meu pêlo, tiro o braie que usava, afinal, ele tinha algumas manchas de sangue, uma vergonha para um servo tão próximo de seu mestre quanto eu.

Dobro a vestimenta e a coloco gentilmente dentro da cesta de roupas no canto, nunca tranquei a porta, apesar de poder, afinal, não tenho vergonha alguma de ficar nu, sem contar que meu senhor já me viu assim antes... ligo o chuveiro enquanto regulo a temperatura para um pouco mais quente do que eu gosto, uso pela primeira vez um banquinho de madeira negra que ali havia, apesar de saber que ele é para ser usado apenas afrente do espelho, eu me permito colocá-lo aqui, afinal, as minhas patas estão doendo muito. Sento-me no banco sob a água e tenho um momento muito bom, meu corpo relaxa, jogo as patas para frente e me deixo levar pelo calor gentil que escorre por mim. Juro que se houvesse algo para escorar as minhas costas eu dormiria, se estivesse sentado no chão eu com certeza dormiria, por isso, estou com esse banco aqui. Assim que sinto todo o meu corpo molhado, começo a me lavar, é bem fácil usar esse sabão, ele faz muita espuma, que apesar de ser branca, quando termina de escorrer pelas minhas pernas, estava rubra, felizmente, a bucha que usava antes ainda estava aqui, sei disso por ver meus pêlos ainda nela, por mais que tentasse, não dá para tirar todos, por isso, me dediquei a usar apenas essa. Doeu um pouco quando tive de lavar as costas, afinal, por mais que esteja curado e sem cicatriz alguma, ainda está dolorido caso eu mova demais, por isso, meu ombro agora está ardendo, passo então a ir aos braços e as pernas, bom, lavar as minhas patas sempre é um sufoco, mas, dessa vez, havia tanto sangue entre os meus dedos e almofadas, que mal sinto algo além de nervosismo, entretanto, graças aos deuses, fui punido por ter falhado, fui recompensado por lutar, e ordenado a esquecer aquilo tudo, assim, e muito mais fácil para mim, apesar seguirei as ordens de meu mestre fielmente, como sempre. Enxáguo todo o meu corpo ao ficar de pé abaixo do chuveiro com o focinho para cima, cuidava para que não entrasse água das minhas orelhas, por isso, as deixo o mais baixas possível. Passo as mãos pelo rosto tirando o resto de sabão, era muito gostoso sentir a sujeira deixando-me, aquela incomodância desaparecia junto ao cheiro ruim, agora que me fito no espelho imenso, eu estava bem mais branco que antes, enquanto enxugo o pescoço e atrás das orelhas, meus olhos começam a encarar aquilo, a minha coleira, ela sempre fica cada vez mais bonita quando revejo-a, o couro negro contra o centro vermelho, os botões dourados... o desenho de um lobo em prata no centro frontal, junto a única argola em formato semicircular, a textura dela é muito boa se usar e tocar, por isso, me perco um pouco nas ideias enquanto fica ali, de pé e nu afrente do espelho, sorrindo por poder ter meu mestre comigo de novo.

 

 

 

Por não ter encontrado uma roupa, me limitei a ficar da forma que menos incomodasse o meu mestre, após garantir que minhas patas estavam perfeitamente limpas e que eu estava muito bem seco e penteado, fiquei de joelhos acima da minha cama, queria colocar as mãos nela e tocar minha testa na reverência suprema ao meu mestre, mas, ele me proibiu, por isso, me limito a ficar com a postura ereta, as mãos sobre as coxas e tentando muito parar a minha cauda que estava balançando de um lado a outro sem parar, odeio quando ela faz isso, ainda mais quando quero me portar firme como agora... porém, os minutos se somam, começo a ficar preocupado, pois, mesmo que ele não tenha dito uma hora exata, e-eu não consigo esperar isso, estava quase pulando encima da cama, as minhas mãos estavam inquietas sobre mim, entretanto, só agora me pergunto se seria apropriado ficar nu perante o meu senhor, pois, por mais que já tenha me visto assim, eu que não me sinto bem como antes, eu não sou um escravo sexual para me apresentar de tal forma, nem sequer sou um escravo para ele, então... não importa como me apresente, sou apenas seu humilde servo, um humilde Nanci que quer muito que seu mestre chegue, que ele abra a porta, e...

Me permito ficar sentado ao pé da cama, minhas patas ficavam sobre o assento logo depois dela, minhas pernas tremem muito pelo nervosismo, levo as mãos por cima da cabeça pela vigésima vez, e-eu estou...

Eu não quero ficar sozinho de novo, não quero ter que ficar aqui sem ele, de novo não...

 

 

 

Abro a porta daquele quarto onde a muito tempo estive, os soldados a cada lado da grande porta batem continência e... naquele lugar estava escuro, ouço e sinto o Klyce, mas, ele estava num canto a esquerda, sentado no chão encolhido, sua cabeça estava contra a parede, por isso, a luz das Siemaras não o impediam de dormir, muito melhor que seja assim, pois... lavo as manoplas no banheiro, não que eu não pudesse refazê-las, mas, ele sentiria o cheiro, melhor dizendo, tomo esse tempo para tomar um bom banho, era o primeiro em mais de dois ou três dias, Thereza estava ausente, pensando com sigo mesma sobre o que o general nos contou, logo ele fará um Aagluskayn, nunca vi esse julgamento de perto, mas, dizem ser infalível e muito intenso, bom, isso ocorrerá depois de mais e mais interrogatório, afinal, eu quebrei ele agora a pouco, uma forma eficaz, mas, que nunca mais quero usar, não gosto de ver meu inimigo sofrer, mesmo aquele filho da puta.

Coloco a toalha ao redor do quadril e visto-me com um roupão de banho, pois, uma empregada vem ai e, não quero que ela acorde o Klyce, por isso, abro a porta antes dela, seu susto é notório, vejo corar sua pele branca. – Desculpe incomodar vossa graça, mas, trouxe o jantar para o senhor e para o seu criado. – interessante ela o chamar assim, esperava escravo ou Nanci, algo taxativo.

Fico feliz que não. – Perfeitamente, mas, deixe comigo, não quero acordá-lo. – digo essa parte mais baixo como se fosse um segredo, e assim, ela me reverencia toda sem jeito ao meu sorriso. Fecho a porta com cuidado e logo sinto o cheiro do que ela trouxe, eu não tinha fome, nem sede, mas, ainda assim, me deu água na boca. Coloco a bandeja prateada sobre a escrivaninha e retorno ao que fazia antes, deslizo uma porta branca no banheiro e ali se revela várias peças de roupas bonitas, retiro o roupão só para colocar uma roupa íntima e retornar com o gelo negro até a cintura, era fácil deixa-lo fino como papel, por isso, era muito mais conveniente, pela que não conseguimos tirar as botas mais, absorver todo o gelo negro deixa-nos saturados, o que pode ser fatal, por isso, não vou precisar escolher sapatos mais. Abro a porta do banheiro terminando de colocar uma blusa preta cavada, arrumo os meus cabelos e por fim, estava pronto, o frescor sob a minha pele era a mesma do ar frio que vinha das janelas altas, aqui estava muito escuro, não que seja problema para mim, mas. – Acenda. – digo ao alto e assim, todos os globos arcanos se revelam de imediato.

Sigo até o Nanci, deve ter sido difícil para ele ficar aqui, por isso não vou mais deixar ele de lado outra vez, ele me respeita o suficiente para não pedir o contrário, e eu amo ele o suficiente para querer ele ao meu lado. – Klyce. – toco seu ombro direito e sinto a macies do pêlo, chacoalho-o um pouco. – Klyce. Ei... – e então, subitamente, como se fosse eletrocutado, o lobo gera espasmos de não sei onde, tenho de segurar sua pata direita para que não me chutasse, ou seu pulso do mesmo lado para que não fosse cortado por suas garras.

Porém, meu corpo se move sozinho também, levo seu pulso para o outro lado do coro e uso o cotovelo para pressionar seu pescoço, meus dentes cerram por alguns poucos segundos até que, nós dois voltamos a realidade.

— M-mestre! – o olhar assustado dá lugar a puro espanto e aflição. – M-me perdoe! Eu não queria. – solto-o devagar e solto o ar do peito. – Me desculpe foi... eu não queria.

— Fique tranquilo Klyce, foi um reflexo seu. – com gentileza seguro sua mão que agarrei agora a pouco. – Te machuquei?

— Não mestre, e-eu devo me... me desculpe, eu juro que não te vi ali... achei que fosse algum... eh... –o Nanci parece engolir as palavras.

— Eu te desculpo, só não acho bom para o teu corpo que durma assim, provavelmente ficaria todo dolorido amanhã. – meu sorriso parece acalmar o rapaz que, intercala os olhos azuis para mim e para o chão.

— Desculpa... é que... – ele tenta esconder o rosto na parede, acho que é a primeira vez que o vejo ter vergonha. – Eu estava com medo, de que não voltasse. – falar isso parece, não, é um extremo alívio para o lobo, eu sei bem o que ele sente, por isso, me sento ao lado dele e de imediato Klyce se escora em mim, passo o braço esquerdo sobre ele e o mantenho assim.

— Eu nunca vou te abandonar, eu nunca te abandonei... se lembra? – sinto as orelhas dele se erguendo e passando abaixo do meu queixo, causando cócegas. – Nosso poder está dentro de você agora, nós três temos o mesmo poder, somos como um. – suas mãos ficam unidas afrente do peito enquanto se aperta mais contra mim.

— Mas... mesmo assim, mesmo sabendo disso, mestre, porque doeu tanto? – deixo as pernas folgadas afrente de mim e recuo o gelo negro a fim de evitar que as pontas machuquem o lobo.

— Isso significa que você se importa Klyce. – escoro o rosto no alto de sua cabeça macia enquanto Thereza se manteve quieta. – Você não se sentiria assim se não fossemos amigos... olha... – me arrumo melhor no chão. – Eu estou acostumado a ficar muito tempo longe das pessoas, todo esse contato com os humanos me incomoda, mas, eu suporto por Thereza, e por você. – a surpresa nele é óbvia, sinto seu focinho se levantando.

— Por mim?

— Mas é claro, eu te salvei, eu aceitei ser seu mestre, então, eu mais do que ninguém devo cuidar de você, seja me tornando amigo desses humanos, seja me tornando duque, se isso ajudar você ou a Thereza, está ótimo para mim, e olha... – suspiro breve. – Isso rendeu a você um treinamento com um dos maiores espadachins do clã, como duque, recebemos um título que poderá ser útil em praticamente todo lugar, poderemos recomeçar nossa busca com muito mais eficiência. – e quem sabe, não te dê uma alforria... basta você me pedir meu amigo, ou aceitar quando te perguntar, porém, essa situação de agora me prova que ele ainda não está pronto, ele ainda me vê como seu dono, mesmo que seja menos intensamente quanto antes, essa é uma barreira que ainda estamos demolindo juntos, por isso lhe dou carinho sempre que posso, é a melhor forma de cicatrizar esse passado que ele tanto se apega e julga ser bom.

Nesse ciclo que quebrar e cicatrizar eu, nós, conseguimos muito. – Muito obrigado, Aryn...

— Sem “mestre”? – não o estou corrigindo, só, surpreso.

— Eu nunca terei como agradecer tudo o que fez por mim, eu sei que posso ser um inútil as vezes, qu-

— Ei! Cale a boca para falar assim de você. – por mais estranho que seja falar essa frase, fez sentido na minha cabeça. – Você não é inútil, nunca foi para mim, eu não ligo se você mesmo não vê, mas não quero que diga isso de novo, entendeu?

Assentindo calado, o Nanci molha a minha blusa com lágrimas, ele morde os lábios, mas, não se contêm, chora a soluços sobre mim, agarrando-se a minha roupa com quase desespero. O abraço de lado e afago suas costas com a gentileza que o Klyce sempre mereceu. – E-eu sempre quis ouvir isso Aryn! – o pesar dele recai sobre mim de uma forma intensa também, sinto meus olhos marejando... – Muito obrigado por ser tão bom comigo, eu fico tão feliz em te agradar, em ser seu amigo. – meu corpo se arrepia, é muito especial para nós ouvir isso.

— Klyce. – digo baixo para ele.

— Sim? – o Nanci funga e limpa os olhos com o antebraço.

— Você quer ser nosso melhor amigo? – quase consigo ouvir a alegria do lobo, sua cauda começa a batucar contra a parede e sua voz fica apressada demais.

— Quero! Eu quero! Sim! Sim! Sim! Sim! Sim mil vezes! – o sorriso em seu rosto é muito bonito de se ver, não quero que ele perca isso nunca, pois, eu o respeito muito por ter aguentado dezenove anos sendo escravo, farei com que ele nunca mais tenha que ser um, que ele nunca mais sinta ser um, isso eu prometo.

— Muito bem meu amigo. – sento em meus calcanhares e levanto-me, em seguida, por ainda estar no chão um pouco sem jeito, ofereço a mão ao lobo, engolindo seco e de orelhas baixas, e o puxo para ficar de pé. – Tudo bem? Ahhh certo... – sua cabeça baixa as vezes me tira do sério... Sou forçado a tomar medidas drásticas, dou um peteleco no seu focinho. – Pronto, e não faça de novo. – bato a mão em suas costas e o apresento a bandeja. – Tem comida, vamos? – o rapaz fica quase paralisado no canto, sua mão toca rosto e com uma extrema confusão momentânea, sorri com vergonha para mim.

— Sim mestre...


Notas Finais


Espero que tenham gostado meus queridos, comentem, espalhem!


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