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História Crônicas de Althunrain - Rei Lich - Um Lobo Prateado


Escrita por: Tulyan

Notas do Autor


Ihiiiii OwO

Capítulo 84 - Um Lobo Prateado


Acompanho o meu senhor de perto, ele me disse para segui-lo e é isso que faço sem perguntas, Aryn estava estranho, digo, não de forma ruim, mas, tenho certeza de que ele não consegue guardar surpresas, bom, eu também não, porém, isso tudo me deixa muito ansioso. Caminhar por estes salões com ele é nostálgico, tudo está mais brilhante, tudo está mais fantástico, a minha vontade de respirar é muito forte, eu não consigo parar a minha cauda que se agita atrás de mim, e não consigo diminuir o sorriso que está no meu rosto, passar a noite com o meu mestre, acordar e ver ele ali comigo foi de um alivio absurdo, o que mais me assombrava ontem era que tudo isso fosse um sonho, que... ah esquece, o que importa é o presente, o que importa é isso aqui, é servi-lo o melhor que eu puder. Segui-lo de perto é a ordem que tenho, e que com muito prazer acato, a energia em mim era muito intensa, sinto que poderia ir pulando para onde for, eu queria muito que ele me dissesse para fazer isso, tento extravasar toda essa vontade por todo canto, porém, tenho que pensar direito e... me comportar, afinal, estou no palácio da senhora Sina, tenho que comportar-me com extrema educação. Aryn é tão respeitado por todos que paro de contar quantos humanos se curvam a ele, com suas roupas casuais, longas e brancas, meu mestre é igual a um rei, na verdade, para mim, ele é um rei, o meu rei, e este humilde servo honrosamente o segue ao lado esquerdo, pois, sei que há outro ocupando o lado direito, mesmo que ela não seja de carne como nós dois, eu também respeito e amo muito a senhora Thereza, afinal, ela é a salvadora do meu salvador.

— Meu senhor, aqui está o que pediu. – um dos servos do palácio se aproximam de meu mestre assim que passamos do enorme salão com os livros, era uma humana jovem que... agora que penso, nunca a vi antes por aqui, seria nova? Bom, por como suas mãos tremem, deve ser.

— Muito obrigado Alia. – vejo de canto o item que meu senhor recebe, era um papel branco com algo negro nele, escrito talvez? Não sei ao certo, pois não bisbilhoto, isso seria rude.

A humana curva-se profundamente ao meu senhor em respeito. – Eu que o agradeço vossa graça. Fico honrada em ajuda-lo... – sinto algo em mim quando ela fala isso, só eu posso ajudar o meu mestre, ela certamente não fará melhor do que eu, nunca será com mais amor, isso eu t-

Me calo e puno sozinho, que tipo de arrogância é essa? Devo agradecer a todos que auxiliem o meu senhor, é isso que significa ser amigo, devo ficar feliz com tudo que ele recebe de bom... Como seu humilde servo, eu estou aqui para fazer o meu melhor sempre, não posso ser tolo de achar que vou fazer tudo ao mesmo tempo com a perfeição que meu amor por ele ordena, sei dos meus limites, por mais que tente expandir minhas capacidades, ainda sou fraco, muito fraco. – Klyce... – sinto o braço do meu mestre passar por trás do meu pescoço, nisso, a coleira se move com um toque tão gentil que tenho de me deixar mais recluso.

— Sim senhor.

— Quer dar uma caminhada na cidade? Nunca fui lá e... precisamos chegar nesse lugar. – mostrando-me o papel que recebeu, Aryn revela o que havia ali.

— Parece uma rota... um mapa. – ergo os olhos para os deles, seu rosto estava tão contente que sou contagiado pela sua alegria. – Onde vamos?

— É secreto Klyce, por isso, só me ajude a encontrar o lugar tá bem? – minhas orelhas caem, mas, logo as levanto com uma ideia.

— Claro, eu farei o meu melhor!

 

 

 

 

 

— É aqui mestre, tenho certeza. – após tanto tempo nas alturas do quarto no palácio, decorei as ruas e vielas da capital, não que fosse difícil, mas de lá era bem mais fácil de entender, porém, não posso estar enganado, meu amigo precisa de mim, não posso falhar com ele.

Andamos por muito tempo, minhas patas estão quentes por causa do chão, porém, elas resistem, como sempre, me coloco sob a ideia “sempre melhor que ontem”. Nossa frente havia uma loja imensa, só de fachada tem mais de trinta metros, vários andares completamente feitos com madeira e troncos imensos, janelões altos de vidro translúcido expõem roupas lindas, trajes e... armaduras, a cada lado dela, nada havia, era como se todo o quarteirão fosse desse somente do dono deste lugar. Meu coração começa a acelerar, será... – Senhor e-este lugar... – aponto para a porta dupla e negra que estava aberta e fazia mover um casal de cavaleiros que riam entre si.

— Sim... é aqui mesmo, Gume do Ferreiro Arcano, dizem ser o melhor lugar para comprar uma armadura na Capital. – com uma batia nas costas Aryn passa por mim, a dúvida em meu coração me paralisaria, porém, a obrigação de acompanhá-lo sempre me fará mover. – Cix disse que foi aqui que comprou aquelas roupas dele... – o lugar é simplesmente imenso por dentro, havia três andares, sendo o segundo e terceiro conectados por uma abertura circular e vasta no piso, assim como este que ando, todo o chão é feito de uma madeira escura e lustrada, por isso, trato de limpar bem as patas contra o tapete da entrada. Neste lugar tão limpo e bonito, até me sinto deslocado, mas, sorrindo e acompanhando meu mestre de perto.

— Minha santa Avony... – um homem de corpo pequeno e barba alaranjada se aproxima de nós, suas roupas eram muito bonitas, com certeza é um funcionário. Ele arruma o colete negro que está totalmente abotoado sobre uma blusa fina e branca, ajeita a gola no pescoço e passa as mãos no bigode muito bem cuidado, suas calças também negras quase não me deixaram perceber os sapatos de mesma cor se não fosse o brilho deles. – É uma honra ter sua presença Vossa Graça, meu nome é Samael, sou dono desta humilde loja secular, sejam mais que bem-vindos.

O plural na saudação me deixa com a barriga fria, e envergonhado, aperto os dedos da minha mão direita e mal percebo a situação, assim que noto a minha burrice, volto a ficar de coluna reta, postura Klyce! Postura!

— Aryn. – meu senhor estende a mão ao homem que quase brilha os olhos castanhos.

— É uma honra senhor. – o cumprimentando freneticamente, o senhor Samael é convidado a olhar para mim.

— Este é meu servo pessoal e amigo, Klyce. – ser apresentado pelo meu mestre me deixa muito feliz, curvo-me profundamente ao humano e baixo as orelhas em uma reverência ideal para um amigo de meu dono, digo, de meu amigo.

— É um prazer senhor. – minha voz graças aos deuses não sai tão entusiasmada quanto estou por dentro.

— O prazer é todo meu, mas, diga-me Vossa Graça, sei que não precisa de uma arma, pois, a lenda sobre a Foice Negra é muito conhecida e debatida dentre os grandes mestres ferreiros e artesãos da Forja Azul.

— Forja Azul?

— Ah sim, é o nome de uma fortaleza antiga... datada de antes da primeira era, lá existe uma chama de coloração azul que tem efeitos sobrenaturais.

— Fogo Espiritual? – é claro, meu senhor também tem chamas dessa cor linda.

— Antes fosse, é realmente uma chama, ela queima e aquece, porém o efeito é dado por conta de um conjunto de elementos que se jogam nela e o combustível usado, as chamas chegam a derreter aço em dois segundos de exposição.

Meus olhos arregalam. – Deuses isso, é muito poderoso!

—Sim! – o ânimo do senhor Samael é quase como o meu. – Mas existem metais que precisam de horas para serem maleáveis. – minha boca quase cai, estava impressionado, algo assim existir é extraordinário.

— Falando isso Samael... eu quero uma armadura dessas, pode me vender alguma?

— Mas é claro Vossa Graça, será uma honra!

 

 

 

— Que tal essa? – meu mestre aponta a uma armadura completa de um metal esbranquiçado, reluzente como prata e com uma energia ondulante sobre ele.

— Qualquer uma que escolher será excelente, mestre. – era fato, eu não sabia escolher, eu muito menos devia escolher, afinal, tudo que ele me der será um presente maravilhoso.

— Ora Klyce, estamos comprando algo importante aqui, preciso que me diga o que achou, eu não vou adivinhar qual te agradou mais. – engulo seco apenas com suas palavras, eu nunca vou me acostumar com isso.

— Minha... opinião?

— É ué, olha, este homem levou meia hora para buscar e aprontar essas armaduras, você pode pelo menos se dar o trabalho de dizer um sim ou não... – sei que não está me repreendendo, mas, fico triste por não agradá-lo.

— Sim mestre, eu escolho... – me coloco mais perto do balcão avermelhado. Sinto então sua mão gentil em minhas costas, era um toque que me arrepia de uma forma sobrenatural.

— Do que é feito essas duas? – meu senhor aponta as armaduras que ele separou, digo, que o caríssimo vendedor disse ser os melhores de todos nesta enorme loja.

— Este é feito de Ab’siss, uma liga metálica forjada de Oxydagon, Titânio Negro, Aço e Arcnonita, o peso dela é alto justamente pela densidade, em torno de duzentos e cinquenta quilos, porém, há runas nela para suavizar o peso, chegando a cinquenta... é quase impossível perfurar tal metal, apenas feixes intensos de arcano puro afetam-na... ou... uma arma lendária como o Gume do Abismo, os machados Corta-Mundos, as Lâminas do Panteão ou a foice Ehras.

Meu senhor ergue a cabeça e os olhos antes nas amaduras e encara o homem com um sorriso tímido. Eles trocam saudações que não entendo, não há palavras, só gestos breves com a cabeça.

— Esta aqui é mais antiga, uma das primeiras forjas de Myrox’ylon, seu metal, conhecido como prata lunar, é feito de uma liga desconhecida, somente o ferreiro que a fez sabe a fórmula exata... mas, ninguém sabe quem é o autor, ele não marcou o metal... faz anos que procuro a assinatura dele, mas, não a encontro, tentei coloca-la sob fases lunares, mas, no máximo eu já vi ela cintilar e fazer barulhos semelhantes a sinos durante a Opugnação. – comenta com humor. – E eu tinha bebido nada no dia... bem, este brilho é proporcionado pela magia de leveza, que a deixa com menos de vinte quilos no total, sem contar outros encantamentos, claro, temos runas contra danos, proteção contra todos os sete elementos naturais, localizei runas de regeneração e Dylaxteria no interior.

— Dylaxteria? – minha dúvida passa desapercebida por mim, sem querer a faço em voz alta, coisa que me deixassem jeito, baixo as orelhas e o focinho, não devia ter falado.

— Sim Lobo, Dylaxteria é o nome dado à ciência que estuda as doenças, toxinas e maldições. – sua explicação gentil e atenciosa me acalma um pouco, talvez isso agrade o meu senhor, estou sendo espontâneo como ele me pede para ser. – É uma mistura interessante e muito complexa de se realizar, quem fez essa armadura é simplesmente um gênio, tanto na Ferraria, quanto no Arcanismo.

E assim, meu mestre fica escorado de lado no balcão, seus olhos vibrantes me fitam junto ao mesmo sorriso de incentivo de sempre, sei o que ele espera de mim, entretanto, decidir algo é muito mais difícil do que parece, porém, é uma ordem dele, o que torna tudo mais “fácil” em teoria. Minha cauda balança rápido, porém bem junta as minhas pernas, não quero ficar eufórico como um filhote, mas, já sendo... – E-eu amei essa, mestre! – toco a armadura branca deitada sob o longo balcão sutilmente, afinal, não quero suja-la ou arranhá-la, se é que isso é possível para mim, mesmo que quisesse.

— Eu também... – seu comentário é quase tão necessitado quanto o meu, tenho que admitir, é uma armadura muito linda. Aryn estava quase babando, assim como eu...

— Excelente escolha senhor, mas, creio que suas botas e manoplas sejam... muito mais poderosas do que qualquer humilde metal. – meu senhor troca olhares comigo. – Por mais encantado que esteja...

— Esta armadura é para o meu amigo aqui... – a firmeza com que ele segura meu ombro faz transbordar felicidade e confiança em meu coração, por isso sorrio, por isso minhas patas insistem em sair do chão, por isso a minha cauda está frenética...

— M-mas meu senhor... – eu sei... sei o que este humano vai dizer, eu concordo, não mereço algo assim. – Esta armadura é anatomicamente desproporcional ao seu Nanci, precisaríamos de ajustes estruturais além das medidas padrão. – meu estômago gela um pouco, pois, este humano não se importa em vender algo tão precioso para um humilde servo como eu, mas, não sei se é pela presença do Aryn ou por sua índole...

— Sem problemas, porém preciso disso pronto o quanto antes. – meu mestre ainda avaliava a armadura com atenção, porém, assim que levanta os olhos, o senhor de bigode laranja arruma a postura e assente ao meu senhor.

— Mas é claro, será de altíssima prioridade!

— Perfeito! Quanto custa? – esta pergunta faz o homem sorrir de orelha a orelha enquanto arruma suas vestes.

— O preço padrão é trezentos e quarenta e seis moedas reais, mas, eu faço por trezentos ao senhor, se... – o homem tem sua vez de mostrar euforia. – Se me deixar ver tua lendária arma.

— Ehras? – Aryn fica um pouco sem jeito, porém, mais do que eu, é impossível. – Bom...

Baixo a cabeça e com o focinho caído toco sua roupa e a puxo devagar pedindo sua atenção. – Mestre... não precisa gastar tudo isso comigo, eu humildemente o peço para que não abra mão de tanto dinheiro por mim. – meu amigo se vira para minha direção com um sorriso largo.

— Tem razão, eu não preciso. – um arrepio sobe pela minha coluna e baixo os olhos. – Eu devo. – suas palavras gelam o meu estômago, aperto todos os dedos que tenho e... gostaria muito de me esconder em algum lugar, no entanto, me limito em apenas sorrir para o meu mestre e tentar controlar a minha cauda que balança como louca atrás de mim.

Eu fico simplesmente estupefato, não tenho palavras suficientes para me expressar, só. – Muito obrigado, senhor. – curvo-me ao meu mestre profundamente. – Farei tudo que puder para honrar e compensar o gasto, este servo fica muito lisonjeado.

— Ahh isso não é um gasto, é um investimento, é um presente para o meu amigo. – sua voz vai ao humano bem vestido.

Nobre vendedor ergue as sobrancelhas. – Realmente é peculiar ver isso, seu Nanci deve realmente valer a pena, não é?

— Klyce? Ele vale. Será que tua armadura vale tanto quanto ele? – meu mestre desafia o vendedor que pigarreia sorrindo.

— Me perdoe, mas, não sei responder isso. – a sinceridade do humano me deixa estranhamente confortável, parecia que ele e Aryn eram amigos a muito tempo.

— São trezentos e quarenta e seis moedas reais, correto? – a mudança de assunto assusta um pouco Samael que enche o peito, vacilante.

— Se... se Vossa Graça me dar a honra de ao menos ver Ehras, eu com certeza baixo para trezentas moedas reais.

— Você realmente é fascinado assim?

— Desde que soube da nomeação de duque dada ao senhor fiquei sonhando com este momento, por favor! – quase implorando, ele junta as mãos afrente de si.

— Não vejo problemas... – e então, meu senhor estende a mão direita à sua frente, da palma aberta para cima, fogo azul queima o ar fresco da loja e em meio as belas chamas, a foice se revela como se o fogo queimasse uma cobertura invisível sobre a mesma.

O vendedor fica boquiaberto, estupefato, maravilhado e muito mais. – Deuses... como é linda! – suas mãos ficam descontroladas, mas retidas sobre o balcão. – Por favor, m-me deixe tocar nesta lenda. – assim como uma criança vendo seu brinquedo favorito e mais cobiçado, Samael morde os lábios inferiores, parecia querer arranhar o balcão com as unhas de tanta animação. – Por favor!

— Está mudando o acordo? – a manopla negra de meu senhor se revela parcialmente enquanto segura o cabo de Ehras, seu sorriso iluminado pelo fogo é impressionantemente amedrontador, forte e amistoso.

— E-eu faço as modificações de graça! Tiro as medidas do seu Nanci, coloco o projeto no topo da lista! Por favor!

— Hm... – Aryn gira a enorme arma em sua palma como se fosse um graveto. – Não sei... – exibindo sua foice, meu senhor a coloca no ombro, uma tentação cruel para com o humano. – Ela é mais pesada do que aparenta, o gelo negro é muito mais denso e poderoso do que imagina, por isso, lhe deixarei que toque, mas, eu vou mantê-la em gelo comum e manterei o sustento para você.

— C-claro senhor! – me divirto com a energia entusiasmada do vendedor, agora que reparo, todos os outros na loja estão paralisados, focados em meu grande mestre. Minha cauda começava a balançar levemente enquanto ele leva suas mãos trémulas a Ehras. – Woooh... que... perfeição, ela é... feita a mão?

— Sim, mas eu prefiro ela negra... é muito mais bonita.

— Deuses... nenhum erro de talho... isso... o cabo é!

— Gelo negro, sim, o cabo, a base e a ligação com a lâmina são permanentemente de gelo negro, a lâmina não. – explica com atenção ao homem que estava simplesmente estupefato, seus dedos tremem ao tocar a foice, a boca dele estava permanentemente entreaberta, e os olhos, brilhantes.

— Isso é divino... é o suprassumo da perfeição! Foi o senhor que fez essa maravilha?

— De certa forma, foi sim.

— Meus sinceros parabéns, é inigualável! Em cinquenta anos nunca vi tamanha qualidade, aposto que o balanço dela deva ser perfeito.

— Sim, mas, acho que preciso tirar uns dois gramas dessa ponta. – Aryn toca na junção do cabo com a lâmina brevemente. – Fora isso é muito boa.

— Me perdoe se estiver sendo ousado... m-mas, me permitiria empunhar esta lenda?

O sorriso de meu senhor é entusiasmado. – Ora, mudando o acordo de novo? – coçando a cabeça, Samael estala a língua.

— Me desculpe é... eu faço duzentos e cinquenta... – os olhos serenos dele tinham um sentimento incrédulo, quase tedioso.

— Ehras não pode ser portada por qualquer um... – meu senhor a tira das mãos dele ao levantá-la no ar. – Prove que consegue segurá-la com sua lâmina azul...

Ao entregar novamente a Samael, a foice passa para a cor dita por meu mestre, aquilo o faz sorrir largo e estende os braços como se fosse receber honrarias da própria Aze. Seus braços pegam a arma, porém, o peso o faz leva-la quase ao chão, sua lâmina enfia e corta a madeira com extrema facilidade, a força que o humano faz é visível, seu rosto branco fica avermelhado em segundos, Aryn dá um passo à frente a fim de ajudá-lo, porém, com um vigor notório, o mestre desta loja levanta Ehras sobre o peito, consigo ouvir seus músculos rangendo contra o tecido, a força que faz é tremenda, quase sobre-humana. – Rrrrf! Que peso! – sua voz mal tem ar, sei que ele precisa manter-se firme para isso.

— Deixe-me ajuda-lo. – com uma mão apenas, meu mestre levanta a foice acima do queixo de Samael que enfim pode respirar aliviado. – Está bem?

— Sim Vossa Graça... – ele bate as mãos uma na outra. – Castellum! – com a voz alta, o vendedor faz surgir um tipo de brilho verde esmeralda sobre seu corpo. – Estou pronto!

— Há! Sua convicção é louvável Samael! – ao jogar de volta, a foice vai contra as mãos do humano, dessa vez, ele tem mais controle, porém, o peso ainda assim é supremo. Ele geme e arfa regularmente para manter a arma afrente de si. – Vamos, ela está apenas no segundo de cinco estágios! – os olhos castanhos do vendedor se arregalam.

— Deuses! É muito poderosa! – o ânimo deste homem me contagia, passo a torcer por ele enquanto meu mestre o observa atenciosamente. – Rraah! – então, com um suspiro aliviado, Samael consegue colocar a foice no ombro e assim, deixa-la firme. – E-eu não conseguirei sair daqui hahahaha...

— Calma. – ao dizer isso, noto a lâmina ficando clara, seu branco comum retorna. – Está melhor assim?

— Incrível, muito leve... – agora Samael empunha a arma como se fosse um pedaço de madeira, a levanta e abaixa sem problema algum. – Este é o primeiro estágio?

— Exatamente... – com a mão erguida, meu mestre reclama sua foice e com muito pesar e negação, o humano o faz, entretanto, Aryn apenas segura-a no centro do cabo. – Este aqui é a última forma... – então, as trevas dominam Ehras, a lâmina fica mais fina em largura e mais comprida enquanto os desenhos antes brancos ficam de um azul profundo e extremamente lindo.

— Deuses... – as mãos de Samael tremem. – Posso sentir uma magia incalculável... não quero nem ousar tentar segurá-la assim, com certeza perderia os braços... e a loja. – o humor dele alegra meu mestre mais uma vez.

— Tudo bem. – a erguendo para o alto, Aryn a devolve para seu lugar enquanto o fogo azul queima-a de uma forma quase tão bela quanto antes.

Assim que as luzes vindas das várias janelas deste imenso lugar trazem de volta a luz dourada do Sol alto, as pessoas ao nosso redor se tocam de como estavam pasmas e tentam continuar o que faziam, eu por minha vez fico quieto em meu lugar, afinal, meu mestre é quem deve falar aqui. – Bem... – Samael arruma sua roupa um pouco amarrotada e pigarreia. – Estou um pouco... – vejo daqui as mãos dele tremendo. – Pois bem, como acordamos, será duzentos e cinquenta moedas reais e... terei a honra de modifica-la para o seu Nanci, senhor. – o homem curva-se ao meu mestre como deve ser feito. – Lobo... por aqui... – apontando a sua esquerda, o homem caminha até o local onde o balcão devia se conectar com a parede alta, mas, ao invés disso, há uma passagem.

Olho meu senhor aguardando a permissão, afinal, estou e sempre estarei sob suas ordens. – Vai lá, está esperando o quê? – ele me apressa dando alguns passos para trás assim mostrando um caminho mais rápido.

— Desculpa... – sorrio para o chão e sigo a direção que me mandou.

 

 

 

Entramos em um quarto grande e mais adentro, o cheiro fresco de algum tipo de perfume me deixava muito calmo por estar quase nu afrente deste homem, afrente de mim estava uma das várias janelas altas e o senhor Samael que esticava uma fita afrente de si, por estar apenas com as vestes mais íntimas, me sinto estranhamente exposto, isso nunca acontecei antes, mas desta vez, era... – Tudo bem ai Klyce? – meu senhor se faz presente, estava atrás de mim, por isso, deve ter notado a minha timidez.

— Tudo bem mestre. – engulo seco e subo em um tipo de altar, minhas patas ficam contra um tipo de almofada muito macia e gostosa de sentir, estico os dedos só para apertar aquilo entre eles. – Está tudo bem... – coloco as mãos a cada lado meu e ouço meu senhor se sentar em algum lugar onde não verei se não virar o rosto.

— Eu vou tirar as medidas de seu corpo, peço que não se mova Nanci. – e então, ele passa a fita sobre a minha panturrilha, sem querer me viro a ele, trago a perna para mim tentando me afastar. – Aryn... – o homem aponta para este idiota que sou... sinto muita vergonha, baixo o rosto e as orelhas, minha cauda fica entre as minhas pernas e... espero sua voz me repreender.

— Klyce... ele precisa fazer isso. – sua voz vem suave, o que deixa ainda envergonhado de mim mesmo.

— M-mas, mestre... – solto aquele som que odeio tanto, o ganido é fino e breve demais, porém, ainda assim, fico sem rumo, queria me esconder em algum lugar. – Só o senhor pode me tocar assim, não posso permitir que... – aperto as mãos juntas afrente de mim e o olho baixo, metade de mim quer obedecê-lo, porém, a outra metade não quer deixar um humano ter tal liberdade reservada somente ao meu mestre.

— Quer que eu faça isso então? – a gentileza de meu senhor acelera o meu coração assim como sempre faz.

— Não seria pedir demais mestre? – minhas palavras saem de uma forma espontânea que me deixa sem jeito. – Perdão, eu não devia ter dito isso. – tapo a boca e fico quieto, afinal, os gastos que meu senhor teve comigo foram imensos, eu não valeria uma fração deste valor, nem se ele me vendesse no melhor negócio possível. Portanto, me puno com repreensões internas, mais uma vez sou um tolo completo.

— Se importa Samael?

— Não, afinal o lobo é seu, só preciso das medidas mesmo senhor. – ao se afastar fungando de leve, o humano me deixa sozinho, e sem seguida, aquele rosto lindo e poderoso me fita. Fico muito nervoso agora, minhas costas se arrepiam, estava muito envergonhado por como agi.

— Como que faz isso? – o sorriso de Aryn volta a aquecer-me, ao menos não está irritado comigo.

Retornando ao meu campo de visão baixo, o senhor Samael se aproxima de meu senhor. – Ah sim, faça medições aqui. – seu indicador toca a minha coxa de lado, isso me faz contorcer o rosto, porém, não me mexo um milímetro, afinal, meu mestre está aqui agora. – Aqui, no tornozelo e no meio da pata também, depois siga até o quadril, o peito com o lobo inspirando fundo, depois ao redor dos ombros, pescoço, cabeça e focinho, creio que... – ele afaga sua barba muito bem cuidada. – Seja só isso Vossa Graça.

E então, sem cerimônias, meu mestre faz isso, no entanto, não acontece como antes, não sinto nada diferente, só, alegria, sim, isso é o que toma o meu peito agora, ter a atenção de meu senhor é simplesmente fantástico. O deixo tocar-me como quiser, afinal, eu sou totalmente dele, mais uma vez, mesmo que esteja claro para mim, entrego-me de corpo e alma para Aryn, ele é meu único mestre e eu o amo muito...

Fato é, que mesmo quanto pede a minha pata, eu a coloco sobre a palma de sua mão, por minha felicidade, Samael me dá apoio com seu ombro esquerdo, o agradeço muito por isso e... contrariando qualquer senso comum, deixo minha região mais erógena à mercê de Aryn sem problemas, sinto-o tocar em minhas almofadas, sinto seus dedos firmes contra o meu tornozelo, porém, tudo o que faço é observá-lo, é admirá-lo enquanto passa a fita e diz o número para o humano que anotava tudo em uma prancheta de madeira branca cheia de quadradinhos perfeitamente colocados ao redor de um desenho de um humano vazio. Anotações quanto as minhas diferenças de um de verdade eram postas em um canto, não vejo mais nada além disso, pois é grosseria minha bisbilhotar. Fico quietinho enquanto sou medido por aquele que amo tanto, fico honrado por isso, na verdade, mais que honrado, ele estava menor que eu, claro que, por estar de pé sobre este lugar é obvio que ficaria, porém, eu nunca posso fazer assim, como seu servo, tenho que ser inferior sempre... não... eu não tenho que ser inferior... isso seria para o meu dono, eu não tenho um dono mais, tenho um mestre que amo de todo o meu coração.

Assim, ao invés de inferior, serei o melhor que puder ser por ele, sempre melhor, ser inferior ao meu senhor é algo que sempre serei, afinal, mesmo que por algum milagre me torne mais poderoso e forte do que ele, Aryn ainda será o meu mestre, pois, não foi por força ou poder que me conquistou, e sim pelo amor que sinto tão forte em mim. É realmente um sentimento abençoado.

 

 

 

Agradeço por ter que fazer o seguinte, fico se joelhos afrente dele, era uma forma de me desculpar e deixa-lo ter um acesso mais fácil a mim, quando tudo foi retirado devidamente, me mantenho ali, com as mãos sobre os joelhos, apenas sentindo o ar fresco no meu peito, queria pedir perdão a ele, entretanto, seria indevido    fazer isso na presença de outra pessoa, talvez deva esperar mais, no entanto me preocupo em esquecer isso e não pedir uma disciplina corretiva apropriada...


Notas Finais


Para quem quiser saber como é a armadura, ela é mais ou menos assim: http://www.gizardthelizardwizard.com/wp-content/uploads/2014/05/SPOA-Silver-Knight-Armor2.png


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