Quanto mais nos aproximávamos do Ishiraku, mais nervosa eu ficava. Questionei a Sakura umas três ou quatro vezes se não seria melhor voltarmos, mas firmemente ela dizia que não, que deveríamos continuar. Caminhamos mais poucos metros e eu já podia avistar o Shikamaru, a Temari, o Kiba e o Rock Lee. Neji e Tenten estavam um pouco a frente, logo chegaram e foram cumprimentando a todos; estava todo mundo muito feliz, até porque era a primeira vez que os saíam oficialmente como um casal.
Eu e a Sakura chegávamos cada vez mais perto, e instantaneamente eu vi um menino alto, loiro, sorrindo, sentado numa das mesas do restaurante; ao seu lado tinham duas meninas desconhecidas e Iruka, que ria alto sobre algo que Naruto havia dito.
- Vai falar com ele! – A Sakura murmurou.
Eu não fui, até porque assim que todos nos viram, houve um uníssono “uau” na minha direção. Em dezoito anos, eu não havia usado um vestido curto e maquiagem, todos estavam espantados ao me ver. Naruto não percebeu, estava animado rindo com Iruka. O silencio foi quebrado quando Kiba comentou:
- Meu Deus, Hinata. É você mesmo?
Eu sorri assenti. Sakura sorriu e respondeu:
- Ora, é claro que é ela, Kiba.
- Eu acho que nunca te vi tão gostosa – Kiba completou.
Todos riram, Shikamaru fez uma careta, e Shino respondeu:
- Pare com isso, Kiba. É a nossa Hina, você não pode cobiçá-la.
Kiba respondeu algo retrucando Shino, mas logo sentou-se ao lado de Akamaru. Eu apenas corei e sorri. Após pouco tempo, vi Sakura ao lado do Naruto naquela mesa, e passando uns dois segundos, ela disse:
- Vem Hina, sente-se aqui conosco. O Naruto vai mais o lado para você caber.
Eu tremi, sentar-se ao lado dele? Isso era demais. Shino sussurrou no meu ouvido “vá lá, Hina, é a sua chance de ficar perto dele”; depois de anos treinando juntos, ele sabia bem como eu me sentia. Eu tinha de ir. Mas ao mesmo tempo não queria, o Naruto estava ali, rindo com duas estranhas e sequer tinha percebido que eu havia chegado. Eu só iria atrapalhar.
- Anda, Hinata, senão eu vou te buscar – Sakura repetiu.
Eu criei e coragem e comecei a caminhar. Naruto estava há uns dez passos de mim, aos poucos fui andando. Seguro firme o presente que eu daria a ele, e os dez passos viraram nove, oito, sete e seis. Engoli seco, olhei para ele que ainda estava de costas, e cinco quatro, três, dois... Eu estava há menos de meio metro do Naruto, pensei que deveria chamá-lo e dar-lhe os parabéns. Decidia que falaria com ele, abri a boca para falar seu nome, mas ele se virou antes, ficou em pé na minha frente, eu era uns 15cm menor que ele, e primeira vez eu vi uma reação no Naruto que jamais tinha visto antes: eu o vi corar.
- Hinata?
- O-oi, Naruto-kun. Feliz aniversário.
Ele estava totalmente paralisado. Todos estavam parados olhando para a reação do Naruto, que foi extremamente inesperada. Em pé, ele olhou nos meus olhos e disse:
- Nossa, você está linda. Que houve com você?
Eu nem sabia como agir. Como assim o que houve comigo? Ora, não havia nada. Sakura bufou olhando para baixo; Iruka demonstrou um ar desapontado; Shikamaru gritou “não seja idiota, Naruto”; mas, para mim, Naruto tinha dito que eu estava linda, e era isso que importava. Portanto, sorri, encarei os olhos dele como nunca havia feito, estiquei meus braços para entregar o pacote de presente e, da forma mais doce que pude, falei:
- Espero que você goste, Naruto-kun.
Eu não podia mais ficar ali. Por fora, eu estava ótima, mas por dentro meu peito tremia. Eu respirava fundo e engolia seco. Estava tremula. Deixei Naruto ali, me virei e me sentei próximo a Neji e Tenten. Mas Naruto não se movia, ele ficou ali parado com o presente em mãos acompanhando com os olhos as minhas ações. E isso me deixava ainda mais nervosa.
Tenten olhou para mim rindo e falou “fica calma, você foi bem”. Eu assenti, me sentei na bancada do Ishiraku e, pela primeira vez na vida, pedi uma dose de saque. Eu não conseguiria passar por aquilo sóbria.
Shikamaru ainda estava rindo, se levantou de onde estava e veio na minha direção.
- Parabéns, Hinata. Você conseguiu – ele falou.
- Consegui? O que?
- Como assim “o que”? Você conseguiu a atenção do Naruto, ele está totalmente desnorteado desde que te viu.
- Ah, Shikamaru, imagina. Ele só está feliz conversando com aquelas meninas.
- Não ligue para elas, Hinata – e essas foram as primeiras palavras de Temari para mim – são apenas fãs, mais novas, ele olha para elas como se fossem quaisquer pessoas.
Continuamos conversando por pelo menos mais uma hora. Temari contava das aventuras e de tudo que havia na sua vila, enquanto Shikamaru estava preguiçoso e sequer conseguia parar de olhar para ela. Era um belo casal, e já visto por todos. Desde novos, sempre juntos e se complementando. Eu estava feliz pelos dois.
Algumas coisas haviam mudado na vila, Naruto e Shikamaru eram muito amigos e viviam juntos. Com a volta do Sasuke, Naruto andava mais feliz, e agora a dupla de meninos havia se tornado um trio. Dava para falar que a amizade de Naruto e Shikamaru transparecia o quanto o loiro estava crescendo e amadurecendo.
As horas foram passando e Naruto não falou mais comigo, apenas olhava de canto e de longe, me deixando envergonhada. As meninas que estavam com ele foram embora e novas vieram, e assim foi a dinâmica pelo resto da noite. Aos poucos, ficamos apenas os amigos antigos, já era próximo de meia-noite, o Ishiraku nos informou que fecharia o estabelecimento. Me arrumei para ir embora, quando Naruto falou:
- Agora vamos para o segundo round. Eu tenho dezoito anos e quero beber. Vamos a taberna!
Era certo, Naruto queria que eu desmaiasse ali mesmo. Sakura imediatamente correu até mim:
- Vamos juntas, Hina. Você consegue.
- Sakura, eu preciso ir embora. Não vou conseguir.
- Você consegue, sim! Vem, vamos.
Antes que eu pudesse negar novamente, Naruto veio em minha direção e disse:
- Hinata, você vai também, não é?
Quem eu queria enganar? Não havia chance de eu falar não para o Naruto. Assenti, ao mesmo tempo Sakura segurou minha mão me levando em direção a taberna. Naruto sorriu me vendo consentir, e assim fomos nós em direção ao meu desespero social.
Chegando na taberna, todos pediram saque e cervejas. A Temari era a mais velha de nós, e não parava de dizer o quanto éramos irresponsáveis de estarmos bebendo com dezoito anos. O Naruto logo ficou alto, bebeu duas doses de saque e três cervejas, começou a falar de quanto sentia saudades do Jiraiya, e como Iruka e Kakashi eram pais para ele.
Quando menos percebemos, uma sombra passou pela porta. Sakura corou e eu percebi logo que só poderia ser o Sasuke. Sakura correu sentar-se ao meu lado e falou “Hina, o Sasuke está aqui!”, eu disse a ela que ficasse calma e bebesse água, porque ela já estava ficando bêbada e poderia gerar alguma confusão.
Eu nunca imaginei Sasuke daquela forma, ele parabenizou Naruto, sentou-se conosco e tornou a beber com todos. Era uma novidade tê-lo por perto, mas como sempre, não trocamos uma só palavra. Ele era, de fato, bonito. Dava para entender o porquê de as meninas gostarem dele, mas faltava algo, ele não tinha o coração que o Naruto tinha, e faltava brilho e amor naqueles olhos escuros.
Sem perceber, acabei olhando para o Sasuke por uns dois minutos seguidos, mas logo percebi o quanto aquilo poderia soar estranho e parei. Virei meus olhos para o Naruto, e ele estava estático me encarando. Dei de ombros porque não deveria ser nada, e continuei ouvindo as conversas e contos de todos.
Já era quase duas horas da manhã, eu precisava ir embora. Mas, meu pai não estava em casa, nem a fofoqueira da Hanabi, que com certeza contaria a ele que eu cheguei cheirando a álcool de madrugada. Aos poucos, todos foram indo, primeiro Shikamaru e Temari, depois Shino, Kiba, Sai que estava conosco foi embora quando Ino o buscou, e por fim, ficamos eu, Sasuke, Sakura e o Naruto.
- Bom, eu preciso ir embora, pessoal – falei.
- Leva ela para casa – disse Sakura a Naruto.
- Quem sabe o Sasuke queira levá-la – Naruto respondeu.
Fiquei em choque. Por que o Sasuke iria querer me levar para casa sendo que ele nunca teria trocado uma palavra comigo?
- O que Naruto? Você está doido? - Sakura respondeu dura.
- Tudo bem, Sakura. Posso ir sozinha – falei, me virando e pegando minha bolsa.
Tomei meu rumo de casa totalmente devastada. Enquanto eu caminhava, ouvia Sakura chamar o Naruto de idiota e tonto, mas além disso, dessa vez ele estava bêbado. Continuei andando por uns poucos metros e percebi que Sasuke havia se colocado à disposição para levar a Sakura para casa. Sakura correu a minha direção e disse sorrindo:
- Hina, o Sasuke vai me lavar embora! É a única chance da minha vida, por favor, você cuida do Naruto?
- C-cuidar do Naruto, Sakura?
- Sim. Por favor!
Eu consenti. Não poderia fazê-la perder a chance de caminha sozinha com o Sasuke porque o Naruto havia bebido. Dei meia volta na direção do Uzumaki, que estava sentado com um rosto entristecido.
- Tudo bem, Naruto? – falei.
- Me desculpe, Hinata.
- Pelo quê?
- Por antes. Eu não deveria ter insinuado que Sasuke queria te levar.
- Está tudo bem. No fim, ele levou a Sakura como deveria ser.
Naruto estava decepcionado, e eu só podia imaginar que era porque ele quem queria ter levado a Sakura embora. Mesmo assim, prometi a minha amiga que cuidaria dele, e assim eu fiz.
- Venha Naruto, vamos embora.
- Não posso te deixar me levar embora. O cavalheiro tem que seu eu.
- Não seja bobo e levante-se. Vamos tomar nosso caminho.
Ele assentiu e levantou-se. Não parecida bêbado ou alto, apenas entristecido. Fomos caminhando por uns metros até chegarmos em frente à casa dele.
- Pode deixar, Naruto. Eu posso caminhar sozinha.
- Não, Hinata. Eu te levo. Sua casa fica logo a frente.
Caminhamos mais um pouco até o portão do clã Hyuuga. Chegando naquela entrada, virei-me a ele na intenção de me despedir, mas ele segurou firme uma de minhas mãos, dizendo:
- Será que poderíamos conversar a sós? Tem algumas coisas que eu gostaria de te falar e perguntar.
- Houve algo, Naruto-kun?
- Houve.
- E o que foi?
- Você disse que me amava na luta contra o Pain, depois se colocou a minha frente para me salvar e, covardemente, eu nunca te respondi.
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