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História Crown Victory (Namjin) - Alone


Escrita por: Mione_Bane

Notas do Autor


Boa noite, meus amores. Como vocês estão?
Espero que estejam todos bens e preparados para mais um capítulo de CV.
Bem, estamos chegando na reta final da primeira fase, espero que vocês estejam tão empolgados como eu estou para os próximos acontecimentos.
Sem delongas... Espero que goste do capítulo que fiz com carinho!

(Sozinho - Tradução do capítulo)
BOA LEITURA!!!!😘😘😘

Capítulo 16 - Alone


Fanfic / Fanfiction Crown Victory (Namjin) - Alone

“Quando entraram para o meu exército, juraram: nunca abandonar uma guerra e voltar para casa como um soldado covarde. Enfrente o inimigo, desde agora e para sempre!”

__________

 

Uma dor forte e excruciante, fez Seokjin acordar ofegante e assustado. Olhou para os lados, tentando assimilar o lugar onde estava. Quando notou que estava deitado no conforto de sua cama, protegido do mundo cruel e tenebroso, suspirou aliviado, buscando controlar a sua respiração. Seu coração ainda pulsava desregulado dentro da caixa torácica. Alarmado, levou sua mão direita ao pescoço, onde, porventura, sentia uma dor profundamente aguda que palpitava sobre a sua pele.

Um líquido quente molhou seus dedos ao mínimo toque. Desnorteado, olhou novamente para o quarto escuro – que apenas era iluminado pelo brilho resplandecente da lua, pronta para transformar-se em lua cheia dali alguns dias –, suspirou ao constatar que estava sozinho, sem a presença de Namjoon. Remexeu-se na cama espaçosa, colocando os dedos diante das suas narinas. O cheiro ferroso chegou ao seu olfato, fazendo-o sobressaltar-se apavorado.

Imediatamente constatou que o líquido quente era sangue que vinha de sua marca.

Levantou-se assustando, correndo aos tropeços para a saleta de banho. Novamente, sentiu uma onda forte lhe atingir, praguejando sofregamente em dor, curvou-se, enquanto pequenas lágrimas despontaram de seus olhos. Um sufocante vazio pairou em seu frágil coração, envolvendo-o desesperadoramente. O terror transpassou os seus olhos, juntamente com o último fio de esperança que esvaiu-se de sua alma.

A angustia o tomou e a áurea densa do luto o envolveu, deixando-o a beira do precipício, fazendo-o perder a consciência. Uma constatação singular se fez presente: a felicidade é passageira!

 

~´~

 

 

O coração de Park Jimin pulsou desregulado quando um criado adentrou o salão principal, levando um pergaminho selado com a insígnia da cabeça de um lobo. O duque de Yesan, seu amado pai, levantou o olhar para a direção do jovem ômega, fazendo-o suspirar e desviar o olhar, voltando a se concentrar no bordado a sua frente. Ele estava bordando uma águia sobrevoando uma montanha habitada por uma ninhada de lobos.

Alguns dias atrás, havia entrado às escondidas na biblioteca do seu pai, procurando alguns livros sobre a história de Hanseong, quando deparou-se com as insígnias das famílias Jeon e Kim do Norte. Sabia que as águias era o símbolo do reino nortista, devido a permanecia da família Kim no poder por séculos. Conforme pesquisava, encontrou relatos sobre as famílias vassalas da coroa do Norte, entre elas estava a linhagem Jeon como uma das principais, uma vez que ela estava unida por laços de sangue com a família Kim nortista.

Curioso e encantado, rabiscou um pequeno esboço sobre um pedaço de pergaminho e saiu sorrateiro da biblioteca. Quando chegou em seu quarto, suspirou aliviado, pensando que poderia bordar algo utilizando os símbolos das duas famílias nortistas e presentear seu futuro marido. Constatou singularmente que o bordado ficaria lindo em um manto real de tonalidade azul-escuro, muito usual entre os nobres nortistas.

Todavia, seus pensamentos não se perduraram muito tempo no bordado, uma vez que, estava muito nervoso com a carta que o seu pai havia recebido, por conta disso, errou alguns pontos e choramingou frustrado por quase ter furado o dedo. Irritado, abandonou o bordado, voltando sua atenção para Jungsu que estava concentrado em seu desenho. Estranhou, seu irmão mais velho nunca foi alguém centrado naquilo que a sociedade taxava como ‘afazeres de um ômega’.

O rapaz não aceitava a sua posição, como também descordava acirradamente de que um ômega fosse dependente de seu alfa se quisesse viver tranquilo. Jimin entendia até certo ponto os ideais do irmão, mas achava que ele estava um pouco afrente do seu tempo.

Ômegas com pensamentos revolucionários não tinham um destino agradável, visto que, a sociedade foi totalmente construída e moldada em uma base alfista ao extremo.

Abandonando aqueles pensamentos, voltou sua atenção para o pergaminho do irmão mais velho, observando-o traçar pontos delicados sobre o papel. Seus olhos arregalaram-se em surpresa e rapidamente, o rapaz de fios louros – recém pintados, infelizmente teve que abandonar a coloração rósea a pedido de seu pai – encarou o semblante compenetrado de Jungsu, enquanto esse molhava a pena no tinteiro antes de voltar a fazer mais traços sobre a armadura de um soldado que carregava sua bela feição.

Estava um tanto surpreso pelo talento do irmão, quanto pelo desejo assombroso do rapaz de se tornar um soldado da guarda-real. Normalmente, acreditava que Jungsu falava aquilo apenas para irritar os pais, não por ser o desejo mais profundo do seu coração. A angústia e o medo firmaram-se no âmago do jovem, pois ele sabia, assim como todos a sua volta: aquele sonho era impossível.

Ômegas não nasceram para serem soldados, no máximo, acabariam se casando com um. Uma hora seu irmão iria compreender isso, Jimin só esperava que ele não sofresse tanto até lá.

Afinal, os sonhos podem machucar profundamente uma alma pura.

— Jimin!

O rapaz de fios louros virou-se rapidamente na direção do pai, quando ouviu o seu chamado. Todavia, abaixou a cabeça rapidamente quando notou o olhar afiado do mais velho em si, em um singelo gesto de respeito, esperando-o prosseguir com suas palavras.

— Suas malas estão prontas? — o duque de Yesan perguntou, recebendo um aceno positivo do menor. — Ótimo, partiremos em breve. Seu noivo acabou de marcar o casamento para o próximo final de semana.

— Sim, senhor — respondeu educado, evitando demonstrar surpresa.

Seu coração pulsou descompassado na caixa torácica. Estava com medo da nova vida que teria que enfrentar, seria um tolo se não estivesse. No entanto, uma fagulha dentro do seu ser queimava de ansiedade, pois em breve seria esposo de um rei e viveria em Hanseong, e poderia apreciar os lindos campos floridos e admirar a beleza sublime e singular da região norte.

 

~´~

 

Pela manhã, ao adentrar a suíte de Seokjin, Baekhyun encontrou o jovem rapaz caído no chão frio, sob uma poça de sangue que manchava o assoalho de mármore. Assustado, o rapaz deixou a bandeja de café da manhã sobre o recamier e correu ao encontro do moreno, que estava desacordado.

Gentilmente, balançou o corpo do ômega, evitando tocar a região do pescoço que estava lesionada. Depois de alguns minutos, Seokjin acordou um pouco desorientado. Baekhyun levou o rapaz fraco na direção da saleta de banho, retirou suas vestes, colocando-o dentro da tina de mármore, saindo correndo do quarto para pegar um balde de água quente.

Voltou pouco tempo depois, preparando um banho quente com ervas para o rapaz, ajudando-o a lavar seu corpo. Começou primeiro pelas costas, essa diferente das noites anteriores que o jovem carregava marcas vermelhas decorrente das noites que passava aos prazeres de Namjoon, estava naquele momento, apenas com fracas manchas, bastante superficiais, quase desaparecendo na pele leitosa.

No entanto, o problema agora era outro. Seokjin perdeu um pouco de sangue pela marca recém feita. A região no local da mordida estava edemaciada e arroxeada. O brilho puro que habitava os olhos de obsidiana do ômega de sorriso gentil, deu lugar para o véu opaco da solidão.

— Namjoon... — Seokjin sussurrou fracamente, enquanto pequenas lágrimas desciam por sua bela face.

Baekhyun sentiu o terror perpassar pelas paredes do palácio, envolvendo-o em um abraço temerosamente forte. Instantaneamente ele sentiu o pior aproximar-se a passos vagarosos, embrenhando por seus meatos, fazendo morada em seu fraco e frágil coração desprotegido.

Após banhar Seokjin e vesti-lo com roupas grossas e quentes, fez um curativo na marca e serviu-o de um guisado de carne que trouxe para o desjejum, ajudando-o se alimentar. Seokjin não disse nada, nem mesmo quando o jovem servo deixou-o sozinho. Estava em uma tempestade de sensações que o afogava a cada pensamento. Temia pelo seu marido e sofria por antecipação pelo filho em seu ventre.

Passou boa parte da manhã angustiado, que achou difícil conseguir manter a respiração por muito tempo, já que essa estava desregulada. Quando estava próximo de cair no sono novamente, batidas fortes na porta despertou sua atenção. Pegou o cachecol que Namjoon havia lhe presenteado um tempo atrás, colocou-o ao redor do pescoço para esconder o curativo, antes de levantar e caminhar em direção a porta do seu aposento.

Ao abri-la encontrou um ômega de fios alaranjados que já viu rondando pelo castelo diversas vezes, porém ainda desconhecia o seu nome. Era um rapaz bonito, na faixa dos seus vinte e quatro anos.

— Alteza — o rapaz reverenciou-o assim que o viu parar a sua frente. — O rei deseja vê-lo no salão principal.

Seokjin assentiu temeroso, agradecendo o jovem em um leve balançar de cabeça. Estava sozinho naquele imenso castelo e ainda era chamado pelo rei, o presságio certeiro de mau agouro. Praguejou internamente quando sentiu uma pontada aguda reverberar pelo seu pescoço, piscou os olhos com força, soltando a respiração lentamente, enquanto murmurava internamente para si “Seja forte, Seokjin”.

Seguiu o rapaz de fios acobreado pelos corredores, caminhando a passos vagarosos e olhando atentamente para todos os lados, enquanto sentia algo pesar em seu baixo ventre. No meio do caminho, depararam-se com alguns servos que limpava os vidros das imensas janelas. Esses cumprimentaram o jovem ruivo, chamando-o pelo nome de Hoseok, deixando Seokjin surpreso.

Desde que veio morar no Sul, o ômega não teve a chance de conhecer muitas pessoas, principalmente os que trabalhavam no Palácio Invernal. Depois de Baekhyun, Hoseok seria o segundo empregado que conhecia pelo nome. Todavia, sua surpresa não se prolongou, visto que, à medida que se aproximava do salão principal o ar ficava rarefeito, dificultando sua respiração devido ao nervosismo.

A cada passo, um leve tremor subia por suas pernas, caminhando pela tíbia até alcançar o seu fêmur se alojando por aquela região. No entanto, o rapaz não deixou-se abalar, respirou fundo e endireitou os ombros, não deixando o medo transparecer em seu semblante. Ao adentrar o lugar, seus olhos recaíram sobre o majestoso rei sentado em uma poltrona aconchegante próximo ao fogo crepitante da lareira. Sooyeon estava sentada no braço da poltrona, tocando delicadamente o ombro do esposo.

Seokjin se curvou em uma longa reverência, fazendo um cumprimento formal para os dois regentes.

— Vossa Majestade!

— Estou feliz em vê-lo, Seokjin. Não o vejo desde a partida do meu filho querido. Imagino que esteja com saudades do seu marido.

O rapaz de fios negros balançou a cabeça em uma resposta afirmativa, totalmente incrédulo diante das palavras proferidas por Namong.

— Irei direto ao assunto para não tomar muito o seu tempo — comentou depois de analisar o ômega com atenção. — Recebi o convite de casamento do seu primo, Jeon Jungkook.

O espanto perpassou os olhos de obsidiana do jovem, enquanto seu coração pulsava desregulado na caixa torácica. Estava com tantas saudades de Jungkook que poderia jurar, que ela seria capaz de corroer seus ossos. Desde a morte inesperada dos seus pais, evitava pensar em sua família e no Norte, para não afogar-se em uma profunda depressão.

Era evidente que nunca superaria a perda dos pais. A dor excruciante que irrigava seu frágil coração somente pela simples menção de reviver boas lembranças, deixava-o próximo da borda do precipício do seu subconsciente.

— Jungkook vai se casar? — suas palavras saíram em um sussurro inaudível, tão rápidas que foi impossível contê-las.

No entanto, quando percebeu o seu erro – falar sem permissão – abaixou a cabeça envergonhado, esperando que não fosse repreendido pelo seu rei.

— Sim, na próxima lua cheia com o filho mais novo do duque de Yesan, Park Jimin — Sooyeon respondeu.

A surpresa brilhou na face opaca de Seokjin. A família Park do Leste era aliada do reino de Kwangju, prova disso era a presença constante de Park Chanyeol – filho primogênito e sucessor do título de ducado do pai – no território sulista.  

Tão de repente? Indagou internamente. Não fazia nem de dois anos que Jungkook adquiriu a maioridade da corte, ainda participava de aulas técnicas com Taehyung. Ao lembrar do nome do jovem professor, as conversas um tanto íntimas que tinham com primo vieram à tona.

Não via com bons olhos a relação íntima dos dois rapazes alfas, no entanto, não poderia falar nada a respeito. Só desejava que o primo respeitasse o futuro marido, que com toda certeza, era um jovem ômega inocente como ele foi ao casar-se com Namjoon.

— Quero que você arrume suas malas para uma estadia de cinco dias no Norte. Iremos partir antes do raiar do dia — Namong ditou firme, pegando o jovem de surpresa.

O coração de Seokjin deu um leve sobressalto em seu interior, tamanho era o desejo do jovem de voltar para Hanseong, todavia, faltava-lhe algo.

— Namjoon? — perguntou em um sussurro, seus olhos brilhando pesarosamente.

— Teremos que ir sem ele. Namjoon permanecerá uma semana na fronteira, quando voltar, já terá passado o casamento de seu primo. Como manda os bons costumes, você como único filho dos falecidos regentes de Hanseong tem que estar presente na coroação do novo rei do Norte.

Seokjin optou por não falar mais nada, apenas assentiu fazendo uma longa reverência. Só de pensar na possibilidade de voltar para o Norte e não encontrar os sorrisos acolhedores dos pais, o vazio do luto o envolveu em um forte aperto. Uma pequena lágrima formou-se no seu olho esquerdo, mas engoliu o bolo de sentimentos que inundou seu coração.

Agradeceu os sogros, reverenciando-se mais uma vez, antes de voltar a passos apressados para o seu quarto. Ao passar pelas portas, avistou Baekhyun colocando suas peças de roupas em seu baú de viagem, o ômega servo lançou lhe um sorriso gentil, indicando a bandeja do almoço sobre a mesa próximo a janela.

Almoçou em um silêncio aconchegante, enquanto o turbilhão de sentimentos revirava em seu interior. Por vezes, o silêncio era interrompido pelos questionamentos de Baekhyun, querendo saber quais roupas ele desejaria levar, uma vez que, Kwangju estava banhada em um inverno rigoroso, enquanto Hanseong desfrutava do aconchegante outono.

 

~´~

 

Após o enterro dos regentes nortistas, os estandartes da família Kim foram substituídos pelo manto negro do luto por uma quinzena, como demanda os bons costumes e crenças.

Mesmo sem a coroação, Jungkook passou a governar o Norte sob os conselhos de Taemin e Taehyung, conselheiros oficiais do antigo rei. Tal ação não foi muito bem recebida pelo conselho regional, uma vez que, os nobres senhores dos territórios vassalos da coroa nortista via o rapaz como uma criança recém saída do ventre da falecida senhora Jeon. No entanto, Taehyung foi extremamente cauteloso e paciente ao lidar com toda a situação, traçando metas e planos que agradaram os nobres.

No entanto, sua posição alta e influência na corte não impediu os pedidos constantes para que o jovem Jungkook se casasse o mais rápido possível. Mediante ao apelo dos nobres, Taehyung marcou a data do matrimônio para a próxima lua cheia.

Ao passar uma quinzena, os mantos negros foram retirados dos muros de Hanseong, sendo substituídos pelos mantos brancos e guirlandas de rosas brancas no dia da inauguração das estátuas em homenagem ao rei e a rainha do Norte. Perante os nobres e uma parcela do seu povo, Jungkook curvou-se, prometendo justiça ao seu povo. Fez os votos de silêncio, enquanto jurava para si próprio que iria atrás dos assassinos e os matariam, não importava quanto tempo levasse.

Passado uma quinzena, iniciaram os preparativos para o matrimônio.

Jungkook no auge da sua juventude, próximo de completar dezenove anos, adquiriu maturidade de um guerrilheiro de anos em combates. O sorriso arteiro de um menino sagaz, deu lugar para a expressão dura e fechada de um monarca. As vestes despojadas, sujas de barro nas pontas, foram substituídas pelo manto azul-escuro da nobreza nortista. A postura astuta e o porte de um verdadeiro rei deixavam Taehyung e Taemin orgulhosos do menino que amadureceu além do seu tempo.

Caminhando pelos corredores, Taehyung avistou o soldado de fios castanhos prostrado no parapeito de uma janela no alto da torre leste do Palácio Primaveril.

— Qual o motivo dessa expressão enfadonha? — perguntou, aproximando-se de Taemin que virou-se para o encarar. — Parece que está assustado com algo.

— Já reparou que ultimamente o tempo está um pouco estranho? — questionou, pegando Taehyung de surpresa.

O jovem professor franziu o cenho, voltando seu olhar para a paisagem a sua frente. Naquela época do ano, os campos estariam vibrantes, refletindo todo o brilho reluzente do sol nas folhas secas e amareladas devido a estação outonal. No entanto, havia algumas aves de rapina carcarejando, enquanto sobrevoavam o céu nebuloso, em busca de alguma presa fácil.

O chacoalhar característico das árvores não possuía o chiado ameno, misturado com o cântico alegre dos pássaros. Produzia um som incomum, como o canto mal auspicioso, presságio da morte, adentrando pelo território nortista.

Taehyung compreendeu as palavras do soldado chefe da guarda real.

— Às vezes o tempo muda — desconversou, fazendo o louro o encarar por um tempo, antes de voltar-se mais uma vez para a paisagem sombria. — Tenho boas notícias! — exclamou sorridente.

Suas palavras despertaram o interesse de Taemin, que o encarou novamente, sua sobrancelha erguida em uma indagação silenciosa.

— Recebi uma carta de Kwangju pela manhã. Namong confirmou sua presença, bem como, a presença de Seokjin.

O semblante do soldado chefe da guarda real brilhou entusiasmado. Seus olhos refletindo todo o resplendor de sua alma, somente com a possibilidade de poder ver Seokjin mais uma vez, depois de quase um ano e meio sem sentir o cheiro agridoce de pomelo e verbena, e observar o sorriso amável de um jovem adorável.

— Sério? — perguntou descrente.

Taehyung assentiu, estendendo um pergaminho enrolado com o selo rasgado do brasão da família Kim sulista.

— Essa é a melhor notícia que eu poderia receber — soltou, enquanto seus olhos percorriam o papel gravado com as letras garrafais da caligrafia de Namong.

— Acho que essa notícia melhora um pouco a sua expressão — Taehyung comentou em um riso suave. — A cerimônia se aproxima, e Hanseong está em festa, então sorria.

Taehyung se despediu de Taemin, deixando o rapaz de fios castanhos perdido em pensamentos com um sorriso palpável em seus lábios, enquanto voltava a caminhar pelo corredor. Ao passar em frente a porta de um dos salões de luta, movimentos despertaram a sua atenção, fazendo-o parar. Observou a porta entreaberta e espiou o seu interior, avistando Jungkook vestido elegantemente com uma armadura de guerra, carregando um arco longo de madeira.

O rapaz de fios negros como a noite estava concentrado em sua ação. Olhava fixamente para o alvo do lado oposto, enquanto posicionava a cauda da flecha na corda do arco, mirando no alvo antes de puxar a corda e soltar a flecha. Essa passou voando pelo salão antes de pousar no ponto médio do alvo.

Um sorriso brilhou nos lábios rosados de Taehyung e ele adentrou o lugar aplaudindo o jovem alfa, que virou-se rapidamente para si, posicionando um nova flecha no arco.

— Ah não! — Taehyung exclamou em uma gargalhada. — Vai acertar uma flecha no meu coração? — perguntou risonho, fazendo Jungkook sorrir e abaixar o arco.

— Não seria uma má ideia. Dizem que quando duas pessoas se apaixonam é porque levaram uma flechada em seus corações por algum cúpido invisível.

— Agora começou acreditar em fantasias românticas? — perguntou divertido, passando suas mãos pela cintura do rapaz, depositando um selar terno em seu pescoço, fazendo-o corar.

— Não — pontuou, envolvendo seus dedos nos dedos cálidos do mais velho. — Além do mais, não preciso acertar uma flecha em seu coração para ter o seu amor. Eu o já tenho sem precisar de fantasias amorosas.

— Convencido!

Jungkook sorriu divertido, virando-se nos braços calorosos de Taehyung para olhar em seus olhos. Soltou um longo suspiro antes de avançar o espaço alheio, capturando os lábios rosados do mais velho em um beijo molhado e carinhoso, fazendo o castanho sorrir durante o ato, ao sentir as línguas tocarem-se em uma dança sagaz. Apertou o rapaz de fios negros em seus braços, partindo o beijo segundos depois.

— Não deveria fazer isso — Taehyung sussurrou, depositando um selar nos lábios vermelho-coral de Jungkook. — A porta está aberta, qualquer um que estiver passando, poderá ver a Majestade aos beijos com um mero professor-conselheiro. Não esquece que casará daqui a dois dias.

— Você sabe que eu não poderei amá-lo.

— Mesmo que talvez você não o ame, mas deve respeitá-lo.

— Eu não pretendo abrir mão do nosso amor. Você sabe, muitos alfas, principalmente um rei, sempre mantém relações extraconjugais. Então eu tenho o direito de ter quem eu quiser na minha cama.

Era errado, mas infelizmente, a maioria dos alfas mantinham aquele pensamento antiquado e alfista.

— Tudo bem, é um direito seu como futuro rei, mas será sincero com o ômega. Se não pode amá-lo da maneira que muitos anseiam, não dará falsas esperanças.

 — Sim, eu dei a minha palavra. Não esconderei dele os meus sentimentos por você. Posso não amá-lo, mas quero a amizade dele, ser gentil e respeitá-lo, como você me ensinou e como eu prometi, afinal, um nortista sempre cumpre com suas promessas — pontuou, puxando o corpo de Taehyung na sua direção.

Deixou um selar seguido de uma mordida no pescoço do mais velho, inclinando-se sobre ele para apreciar o cheiro suave de vinhos finos com o toque suave do sândalo.

— Se quiser fazer algo comigo, terá que fechar a porta — murmurou sorridente, Jungkook afastou-se para olhar nos olhos castanhos do maior.

— Eu quero uma despedida — comentou firme, pegando Taehyung de surpresa. — Não totalmente uma despedida, porque não iremos nos afastar, mas eu quero ter uma última noite de solteiro com você, somente para mim....

Sua voz saiu em um murmuro fraco, enquanto inclinava-se para capturar os lábios do mais velho, deixando uma singela mordida.

— Meia noite no meu quarto — ditou antes de se afastar, deixando o alfa sozinho.

Taehyung soltou um longo suspiro, passando a mão direita pelos fios castanhos antes de sorrir bobamente. Um dia aquele jovem arrancaria o pouco de sanidade mental que ainda lhe restava.

Sabia muito bem disso, ele era um homem condenado por amar o futuro rei.

Passou o restante da tarde e inicio da noite fazendo os últimos ajustes para a cerimonia de celebração do matrimonio nupcial de Jungkook com o jovem Park. Aproveitou e pediu para os empregados prepararem quartos de hospedes para os regentes sulistas, alguns nobres e o próprio aposento do Seokjin, para ele e Namjoon, agora seu marido, já que a chegada deles estava prevista para a tarde do dia seguinte.

Depois do jantar, o rapaz de fios castanhos desfrutou de um longo banho quente e perfumado, preparando-se para a noite prazerosa que teriam. Quando o ponteiro marcou meia noite, Taehyung bateu suavemente na porta do quarto de Jungkook. Essa abriu-se em um rompante e o jovem foi arrastado para o interior do lugar, escutando a porta bater atrás de si, no minuto que suas costas tocaram na parede.

Os lábios eloquentes do moreno puxaram o mais velho para um beijo afoito, onde, porventura, iniciaram uma dança desajustada de línguas e lábios molhados. Jungkook estava mais ansioso e sagaz do que normalmente era, seu lado alfa dominante estava destemido, fazendo sua presença ser sentida por todos os lados, marcando o seu território.

Taehyung suspirou durante o beijo, deixando a língua do moreno adentrar a sua cavidade úmida, fazendo uma calorosa morada. Em um ato de extrema rapidez, o corpo do jovem de fios castanhos tocou a cama, enquanto um gemido delicioso evaporou dos lábios de Jungkook, marcando o inicio da longa e prazerosa noite que os aguardavam.

 

~´~

 

À medida que a carruagem deslizava pela estrada, o coração de Seokjin pulsava desregulado em seu tórax. A mais de um ano atrás, em companhia dos seus adorados pais, Seokjin havia feito o trajeto inverso àquele que estava fazendo naquele momento. No entanto, poderia jurar que as sensações eram as mesmas, só as preocupações que eram outras.

Naquela época, estava nervoso de como seria sua nova vida em Kwangju, se o seu alfa gostaria de si, ao ponto de desfrutarem de um amor tão belo e terno como os dos seus pais. Um bolo amargo formou-se em sua garganta quando as lembranças vieram a sua mente.

Era um jovem ômega sonhador!

No começo, quando afirmou para o seu pai que estava disposto a se casar com o príncipe sulista, ele fantasiou um casamento igual ao dos seus pais. Aos poucos, ele e Namjoon construiriam uma relação estável, onde ambos compartilhariam de um profundo amor, recebendo carinho e atenção todos os dias, como Taeseok fazia com Sooyoung.

No entanto, não foi bem assim que aconteceu.

Na noite de núpcias, quando Namjoon adentrou o quarto, bêbado e desorientado, Seokjin temeu que o pior aconteceria. Estava apavorado, seria sua primeira vez com um alfa e não fazia de ideia de como tudo aquilo funcionava, a não ser pelas palavras de sua mãe. Por isso, entregou-se aos prazeres do alfa, mesmo com o profundo medo envolvendo o seu corpo.

Estaria mentindo se dissesse que não sentiu dor, no entanto, pegando-o de surpresa, Namjoon foi extremamente cuidadoso e paciente consigo, deixando-o mais relaxado. À medida que o alfa aprofundava as estocadas, a dor deu lugar para as raízes eufônicas do prazer e ele finalmente pode vislumbrar um casamento harmonioso com o lúpus.

Não estava de todo enganado. Seu corpo parecia que foi moldado sutilmente para se encaixar perfeitamente com o de Namjoon. Era nítido que eles desfrutavam de um desejo ardente que faziam seus corpos pulsarem gostosamente. Mentiria se dissesse que não gostava de todas as sensações que o alfa de fios platinados causava em si, no entanto, o medo ainda prevalecia, deixando-o temeroso.

Quando viu o marido matar a sangue frio um jovem ômega que lutava para sobreviver, não teve dúvidas de como as leis sulistas funcionavam com a classe submissa. Cabe aos ômegas apenas se calar e obedecerem aos seus alfas, do contrário, a morte lhe esperava. Foi o que fez até o presente momento, manteve-se calado para obter um casamento saudável e evitar problemas com a corte sulista.

O silêncio realmente o manteve longe dos problemas. Não questionou o marido sobre suas noites fora do quarto que dividiam, também não reclamou quando teve o primeiro filho retirado do seu ventre. Aquela tarde ficou gravada para sempre em sua consciência, de tal forma, que ele seria incapaz de andar sozinho em uma floresta no meio de uma nevasca.

Com o tempo, aprendeu a engolir aquele acontecimento e seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Uma parte dentro de si morreu naquela tarde, mas mesmo assim, ele fingiu que nada aconteceu. A atenção e o carinho que recebeu de Namjoon após isso, ajudou-o apagar o que aconteceu, mas não o fez esquecer.

Conforme os dias passavam, sua mente lembrava que, como ômega, ele era apenas uma figura decoração na cama de um alfa, e que esse poderia usar sempre que desejasse. No entanto, quando o lúpus foi extremamente carinhoso e respeitoso consigo no dia do seu aluamento, seus sentimentos em relação ao maior ficaram conturbados.

Namjoon não era um alfa qualquer, ele era um lúpus, um dos mais raros de sua linhagem. Em seu aluamento, seu lobo o levaria a loucura, buscando o ápice do prazer. E ele sendo um ômega muito compatível com os desejos do maior, teria que suportar toda a sua força. No entanto, deixando Seokjin surpreso, o rapaz de fios platinados controlou o seu lobo, fazendo o possível para que aquele momento também fosse prazeroso para ele.

Seokjin o agradecia por isso. Aquelas noites resultaram em um filho que crescia em seu ventre. Pensar no bebê fazia o seu coração palpitar, sem a presença de Namjoon, os sogros não poderiam saber da existência daquela criança.

Os últimos dias, ele viveu os melhores momentos de sua vida conjugal, e agora, estava ansioso para reencontrar o marido e poder desfrutar mais uma vez dos seus carinhos. Os hormônios da gravidez o deixavam carente ao extremo. Desejava os braços calorosos de Namjoon envolta do seu corpo, enquanto ele se aconchegava absorvendo o delicioso aroma do almíscar amadeirado, ansiando por seus beijos molhados que fazia o seu baixo ventre ferver em desejo.

Na noite que acordou assustado ao sentir o local da mordida queimar, o medo pavoroso inundou o seu corpo e ele sentiu todas as esperanças esvair, deixando apenas a marca opaca do vazio. O desespero tomou o seu frágil coração quando a constatação óbvia pairou diante dos seus olhos.

A intuição não falha!

Pensar no futuro agora parecia que estava velejando em um mar revolto sem conseguir avistar terras. Tudo parecia um grande borrão de massa cinza. Ele era um ômega nortista em território estrangeiro, cercado de pessoas com outras crenças e tradições. E, todos sabem, o fim nunca era bom!

Uma pequena lágrima desprendeu-se dos seus olhos no exato momento que a carruagem parou. Seu coração sofreu uma guinada profunda em seu tórax, pulsando acelerado. Desorientado, sem saber quanto tempo havia passado desde que saíram de Kwangju. Com medo de ser engado pela família real, tentou observar pela janela da carruagem, mas os trilhos da cortina estavam presos, impedindo-o de move-la.

Virou-se para encarar os sogros, mas esses não falaram nada, apenas saíram quando um servo abriu a porta da carruagem. Seokjin ficou para trás com o coração pulsando acelerado. Respirando fundo, o maior secou as lágrimas, engolindo a bile amarga que inundava a sua garganta, levantou-se e encarou o seu destino.

A passos trêmulos, caminhou na direção da porta, olhando assustado para todos os lados. Quando seus pés pisaram no chão firme do gramado, uma brisa suave envolveu-o calorosamente e Seokjin pode finalmente, soltar a respiração que prendeu sem perceber.

Estava de volta em Hanseong!

Seus olhos brilharam de emoção que foi incapaz de segurar as lágrimas que tentou conter durante o percurso. Um sorriso gentil brilhou em seus lábios, quando abriu os braços para acolher a lufada de ar fresco. Deu uma volta sem sair do lugar, girando seus calcanhares para facilitar o movimento.

O cântico suave de uma ave ecoou pelo céu, transpassando por todo o território e ganhando a atenção dos presentes. Seokjin levantou o olhar, avistando uma linda águia de pelagem branca com fracas manchas marrons em seu dorso, sobrevoar o céu acinzentado de Hanseong.

A águia continuou o seu canto, enquanto planava nas alturas, dando uma volta simplória ao redor do Palácio Primaveril. Uma onda quente e acolhedora caminhou pelas pernas de Seokjin, subindo para as outras partes do seu corpo. Seu coração vibrou no tórax e ele piscou os olhos, tentando controlar a infinidade de sensações que o tomava.

Algo estranho estava acontecendo, mas ele desconhecia o que era.

Estava finalmente em sua casa, mas havia algo pairando no ar que o fazia sentir-se muito longe do seu lar. Os campos antes floridos e revestidos pelo brilho natural das árvores, agora estava sendo preenchido pela paisagem sombria e opaca, quase tão fosca como o próprio Sul.

Ele poderia afirmar que aquele sentimento era decorrente do vazio que habitava seu coração desde a morte dos seus pais, mas no fundo ele sabia que não era somente isso. Havia algo que ele desconhecia, porém estava próximo de descobrir.

Não pode estar presente no funeral e no enterro dos seus amados e queridos pais. Não os viu no dia anterior, tampouco nas últimas semanas que antecederam suas mortes. A única lembrança que revirava em sua mente, foi o abraço de despedida, compartilhado após a noite de núpcias.

Passou por tantas situações após aquele evento, tantas que ele seria incapaz de nomear.

No entanto, Seokjin gostaria de revive-las uma vez mais, para poder desfrutar daquele abraço, fazendo-o durar para sempre. Todavia, o tempo é sempre linear. Ele só corre para frente, agora restava para si, apenas o presente e as linhas fracas de um futuro incerto. Com a dor profunda dilacerando seu frágil coração, o ômega respirou fundo, buscando conter os sentimentos turbulentos que pairava em sua mente conflituosa, por voltar a sua casa e não encontrar seus pais à sua espera.

— JIN! — a voz de Jungkook retirou o jovem ômega dos seus devaneios.

Virou-se a tempo de observar uma cabeleira espessa atingir o seu belo rosto. Sorriu alegre, aconchegando o primo em seus braços esguios. Não conseguiu conter as lágrimas que desceram queimando por seus olhos. Jungkook não chorou, estava tentando ao máximo portar-se como um rei, afinal, na noite seguinte aconteceria a sua coroação como rei das terras do Norte. Mediante a isso, não era bem visto que, seus súditos o vissem chorando pelos cantos como uma criança.

O abraço se prolongou por vários minutos, até Seokjin sentir uma leve tontura decorrente do aroma forte de morango com menta que irradiava de Jungkook. Partiu o abraço, recuando-se alguns passos para aspirar um pouco de ar fresco. No entanto, os braços do jovem alfa envolveram seus ombros largos, levando o mais velho em direção ao Palácio Primaveril, depois de cumprimentar majestosamente o rei e a sua rainha.

Jungkook foi bastante atencioso com os convidados, oferecendo aos regentes o melhor quarto de hóspede para que pudessem descansar da longa viagem. Gentilmente perguntou sobre a ausência de Namjoon, já que imaginou que Seokjin viria com o marido. Sua pergunta deixou o ômega um pouco abatido e o jovem alfa preferiu não se prolongar com o assunto.

Colocaram as novidades em dias, evitando tocar nas partes pesarosas, enquanto Seokjin desfrutava de um delicioso chá de hibisco. Após a refeição, Jungkook levou o mais velho para o seu antigo quarto que estava à sua espera. Ao entrar pelas portas do seu antigo quarto, o ômega ficou maravilhado por tudo ainda permanecer do jeito que deixou um pouco mais de um ano atrás.

No entanto, estava tão cansado que não se atentou aos detalhes, jogou-se desajeitamente na cama espaçosa, adormecendo minutos depois. Jungkook permaneceu sentado ao seu lado, observando Seokjin dormir tranquilo. Era uma cena tão linda. Ele apertava os lábios vermelho-cereja, inflando as bochechas, formando um biquinho fofo, que dava vontade de apertar.

Sorrindo alegre, o alfa aproveitou-se para deitar-se ao lado do primo e desfrutar do seu aroma caloroso de pomelo e verbena que tanto amava. Seokjin ainda era o mesmo, mantinha o mesmo semblante belo e jovial, no entanto, algo havia mudado em sua expressão. Já não carregava o brilho polido e a áurea genuinamente pura. O sorriso alegre e zombeteiro foi apagado, dando lugar para uma imagem opaca, como se estivesse sendo consumido por dentro.

Ao pensar nisso, uma sensação estranha inundou o seu coração, porém o jovem alfa resolveu ignorar, focando estritamente na presença de Seokjin ao seu lado. Acreditou que aqueles sinais fossem apenas o cansaço da viagem falando mais alto ou a morte repentina dos pais. Com suas mãos, envolveu a cintura curvilínea do ômega, sentindo o aroma forte do almíscar o rodear juntamente com o cheiro cítrico do maracujá.

Jungkook suspeitou que aquela essência fosse de Namjoon, ao que sabia até então, o homem era um lúpus de uma antiga linhagem que carregava o forte cheiro do almíscar. Não se incomodou muito com aquilo, apenas fechou os olhos e buscou descansar um pouco, aproveitando da presença confortável de Seokjin.

Todavia, não teve êxito. O cheiro forte que irradiava do corpo de Seokjin deixou-o um pouco desorientado. A essência de maracujá era tão forte que fazia os olhos do alfa lacrimejar. Não suportando aquela mistura de aromas, levantou-se, observando com atenção o corpo do ômega repousado ao seu lado.

Seu olhar recaiu sobre a mordida de lúpus no pescoço de Seokjin. Ainda desorientado, não soube dizer se a imagem que viu era real ou apenas projeções de seus olhos banhados pelas lágrimas, mas a marca reluzia em um tom dourado como se fosse o fogo escaldante.

[....]

Os preparativos para a grande cerimônia matrimonial continuaram cheios de energias. A família Park chegou em Hanseong no final da noite, juntamente com a realeza de Pusan. Para recebe-los, a nobreza nortista realizou um banquete de boas-vindas. A mesa gigantesca do salão de refeições foi totalmente preenchida pelos nobres dos Quatro Reinos.

Os sulistas ocuparam a parte mais silenciosa, ficando na extremidade oposta a qual Jungkook, como futuro rei do Norte estava sentado. Seokjin ficou aliviado de não estar sentado ao lado dos sogros e sim, ao lado direito de seu primo.

Entre pratos e bebidas, o banquete foi realizado cheio de sorrisos, alegrando todos os presentes. Nesse intervalo, Seokjin percebeu os olhares curiosos que Park Jimin lançava discretamente para Jungkook. À medida que o alfa de fios negros conversava consigo sobre como Hanseong ficou em sua ausência, Seokjin via o sorriso bobo pairar nos lábios do louro, que disfarçava bebendo o conteúdo de sua taça toda vez que virava para encará-lo.

Observando o ômega jovem e inocente, Seokjin viu a sua imagem nitidamente esboçada em Park Jimin. Um tempo atrás, pouco mais de um ano, estava ele próximo de se casar com um completo desconhecido, totalmente encantado pelas ações ternas de Namjoon. Seu olhar se prolongou por muito tempo no jovem ômega, deixando-o constrangido, esse desequilibrou-se da cadeira, caindo para trás, assustando todos os presentes.

Taehyung moveu-se rapidamente para ajudar o rapaz de fios louros, segurando-o pela cintura e levantando-o. Tal ação deixou o ômega ainda mais envergonhado, suas bochechas ficaram bem vermelhas, semelhantes as pimentas que estavam na salada de ervas. Ao receber o olhar afiado do pai, o louro pediu desculpas em um sussurro abafado, voltando a se sentar.

Seokjin voltou sua atenção para Jungkook, vendo a indiferença estampar sua face diante do pequeno incidente. O pesar tomou conta do seu coração e ele desejou conversar com o primo, desse modo, aguardou todos se retirarem para seus aposentos após o banquete, ficando sozinho na presença do alfa.

— Eu sei que você não ama o seu futuro marido — iniciou em um tom baixo. — Sei dos seus sentimentos pelo Taehyung, mas te peço, de coração, não machuque esse jovem — suplicou parando ao lado de Jungkook, em frente a janela de vidro.

O jovem rapaz não disse nada inicialmente, apenas virou-se para observar o olhar quebrado que estampava o belo rosto de Seokjin.

— Por que está me pedindo isso?

— Porque no passado era eu vivendo uma situação semelhante à desse garoto. Eu vi os olhares apaixonados que ele lançava para você durante o jantar. Ele tem esperanças de um casamento próspero embasado no amor e no companheirismo como foi a relação dos meus pais — fez uma pausa para respirar e olhar atentamente no rosto do mais novo. — Eu conheço aquele olhar, Jungkook. Eu olhava da mesma forma para o Namjoon, e você não tem ideia do quão doloroso é, ter todas as esperanças apagadas.

Sua voz saiu em um tom baixo, pegando Jungkook de surpresa que olhou para si abismado. Guiou sua mão na direção da face do ômega, tocando suavemente seu rosto, fixando seus olhos semelhantes a preciosos diamantes negros nos cálidos de obsidianas

— O que o Namjoon fez com você? — perguntou preocupado.

— Ele não me fez nada, mas eu criei fortes expectativas sobre o nosso casamento. E quando você cria expectativas sobre alguém, você espera que essa pessoa age da maneira que você agiria diante de uma determinada situação, e, infelizmente, isso não acontece.

Jungkook assentiu diante das palavras do primo, observando sua face banhada por uma áurea desconhecida.

— Eu me apaixonei pelo Namjoon. Foi inevitável depois de meses de convívio. A maneira com a qual ele me tratou me deu falsas expectativas, mas eu sinto que, esse sentimento não é recíproco, e constatar isso é terrivelmente doloroso — confessou em um suspirar. — Não posso cobrar amor da parte dele, não tenho nenhum direito sobre isso, mas isso não signifique, que não me machuca.

— Ele te marcou, não? — perguntou gentilmente.

Seokjin poderia esconder o ocorrido de algumas pessoas, usando uma blusa de gola alta, como naquele momento ou simplesmente escondendo a marca através de um cachecol. Todavia, o aroma forte do maracujá com o doce cheiro de macho alfa proveniente do almíscar, misturava-se totalmente com a essência cítrica do ômega, evidenciando que houve uma marcação entre o casal.

— Então isso pode ser a prova do amor que ele sente por você.

Seokjin assentiu diante das palavras de Jungkook. Não tinha como negar que ele estava muito feliz com a marca que recebeu de Namjoon. Ela era um símbolo muito importante para qualquer relação entre ômegas e alfas. No entanto, mesmo com a ingenuidade palpável em seus olhos, o rapaz ômega sabia que ainda faltava algo na sua relação com o lúpus.

— Ele foi gentil com você? — perguntou direto, fazendo Seokjin ponderar por alguns minutos, antes de assentir em um leve movimento de cabeça. — Me refiro a sua primeira vez. Ele realmente foi gentil?

Seokjin desviou o rosto totalmente envergonhado, sentindo suas bochechas arder pela timidez. Em alguns momentos, esquecia que Jungkook era uma pessoa muito direta com as palavras. Não se importava com as classes, por vezes, sempre fazia perguntas íntimas como se fosse perguntasse sobre algo corriqueiro do dia a dia.

— Ele é um bom marido. Sempre me tratou com respeito, mesmo durante o seu aluamento — soltou, ganhando a atenção do alfa. — Lembra quando nós éramos pequenos e vimos aquele momento íntimo da senhora Koah com um dos soldados da guarda pessoal do meu pai? — perguntou, ganhando uma confirmação positiva de Jungkook. — Ele estava em seu aluamento e a senhora Koah estava satisfazendo-o. Bem, eu imaginei que passar esse período com um alfa, fosse desse jeito, claro que, pelo Namjoon ser um lúpus, a situação seria um pouco mais intensa.

— Onde você quer chegar?

— É errado eu ter gostado tanto de passar esse período com o Namjoon? — perguntou em um sussurro, fazendo Jungkook sorrir pela pergunta. — Quer dizer, não sei se foi algo totalmente prazeroso para ele, mas eu me senti tão bem. Tão amado e protegido. Diferente do que a senhora Koah disse que era o aluamento de um alfa.

— Se você gostou, significa que foi bom. Quando você não se sente bem, muito menos confortável com um alfa, é porque aquilo não está sendo nada bom — explicou gentilmente, acariciando a bochecha rosada de Seokjin. — Tem certeza que é somente isso que está te incomodando?

A pergunta fez Seokjin engolir em seco. Não estava temeroso com a sua relação com Namjoon, ao contrário, estava muito feliz com a intimidade que eles estavam desenvolvendo. O que realmente lhe atormentava era a perda recente do seu primogênito, juntamente com a morte dos pais. Somado a isso, uma gravidez inesperada simultânea a ausência do seu esposo.

Queria dizer aos quatro ventos tudo o que aconteceu consigo nos últimos meses. O medo terrível que o impedia de andar sozinho pelos lugares escuros. O trauma físico e mental que o deixava apavorado na presença de qualquer alfa desconhecido, porém, não tinha forças para explicar seus sentimentos. Temia que os demais veriam aquilo como banalidade.

Por isso preferiu guardar seus sentimentos no fundo do seu coração e negou sobre qualquer incomodo. Permaneceu mais alguns minutos conversando assuntos triviais com Jungkook, até esse se retirar, avisando que o dia seguinte iria ser terrivelmente longo. Despediram-se com um abraço caloroso e Seokjin aproveitou o momento para observar o céu noturno de Hanseong, perdendo-se nas memórias de seu passado.

Ao voltar para o Norte, pensou que o seu coração estaria leve por estar em casa, mas não, havia se enganado. A áurea densa e obscura que pairava sobre o lugar, deixava-o assustado.

O piar esplêndido de uma formosa águia, despertou o rapaz dos seus devaneios internos. Soltou um longo suspiro, observando o imenso animal planar no céu noturno. Um sorriso se desprendeu de seus lábios, achando aquela situação no mínimo estranha. Nos últimos meses estava sendo perseguido por águias, seja em sonhos ou em qualquer outro lugar.

Águias eram seres rapinantes, espécies predatórias que ocupavam o topo da cadeia alimentar. No inverno, migravam para regiões onde o verão predominava, um comportamento básico para a manutenção da espécie. Todavia, naquele ano, elas justamente tinham migrado para regiões invernosas, ou qualquer outro lugar, sem restrição de ambiente.

Encontrar uma águia a noite era no mínimo incomum, elas raramente caçavam naquele período.

Seokjin observou-a por longos minutos, até observar essa descer em um mergulho profundo, voando singularmente na direção da janela onde ele estava. Seu coração pulsou desregulado e em um movimento rápido, fechou a janela se afastando do local à passos apressados.

Era a segunda vez que aquele incidente se repetia, no mínimo, bastante incomum. Com as pernas cambaleantes e uma mão no coração, o rapaz se afastou, subindo para o andar superior, afim de se retirar para dormir.

A conversa que teve recentemente com Jungkook pairava em sua mente, em um redemoinho de sensações e confusões. Perdido em pensamento, não notou que seguiu por um atalho, que fazia sempre quando era criança para se esconder de Taemin, em alguma brincadeira infantil que eles travavam.

Aquele atalho dava para a ala dos quartos de hóspedes, e as vozes alteradas que ouviu ao chegar no corredor chamou sua atenção. Não era um rapaz curioso, evitava ao máximo bisbilhotar conversas alheias. No entanto, à medida que caminhava, reconheceu as vozes de Namong e Sooyeon em uma leve discussão.

Involuntariamente, caminhou na direção da porta, escutando a conversa dos sogros.

— Se você ousar fazer isso, vai colocar o nosso plano em risco — a voz de Sooyeon ecoou e Seokjin escutou o som das botas de saltos deslizar pelo assoalho de mármore.

— Eu já disse que tenho tudo sobre controle. O meu plano não vai falhar! — Namong ditou com firmeza. — Namjoon é uma peça fora do jogo. Nesse exato momento, ele já deve ter encontrado com o fim que sempre mereceu. Meus homens informaram que não restou nenhuma alma viva. Eles foram completamente massacrados e aniquilados.

As palavras pegaram Seokjin de surpresa, que pelo choque, sentiu suas pernas perder o tônus muscular, enquanto seus olhos desabavam em lágrimas, inundando sua bela face. O aperto que vinha sentindo há dias, desde a partida de Namjoon, se comprimiu, sufocando-o por dentro. Um ardor forte rompeu da marcação e o ômega firmou seus dedos na parede para não cair no chão.

— Em breve, aquele ômega nortista estará na minha cama, pronto para me dar muitos netos, dessa vez, legítimos. Querendo ou não!


Notas Finais


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É isso meus amores, esperam que tenham gostado da história. Nos vemos no próximo capítulo, terceiro e último ato.
Beijos de chocolate com mente😘 My little angels 💖


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