1. Spirit Fanfics >
  2. Crown Victory (Namjin) >
  3. Bird Set Free

História Crown Victory (Namjin) - Bird Set Free


Escrita por: Mione_Bane

Notas do Autor


Boa noite meus amores, como vocês estão?
Voltei mais cedo do que de costume. Espero que todos estejam bem, se cuidando e se protegendo, seguindo as normas de saúde. Evite sair de casa sem precisão, a situação está catastrófica e tudo que podemos fazer é se cuidar e zelar pelo próximo.
O capítulo de hoje está bem extenso, peço que tenham paciência. Sejam maduros o suficiência para ver além da perspectiva de shipp. Gosto de usar história para passar uma mensagem e espero que vocês possam entender.

Agradeço imensamente os leitores que me acompanham desde o inicio da história e aos que estejam chegado. Obrigada pelo carinho, por teorizar o tempo inteiro, vocês não tem ideia do quanto isso é estimulante. Obrigada quem comenta, favorita e compartilha essa história, fazendo ela crescer.
Sem delongas, vamos ao capítulo. Boa leitura! 💖

(Pássaro Livre - Tradução do capítulo)

Capítulo 29 - Bird Set Free


Fanfic / Fanfiction Crown Victory (Namjin) - Bird Set Free

“Ele merecia morrer sem nenhuma complacência. Enquanto ele estivesse vivo, Seokjin jamais poderia ser feliz!”

_________

 

Os dias que seguiram a Batalha do Norte, caminharam a passos vagarosos para um eminente colapso. Tomar Hanseong das mãos de desordeiros foi uma causa justa que trouxe esperanças para o povo, que até então, tinham sido apagadas ao longo dos anos sob custódia sulista. Jungkook, mesmo sendo um príncipe jovem e tendo Taehyung ao seu lado, percebeu tardiamente o erro.

Como comandaria um reino fadado ao fracasso e completamente falido? Ele mesmo não tinha mantimentos para sobreviver, como cuidaria de uma nação perante um inverno rigoroso? O desespero o tomou, assim como a preocupação abateu Taehyung e Jimin. Em uma quinzena, os mantimentos expirariam. O povo já estava enfraquecido e devastado pela injúria, logo não conseguiriam se manter vivo por muito tempo.

Era um instinto biológico, em poucos dias, eles teriam que lidar com uma suposta rebelião da classe minoritária.

O Norte precisava de ajuda. Eles precisavam fazer uma nova aliança ou consequências incabíveis viriam. No entanto, não havia a quem recorrer. As informações mal chegavam em Hanseong, pois a muito tempo o reino tornou-se um lugar pouco frequentado pelos turistas e transeuntes nobres. Então não restava outra ação a não ser, aguardar a sua destruição completa.

O pesar tomou conta de Jungkook, jamais pensou que o reino onde, porventura, cresceu seria completamente destruído diante dos seus olhos.

Os discípulos da Grã Mestra Moon retornaram para a Muralha Cheongjeong logo após o conflito. Os ômegas que se machucaram no combate foram encaminhados para a enfermaria e tratados. Yang Doyun atualizou a mestra sobre a batalha ganha, não deixando passar nenhum detalhe, para depois fazer um relatório completo de sua missão e registrar nos arquivos da biblioteca da Muralha.

Sem a presença de Jimin, Doyun ficou responsável por cuidar de Taemin, que apesar de tudo, seguiu em uma recuperação lenta, porém bastante evolutiva. E agora, o ômega sênior tinha uma pequena companhia super falante, que o seguia para todos os lados, enchendo-o com perguntas.

Jinyoung era uma criança esperta e muito comunicativa. Não deixava de dizer o quanto sentia falta dos pais, mas não deixava de elogia-los com comentários dizendo o quanto eles eram talentosos. Doyun se divertia com o pequeno, que conseguia arrancar diversos sorrisos de Taemin, além de energizar o ambiente mórbido com seus sorrisos e encantos.

Depois de semanas, a Grã Mestra Moon deixou Lee Taemin livre para retornar ao Norte, sem quaisquer objeções. Para desencargo de consciência, pediu para que Doyun acompanhasse o alfa, levando o pequeno Jinyoung, garantindo que ambos chegassem em segurança até o seu destino.

— Grã Mestra Moon, é certo que partiremos agora ao nascer do sol.

Doyun comentou suavemente ao adentrar as portas do grande Salão da Lua, como era intitulado o local que a mulher usava para realizar as suas meditações matinais e se conectar com as entidades celestiais na qual acreditava.

A mulher recolheu suas mãos de cima das dobras do joelho, unindo-as e levando-as em frente ao peito, encerrando a sua meditação. O aroma de sálvia circulava pelo ambiente, impregnando em suas vestes brancas como a neve, proveniente do incenso que queimava no incensário.

Em um leve movimento de cabeça, levantou-se, voltando sua atenção para o rapaz que a reverenciou, educadamente. Doyun já estava preparado para a viagem. Vestia seu manto negro que permitia uma camuflagem adequada pela floresta. Carregava algumas armas em seu cinto, essas que poderia ser uteis, caso encontrassem alguma ameaça pela estrada.

A mestra deixou o Salão da Lua, acompanhada do rapaz, levando-o até a entrada da Muralha. Não trocaram nenhuma palavra durante o percurso, e Doyun achou necessário comentar o que estava rondando em sua mente nos últimos dias.

— Grã Mestra Moon, perdoe a minha intromissão — iniciou, ganhando a atenção da mulher. — Estive pensando isso já tem alguns dias. O jovem Jeon é primo do príncipe Seokjin, e ambos pensam que o outro está morto.

— O que está insinuando com isso?

Secamente, Doyun engoliu a bile amarga, soltando o que lhe incomodava.

— Com a situação catastrófica em Hanseong, presumo que demorará meses para que cada um saibam dos fatos. Sei que a nossa lei premedita que não devemos nos envolvermos com os interesses alheios, mas como o príncipe Seokjin passou anos conosco e recentemente ajudamos o jovem Jeon, acredito que seja o certo contar-lhes a verdade. Afinal, mesmo sem querer, já estamos envolvidos nessa história. Seria uma loucura voltar atrás e guardar mais segredos.

A mulher não lhe respondeu, apenas voltou a caminhar. O vento frio tocando suas vestes, fazendo-as resvalar em meio ao gramado.

— Se é o seu desejo, conte a eles a verdade. Diga ao jovem Jeon que o príncipe Kim Seokjin, seu primo, está vivo e que reside em Seosan, protegido pelo Rei Vermelho.

As últimas informações deixaram o rapaz surpreso, não esperava que a mestre soubesse da localização exata do príncipe, porém, não era de fato uma surpresa. A Grã Mestra Moon tinha seus animais de estimação que a deixavam a par de tudo o que acontecia ao seu redor.

Voltaram a caminhar, parando somente quando chegaram em frente aos portões da Muralha Cheongjeong. Taemin já estava montando em seu cavalo de pelagem moura, carregava Jinyoung amarrado em suas costas. A criança tagarelava algo nos ouvidos do rapaz, que apenas sorria pelas sandices contadas, mas Jinyoung calou-se assim que viu a Mestra Moon parar ao seu lado.

Taemin curvou o seu tronco em uma simplória reverência e a criança em suas costas imitou os seus gestos. A Grã Mestra Moon observou com atenção Doyun subir em seu garanhão de pelagem negra.

— Sou extremamente grato pela estádia e por ter salvo a minha vida, mestra — Taemin iniciou seu agradecimento. — Estou em dívida para com o seu povo, quando precisar, estarei disposto a pagar-lhe o que devo, não importa o custo.

— A Muralha Cheongjeong sempre ajudará quem a ela recorrer — soltou gentil e Taemin sorriu. — Aqui é a nossa despedida, espero que chegue em paz ao Norte.

— Meus mais sinceros e profundos agradecimentos, Grã Mestra Moon.

Repetiu a reverência e Jinyoung acompanhou os seus gestos, liberando um sorriso serelepe para a mais velha que sorriu apaixonada, apertando as bochechas rosadas da criança.

— Um dia, serás um grande rei, amado e idolatrado pelo seu povo, tão quanto foi o seu tio-avô — profetizou para a criança, liberando um doce sorriso e afagando os fios castanhos da criança que limitou-se a sorrir.

Yang Doyun, que até então, mantinha-se alheio a conversa, virou-se em um rompante ao ouvir tais palavras, deixando de encarar as rédeas do animal para encarar o semblante transparente da mestra. Ele sentiu o peso que aquelas palavras tinham, mas os dois nortistas as desconheciam.

— O leão tem a força, mas sem os olhos, ela seria inútil.

A mais velha recitou o lema da casa Lee, ganhando a atenção de Taemin, que balançou a cabeça em concordância.

— Use a sua força e mantém o legado de seus ancestrais. A família Lee jamais terá uma dívida conosco. A sua resistência já é o nosso pagamento — comentou, deitando Taemin sem entender. — Seja sábio, perspicaz e forte como um leão. Majestoso e poderoso. Faça justiça em nosso nome!

A Grã Mestra Moon curvou-se em uma reverência para o soldado, que retribuiu a curvatura, lisonjeado. A mulher manteve a sua compostura, caminhando em direção ao cavalo de Yang Doyun, que aguardou as palavras da mestra.

— Já sabe o que fazer, certo? Segue o desejo do seu coração — referiu-se ao assunto do rapaz contar a verdade para Jungkook e Seokjin. — Volte em segurança.

Doyun assentiu, fazendo uma mensura com a cabeça.

Nekidong baalars — levou dois dedos a fronte, tocando-a suavemente.

Nekidong rareng — respondeu o cumprimento.

O discípulo lançou um último olhar a Taemin, ajeitou as rédeas em sua mão, esporou o cavalo, pegando impulso do galope, cavalgando em direção aos portões da Muralha Cheongjeong, que já estavam abertos.

Yang Doyun cavalgava a frente com passadas rápidas. Os cascos do cavalo batendo sobre a relva, levantando uma fina camada de neve que cobria o solo. Seu manto grosso de inverno sacudia-se com a intensidade do galope, o tecido que cobria parcialmente a face, ondulava-se conforme o vento tocava.

Logo atrás, estava Taemin em seu cavalo, a força tração levantando neve e um pouco de grama com as passadas rápidas. Jinyoung apesar de amarrado em suas costas, segurava com muita força em seus ombros, pois estava com medo de cair. A criança usava um gorro para se proteger do frio congelante de inverno, repousava seu rostinho sobre o ombro do soldado, sentindo o delicioso aroma de peônias e pitanga, que lhe trazia conforto.

Quando deixaram a Muralha, ainda estava amanhecendo, os pequenos raios solares pincelavam a imensidão do céu, iluminando o caminho. A viagem aconteceu sem nenhum empecilho pelo caminho, o que deixaram os viajantes felizes, odiariam ter que enfrentar algum obstáculo pelo caminho.

O sol já resplandecia no horizonte, quando eles finalmente chegaram em Hanseong, sendo recebidos calorosamente pelos servos do Palácio Primaveril, que os levaram para o interior do castelo.

— Papai!

Jinyoung exclamou entusiasmado ao ver Jimin adentrar o grande salão de recepção. A criança correu ao encontro do pai, que sorria completamente emocionado.

— Meu amor. Meu pequeno príncipe.

Jimin abaixou-se para pegar o filho em seus braços, depositando inúmeros selares pelo rostinho belo. Esse começou a tagarelar em seu ouvido contando suas aventuras na Muralha ao lado de Doyun.

— Pai!

Assim que Jinyoung viu Taehyung adentrar o salão, seguido de Jungkook, gritou saltando do colo de Jimin e correndo ao encontro do alfa.

— Oh! Meu amor, o pai sentiu tanto a sua falta — soltou ao receber Jinyoung em seus braços, enchendo seu rostinho fofo com beijos e selares calorosos.

Sentiu o pequeno se enrolar ao seu corpo, fungando forte para sentir o seu cheiro suave de uvas e vinhos, como havia feito com Jimin, minutos atrás, inalando o cheiro delicioso de romã e flores brancas que o acalmava e trazia-lhe a sensação forte de conforto e segurança.

Jinyoung permaneceu no colo de Taehyung, enquanto esse cumprimentava os convidados, pedindo-os educadamente para se sentar. Um dos servos entraram no grande salão trazendo uma bandeja de chá quente e alguns aperitivos, recepcionando os visitantes da longa viagem. Assim que a criança viu Jungkook parado próximo a uma das janelas, desceu do colo do pai e correu em direção ao rapaz, agarrando-se em suas pernas.

— Tio Kookie, você sentiu a minha falta? — perguntou serelepe, apertando as pernas do alfa que voltou a sua atenção para a criança risonha.

— Não!

Jungkook soltou em um sorriso, observando um biquinho tristonho se formar nos lábios da criança. No entanto, a sensação de sentir-se ser observado, o fez levantar o olhar e encarar o ambiente a sua volta. Os olhos azuis de Jimin recaíam em Jungkook com uma expressão desgostosa inundando a sua face. O rapaz engoliu em seco e voltou a sua atenção para Jinyoung.

— Certo! Eu senti falta do meu pequeno amigo Jinyoung.

Os olhinhos da criança brilharam instantaneamente, enquanto um sorriso pincelava seus lábios.

— O titio se comportou direitinho? Igual ao que o Jinyoung ensinou? — Jungkook achou graça da criança se referir a ele com o próprio nome. — Papai Minnie não lhe deixou de castigo, não?

A pergunta do pequeno deixou Jungkook constrangido. Quem aquela criança pensava que ele era para ser castigado?

— Já passei dessa fase, criança. Ao contrário de você. Se ficar falando sandices como essas, pode acabar sendo atacado por águias, sabia? — amedrontou, deixando o alfinha curioso. — Não sabia? O Norte é o covil das águias, que adoram disciplinar crianças rebeldes.

— Mentiroso — comentou, observando Jungkook abaixar-se e ficando a sua frente.

Jungkook o envolveu em seus braços e Jinyoung abraçou o seu pescoço, circulando os dedos nas argolinhas de prata em sua orelha.

— Á noite, quando for atacado por uma águia, não adianta gritar por socorro, ninguém virá lhe ajudar. Nesse momento, saberás de fato quem estarás mentindo.

Sentou-se em uma poltrona próximo dos presentes, recebendo um sorriso caloroso de Taehyung, ao ver o rapaz entretido em uma conversa com o seu filho.

— Papai Minnie e papai Tae me contaram sobre as histórias do Norte. Nenhuma águia faria isso. O titio está mentindo — acusou divertido.

Jungkook sorriu envergonhado, não era uma tarefa fácil enganar aquela criança levada.

— Seus pais realmente lhe contam tudo?

Não estava surpreso, visto que, Taehyung era um excelente professor que o educou com maestria e determinação, tanto ele quanto a Seokjin. Não ouviu a resposta da criança, porque naquele momento alguém limpou a garganta, tentando chamar a sua atenção. Jungkook virou o seu rosto, encontrando o rapaz Yang Doyun.

— Alteza — cumprimentou em uma respeitável reverência. — Tenho informações que por certo irá lhe interessar.

Doyun olhava para os lados, ponderando internamente se poderia comentar as últimas notícias diante de todos.

— O que tiver que me dizer, pode falar na frente deles.

— Há algum tempo atrás, recebemos um rapaz da realeza nortista na Muralha Cheongjeong — seu comentário chamou a atenção dos presentes. — Não envolvemos em assuntos estrangeiros, mas preciso lhe dizer que o seu primo, Kim Seokjin, está vivo.

A surpresa culminou na face de Jungkook que piscou os olhos aturdidos.

— O q-que? — gaguejou, repousando Jinyoung com cuidado no estofado, levantando-se em um rompante.

— Vivo? — Taemin sussurrou fraco caminhando em direção ao rapaz, totalmente descrente. — Seokjin está vivo?

— Sim, ele está em Seosan, sob a proteção do Rei Vermelho de Zhejiang.

— Você tem certeza dessa informação? Não se confundiu com outra pessoa?

Jungkook não poderia acreditar que aquelas palavras eram verdadeiras. Pequenas lágrimas formaram ao redor dos seus olhos. Por mais que acreditava que fosse difícil alguém ser capaz de conseguir confundir a beleza estonteante de Seokjin, aquela afirmação era tão surreal, que estava difícil para se processar.

— Eu não consigo acreditar que ele esteja vivo. Eu passei esses anos todos, lamentando a morte dele. Agora em Hanseong, planejava subir ao Monte Bukhan e fazer o ritual sagrado de sete noites. Isso é algum tipo de brincadeira?

— Não, alteza. Kim Seokjin está vivo e protegido em Seosan.

— Eu preciso vê-lo — Taemin comentou com determinação.

— Estou de viagem para Seosan, posso lhe enviar um pergaminho se Vossa Alteza desejar.

— É uma ótima ideia, infelizmente esse não é o momento ideal para deixarmos o Norte — Taehyung argumentou, esperançoso.

— Ele está bem? — Jimin perguntou, preocupado.

Não teve o prazer de conversar com Seokjin antes, mas conhecia a sua história, se preocupava com o rapaz.

— Como nunca esteve antes — Doyun respondeu alegre.

 

~´~

 

— O que havíamos combinado? — Yixing indagou assim que entrou em seu escritório.

Seokjin estava perdido em pensamentos, parado em frente à janela. No entanto, assim que percebeu que o alfa havia adentrado o lugar, virou-se para lhe encarar, soltando um longo suspiro.

— Quantas vezes eu lhe alertei sobre os riscos que enfrentaria estando na arena? Quantas vezes eu pedi e implorei para você não comparecer ao coliseu, porque seria perigoso? Você me deu a sua palavra, afirmou que não compareceria e você quebrou o nosso acordo.

Yixing estava chateado, sabia dos riscos que Seokjin correria se estivesse presente na sentença de Namjoon e mesmo assim, ele quebrou a promessa.

— Conseguiu ver como ele te abala? O que o lobo dele é capaz de fazer com você? Seokjin, não seja tão teimoso, pelos sagrados deuses! — exclamou aturdido.

— Desculpas — pediu momentos depois.

Yixing suspirou estarrecido, passando as mãos pelos cabelos, finalmente parando de andar de um lado para o outro, encarando Seokjin. Em um resmungo frustrado, caminhou até uma das estantes de madeira, abaixou-se para abrir uma gaveta que estava localizada abaixo das divisórias dos livros. Retirou uma pequena caixa e levou-a até a escrivaninha.

Yixing abriu a caixa, retirando um pote de algodões e mais alguns frascos que continham uma substância líquida. Apoiou o seu corpo no móvel e com a mão, chamou por Seokjin, que caminhou ao seu encontro. Yixing abriu as pernas, acomodando Seokjin entre elas. Abriu um dos frascos e despejou o conteúdo na gaze de algodão, passando-a delicadamente nos ouvidos do ômega que o olhou indagador.

— É feito à base de huoxiang, uma erva medicinal que ajuda a tratar dores e lesões auriculares — explicou e Seokjin assentiu. — Por sorte, presumi que algo assim viesse lhe acontecer, mesmo que nos dias de hoje, os lúpus estejam quase extintos.

— Obrigado.

Seokjin aproveitando a posição para tocar nos adereços que ornamentavam as vestes de Yixing, todos fazendo referência ao clã Zhang, a família domadora de dragões. Yixing era um rei que esbanjava a sua beleza e elegância através das vestimentas e seus gestos, sempre muito bem vestido com o melhor tecido, não deixando de exibir a influência que sua família tinha perante os reinos.

— Se você não fosse tão teimoso, nada disso teria acontecido — ressaltou.

— Eu precisava ver do que ele é capaz, preciso saber com quem estou lidando.

Yixing soltou um longo suspiro, enrolando as madeixas do cabelo de Seokjin em seus dedos, encantado com a maciez dos fios.

— Se sabia que não conseguiria manter-se longe, por que não me avisou?

Seokjin abaixou a cabeça um pouco envergonhado. Ele não deveria ter feito uma promessa, pois sabia que não tinha condições de cumprir. Era vergonhoso quebrar uma palavra, ainda mais se tratando de uma pessoa como o Yixing. Esse, por outro lado, achou adorável a maneira como ele ficava envergonhado. Era fofo. E, ele queria muito apertá-lo em seus braços, mas venceu o desejo.

— Era só ter me dito que encontraríamos uma solução para evitar intercorrências.  

— Tens razão, meu rei. Eu me equivoquei, me desculpa.

Yixing soltou um suspiro, enquanto um sorriso realçava seus lábios e ele guiou seus dedos ao encontro da bochecha rosada do rapaz, depositando lhe uma leve carícia.

— Tudo bem, já passou, vamos apenas esquecer. No entanto, meu príncipe, da próxima vez, eu gostaria que você fosse sincero comigo, certo?

Seokjin assentiu, levantando a cabeça, compartilhando um belo sorriso que deixou Yixing encantado.

— Achei que estivesse furioso pelo que aconteceu com a Lity — soltou, observando o alfa voltar a passar a gaze em seus ouvidos.

— Não estou furioso. Estou triste. Talvez um pouco chateado, mas você vem em primeiro lugar. Lity não está ferida. Apenas o levou para dar um passeio envolta do coliseu, depois o colocou no chão. Nenhum dos dois estão feridos.

— Achei que dragões obedecessem a um mestre de cada vez. Nunca imaginei que um lúpus seria capaz de comandar e montar em um dragão já domado.

— Dragões não domados como a maioria acredita. Eles podem formar um laço muito forte com os humanos que os criam. São altamente inteligentes para sentirem afeições pelos seus amigos, bem como sentir a fúria pelos seus inimigos. Podem ser treinados para servirem em montarias, como um cavalo, mas também podem obedecer a comandos de seus montadores, que necessariamente não precisa ser verbal, dependente da ligação que há entre eles.

Seokjin encarou a face do alfa, bastante interessado sobre o assunto. Dragões eram um mistério inquestionável perante os homens comuns.

— Lity não obedeceu aos comandos de Namjoon porque ele é um lúpus. Essa questão não se trata de classe. A premissa sempre foi o sangue. Um dragão Zhang só pode obedecer aos comandos de seu próprio sangue. A minha família nunca teve relação com pessoas de outras etnias. O que aconteceu hoje na arena é um fato intrigante!

— Quando éramos casados, suspeitei que ele não poderia ser filho legítimo de Namong — iniciou se afastando de Yixing. — Ao vê-lo executar um ômega na minha frente, questionei o motivo de um príncipe ser tratado como um carrasco?

Yixing seguiu o príncipe pelo lugar, observando-o com atenção.

— Naquela época, me fiz acreditar que era pelo fato dele ser um lúpus, mas nunca deixei de achar no mínimo questionável o fato de Namong e Sooyeon não serem lúpus. No entanto, me veio a questão de eu ser um puro mesmo que os meus pais não sejam. Entretanto, o raciocínio não fechava. Sou um puro através do gene ligado a classe ômega. Meu pai herdou o gene de seu pai ômega, mas sendo um alfa nunca expressou, porém ao me gerar, doou esse gene, como sou um ômega, facilmente expressaria. No entanto, com Namjoon é diferente. Para ele ser um lúpus, teoricamente um de seus pais deveriam ser um, o que não é o caso.

— Sempre achei suspeito não sabermos nada sobre a história de Kwangju. Não há registros de que a rainha ficou grávida, tudo o que sabemos é que anos depois, Namong anunciou que tinha um herdeiro que, porventura, viria um dia ocupar o seu lugar.

— Namjoon é totalmente diferente de Namong e Sooyeon. Em suma maioria, ele é uma pessoa fechada em seu próprio mundo, é uma pessoa de poucas palavras, semelhante ao que as pessoas dizem dos sulistas, porém ele tem outra face que as pessoas desconhecem. Ele é bastante atencioso e gentil, mas para um lúpus, parecia ser muito centrado, como se fosse domado, exceto em raras situações.

— Acredita que Namong o controla? — Seokjin assentiu diante das suas palavras. — Ainda sim, ele ter montado um dragão é muito curioso.

— E por falar nisso, por que a levou?

Seokjin ainda se recordava do momento desesperador que passou ao ver o dragão descer a arena e atacar Namjoon.

— Pensei que tínhamos um acordo.

— E tínhamos! Lity foi ao coliseu por causa do banho de sangue, ela pressentiu o caos e veio até mim. Inicialmente, ela tentou atacar Namjoon, mas ela não o mataria sem o meu comando.

— A lealdade dela para consigo me é admirável — soltou em um gentil sorriso.

— Não quando ela deixa um lúpus montá-la — pontuou em um suspiro. Seokjin aproximou-se, dando duas batidas simpáticas em seus ombros. — Preciso saber o motivo que a levou obedecer ao Namjoon. Irei pesquisar detalhes sobre a genealogia da minha família, talvez eu encontro alguma resposta.

Seokjin assentiu.

— Acho melhor cancelarmos nosso encontro de hoje à noite. Quero que você descanse, ainda está ferido.

Puxou Seokjin pela cintura e deixou uma carícia suave na região. Inclinou-se para depositar um selar na fronte do rapaz. Trocaram mais algumas palavras e Yixing deixou Seokjin em seu quarto, e foi ao encontro de Lity na Gruta do Dragão.

Ao chegar no local onde a dragão estava, escutou o seu sibilo rouco, mas quando essa sentiu a sua presença, afastou-se e Yixing sorriu bobo. Era uma maneira clássica do animal expressar o seu arrependimento pela situação. Aproximou-se deixando algumas carícias suaves na pele escamosa, escutando-a soltar um sibilo semelhante a um ronronado.

— Não estou chateado — comentou suavemente.

Permaneceu no local por mais alguns minutos, inspecionando-a para ver se não estava ferida. No entanto, passos apressados ecoaram pelo lugar, despertando a sua atenção. Ao se virar, encontrou Xiao Zhan correndo ao seu encontro. O alfa parou a sua frente, fazendo uma reverência apressada.

— Vossa Majestade, o Lorde Wang chegou com os prisioneiros.

Yixing recordou-se do marido informante do conselheiro-real de Namong.

— É um pequeno grupo de quatro pessoas; dois alfas e dois ômegas, e claro, há uma criança. Onde devo leva-los?

— Uma criança? — questionou retoricamente, não esperava por isso. — Leve os ômegas e a criança para um quarto, deixe-os trancado com vigias. Os alfas você pode levar para as nossas celas especiais.

No entanto, após as suas ordens, Xiao Zhan não se moveu, fazendo Yixing voltar-se interrogativo.

— O que foi dessa vez?

— O Lorde Min está entre eles.

Yixing o encarou surpreso.

Lorde Min, conhecido como Min Wooseok, era um nobre senhor sulista de Meraki. Era um dos homens da mais presada confiança de Namong. O motivo pelo qual ele foi capturado juntamente com os outros era no mínimo intrigante.

 

~´~

 

Naquela tarde, Dae Eui foi até a cozinha do Palácio de Veraneio preparar uma refeição descente para um alfa em questão. Discretamente, caminhou entre os servos e soldados que guardavam o castelo. Evitou chamar a atenção para que não precisasse dar explicações.

Desceu o caminho que levava até um rio e próximo a nascente, avistou Namjoon se banhar. Dae Eui aproximou-se do alfa, deixando a bandeja com o desjejum sobre a grama coberta com pequenos floquinhos de neve. Da aljava que carregava nas costas, retirou vestes limpas e simples, semelhantes as roupas de um camponês, mas era muito melhor que os trajes sujos e puídos que o rapaz usava.

— Obrigado — Namjoon agradeceu ao receber as roupas.

— Não achei certo o que fez na arena — sussurrou e o alfa soltou um longo suspiro.

— Não havia muito mais a ser feito. Não quando há um dragão pronto para lhe ferir gravemente. Ou eu fazia o que fiz ou seria morto.

— A dragão jamais lhe mataria sem as ordens do rei, e o nosso rei jamais mataria se não fosse extremamente necessário.

— Vocês confiam tanto assim em um estrangeiro?

Não era como se ele não gostasse de Yixing ou suspeitasse que ele fosse uma má pessoa. Longe disso. Os relatos que ouviu enquanto percorria o caminho de volta para casa, diziam que o Rei Dragão tinha uma reputação integra, um homem centrado em seu povo e de boa índole. O desejo de qualquer nação!

— Seokjin confia — Dae Eui pontuou e Namjoon engoliu a bile amarga que pairou em sua garganta. — E eu confio no julgamento de Kim Seokjin.

Vencido, Namjoon meneou a cabeça em um movimento afirmativo. Vestiu as roupas e abaixou para pegar um copo de vitamina verde, bebendo-o em seguida a goladas. Em uma expressão estarrecida, Dae Eui o olhou incrédula. Enquanto preparava a bebida, sentiu o cheiro nada cativante da bebida, o que julgou não ser nada saborosa. No entanto, preferiu não comentar, apenas observou Namjoon devorar os pães e bolos com a fúria selvagem de um leão.

— O que foi que o rei decidiu fazer com você?

Dae Eui quebrou o silêncio que pairava entre eles.

— Além de colocar vários soldados para me vigiar, ele quer que eu diga as estratégias de combate de Namong. Ele sabe que foi eu que treinei o exército sulista, então ele quer saber tudo, desde seus pontos fracos até os fortes. Já o rei de Seosan deseja que eu lhe sirva com qualquer trabalho braçal coerente aos seus olhos.

— Imaginei que fosse isso mesmo.

— Eu sei que já lhe pedi vários favores, mas gostaria de lhe pedir outro se não for incomodo — iniciou sentando em uma pedra e a mulher meneou a cabeça, pedindo-o para continuar. — Antes de vir para o Palácio de Veraneio, encontrei um amigo, ele estava com esposo e filho. A situação não era das melhores e pela situação que nos encontramos, presumo que logo lhes faltarão abrigo. Então se você pudesse pedir para o rei abriga-los em troca de trabalho, eu ficarei eternamente agradecido.

— Farei o possível para ajudar os seus amigos.

— É o irmão do soldado ômega que lhe acompanha e o esposo foi servo de Seokjin, enquanto ele viveu em Kwangju. Eles têm um filho, uma criança com aproximadamente dez anos.

Alegou a existência da criança para expressar a sua preocupação e salientar o desejo de protege-los.

— Não se preocupe, Yixing tem um bom coração, vai ajuda-los. 

Já iria se retirar quando se recordou de algo. Tateou as vestes, procurando por algo.

— Acredito que isso seja seu.

Era um pequeno broche de ouro com o formato da cabeça de um leão. Havia retirado o objeto das vestes do alfa quando limpava o seu corpo após resgatá-lo do jardim. Namjoon pegou o pequeno broche, levando-o aos lábios, depositando um selar antes de circula-lo em seus dedos, protetoramente. Ao olhar a mulher, sentiu a necessidade de esclarecer alguns pontos.

— Sobre isso, queria dizer que o encontrei....

No entanto, não conseguiu concluir suas palavras, já que Dae Eui mandou-o ficar em silêncio no momento que entrou em estado de alerta. Namjoon se calou no mesmo instante, encarando-a interrogativo. Dae Eui meneou a cabeça e indicou para algo se movendo atrás deles.

O lúpus virou-se devagar, olhando com atenção por cima das copas das árvores. Momentos depois, conseguiu observar um corvo prostrado entre as folhagens recobertas de neve. Não compreendeu de imediato o que estava acontecendo, porém ao ouvir o som de passadas rápidas entendeu o que estava acontecendo.

— Interessante! — Leeteuk comentou assim que se aproximou da dupla. — Enquanto o nosso rei está ferido por ações inconsequentes de um alfa, você está aqui, confraternizando com o inimigo.

Rapidamente, Namjoon se afastou de Dae Eui, não queria lhe causar problemas com Seokjin.

— A sua lealdade me é questionável. Me pergunto de qual lado você realmente está?

Dae Eui franziu o cenho, encarando-o com descrença de suas palavras.

— Em uma guerra, aquele que toma partido pelos próprios interesses e julga o próximo mediante a meras opiniões, não apenas está cavando a sua própria cova, como também está levando todos à ruinas. Conhecer os lados pode te levar a luz. Lembre-se disso!

A mulher pegou a bandeja vazia e deixou-os sozinho, enquanto caminhava de volta para o castelo. Leeteuk permaneceu alguns segundos no lugar, tentando absorver suas palavras. Namjoon o olhava intrigado, até receber o olhar afiado do ômega, que levou dois dedos aos olhos, afirmando que estaria lhe observando.

 

~´~

 

A noite já havia caído, mas as sensações inquietantes do dia não haviam se dissipado, deixando Seokjin inquieto. O rapaz já havia desistido de tentar dormir, e naquele momento, andava de um lado para o outro. Sua mente se pendurava com diversas questões, que não conseguia processar adequadamente.

Há algum tempo atrás, já havia firmado suas escolhas. Havia jurado conquistar tudo o que era seu por direito, não importava o custo que isso traria. Ele estava determinado a nunca mais abaixar a cabeça perante os outros. Iria lutar por tudo aquilo que acreditava. No entanto, jamais imaginou que Namjoon estivesse vivo.

Durante o período que passou em reclusão, ponderou-se muito sobre a relação que teve com o lúpus. Passou anos processando cada detalhe até chegar em um veredicto; ele era um ômega muito inocente e ingênuo, interpretando com clareza o título de ômega submisso.

Obedeceu a todas as ordens e no fim, o que lhe aconteceu? O que recebeu em troca de sua submissão? Há tantas feridas em sua alma que nem o tempo é capaz de cicatrizar e apagar. Entretanto, tudo o que enfrentou, modulou a pessoa que ele é hoje.

Mentiria se dissesse que não estava preocupado com o lúpus.

Namjoon sempre foi uma pessoa misteriosa, fechada em seu próprio mundo. Era impossível lê-lo e interpretá-lo apenas com um olhar. Namjoon era moldado em diversas camadas, e Seokjin se perguntou quantos mistérios haviam escondidos embaixo de cada nuances?

O mais correto era ele odiar Namjoon por tudo que aconteceu após o casamento, mas ele não conseguia. Muito antes de saber que o alfa havia lhe salvado a vida, ele jamais conseguiu odiá-lo, mesmo com a traição pairando entre eles. Achava o ódio um sentimento terrivelmente lastimável que danificava a alma.

No entanto, ao mesmo tempo que estava vivendo um conflito interno a respeito da natureza dos seus sentimentos para com Namjoon, havia uma fagulha ardendo em seu interior, clamando por liberdade, querendo percorrer o mundo em busca do desconhecido.

 O novo. O diferente. O profano.

Havia alguns meses que o desejo de buscar pelo desconhecido habitava o seu coração e ele não conseguia ignorar aquela fagulha queimando em seu interior. Passou anos vivendo sobre as regras. Cada passo cuidadosamente dado sobre os olhares atentos de uma sociedade extremamente julgadora.

Somente agora ele tinha a chance de abrir suas asas e alçar voo para a liberdade, como um pássaro preso em uma gaiola por anos, almejando atingir a imensidão dos céus.

Como um pássaro livre.

Quando as questões se tornaram insustentáveis, Seokjin deixou de se ponderar e buscou agir. Levantou-se um rompante, pegando o robe preto de seda com alguns entalhes bordados em dourado, colocou-o por cima das vestes finas de dormir. Observou seu reflexo pelo espelho da penteadeira e ajeitou as madeixas negras com a longa fita azul.

Após contemplar o seu reflexo no espelho e perceber que tudo estava em ordem, deixou os seus aposentos segurando um lampião para iluminar o caminho. Caminhou pelos corredores silenciosos, almejando não cruzar o caminho com alguém que estivesse com dificuldade de dormir igual a ele. Ao chegar ao final do corredor, bateu suavemente na porta e alguém veio ao seu chamado.

Quando a porta foi aberta, Yixing entrou em seu campo de visão, iluminado pela claridade da luz que provinha do interior do seu quarto. O alfa não usava suas vestes habituais. A calça ainda era de um tecido grosso, diferente das que Seokjin usava, mas já havia retirado os dois mantos externos e as botas de couro. Vestia uma camisa fina e calçava um par de mule; um sapato aberto nos calcanhares.

Yixing não lhe disse nada, apenas abriu a porta, permitindo a sua entrada em seus aposentos. Retirou o lampião das mãos de Seokjin, colocando-o no móvel próximo a porta. Seokjin o agradeceu, caminhando pelo quarto, absorvendo a gostosa sensação térmica que envolvia o ambiente, trazendo uma sensação boa de aconchego.

A lareira estava acessa e o som crepitante do fogo dançava pelo quarto, Seokjin suspirou deleitoso ao sentir a essência de sândalo do alfa se misturar no ar. Observou o quarto com atenção, tentando assimilar tudo que via com Yixing, percebendo as certas nuances que havia entre eles. Sentou-se na cama e virou-se para encarar o alfa, que naquele momento servia duas taças de vinho.

Yixing caminhou ao encontro de Seokjin, entregando-lhe uma taça, enquanto deliciava com a outra. Seokjin aceitou a bebida, degustando do sabor ácido das uvas fermentadas.

— Eu estou confuso!

— Não! Você não está. Você está curioso.

Yixing respondeu ao se sentar ao lado de Seokjin, esse que se ajeitou melhor no lugar, voltando sua atenção totalmente para o alfa.

— Você também estaria se tivesse aprendido desde pequeno que há situações que não podemos se dar ao luxo que ocorra, porque não é bem aceita pela sociedade. E que se o fizer, será para sempre um ômega condenado a infelicidade — sussurrou, contornando a borda da taça com o indicador.

— A sociedade está toda errada. Quem é que ditam as leis? — questionou em um suspiro. — Os deuses certamente que não são. Eles estão ocupados demais, vivendo a sua imortalidade para se importar se um ômega se deita com um alfa antes de selar um acordo.

Seokjin suspirou, levando a taça à boca, bebericando o vinho.

— Eu disse que sempre estarei aqui para lhe mostrar o desconhecido. Se desejar, é só pedir.

Seokjin balançou a cabeça em concordância, soltando a respiração lentamente antes voltar a encarar os olhos de Yixing.

— Me m-mostre — gaguejou fraco.

E se Yixing não estivesse tão perto, não ouviria de tão baixo que aquelas palavras saíram.

Seokjin esperava que Yixing lhe tomasse em seus braços, proclamando-o como o seu ômega e o jogasse na cama, algo que certamente Namjoon faria, já que na maioria das vezes eram assim que eles passavam a noite. No entanto, nada disso aconteceu. Yixing se levantou da cama, retirando a taça de vinho das mãos de Seokjin, colocando-as na mesa próximo a janela. Voltou-se mais uma vez para Seokjin, ajoelhando à sua frente.

— Você tem certeza disso? — questionou-o, Seokjin ponderou por alguns segundos, antes de assentir em concordância. — Não! Eu quero que você me diga com todas as palavras possíveis. Eu preciso ouvir a resposta ecoando dos seus lábios.

Yixing tocou a face de Seokjin em uma carícia suave, deslizando seus dedos pela face até tocar os lábios vermelho-cereja.

— Eu quero que você me mostre como é relação de um ômega com um alfa sem submissão — pontuou firme, olhando em seus olhos castanhos.

Yixing sorriu maravilhado, levantando e levando Seokjin consigo.

— O primeiro passo é ambos estarem de acordo, que desejam que isso aconteça.

O alfa levou uma de suas mãos a face de Seokjin, enquanto a outra repousava em sua cintura curvilínea. Olharam-se desejosos, até Seokjin vencer a barreira da insegurança e avançar, procurando os lábios do alfa. Conectaram-se em um selar doce e suave. Inicialmente, apenas um resvalar suave entre os lábios.

Seokjin não se fez de rogado, discretamente deslizou sua língua pelos lábios de Yixing, buscando separa-los e adentrar o interior caloroso. Yixing partiu os lábios e a sua língua foi de encontro com a do ômega, resvalando suavemente. As mãos curiosas de Seokjin, que antes repousavam nos braços do alfa, percorreu os ombros largos, descendo pelo tronco semi exposto pela camisa fina.

Seus dedos deslizaram pelas casas dos botões e ele sentiu o calor insano e terrivelmente delicioso de Yixing tocar suas mãos, em um convite intrigante para mergulhar no profano. O cheiro de sândalo o envolveu, fazendo-o arfar durante o beijo caloroso.

Yixing rompeu o contato dos lábios segundos depois.

— Se quiser, pode tirá-la — sussurrou no ouvido de Seokjin, deixando selares na região antes de se afastar para olhar em seus olhos.

Os olhos pretos de obsidiana banhavam em pequenos pontos azulados, deixando o ômega adorável, e Yixing sentiu uma fisgada forte em seu ventre. O ômega assentiu, deslizando os dedos pela camisa, retirando cada botão de sua casa, até o tronco malhado ficar exposto diante dos seus olhos. Afetado, soltou um muxoxo desejoso, fazendo o alfa sorrir.

Os dedos esguios desceram curiosos pela carne maciça e rígida do peitoral, Yixing arfou se deliciando com as carícias. Enquanto Seokjin explorava o abdome do alfa, inspecionando cada região em um aperto curioso, Yixing segurou o laço do robe preto do rapaz, desfazendo-o momentos depois. As roupas finas e simples que Seokjin usava por baixo pairaram diante dos olhos do alfa, e esse apreciou com devoção já que as vestes eram um pouco transparentes.

— Me deixe sentir o teu cheiro — suplicou.

Seokjin inclinou-se sobre o tronco do alfa, depositando um selar na região acima do peito esquerdo. Suavemente, o aroma cítrico de pomelo e verbena com o delicado toque de maracujá envolveu Yixing, fazendo-o gemer deleitoso.

Não suportando esperar por algum tempo, o alfa envolveu a cintura do ômega, deixando o robe descer pelos seus braços e encontrar o chão. Buscou capturar os lábios vermelho-cereja, tomando-o em um beijo avido. Seokjin aproveitou para ganhar autonomia e guiar o beijo. Começaram em um enroscar suave de línguas, que deu lugar para um beijo mais afoito, regado de carícias e gemidos, proveniente dos lábios carnudos de Seokjin.

À passadas lentas, Yixing levou-o para a cama, fazendo Seokjin partir o beijo no instante em que seu corpo tocou os tecidos macios que revestiam a cama. Delicadamente, o alfa retirou a camisa do ômega, revelando sua pele clara e imaculada, semelhante a jade branca.

Quando Yixing mergulhou em busca dos bicos rosadas, o aroma delicioso de pomelo e verbena com o leve frescor do maracujá o envolveu em um furor. Sua língua deslizou pelo botão direito, apreciando a rigidez, escutando Seokjin arfar em expectativa. Quando o envolveu em sua boca, sugando-o gostosamente, o ômega gemeu deleitoso.

Fechou os olhos no primeiro contato, levando sua mão direita na cabeleira negra de Yixing, envolvendo as madeixas em seus dedos em um puxão. Seokjin soltava arfares inconstantes cada vez que o alfa lhe sugava com desejo. O botão entumecido endureceu no paladar do alfa, e ele o abandonou satisfeito, buscando o esquerdo, repetindo a mesma ação.

Naquela noite, a neve caia lentamente, cobrindo o solo e envolvendo o território em sua brisa congelante, enquanto o calor devorava o interior dos aposentos reais. O som crepitante do fogo ecoava pelo local e as grandes labaredas produziam uma dança erótica em meio aos gemidos que escapavam dos lábios do casal.

Yixing abandonou o seio de Seokjin, deixando-o completamente entumecido. Cobriu o seu abdome com selares até chegar próximo ao cós da calça. Refez o caminho, dessa vez mordiscando algumas partes e sugando outras regiões, até seus dedos envolver o cordão da calça do rapaz, desfazendo o aperto e puxando o tecido branco.

Seokjin ergueu um pouco o quadril, permitindo a retirada do tecido e Yixing aproveitou para retirar junto a peça intima. Após concluir suas ações, parou contemplando o corpo desnudo de Seokjin. Os olhos de obsidiana o encaravam com devoção, em uma tonalidade brilhante próxima ao azul celeste. Sua face estava rosada, devido a vergonha e também pelo desejo estampado em suas ações.

Yixing sorriu, inclinando-se para capturar os lábios do ômega em um simples beijo.

— Relaxa.

Pegou dois travesseiros, colocando-os atrás da cabeça do ômega para deixa-lo confortável em sua cama. Mantendo seus olhares fixos, Yixing desceu pelo corpo do ômega, deixando um rastro ardente por onde seus lábios tocavam a pele, até chegar próximo a intimidade do rapaz. Aspirou o aroma forte que irradiava, segurou o membro um pouco rígido em suas mãos e sem deixar que o ômega pensasse corretamente sobre o que estava próximo de fazer, colocou-o inteiro em sua boca.

Seokjin gemeu gostosamente ao sentir o interior caloroso da boca do companheiro.

— Já fez isso alguma vez com o seu marido? — Yixing perguntou ao retirá-lo de sua boca, encarando os olhos borrados de desejo do ômega.

— Uma vez — confessou envergonhado.

— E ele já lhe retribuiu?

— Sim, foi muito... bom! — confessou em um sussurro aturdido.

Ainda poderia se lembrar com exatidão daquela noite, Namjoon não havia lhe poupado esforços, deixando-o completamente a beira da loucura. Yixing meneou a cabeça, deslizando os dedos suavemente pelo membro do rapaz, fazendo-o morder os lábios para conter o gemido despudoramente que quase escapou dos seus lábios.

— Não se preocupe, irei lhe mostrar o novo — comentou e Seokjin inclinou-se, firmando seus cotovelos na cama, naquela nova posição ele conseguiria ver Yixing, que se acomodava entre suas pernas. — Se não gostar, pode me dizer que eu paro no mesmo instante e se estiver gostando, por favor, não esconda seus gemidos, quero ouvi-los.

Yixing deslizou seus dedos pelo membro do ômega, levando a glande até seus lábios. Passou a língua pela região, encarando a face de Seokjin que se contorceu abaixo do seu corpo. Os dedos esguios envolveram os tecidos da cama, tentando inutilmente descontar a fricção gostosa e calorosa que lhe sacudia. O alfa brincou um pouco consigo, provocando-o ao ameaçar leva-lo de volta a boca.

Os olhos de Seokjin brilhavam em expectativas, o que deixava Yixing ainda mais determinado em sua provocação.

— Eu vou te mostrar como pode ser prazeroso, se você quiser, depois pode fazer em mim.

Sua voz saiu um pouco rouca, devido a excitação pulsante em seu corpo. Seokjin assentiu, mordendo o lábio inferior ao ponto de feri-los. Seus olhos brilharam ainda mais no momento que Yixing circulou a glande, sugando-a fracamente. O alfa o provocou por uns bons minutos, escutando os gemidos fracos evaporar da boca carnuda de Seokjin, que se contorcia inteiro de prazer.

Satisfeito com a sua ação, sorriu deslizando o membro rígido para o interior de sua boca. Sugou-o repetidas vezes, indo e voltando lentamente, aumentando aos poucos a velocidade dos movimentos, escutando a voz de Seokjin ficar arrastada e banhar o aposento.

Enterrou-o bem fundo em sua garganta e Seokjin não suportou por mais alguns minutos segurar os seus gemidos, gemeu alto, agarrando os fios negros dos cabelos de Yixing, enquanto derramava-se no interior caloroso do alfa. Tremulo e soltando gemidos entrecortados, Seokjin se jogou na cama.

Ainda com a essência do ômega vertida em sua boca, Yixing levantou-se e puxou suavemente o rosto de Seokjin. Engoliu todo o conteúdo viscoso e esbranquiçado, depois mergulhou em busca dos lábios vermelho-cereja, puxando-o para beijo rápido. Seokjin sentiu o seu gosto um pouco amargo no paladar do alfa, e quando esse rompeu o beijo, os olhos negros o encaravam completamente desejoso.

— Você pode cuspir ou engolir, o que preferir não oferece risco.

Quando pensou que iria voltar a se deitar sobre o corpo do ômega e distribuir mais uma série de beijos pelo seu tronco, seu corpo foi empurrado na cama e sua cabeça tocou a montanha de travesseiros que segundos atrás abrigava os longos frios negros do ômega.

Seokjin ficou por cima, tal qual o alfa fez consigo segundos atrás, depositou selares pelo tronco musculoso, arrastando seus lábios pela pele quente, deixando um rastro ardente por onde passava com a língua. Mordiscou alguns gominhos duros do abdome, deixando o seu corpo cair em cima do corpo do alfa e passou a sugar o botão raso de seu peito.

Sugou-o igual ao alfa fez consigo, sentindo-o enrijecer em seu paladar. Yixing soltou um longo gemido, enquanto guiava sua mão ao encontro das longas madeixas negras, puxando os fios e bagunçando o penteado. Seokjin demorou uns bons minutos em sua ação, deliciando-se com os botões enrijecidos de alfa, depois se afastou, deslizando para trás e guiando suas mãos até o cós da calça do alfa.

Retirou-a com a ajuda de Yixing, e a peça intima teve o mesmo destino que a calça, caindo no emaranhado de tecidos que se encontrava no chão. O membro rígido saltou diante dos olhos do ômega, e ele o pegou, sentindo a rigidez do músculo quente em suas mãos. Um pequeno filete de fluído descia pela fenda, deixando-o escorregadio e facilitando a masturbação.

No entanto, Seokjin parou se aconchegando melhor entre as pernas do alfa. Removeu a fita azul dos cabelos bagunçados com algumas mechas descendo e caindo por seus ombros largos. Juntou os fios, prendendo-os novamente em um laço firme, evitando que os longos fios caiassem por seus ombros e atrapalhasse suas próximas ações.

Abaixou-se novamente, tomando cuidadosamente Yixing em seus lábios. Deslizou a ponta da língua pela fenda, absorvendo um pouco do líquido viscoso, mas se surpreendeu ao constatar que o fluído era um pouco adocicado. Da última vez que esteve em uma situação semelhante, o que verteu por sua boca foi o gosto amargo e forte do almíscar, tão intenso que o fez engasgar.

Yixing notou a surpresa estampada nos olhos de obsidiana, firmou seus cotovelos na cama, elevando o seu tronco para melhor apreciar a beleza de Seokjin.

— Abacaxi — sussurrou, deixando o ômega perdido. — Se quiser que o seu gosto fica mais adocicado, recomendo que coma a fruta ou bebe o suco algumas horas antes.

— Achei que tivesse me dito para descansar, como sabia que eu... — deixou no ar, completamente envergonhado da sua situação.

Estava dialogando com o alfa enquanto a sua mão envolvia o seu pau, que minutos atrás estava em sua boca.

— Sou um homem preparado — sua voz se arrastou no final, devido ao gemido alto que soltou quando Seokjin o colocou em sua boca.

Cuidadosamente, Seokjin abrigou todo a extensão em sua boca, evitando-o morder. Yixing não era tão grande e grosso como já havia experimentado uma vez, o que facilitava para ele o acomodar completamente em sua boca. Engasgou em um primeiro momento, quando o membro tocou o fundo de sua garganta, mas era natural, ainda era inexperiente, tendo o feito apenas uma vez, muitos anos atrás.

Retirou-o e tentou mais uma vez, indo devagar, buscando relaxar os músculos de sua garganta. Quando a glande tocou mais uma vez a sua garganta, Yixing gemeu aturdido, envolvendo os fios negros em sua mão, segurando a cabeça de Seokjin pela base do seu pescoço, porém, diferente do que Seokjin esperou, o alfa não ditou os seus movimentos. Deixou que ele deslizasse sua boca por seu membro, indo e voltando em seu próprio ritmo, até esse ganhar velocidade e Yixing ser capaz de ver estrelas quando fechasse os olhos.

Com a respiração acelerada e entrecortada, Yixing moveu um pouco o seu quadril, forçando com cuidado as paredes da garganta de Seokjin, que soltou um resmungo prazeroso ao ouvir o alfa gemer alto. O líquido espesso e um pouco adocicado bateu no fundo de sua garganta segundos depois.

Surpreso, Seokjin não conseguiu se controlar, engasgou e um pouco do fluído desceu por sua boca. Yixing se sentou para ajudar o ômega a se livrar da sua ejaculação. No entanto, Seokjin afastou as mãos do alfa, levando sua própria mão à boca, cobrindo-a. Engoliu todo o sêmen, afastando a mão logo em seguida, sorriu gentil para o alfa, montando em seu colo.

Yixing puxou-o para um beijo, encarando-o fascinado ao ver os pontinhos brancos envolta de sua boca avermelhada. Assim que partiu o beijo, levou os seus dedos para a face rubra do ômega, capturando os resquícios de sua ejaculação e levando-a de volta aos lábios do rapaz, esse que sugou seus dedos com devoção, como fez com o seu membro minutos atrás.

— Você aprende rápido — elogiou encantado.

Repousou o corpo do rapaz de volta a cama, ficando entre suas pernas, acomodando-se naquele abrigo quente, enquanto deslizava seus lábios pelo pescoço, mordiscando e sugando alguns pontos erógenos que fazia Seokjin gemer deleitoso. Seus dedos exploravam o corpo, percorrendo-o com devoção até chegar entre as duas bandas dos glúteos do rapaz, separou-as e procurou o ponto doce que já estava escorregadio devido a sua essência.

Seu indicador entrou no interior absurdamente quente, fazendo Seokjin gemer e a se revirar em seus braços, devido a penetração que começou vagarosa quase torturante. Inclinou o corpo do rapaz, deixando o seu pescoço mais exposto ao seu deleite, Yixing buscou ignorar a marca no pescoço quando seus olhos tocaram aquela região. Deslizou seus lábios pela pele, beijando-a com prazer e Seokjin tremeu mais uma vez em seus braços, quando retirou o seu indicador e voltou a penetrá-lo com dois dedos.

Explorou o interior quente, enquanto depositava uma série de beijos pelo pescoço de Seokjin, sentindo relaxar em seus braços, a tensão se dissipando à medida que se habituava a exploração. Afastou-se um pouco, olhando nos olhos de obsidiana. Segurou o seu membro enrijecido e quente, pincelando-o na entradinha, observando-o fechar os olhos e abri-los ainda mais ansioso.

— Se não gostar, é só me dizer que eu paro no mesmo instante.

Seokjin assentiu, abrindo mais as pernas para recebe-lo.

Vagarosamente, Yixing entrou no interior quente e aconchegante do ômega, esse que fechou os olhos, soltando uma exclamação aturdida devido a penetração. Segurou forte nos braços do alfa, gemendo contido com a dor pulsante que perpassou o seu corpo com sofreguidão.

Ao ver a expressão dolorosa da face de Seokjin, Yixing inclinou-se e o beijou, buscando mantê-lo entretido para esquecer um pouco a dor da invasão. À medida que o beijava, Seokjin relaxou-se em seus braços, sentindo-o entrar mais um pouco, até penetrá-lo de uma vez fazendo-o gemer alto.

Esforçando-se para respeitar a dor alheia, mesmo diante daquele aperto gostoso envolta do seu membro, Yixing mergulhou-se para tomar os seus seios em sua boca, sugando os pequenos botões com devoção. Depois de longos minutos, quando percebeu que o ômega havia se acostumado com a invasão e começou a se mexer um pouco desajeitado em seus braços se enroscando melhor em seu corpo, Yixing moveu-se e Seokjin se contraiu, sugando-o mais fundo em seu interior.

A sensação prazerosa que o alfa sentiu, deixou-o completamente inebriado e não suportando mais esperar, sendo envolvendo pela essência cítrica, Yixing se enterrou mais fundo, saindo lentamente segundos depois, voltando um pouco mais rápido. Seguiram naquele ritmo, até Seokjin envolve-lo com suas pernas, facilitando a penetração.

Yixing estabeleceu um ritmo, não muito rápido e nem muito devagar, apenas entrando rápido e saindo lentamente, fazendo a cama chacoalhar, inundando o ambiente com os movimentos da fricção.

Gotículas de suor brotaram por seus poros, emergindo-os em seus próprios mundos. Yixing moveu-se mais rápido e Seokjin envolveu seu pescoço com os seus braços, trazendo-o para mais perto, colando os lábios em um beijo que começou suave e expandiu-se para um mais afoito. Aproveitaram a posição do contato frente a frente até Yixing deixa-lo por completo, voltando mais rápido e certeiro, atingindo um pontinho dentro do interior do ômega, que fez o seu corpo vibrar por inteiro.

— Xing — Seokjin gemeu estarrecido.

No entanto, as estrelas que brilhavam no fundo do seu subconsciente se apagaram no momento em que foi virado, ficando-se por cima do corpo do alfa, que ainda estava abrigado em seu interior. Abrindo os olhos surpreso, observou Yixing ajeita-lo em seu colo, enquanto se estirava na cama, repousando a cabeça na montanha branca de travesseiros.

— Sua experiência tem que ser completa — comentou, deslizando seus dedos pelas laterais do belo corpo do rapaz. — Você não precisa ficar sempre por baixo ou de quatro. Existem infinitas posições que são altamente prazerosas para os ômegas, como essa que você pode buscar o seu próprio prazer e ditar os movimentos.

Enquanto explicava, deslizava suas mãos pelas coxas musculosas do ômega, repousando suas mãos na cintura curvilínea. Yixing guiou o primeiro movimento, fazendo Seokjin quicar em seu membro. O ômega gemeu estarrecido, liberando um sorriso ladino ao compreender a autonomia que o alfa estava lhe proporcionando naquela posição.

Repousou suas mãos estiradas sobre o tronco forte, firmou seus joelhos ao lado da cintura do alfa, enquanto ganhava impulso para subir e descer sobre o membro rígido. Sorriu lascivo ao sentir a pulsação repentina que caminhou por seu corpo, chegando até suas terminações nervosas.

Yixing deleitou-se com a situação, levando os seus dedos até os seios do ômega, torcendo delicadamente as aureolas. Seokjin gemeu se revirando de prazer, aumentando a velocidade das cavalgadas. O alfa pegou uma das mãos que repousava em seu abdome, levando-a diretamente para o membro do ômega, apertando-o com afinco e depois deslizando os dedos pela extensão.

Seokjin se assustou com a ação repentina, voltou o seu olhar brilhante para o alfa, que não interrompeu os movimentos. Yixing fez as mãos do ômega envolver seu próprio pau, enquanto se inclinava para buscar os lábios vermelho-cereja e toma-lo em um beijo altamente lascivo.

— Seu prazer pode triplicar se for estimulado em todos os seus pontos erógenos — sussurrou, depositando vários selares nos lábios inchados.

Seokjin começou a se masturbar, enquanto sentia o alfa tomar controle do seu corpo, firmando suas mãos em sua cintura e o penetrando fundo com rápidas investidas. A boca ávida de Yixing buscou os botões rosados já endurecidos e entumecidos, sugando-os com devoção, enquanto arremetia no interior do ômega com euforia e vigor, indo cada vez mais fundo.

O ômega tremeu dos pés à cabeça, sentindo o seu corpo completamente escorregadio devido as camadas de suor que banhava a sua pele leitosa. Soltando um longo gemido agudo, Seokjin derramou-se entre os corpos, sugando todo o membro do alfa o mais fundo que o seu interior permitia, enlouquecendo Yixing.

Soltando espasmos constantes, Jin sentiu suas pernas perder a força, caindo no colo do alfa que o segurou com firmeza, dando-lhe uma última estocada e se derramando em seu interior. Gemendo alto e contendo a vontade de envolver a carne quente e cheirosa do pescoço de Seokjin com suas presas, Yixing mergulhou-se em seu prazer que veio como fogo, incendiando os corpos.

Quando finalmente parou de expelir sêmen, o nó se formou, atando-os e Seokjin soltou um fraco resmungo, repousando sua cabeça sobre os ombros do alfa, envolvendo-o em seus braços. Yixing sorriu do jeito gracioso que o ômega se aninhou em seu tronco, removeu a fita azul, deixando as mechas longas e sedosas cair sobre as suas costas.

O cheiro gostoso de folhas secas de bambu que emanava dos longos fios inundou-o, juntamente com a fragrância deliciosa de pomelo e verbena com um toque sutil do maracujá

— Gostou? — perguntou gentil.

Sentiu o nó se desfazer e saiu vagarosamente do interior quente do rapaz, o líquido viscoso veio junto, banhando suas coxas.

— Muito — sussurrou manhoso, tentando controlar a respiração descompassada. — Você é um ótimo professor.

Seokjin confessou, fechando os olhos devido a fraqueza que envolvia o seu corpo. Yixing sorriu encantado, depositando uma fileira de selares pelos ombros do ômega.

— E você um ótimo aluno — sussurrou, repousando o corpo fraco do ômega sobre os tecidos e pegando mais travesseiros para deixa-lo confortável. — Escuta!

Iniciou se deitar ao lado do corpo do ômega e retirar as mechas que caiam sobre o seu rosto.

— Não importa o que dizem, você merece alguém que cruze o fogo para ver a sua felicidade. Alguém que o coloque sempre em primeiro plano, que o respeite como o seu igual e que te ama de todo o seu coração, sem que seja por sua submissão ou pelo o seu lobo — comentou, observando Seokjin abrir os olhos. — Você merece alguém que esteja disposto a sacrificar o mundo se preciso for, apenas para a sua felicidade. Qualquer um que lhe dê menos que isso, recuse!

Acariciou a pele banhada de suor, observando Seokjin piscar os olhos e o encarando.

Meu rei — completou, depositando um selar nos lábios vermelho-cereja.

O alfa envolveu as madeixas negras em seus dedos, tornando a depositar selares na bochecha exposta do ômega. Seus olhos recaíram novamente na marca feita por Namjoon. Não conseguiu controlar a sua curiosidade e afastou os fios pretos para deixa-la ainda mais a mostra e analisa-la com atenção.

— Ela se selou? — perguntou enquanto deslizava seus dedos pela pele.

Parecia uma marca comum, com traços claros que marcava a região da pele do pescoço do ômega. Era totalmente diferente daquelas ditas como a “marcação de um amor verdadeiro” que estabelece um elo inquebrável entre o alfa e o ômega. Essa carregava um símbolo tão instigante que não era comum entre os homens.

Seokjin assentiu levemente com a pergunta do alfa.

— Acho que ela possui alguma espécie de data de validade. Depois de um tempo ela não produziu mais nenhum efeito, exceto em raras exceções. Antes eu conseguia senti-lo, agora já não o sinto mais, por isso eu acreditei que ele estivesse morto.

Sua voz saiu um pouco abafada por estar com a cabeça repousada nos travesseiros.

— Estranho! Sinto que já vi esse símbolo antes — comentou, inclinando-se pra ver melhor. — Posso desenha-la para poder pesquisa-la depois? Acredito que isso possa estar relacionado com a linhagem do lúpus.

Seokjin assentiu em concordância e Yixing levantou-se da cama, caminhando até a escrivaninha, voltando segundos depois com um rolo de pergaminho sobre uma prancheta de madeira, uma pena e um tinteiro. Colocou-a sobre a cama, enquanto Seokjin se movia, deixando o seu pescoço totalmente exposto aos olhos do alfa.

Concentrado, Yixing desenhou um esboço da marcação no pergaminho, observando os olhos de obsidiana se fechar, entregando-se ao sono. Sorriu encantado e guardou o material na escrivaninha assim que fez um esboço. Foi ao banheiro, retornando com uma pequena tigela de água e uma toalha branca.

Umedeceu a tolha com água e levou-a até a intimidade de Seokjin, limpando a região. Sonolento, o ômega levantou a cabeça e Yixing sorriu, observando os fios bagunçados deixa-lo adorável. Limpou-o com cuidado, retirando os resquícios de sêmen.

— Recomendaria um banho, mas conseguir baldes de água quente nesse horário irá acordar o castelo inteiro e ninguém precisa saber sobre nós.

Seokjin assentiu, voltando a se deitar, deixando que o alfa limpasse o seu corpo. O aroma sensual de sândalo o envolvia acolhedoramente, puxando-o para um sono. Seus olhos piscaram mais algumas vezes antes de se fechar, entregando-se totalmente ao sono. Yixing repousou-se ao seu lado, envolvendo a sua cintura e soltando fracamente a respiração em seu pescoço. Juntos, mergulharam-se no mais profundo sono.

 

~´~

 

Depois da conversa com Namjoon, Dae Eui caminhou até o escritório do Rei Vermelho afim de atender o pedido do lúpus, mas no caminho, acabou se encontrando com Xiao Zhan, um dos homens da prezada estima do rei. Explicou parcialmente os detalhes para o rapaz, que passou seus desejos adiante. Yixing não negou o seu pedido, atendendo o desejo de Namjoon.

No dia seguinte, Xiao Zhan partiu com alguns soldados até a cidade em busca da pequena família. Não demorou a encontrar o casal de forasteiros, enquanto esse perambulava pela cidade em busca de uma refeição. Escoltou-os em segurança até o Palácio de Veraneio com o decreto do rei, deixando-os assustados e pesarosos.

Chanyeol, Baekhyun e o pequeno Hyunjin aguardavam a chegada do Rei Vermelho no salão principal quando passos apreçados irromperam pelo ambiente. Leeteuk entrou pelo lugar, suas botas produzindo um som rangente no assoalho de mármore. Aquilo indicava claramente que o rapaz não estava em seus melhores dias, não que fosse algo incomum.

A verdade era que o ômega havia tido um dos piores sonhos e o seu despertar havia sido ainda pior, o que resultou em um mal humor logo pela manhã. Devido a chateação que predominava em seu semblante, Leeteuk caminhava pelos corredores ignorando todos a sua volta, atravessando os cômodos sem rumo e direção, em busca de acalmar os seus pensamentos.

Queria mesmo era encontrar Seokjin, despejar seu todo o seu mal humor e receber carinho e atenção do rapaz, como normalmente acontecia. Queria ser mimado pelo ômega, receber toda a sua atenção, mas não encontrou o príncipe em seus aposentos, ruindo com seus planos logo no início da manhã.

Todavia, o cheiro forte da essência de buriti que veio ao seu encontro ao passar pelo salão principal, fez seus pelos se arrepiar, enquanto o seu coração se afundava no peito. Amava tanto aquele cheiro, porque era a essência natural de Chanyeol, seu irmão do meio. O rapaz sentia tanta falta dos seus irmãos que chegava a doer. Seu corpo ficou em sinal de alerta, enquanto sua mente banhava-se em lembranças calorosas de sua família.

— Jungsu?

O som daquela voz lhe trouxe para a realidade, fazendo-o constatar que aquilo não era apenas um truque da sua mente enfadonha. Seu corpo enrijeceu no lugar, enquanto virava-se lentamente na direção do som daquela bendita voz.

A imagem que seus olhos castanhos capturaram o fez piscar repetidas vezes em uma primeira instância, buscando comprovar se aquilo não era uma miragem da sua cabeça. No entanto, a figura de seu irmão não se moveu ou se apagou.

Chanyeol continuava parado a poucos passos de distância com uma expressão surpresa e até mesmo curiosa espalhada em sua face. Não era mais o alfa nobre que se portava com ricos tecidos e um belo corte de cabelo digno do herdeiro do duque de Yesan. Suas vestes estavam velhas e puídas, seu semblante cansado e sujo se assemelhava com um camponês que ficou a mercê das intemperes da natureza.

— Chanyeol? — sussurrou fraco.

Seu corpo aos poucos venceu o choque inicial e ele se moveu ao encontro do irmão. Não acreditava no que seus olhos estavam vendo até parar diante de Chanyeol e tocar sua face ressecada pelo inverno. Quando seus dedos tocaram a face gelada do irmão, a verdade o envolveu calorosamente.

— Você? — Leeteuk perguntou incrédulo, enquanto um sorriso brilhava em seus lábios. — Não pode ser... você está vivo — completou.

Chanyeol sorriu completamente emocionado, puxando o irmão mais velho para um abraço choroso.

Park Jungsu, seu irmão mais velho, estava ali diante dos seus olhos tão lindo e forte como jamais havia visto. A imagem do irmão de nada condizia com as lembranças que vagavam em sua mente. A áurea densa e carregada pelo poder lhe envolvia majestosamente. Seus cabelos estavam mais longos que o habitual, ultrapassando os limites dos seus ombros. Apesar de parecer outra pessoa, o sorriso jovial ainda era o mesmo.

— Eu não acredito que você está vivo — comentou, abraçando apertado o irmão mais velho.

Depositou vários selares pela face do ômega, enquanto lágrimas se derramavam de seus olhos, umedecendo as vestes de Leeteuk. Baekhyun levantou-se educado, assistindo a cena que sucedia diante dos seus olhos, emocionando com o reencontro dos irmãos. Apertou gentilmente os ombros do filho que os encarava curioso.

Aquele momento emocionante não se prolongou, visto que Leeteuk partiu o abraço instante depois, encarando os olhos do alfa. Soltou um resmungo e começou a desferir vários socos pelo abdome de Chanyeol, pegando os presentes de surpresa, e Baekhyun não deixou de rir da situação do esposo sendo envolvido pela fúria do irmão ômega.

— Como você tem a coragem de fazer isso comigo? — Leeteuk perguntou, enquanto desferia golpes no irmão. — Eu pensei que você estivesse morto. Eu lamentei tanto a sua morte e agora, aqui está você na minha frente.

Não conseguiu controlar o seu sorriso e se jogou mais uma vez nos braços de Chanyeol, apertando-o forte, fazendo-o resmungar.

— Calma! — pediu aturdido. — Desde quando ficou tão forte? — tentou se afastar dos braços do irmão que pareciam garras de aço.

Leeteuk sorriu todo exibido, iria zombar do irmão como normalmente fazia, mas seus olhos repousaram no rapaz baixo que segurava uma criança a sua frente. Seus olhos castanhos os avaliaram com atenção. A criança tinha as orelhas um pouco avantajadas e seus cabelos estavam desgrenhados igual a Chanyeol quando levantava pela manhã.

A surpresa culminou em sua face e Leeteuk constatou o óbvio; aquela criança só poderia ser filho de Chanyeol, certamente ele agora era tio.  

 

~´~

 

Fazia bons anos que Seokjin não dormia tão bem como dormiu naquela noite, até mais do que estava acostumado. Acordou com o som de passos ecoando pelo quarto, piscou os olhos tentando se acostumar com a claridade do ambiente e soltou um resmungo pelo seu corpo lhe alertar das suas ações na noite anterior.

A primeira imagem que seus olhos capturaram foi Yixing usando um roupão banho, caminhando pelo quarto em direção a saleta de banho, levando dois baldes de água quente. Quando esse notou que estava sendo observado, despejou a água na tina de madeira e voltou a sua atenção para o ômega.

Sentou-se na cama, tentando ajeitar os fios bagunçados de Seokjin, observando um bico manhoso se formar nos lábios vermelho-cereja. Sorriu completamente encantando, antes de se levantar e pegar Seokjin no colo, levando-o para a saleta de banho. Mergulhou o rapaz na água inundada pela fragrância refrescante de sândalo.

E diferente do habitual, naquela manhã Seokjin optou por não fazer o desjejum na presença de todos no grande salão de refeição. Pediu chá quente e algumas guloseimas, fazendo a refeição em seu próprio quarto sob os pergaminhos antigos que havia encontrado recentemente na biblioteca de Jongin e que relatavam histórias de Kwangju.

Com a última conversa com Yixing ainda fresca em sua memória, Seokjin não pode deixar de pensar na linhagem de Namjoon. Lembrava vagamente do rapaz que lhe serviu contar que em Kwangju, por decreto do rei, livros e registro da história do seu povo foram queimados, impedindo que a nação desfrutasse da chance de conhecer a história de seu reinado.

Esse fato não era apenas curioso, mas terrivelmente doloroso. Como um reino esconde a própria história do seu povo, manipulando-os? Isso só poderia dizer que havia algo lastimável por baixo das entrelinhas. O reino de Kwangju cheirava mal perante aos demais cidadãos.

Boa parte da manhã, Seokjin permaneceu recluso em seus aposentos, analisando os pergaminhos e matutando as informações em sua cabeça até sua mente lhe trair, fazendo-o se voltar para o lúpus. Segundos depois, a imagem de Namjoon lutando na arena banhou a sua mente, deixando-o preocupado com as várias cicatrizes tatuadas na pele do alfa.

Com isso em mente, abriu as gavetas, procurando um frasco contendo essência de ervas medicinal, excelente para tratar ferimentos graves. Depois de revirar as gavetas, encontrou-o no fundo de uma gaveta lotada com frasco e potes contendo ervas. Sorriu bobo ao pegar o pequeno frasco, se achando patético. As cicatrizes de Namjoon já tinham se curado a muito tempo, um elixir naquele momento não iria fazer a menor diferença.

No entanto, seu comportamento inato fazia-se sentir compaixão pelo alfa. E também, durante o ataque do Exército Vermelho, Namjoon poderia ter se machucado e aquele elixir calharia de ser útil de qualquer modo. Não suportando ficar pensando nesse assunto, levantou-se e deixou o quarto, caminhando a passos lentos em direção ao acampamento dos soldados que ficava do lado oeste do castelo.

Seokjin desceu o talude da pequena vegetação que recobria o chão, banhada com pequenos flocos de neve que derretiam e encharcava o solo. Todavia, o rapaz se escondeu atrás de uma árvore ao avistar o alfa que procurava, percebendo tardiamente o que estava prestes a fazer. Amaldiçoou, voltando alguns passos e pensando refazer o caminho quando seus olhos curiosos recaíram na cena que se sucedia, fazendo-o estagnar em seu lugar.

Namjoon usava vestes simples e segurava um machado. Em meio ao inverno, o alfa movia o machado de um modo mais brutal, cortando várias lascas de madeiras para aquecer as lareiras do castelo. Assim que cortava um pedaço, pegava outro, empunhando o machado às alturas e descendo-o certeiro sobre a madeira.

Seokjin observou atentamente as ações do lúpus, escondendo o seu belo rosto atrás das folhas secas de uma árvore, admirando o gracejo dos atos robustos de Namjoon. Após completar um ciclo, Namjoon se afastou pegando um pano encardido, passando-o em seu rosto para secar as gotículas de suor que cobria a face. Pegou uma botija de água, bebendo o seu conteúdo. Ao final, soltou um muxoxo semelhante a rosnado que fez o coração de Seokjin pulsar no peito, deixando-o alerta.

Respirando fundo, Seokjin pensou em voltar para o castelo e esquecer o que estava prestes a fazer, quando escutou passos se aproximando de Namjoon. Olhou curioso, observando Yibo caminhar saltitante pelo lugar acompanhado de Beomgyu que segurava suas mãos. Um doce sorriso brilhou nos lábios de Seokjin ao ver a alegria estampada nas faces dos dois ômegas.

Naquele momento, Namjoon já estava sentado no chão, pensativo, alheio a tudo que acontecia a sua volta que nem percebeu a chegada dos rapazes. Levou um susto quando viu os dois ômegas se aproximar. Seokjin ficou curioso, almejando saber o que eles conversariam.

Beomgyu foi o primeiro a se mover, estendendo um pedaço de pão para Namjoon que se afastou um pouco receoso.

— Se seus pais souberem que estão aqui e comigo, haverá castigo — Namjoon alertou receoso e um biquinho tristonho se formou nos lábios de Beomgyu.

— Eu não tenho pais.

— Nem eu — Yibo completo.

Namjoon engoliu em seco, envergonhado por ter tocado em um assunto extremamente delicado, chateando os dois ômegas. Soltou um sorriso gentil, tentando dissipar a atmosfera triste que os acolheu quando abriu a boca. Aceitou o pedaço de pão, pegando-o das mãos miúdas da criança, que aparentava ter no máximo quatro anos.

— Entendo, mas mesmo assim, acredito que não deveriam estar aqui — argumentou, dando uma mordida bem generosa no pão.

Não negaria que estava com fome. Depois de passar horas realizando o trabalho que Jongin havia lhe ordenado, estava começando a ansiar por uma boa refeição.

— Você é o lúpus que o castelo inteiro está comentando — comentou e Namjoon assentiu, mesmo não querendo ser o foco da conversa entre as pessoas. — Eu e o Beomgyu estávamos curiosos e querendo lhe conhecer. Zhan-ge disse que você estaria por aqui, então viemos lhe conhecer.

O ômega mais velho comentou, sentando-se ao lado de Namjoon completamente despreocupado com os seus alertas, pegando o alfa de surpresa.

— Eu sou Yibo, da casa Wang, família vassala a coroa de Zhejiang — apresentou-se estendendo a mão para o alfa, que a aceitou, apertando-a docemente.

— Namjoon — respondeu simples.

— Ele é o Beomgyu.

Apresentou a criança que sentou do outro lado de Namjoon, repousando seus braços pequenos nas pernas de Namjoon, que não conseguiu esconder o seu encanto. Bagunçou os fios acinzentados, quase pretos da criança, sorrindo gentil ao vê-lo sorrir para você, seus olhos acinzentados brilhando feito pérolas.

— Posso te chamar de Namu? — a criança perguntou, fazendo Namjoon assentir em concordância.

Era a primeira vez que alguém lhe dava um apelido carinhoso na qual ele pudesse se orgulhar de receber. Estava feliz que foi impossível esconder o sorriso que envolveu os seus lábios.

— Você é o esposo do Rei Jinnie? — Beomgyu perguntou curioso.

Seokjin sentiu um calafrio percorrer a sua espinha ao ouvir aquela pergunta, seu coração disparou no peito.

— Por que não está agora com ele?

Aquela pergunta pegou Namjoon de surpresa, que não esperava pela indagação tão repentina, ainda mais, vinda de um rostinho tão lindo e fofo, que dava vontade de apertar e encher de beijos.

— É-é... — gaguejou sem saber o que falar. — O Rei Jinnie é um ótimo rei. Ele não precisa que um marido fique com ele — acariciou os cabelos da criança, que ficou um pouco pensativa.

— Faz sentido! O tio Leeteuk disse algo parecido com isso — Yibo comentou, fazendo Namjoon suspirar aliviado. — Eu vi você lutar na arena, poderia me ensinar?

A pergunta direta deixou Namjoon ainda mais surpreso, e o sorriso passeou novamente em seus lábios.

Depois da surpresa inicial, Seokjin acalmou-se, ficando encantado pelo jeito carinhoso dos ômegas para com Namjoon. Observou-os por mais alguns minutos, depois refez o caminho de volta ao palácio, passando pelos jardins e caminhando em direção ao observatório.

Ainda segurava o frasco com elixir, quando o som de passos veio ao seu encontro. A leve essência de banana e cedro o envolveu e ele nem precisou se virar para ver Dae Eui parar ao seu lado. Esperou a amiga falar algo, mas essa não disse nada, então Seokjin lhe estendeu o pequeno frasco de elixir.

— Dê isso a ele — ordenou e a mais velha assentiu, pegando o frasco.

Deixou-o sozinho momentos depois, fazendo uma breve reverência ao sair. Seokjin soltou um longo suspiro, ficando mais uma vez sozinho com a infinidade de pensamentos que rondavam sua mente. Ao longe, avistou Nidhogg sobrevoar a campina, vindo em sua direção. Estendeu o braço, recebendo a enorme ave. Distribuiu algumas suntuosas carícias em suas penas, antes de vê-la alçar voo novamente.

O aroma fresco de damasco e uva o envolveu e Seokjin se virou para observar Leeteuk caminhar em sua direção, com um brilhante sorriso envolvendo os seus lábios, que morreu assim que sentiu o delicioso cheiro de sândalo envolver Seokjin. O rapaz torceu o nariz desgostoso, demonstrando o seu descontentamento.

— Pode mudar essa expressão, Teuk — Jin pediu assim que o ômega parou ao seu lado.

— Que tipo de relação vocês têm? — perguntou direto, referindo-se a Yixing.

Seokjin suspirou cansado, não estava disposto a dar detalhes de sua relação pessoal para o amigo.

— Sei que você entregou um elixir para Dae Eui, sei também que ela o levará para o lúpus — comentou e Seokjin limitou-se a assentir. — Eu não estou lhe entendendo.

— Não tem o que entender. Eu me preocupo com o Namjoon, assim como me preocuparia com qualquer pessoa que cruzasse o meu caminho e salvasse a minha vida. Isso é tudo!

— Certo! E quanto ao Rei Vermelho? — perguntou curioso. — Pelo o seu cheiro, presumo que passaram a noite juntos — Seokjin apenas assentiu em confirmação.

— Demorei anos para perceber que tudo aquilo que eu tive com o Namjoon não foi amor e também não era saudável. O que eu enfrentei a partir disso, moldou a pessoa que eu me tornei. Me fez ver o mundo com mais clareza e a questionar a maneira como a sociedade vê e trata os ômegas.

Leeteuk não disse nada, apenas limitou-se a ouvir.

— Por que alfas são vistos como experiente e os ômegas como prostituto se eles se deitam com outras pessoas antes de firmar uma aliança? Por que a sociedade nos massacra e nos impõe como a classe mais fraca e submissa? Por que nunca nos colocam em posição de destaque nos cargos de poder sendo que somos nós que povoamos o mundo? Por que um alfa ao levantar a voz é visto como um líder, enquanto um ômega é visto como insano e desequilibrado? Por que nos menosprezam tanto? Que mal fizemos a eles? É isso que a minha mente calhe de entender.

— Eu também não entendo.

— Yixing me trata como ninguém o fez antes. Ele não me vê como uma classe submissa aos seus caprichos. Ele me vê como uma pessoa igual a ele. Ele me tomou como um homem toma um homem sem submissão, não como um alfa toma um ômega. E pela primeira vez, eu me senti um pássaro livre pronto para escrever as linhas do meu próprio destino. Então eu sinto que tenho muito que aprender com ele.

— No decorrer da história, muitos ômegas almejaram parar esse sistema — Leeteuk comentou, lembrando do seu desejo eloquente de parar aquele sistema humilhante entre classes.

— Eu não vou pará-lo. Eu vou quebra-lo até não sobrar migalhas para contar história.

As palavras determinadas do ômega fizeram Leeteuk sorrir, encantado. Seguiu o rapaz em direção ao castelo. Quando chegaram aos portões de entrada, os olhos de Seokjin saltaram ao ver um cavalo esbelto prostrado próximo à entrada, usando alguns enfeites característicos de um determinado lugar. A curiosidade o envolveu, e ele caminhou cautelosamente para o interior do palácio.

Leeteuk o seguiu, achando aquele encontro no mínimo curioso. Nunca viu um cavalo carregando tantos enfeites a não os que pertencessem a nobreza real. Em um dos enfeites do animal, havia uma pequena lua crescente cravada sobre a prata que repousava em sua fronte. E Leeteuk suspirou, nunca tinha visto um brasão com o símbolo de lua em toda a sua vida.

Nekidong baalars.

A voz de um ômega chegou aos ouvidos de Seokjin quando adentrou o salão privativo em que os servos haviam mencionado que estava a visita que o aguardava.

Nekidong rareng — Dae Eui cumprimentou o jovem rapaz com uma reverência.

— Sim, incendeia os alfas — Seokjin comentou, caminhando em direção ao rapaz. — Todavia, não somos alfas — completou, liberando um sorriso para Yang Doyun, que se curvou em sua presença.


Notas Finais


Capítulo gigante, espero que vocês tenham chegado até aqui.
Agradeço quem acompanha a história, o desenvolvimento dos personagens. Por favor, favorita, comenta e compartilha a história, ajude uma escritora.

Use a hashtag #MyCrownVictory nas redes sociais para comentar sobre a história.

Para quem quiser me conhecer e ficar por dentro das próximas atualizações, faço convite para entrar no grupo onde teorizamos sobre a histórias.
Link: https://chat.whatsapp.com/Lmz04s67JUMAgmge18VveN

Link da playlist da fanfic: https://open.spotify.com/playlist/1Lma088h6RlLCzrokvx95A?si=9408e565d9b64ddb

Deixo convite para me seguir no instagram @mione_bane e também no twitter @Mione_Bane_, assim como também no wattpad @Mione_Bane

É isso meus amores, esperam que tenham gostado da história. Nos vemos no próximo capítulo, terceiro e último ato.
Beijos de chocolate com mente😘 My little angels 💖


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...