Terceira Pessoa
Mitch despencou na cadeira macia, puxando os papéis que estavam em frente a ele. Seus olhos viajaram pelas informações, embora seu corpo inquieto não estivesse disposto a pensar em qualquer coisa que não fosse Lydia.
Desde que tinha a visto no dia anterior seus sentidos estavam sobrecarregados de emoções intocáveis. Tinha passado todos aqueles meses se privando de Lydia, lutando contra o próprio instinto, esforçando-se para acreditar que seu desejo estava condenado a nunca ser recíproco.
Frustrado consigo mesmo por não ter sequer a abraçado na despedida, irritado com seu ciúmes imaturo e consumido por tensões acumuladas, rendeu-se as provocações de Allison. Passou duas noites com a morena de olhos ardentes, recordando-se do que um dia já havia sentido por ela, imaginando se poderia reacender alguma fagulha de sentimento.
Mas Mitch foi novamente banhado por uma água fria. Imaginar que descontar suas próprias frustações em relações casuais pudessem lhe ajudar o fez sentir-se estúpido mais uma vez. Ainda tinha a raiva ardente na boca do estômago por ter si próprio.
Quando passou pela Martin no dia anterior, também naquela sala, seu corpo se fundiu em uma corrente de desejo e saudade. Sentiu-se atordoado por um momento e mesmo durante a conversa com Irene, seus pensamentos ainda estavam em Lydia que já estava no corredor.
Apesar de saber que encontraria com a ruiva naquela semana, vê-la foi ainda mais agravante do que esperava. Ao lado dele, Allison também lia os papéis em silêncio, distraída enquanto enrolava um cacho do cabelo escuro. Cada movimento seu como um pedaço invisível de gelo. Mitch sequer recordava-se que ela estava ali.
Sua cabeça ainda pensava em Lydia, esperando-a passar pela porta. Se agitou em um suspiro profundo e verificou o celular, calculando quantos minutos faltavam para a reunião começar. Irene em pé, concreta em sua postura intocável, se mantinha atenta nos papéis da missão.
Sophie, em frente a Mitch, estava quieta e relaxada na cadeira. Irene lançou uma olhada impaciente para o relógio de pulso, mas seus olhos – junto com de todos os agentes – ergueram quando a porta abriu.
Foster apareceu com os cabelos loiros sutilmente bagunçados e algum rubor nas bochechas, um tom divertido e malicioso dançando em seus olhos verdes cinzentos. Lydia surgiu atrás dele e um alívio descomunal avançou em Mitch quando a inspecionou de cima abaixo em busca de roupas amassadas, percebendo-a intacta.
Enquanto eles caminhavam para a mesa, juntos e com uma conversa baixa, Rapp a encarou sutil e sem pudor. Passou os olhos pela calça escura e apertada, reparando como caiam bem nos novos músculos torneados das pernas pálidas. Admirou também as botas de cano curto e o cabelo agora pairando ondulado no meio das costas, tocado por alguma melancolia que o transportou ao momento que a conheceu meses atrás. Lydia lhe parecia ainda mais surpreendentemente linda, e algo dentro dele torceu em chateação.
Ele arranhou a garganta em desgosto, desviando os olhos quando Foster soltou uma risada baixa e aquele semblante charmoso que Mitch conhecia se moldou em direção a ela. Não viu a reação de Lydia, ardendo no próprio ciúme, sentindo-se estúpido.
Eles se aproximaram da mesa e sentaram um do lado do outro, perto de Sophie. Martin levantou os olhos para Rapp e ao encontrá-lo concentrado nela, seu fôlego repentinamente evaporou. Ela engoliu seco, vendo-o se remexer em desagrado e alisar as mãos no colo, sufocado com a vontade aterradora de consertar qualquer erro que pudesse ter cometido com ela.
Foster ao lado da mulher com sorrisos fáceis e olhares intensos fazia seus punhos arderem. Martin tentou decifrar o semblante impassível, mas Mitch tinha uma máscara de aço enquanto a analisava. Ele só vacilou quando ela se desconcentrou dele para olhar para Irene, esperando que falasse.
– Boa tarde, agentes. – Cumprimentou, vazia de emoção. – Oficializando a entrada de Martin nesse grupo, a agente Lydia estará conosco a partir de agora depois de cinco meses na Resguarda.
Ninguém se preocupou muito em olhar para Lydia, exceto Mitch. Ele tornou a devorá-la com aquele calor de saudade e desejo e algum pesar, encarando os olhos verdes que dessa vez se demoraram nele. Martin sentiu-se de repente cansada de fugir ou ignorá-lo por completo.
Queria decifrar os poucos traços que podia ver naquele rosto, queria entender se estava palpitando de alguma forma por estar ao lado de Allison, ou se estava chateado por alguma atitude que poderia ter a magoado mesmo indiretamente. Estava refém de todo o desejo e ao mesmo tempo frustração que Mitch tinha a causado, borbulhando os sentimentos em suas veias.
Ele lambeu a boca fina, xingando-se na cabeça, incomodado com o tanto que sentiu-se imbecil. Se esforçou para concentrar-se em Irene.
– Bem vinda, Martin. – Disse Irene, por fim. – Temos uma missão em Manhattan, quero todos vocês lá até amanhã cedo. Vocês têm em mãos um dos líderes de uma máfia americana no estado de Nova Iorque. Eles roubaram há poucos meses dados do governo americano.
Os agentes fuçaram nos papéis e encararam a foto. O homem de meados trinta anos exibia um cabelo baixo e um nariz afilado, uma barba fechada e baixa por toda a extensão do queixo quadrado, olhos escuros e ao mesmo tempo brilhantes. Tinha tatuagens vívidas por todo os braços e especialmente, uma águia no pescoço, aberta sobre sua garganta.
– O chamam de Rio, mas acreditamos que seu verdadeiro nome seja Caleb Cooper. – Continuou Irene, enquanto os agentes estudavam o rosto do criminoso. – Ele faz visitas semanais em todas as boates da rede, estará em Manhattan amanhã, pelas nossas informações. Essa boate é a principal, eles têm escritório e bibliotecas, funcionam como uma verdadeira empresa. Quero Foster nos arredores, preparado para invadir o sistema no momento certo.
– Entendido. – Donnavan assentiu.
– Quero que o atraiam e resgatem as informações. Está em um pen drive, no prédio. Provavelmente está no cofre, no escritório. Conseguimos acesso a ele um tempo atrás quando mandamos um agente disfarçado. Parece que Rio guarda dinheiro e tudo de valioso que não carrega com ele lá.
– Como sabemos que estará no pen drive? – Allison questionou, confusa.
– Sabemos que roubaram poucas informações sobre governadores, assuntos internos de cunho político e nosso agente disfarçado conseguiu acesso. Está lá.
– Informações restritas.
– Exato, Martin. Sabemos que o pen drive com os dados está dentro da boate. – Disse a diretora. – Eu quero Mitch infiltrado, sua nova identificação está aí. – Ela apontou para os papéis.
Rapp inspecionou as folhas e puxou o material indicado, correndo os olhos pelas informações.
– Christian Wood.
– Era de Bufallo, morto há alguns dias. A informação ainda não chegou ao Rio, então estamos com tempo para você se tornar ele.
– Nunca se viram? – Mitch questionou.
– Christian era novo no ramo e a conexão entre as cidades aparentemente é muito crua, eles se importam mais com a rede principal e Rio a administra muito bem. Não existem ligações propriamente diretas. – Irene se agitou em um suspiro cansado. – Se pegarmos Rio, derrubaremos o outro. Acreditamos que seja seu possível irmão, conhecido como Dean, mas não sabemos.
Rapp assentiu, ainda concentrado nos papéis.
– Precisamos também atrair Rio, uma voz feminina para distraí-lo de preocupações maiores além de uma cintura fina. – A diretora Kennedy continuou, calma. Aquela era um dos únicos momentos que Lydia a enxergava sem grandes barreiras erguidas.
Allison soprou quase cansada e se remexeu. Quando Mitch olhou para ela, Lydia experimentou um puxão desagradável no estômago.
– Eu posso ir. – Ofereceu a Argent, contendo um sorriso convencido.
Martin e Donnavan trocaram um olhar quase instintivo.
Irene, ainda calma, deu um sorriso mórbido.
– Na verdade, eu quero que seja Lydia.
Mitch e Allison observaram a ruiva. Os olhos discretamente fulminantes da morena a engoliram enquanto ao lado, Mitch sentiu aquela bola áspera de ciúmes ameaçar expandir só ao imaginar Lydia atraindo um criminoso. Irene, domada por aquela máscara insondada, reforçou:
– Soube que você tem uma boa capacidade de persuasão, Martin. – Lydia procurou pelo orgulho na frase, mas Irene ainda era automática. – Quero confiar em sua habilidade.
Martin cruzou as pernas em um movimento gracioso, tirando uma mecha de cabelo do rosto. Mitch se encantou com os cabelos laranja vivos, como os olhos verdes marcados por rímel brilharam de uma confiança que ele ainda não tinha conhecido. Sentiu o quadril ser chicoteado por desejo e seus olhos não saíram de cima dela por um bom tempo, devorando toda aquela postura nova de agente bem recomendada.
– Pode confiar, Mrs. Kennedy. – A voz estável e tranquila anunciou. Lydia estudou os papéis por um instante, complementando: – Talvez funcionasse bem se Allison ficasse à espreita, eu poderia levá-lo para cima.
– Precisamos apagar os seguranças antes disso. – Incluiu Mitch.
Lydia se concentrou em seus olhos, detectando desagrado enrustido neles. Ela alisou o batom claro nos lábios grossos e balançou a cabeça devagar.
– Os seguranças o deixarão passar comigo para dentro do quarto, você não acha?
Rapp tentou se desfazer da intuição, mas se tornou impossível negar o tom de provocação na voz da mulher quando Lydia franziu a testa com algum deboche e uma expressão incisiva surgiu no rosto. Foi invadido por uma onda de ciúmes, receio e frustração, exausto de lidar com os sentimentos e mais ainda de drenar tanto esforço para controlá-los.
Imaginou Martin nos braços do mafioso, sussurrando-o palavras sujas e seu estômago revirou. Ele sustentou o semblante intocável e por fim assentiu cansado, desejando estar longe dali, longe dos efeitos incontroláveis que Lydia emitia em seus poros.
– Só precisamos imobilizá-lo e procurar o pen drive, fazê-lo falar. – Complementou Lydia. – Posso tentar arrancar alguma informação antes, mas não deve ser difícil pedir pela localização.
– Não podemos torturá-lo. – Citou Foster, alvo de repentina atenção total. – Não temos tempo para isso, o caos vai ser total quando descobrirem que pegamos o chefe.
– Não precisam descobrir. – Ela se inclinou na mesa, pousando os braços no vidro. – Se Mitch ficar em baixo disfarçado, pode manter a atenção e o controle.
– E quanto você acha que isso duraria? – Rapp questionou.
Lydia deu de ombros, soltando um suspiro.
– Não sabemos a disposição dele para nos dar a localização do pen drive, mas se você estiver em baixo podemos ser sorrateiros em cima. Talvez você possa procurar por si mesmo enquanto ele estiver distraído comigo.
– Pode funcionar. – Assentiu, indicando Sophie com o queixo. – Você me dá cobertura?
– Sim. O plano é bom. – White concordou.
– Vocês podem acertar os últimos detalhes depois, terão o dia de amanhã para se organizarem. – Irene interrompeu, cansada. Ela se virou e pescou uma nova folha de sua mesa pessoal, estendendo para Lydia que a agarrou. – Sua nova identidade, Martin.
– April, garota de programa e dois anos a menos do que eu. – Disse ela, pensando alto. – Parece bom.
– Rio também vai achar.
Lydia riu baixinho de Foster, sentindo as bochechas arderem ao percebê-lo observando-a de esguelha. Mitch respirou fundo, remexendo o colo mais uma vez, consumido por desconforto.
– Peguem o voo hoje à noite.
Foi a última instrução de Irene antes de dispensá-los.
**
Mitch e Lydia não trocaram nenhuma nova palavra que não fosse necessário desde que saíram pela sala de Irene. Ainda estavam confusos com o encontro repentino, com os sentimentos aflorados e com os impulsos que seus corpos aconselhavam que tomassem.
Quando a noite caiu em Virginía, o grupo se reuniu no jato particular da CIA e pegou o voo.
Rapp se concentrou em ler informações sobre a missão durante as poucas horas de viagem, esforçando-se para esquecer Foster sentado ao lado de Lydia. Ele a fazia rir muito fácil e cada pequena gargalhada da Martin, sempre devorada pela fome de Donnavan, fazia Mitch soltar um novo bolo áspero de ar.
Apesar de se divertir com o técnico/agente e gostar da conexão que tinham, Lydia na verdade só tentava se distrair ao dá-lo tanta atenção. Ainda que estivesse ao lado de Foster, conversando com entusiasmo, seu corpo estava ligado à Mitch em sua frente, lendo papéis em uma postura tranquila. Ora ou outra ele alisava um lábio fino, parecendo intrigado, e seu colo musculoso se remexia constantemente.
Martin não podia negar que seus hormônios também estavam se remexendo. Se esforçou para ignorar Mitch e os efeitos que zarpavam em seu corpo, mas era como uma tomada impossível de ser desligada. Também ignorava as investidas de Foster, sorrindo e o provocando de brincadeira quando o agente flertava com ela naquele tom bem humorado e charmoso, não se preocupando em transparecer grande seriedade.
Martin sabia que ela era provavelmente um investimento que ele não teria problemas em não ter sucesso, até porque sua confiança parecia estável em uma linha eterna. Quando Donnavan dormiu, Lydia encarou o lado de fora da janela, contemplando as nuvens de algodão banhadas do luar azulado. Alguma vulnerabilidade inconsciente fez suas bochechas arderem ao perceberem Mitch a olhar, mas ela não o devolveu o contato, intimidada e ainda confusa com tudo que sentia.
Fechou os olhos e se esforçou para dormir. Pouco tempo depois as luzes do jato apagaram, e a escuridão – salva apenas pelos fios de luar que atravessavam as janelas – domou o espaço, o sono a dopou muito depressa. Estava quase cochilando quando escutou passos no corredor, uma movimentação perto dela. Não se prendeu ao movimento, mas bastou uma voz conhecida cochichar que suas orelhas pinicaram em alerta. Não se mexeu, mas escutou quieta e com atenção.
– Você não está com sono?
Mitch encarou a pouca esperança que conseguiu ver nos olhos de Allison, sentindo o estômago apertar em rancor por si mesmo. Negou com a cabeça e soltou um suspiro profundo quando ela se jogou na poltrona vazia ao lado dele, cruzando as pernas e tendo os traços do rosto atravessados pela ousadia que lhe era comum.
– Eu também não. – Disse ela, baixinho. Uma mão viajou para a coxa dele, pousando sobre o jeans escuro. Rapp a encarou nos olhos, despreocupado. – Talvez a gente pudesse aproveitar. Sophie também está dormindo.
Martin lutou a todo custo contra o coração se perdendo no peito, tentando se convencer de que era estúpida sequer por sentir-se daquela forma, mas a sensação era ávida e potente, e de repente ela se viu ainda mais chateada. Imaginá-lo com ela doía e Lydia não encontrou uma maneira de mentir para si mesma de novo, envolvida naquele cárcere de emoções pesadas. Queria ver o rosto dele, mas se negou a abrir os olhos.
Mitch examinou o rosto de Allison, a maneira que ela sorriu e outra mão o encontrou no ombro, subindo para seu cabelo. A mulher o tocou na nuca em uma carícia, tentando reforçar suas palavras, mas Rapp ainda era uma rocha diante dela.
Se esforçou para drenar toda a acidez que correu nas veias, repentinamente irritado por novamente se reprimir, lembrando que tinha dormido com ela.
– Acho que você deveria ir descansar, Allison. – Aconselhou baixinho, sério. – Teremos um dia cheio amanhã.
Ela o acariciou na coxa e subiu a mão, se aproximando da virilha. Seus dedos inocentes pousaram no jeans com ousadia e determinação, arriscando um acariciar. Mitch continuou com o rosto insondado.
– Mas eu quero relaxar. – Insistiu ela, sussurrando. – Com você. Nós nos divertimos quando queremos, você sabe...
– Sim, eu sei. – Concordou ele. – Mas isso...
Quando a morena se levantou e o segurou nos ombros, antes que pudesse avançar nele, Rapp cravou as mãos na cintura feminina e exerceu domínio ao corpo feminino, perdendo-se das palavras que dizia.
Lydia não conseguiu conter o impulso e abriu os olhos, satisfeita por Argent de costas bloquear o semblante dele, embora parte dela quisesse vê-lo. Ela examinou a cena por segundos e tornou a fingir que dormia, ardendo em sentimentos que reprimia com toda a determinação que conseguia buscar.
– Vá para a sua poltrona, por favor.
– Por que você não para de fingir que não me quer?
– Porque não estou fingindo nada, estou sendo sincero.
Argent congelou por um momento, confusa e chocada, incapaz de acreditar nas palavras. Mitch não vacilou, ainda a segurando firme, sustentando o olhar chateado e vibrando por dentro, satisfeito por dizer a verdade e sentir que podia colocar um ponto entre eles.
Um silêncio de formigamento cortou o jato por um instante, e Lydia se concentrou – ao máximo – em conter a euforia ensurdecedora que inundou as veias.
– Eu sinto muito se nossas duas noites confundiram você, sinto mesmo, mas nós combinamos que não seria nada além disso. – Ele disse, baixinho. – Você deve estar confusa.
– Desde quando você se preocupa comigo?
– Desde que terminei com você pelo seu próprio bem.
– Mitch...
– Não quero lavar roupa suja agora, Allison. – Rejeitou, exausto. Recolheu as mãos dela e soltou um suspiro cansado, ainda atento na expressão antes chateada, que de repente foi tomada por uma revolta silenciosa. – Eu sinto muito, mesmo. Acho que você precisa descansar agora.
O coração de Lydia triunfou com gritos, mesmo que ela tentasse os sufocar, insistindo em se desfazer da sensação de que aquilo era significante. Já não sabia ao certo como se sentia, estava conturbada demais em tudo que as últimas semanas significavam para ela e o agente.
Uma grande ruptura, talvez a falta do que nunca existiu, ou uma mera confirmação de desinteresse. Permaneceu parada, quieta, e controlar o sorriso que desejava crescer no rosto há todo instante foi a coisa mais difícil que teve que fazer em meses. Allison não disse mais nada, se afastando em passos calmos, afundando na poltrona do lado oposto do pequeno corredor, junto com Sophie.
Mitch não olhou para ela. Afundou os cotovelos nos joelhos e enfiou as mãos no cabelo por um instante, domado por um cansaço repentino e um arrependimento cortante que ele jurou poder explodir seus poros. Encarou os próprios pés, deixando a cabeça viajar para o assunto que insistia em perseguir, o assunto que descansava há no máximo, cinco passos dele, logo à frente.
Ergueu os olhos para Lydia, decorando o rosto bem desenhado, absorto nos próprios pensamentos.
**
Fios de luzes roxas e rosas e azuis cortavam a boate escura. O ambiente tinha um tom sofisticado, com os corrimões de vidro na escada de degraus com novas faixas de neon. O prédio chiava com a música potente presa nas paredes e a toda a nicotina reverberava no ar em ondas cinzas.
Mulheres seminuas rondavam com bandejas na mão, levando e trazendo bebidas, enquanto outras realizavam manobras ousadas em cima de plataformas redondas, dançando em busca de dinheiro.
Lydia olhou por cima do ombro, vistoriando o ambiente, bebericando no martiní em sua mão. Encontrou Allison em um canto da boate, conversando com um sujeito provavelmente vinte anos mais velho do que ela, sorrindo para a morena com o bigode mustache bem desenhado.
Procurou por Sophie ou Mitch, mas não os encontrou na boate. Se virou para a frente, ajustando-se na banqueta ao cruzar as pernas pálidas e musculosas e pousar o martini no balcão que brilhava em uma faixa roxa neon, ignorando os olhares aguçados ao redor.
Martin tinha o corpo definitivo coberto por um vestido vermelho vivo, adornado apertado em suas curvas. As alças finas desciam nos ombros e caiam em um decote aberto, descendo pela cintura fina e terminando em duas fendas partidas no meio das coxas, raspando o tecido no chão. Rejeitou o salto alto nos pés com um xingamento baixo, já sentindo as solas doerem.
Olhou para os lados – ignorando os sorrisos que recebia – e enfiou sutil uma mão por baixo do cabelo solto, pressionando a orelha. A linha da escuta dos agentes estava inerte. Tornou a olhar para trás e captou quem procurava, vendo o criminoso de sorriso doce e tatuagem na garganta descendo as escadas enquanto passava a mão em algumas mulheres, rindo com dois homens.
Martin o encarou, estudou o rosto magro e ao vê-lo caminhando para o bar, resetou-se para a frente. Tornou a ingerir a bebida e jogou os cabelos por cima do ombro, respirando fundo. Poucos segundos seguiram até Rio surgir no balcão, cercado por seus dois capangas de olhos selvagens, pedindo uma bebida.
Ele estava a duas banquetas vazias de Lydia. A ruiva passou distraída, com calma, uma mão pela perna nua, quase podendo se sentir desconfortável com a exposição se não lembrasse de estar trabalhando. Lançou um olhar despretensioso para o lado, filtrando seus olhos com o de Rio por um instante.
Ela curvou sutilmente a cabeça, correu os olhos por todo o tronco magro e conteve um sorriso de satisfação, tornando a se virar para a frente ao conseguir a atenção que queria. Rio lambeu os lábios com alguma ansiedade e cochichou algo para os capangas que afirmaram com a cabeça e se dispersaram na boate.
Rio segurou o copo de uísque que o garçom ofertou e quebrou a distância entre eles, sentando sem nenhum tipo de permissão na banqueta vazia ao lado da mulher. Os homens que antes a inspecionavam, de repente hesitaram com decepção. Rio se ajeitou na banqueta enquanto Lydia ainda o ignorava, ajeitando a gola da camisa social azul escura como um tique.
– Ei. – Chamou baixinho.
A voz rouca e o sotaque californiano drenaram um arrepio na espinha da mulher. Lydia voltou-se para ele, sua boca brincando em um sorriso fácil e expansivo, seus olhos com um tom perigoso. Rio escorregou a visão para o decote pálido, estudando as curvas dos seios cheios, umedecendo os lábios finos.
– Olá. – Ela cumprimentou em uma simpatia contida.
Os olhos famintos em seu corpo a fez esforçar-se para relaxar, fiel na personagem que precisava ser. Rio bebericou o uísque, ainda faiscando as bochechas da mulher com a visão ávida. Descansou uma mão no queixo e perguntou:
– Se divertindo?
Lydia sorriu, assentindo.
– Sim, muito. O lugar é ótimo.
– Sim, é. – Rio pousou uma mão quente na coxa de Lydia, fazendo-a engolir de repente, surpresa pelo contato direto e repentino. – Você está sozinha?
– Vim com duas amigas.
Rio assentiu, tornou a examiná-la e finalmente deu a Martin o vislumbre de compreensão que ela precisava com um pequeno sorriso. Ele a acariciou com o polegar, sorriu com aquele charme tranquilo e um dedo alisou o próprio maxilar, olhando para ela. Martin se concentrou, o encarando de volta, estudando a postura tão tranquila. Ela apertou sutilmente as pernas – fazendo-o perceber o “desconforto” – e bebericou o martiní, sentindo que o ar poderia ser cortado ao meio.
– No que você está pensando? – Perguntou ela, desafiadora.
Tomou liberdade para tocá-lo na mão em seu corpo, arrastando os dedos pela ponta das mangas da camisa social. Entreteu Rio naquele movimento, minuciosa e paciente, o devorando com os olhos verdes.
O homem abriu um sorriso largo, exibindo os dentes bonitos, se aproximando dela. Pescou a bochecha da mulher com uma mão firme, lambeu a boca bem desenhada e soltou uma risada baixa, aquecida.
– Estava pensando em te levar para minha suíte.
Martin sabia que ele falava de um dos quartos do andar de cima, onde garotas de programas eram levadas o tempo todo. Aquela era a proposta que precisava. Mordeu a boca e suspirou baixinho, concordando.
– Parece uma boa ideia.
Rio se aproximou e sem aviso prévio infiltrou o rosto no pescoço dela, puxando a pele pálida em uma mordida. Lydia se resetou, arfando surpresa, lidando com a disposição descarada do criminoso. Ela mordeu a boca e fingir conter um sorriso mesmo que o estômago tivesse saltado.
Estava prestes a responder quando Rio teve a atenção roubada por um de seus homens que se aproximou e sem reparar nela, cochichou no ouvido dele. Rio assentiu e apontou para um canto da boate, em seguida seus capangas saíram. Ele voltou-se para a mulher atenta.
– Preciso ver um amigo, pode vir comigo? Não quero te perder pela boate.
Martin sabia que suas palavras significavam “Não quero que você cruze com outro cliente”. Ela assentiu, pescando a mão que lhe foi estendida e o seguiu pela boate. Chegaram a um canto do local com três poltronas de couro e uma mesinha de centro repleta de bebidas, cigarros e uma narguilé conservada.
Quando se aproximou, Lydia se esforçou para manter-se concentrada. Mitch já estava ali, vivo na pele de Christian Wood, rindo e brincando com uma loira de seio farto. Ele usava uma roupa social, a camisa branca e abarrotada tinha as mangas arregaçadas, exibindo os antebraços marcantes. Rapp tinha marcas de batom por todo o pescoço e gola da camisa.
A loira em seu colo ria e o provocava com mordidas, conversando com ele com uma voz grogue e uma boca saliente. Enquanto por fora se continha na postura despreocupada de April, não conseguiu conter o efervescer do sangue por dentro.
Rio relaxou ao sentar na poltrona e a puxou para seu colo, fazendo-a sentar atravessado em suas pernas. Lydia passou um braço pelos ombros dele, vendo-o acender um cigarro que pescou na mesa.
Olhou para Mitch há tempo de vê-lo ajeitando o colo poderoso em baixo da mulher, relaxado com um copo de uísque com gelo na mão. Lydia reparou que suas mãos estavam vivas sob o bumbum da loira, embora Rapp estivesse para lá de desconfortável.
Estava concentrado na conversa com Camille, mas na hora que percebeu Lydia se aproximar, seus pensamentos tomaram outro curso naquele enorme rio de sensações que Martin despertava em seu corpo. Deixou que a garota de programa o beijasse e o tocasse como quisesse, embora seus olhos agora devorassem a agente do outro lado, presa sob as mãos de Rio, sussurrando no ouvido dele.
Sentiu o estômago borbulhar ardente com uma sensação ruim e familiar. Reparou que as coxas pálidas estavam expostas e salivou pela mulher, reparando sem barreiras naquela parte bonita dela, em como as curvas de Lydia estavam esculturais em contraste ao vermelho vivo.
Rio se aproveitou da pele de April, tocando-a sem pressa. Distraído, cortou o silêncio do espaço.
– Espero que esteja aproveitando o estabelecimento, Chris.
Os olhos de Christian e April bateram direto um no outro. A mulher ofegou baixinho, fascinada pelo ângulo aberto das pernas musculosas, a aura perigosa que emanava do agente. Já ele se concentrou em montar um pensamento coerente, distraído demais com as pernas pálidas no campo de visão e em um colo que não era dele.
– É o melhor, Rio. – Disse ele.
– Meus homens disseram que você viria, fiquei surpreso.
Christian lambeu a boca fina, esforçando-se para conter o incômodo da mulher em cima dele. Como se estivesse testando sua força de vontade de jogá-la longe a loira de cabelos longos tornou a mordê-lo no pescoço, arrancando-lhe um rosnado baixinho.
Rio deu uma risada baixa, aquecida. Em cima dele, Lydia se fantasiou puxando os cabelos platinados e a arrastando para fora dali. Obrigou-se a manter a concentração, ignorando o formigamento que subiu pela espinha.
Foi domada por uma nova incerteza e um lampejo penetrante de desejo, sentindo o corpo ansiar explodir por Mitch. Respirou baixinho e se mexeu no colo do criminoso, lembrando qual era a sua função ali, voltando os olhos devoradores para Rio.
Ela se aproximou do homem e o mordeu no pescoço, apertou os braços magros e o sentiu contrair abaixo dela em busca de uma fricção mais direta. O deu uma nova mordida, ouvindo-a arfar enquanto era segurada com força na bunda, sem nenhum pudor.
Em frente a eles, Mitch precisou de todo o esforço possível para não travar quando a loira de olhos escuros balançou em seu colo, provocando seu corpo. Abriu um sorriso canalha e fingiu aproveitar, auxiliando-a com as mãos, permitindo que se movesse.
– Camille é uma tarada, Wood. – Rio comentou, de repente olhando para a cena. April o acompanhou em uma risada baixa. – Suba com ela antes que arranque sua roupa aqui.
– Acho que ela gosta de exposição. – Chris respondeu com um sorriso maldoso. – Estou certo, Camille?
A loira riu e relaxou nos braços fortes em torno dele, jogando a cabeça para trás, grogue e com os músculos derretidos. Rio pescou o queixo de April e alisou o lábio inferior da mulher, alisando o batom vermelho, a dando um olhar quebrador de nervos.
– Essa aqui parece ser mais quietinha. – Comentou com alguma satisfação, trocando um sorriso maldoso com Chris. – Meu tipo favorito.
– Rio...
Todos se voltaram para a loira no colo de Woods. Baixo, com o álcool e drogas tampando o raciocínio, disse:
– Quero... você.
Rio soltou uma gargalhada rouca, encarando Chris com um sorriso sacana na boca.
– Está vendo isso? Sua garota me quer, Chris.
Woods não se abalou, rindo e a dando uma mordida no maxilar antes de dizer:
– Está tudo bem, eu te empresto ela. Mas enquanto isso eu quero a sua ruivinha. – Lydia queimou com a confiança de aço na voz dele, com os olhos profissionais e ao mesmo tempo tão ardentes que escorreram mais uma vez por seu corpo.
– Vá lá, bebê. Agrade meu garoto. – Sussurrou Rio.
April se levantou, deu passos decididos em direção ao agente. O tempo que Camille levou se erguendo e tentando manter algum equilíbrio até conseguir dar um passo foi o suficiente para Mitch e Lydia se olharem, sendo despencados na realidade, no que estavam prestes a fazer.
Naquele momento, seus olhos quebraram o ar com uma calamidade de magnetismo e pura energia. Quando Camille finalmente pousou no colo de Rio, ele a abraçou pela cintura e ousou passar uma mão pelo seio dela, vendo-a sorrir com o aperto. Ele estava distraído com a loira.
No lampejo de racionalidade, Lydia agiu. Quebrou a distância entre eles ao sentar no colo musculoso, de pernas abertas contra ele. Ajeitou o que pode do tecido do vestido, grata pelas fendas ajudarem ao tecido esticar sem ceder, deixando as coxas nuas.
Mitch conteve um arfar, engolindo nervoso por um instante, respirando fundo ao retomar a consciência. Observou Rio por cima do ombro ainda distraído e ao tornar a olhar para Lydia, seu semblante enrijeceu em um desejo adormecido.
Qualquer traço de confusão e nervosismo sumiu, sendo drenado por ele. Mãos quentes e confiantes pousaram na bunda de Lydia, a segurando firme. Ela apoiou as mãos nos ombros fortes e mordeu o lábio inferior, admirada com a chance de admirá-lo de perto, presa na beleza devastadora dos olhos escuros e a barba bem feita no maxilar.
Estava quase em choque com a proximidade direta e momentânea, ainda absorvendo qual era a sensação de estar tão perto dele depois de tanto tempo, depois de tantas incertezas que antes concretas, agora pareciam destruídas. Rapp imaginou o que passava na cabeça dela, o quão irritada e distante ela ainda estaria mesmo que fosse obrigada a estar perto dele.
Seguro e sorrateiro, encarando-a, ele afirmou com a cabeça. Um mero convite para que fizesse o que precisava, para que o receio entre eles fosse suprimido naquele momento.
Lydia entendeu o sinal mas antes de agir Mitch se remexeu, ajeitando-se na poltrona, se impulsionando contra ela indiretamente. Ela se distraiu com um arfar baixinho, seus dedos impotentes o apertaram em advertência e o mero desespero em seu rosto o fez sorrir, e Martin não soube se era um sorriso de Rapp ou de Woods.
Imaginar que estava a provocando fez o desejo escorrer pelos músculos de Mitch. Lydia se aproveitou da brecha de distração, arqueando-se enquanto retomava April nos pensamentos. Seu rosto foi nublado de sentimentos conhecidos, todos adormecidos diante da concentração enquanto ela arriscava um novo movimento, se esfregando nele.
– Isso, linda. – Sussurrou ele, baixinho. Aproximou-se dela, encarou os lábios grossos e soprou o hálito de uísque. – Pode rebolar o quanto quiser.
Martin derreteu com as palavras, de repente sendo chicoteada por uma onda latente de desejo. Sentiu o núcleo contrair enquanto se impulsionava nele em uma nova manobra, desfrutando do contato dos corpos, encarando os olhos confiantes e imprudentes de desejo.
– Não me deixe com ciúmes, April.
Os agentes encararam Rio, observando que ele engolia os dois com os olhos, devorando cada movimento dela como um gavião. Chris riu baixinho e April, com uma nova movimentação, disse a ele:
– Tente não ficar.
Voltou-se para o agente com uma nova fricção, seus quadris mais soltos do que ele podia imaginar que seriam, suas mãos firmes, seu olhar físico no corpo dele. Labaredas de desejo cortavam as veias da mulher e Martin precisou, a todo esforço, conter a vontade de confessar que aproveitava o momento. Mitch relaxou na poltrona, vendo-a se mexer lenta e profunda, encarando os olhos verdes e seguros.
Apreciou a cintura estreita no vestido, como ela parecia nervosa e ao mesmo tempo ansiosa por algo dele. Lydia roçou contra a premissa de uma ereção, dando um sorriso malicioso quando percebeu um vislumbre divertido e malicioso no rosto dele. Aquele brilho nos olhos de Rapp não era profissional, e ela não teve dúvidas.
– Estou me distraindo. – Confessou ele, baixinho. – Sua boceta no meu pau não está ajudando.
Martin se inclinou para ele, ainda em movimentos lentos e pressionados quando soprou nos lábios finos. Sentiu uma onda correr corpo abaixo com a frase imoral, as veias esticando em prazer desesperado com a confiança e ousadia nítida nele. Mitch encarou a boca grossa e vermelha e por um segundo acreditou que tudo ao redor tinha desacelerado.
– Está reclamando do meu serviço de agente? – Sussurrou ela, um tom perigoso soando na voz macia.
Mitch sentiu a ereção latejar. Ele sorriu para ela, um traço quase canalha passando pelo rosto leve e naturalmente sedutor.
– Não achei que nossa reconciliação fosse ser assim.
– Acredite em mim, isso não foi nossa reconciliação.
– Isso foi uma promessa? – Provocou ele, baixinho.
Irritada com o quão inatingível ele ainda parecia por fora mesmo que pudesse senti-lo abaixo de si, ela se empenhou em tornar os movimentos mais lentos e profundos quando se afastou dele, arqueando a coluna de novo. Não o respondeu, incomodada com a boca seca.
Ele trouxe o uísque à boca, cobrindo um novo sorriso, deu longes goles na bebida em busca de sanidade e pairou o copo nos lábios vermelhos em um convite. Martin interrompeu a fricção para ingerir a bebida que queimou na garganta seca, pescando um cubo de gelo do copo. Rezou para que o álcool entorpecesse seus sentidos, mas ela sabia que ele provavelmente agiria como gasolina no incêndio devastador que a corroía.
Lydia sentiu-se invadida por um novo tremor quando Mitch tornou a mexer o colo em baixo dela como quem a provocava, ansiando por mais contato, tentando vê-la por baixo daquela roupa e ao mesmo tempo saciado por enxergá-la tão bem com elas.
Rapp se agitou em um suspiro, verificando Rio entretido com Camille, já lamentando ao saber que ele se cansaria rápido da garota drogada e pegaria Lydia de volta. Tentou afastar os pensamentos sórdidos, mas suas mãos não permitiam, gritando em cima de toda aquela pele tentadora, daquele corpo bem desenhado.
– Não consigo me concentrar com você no meu colo.
Martin não conseguiu dizer uma palavra sequer, atordoada demais nas próprias vontades. Ela chupava um cubo de gelo, tentando distrair a si mesma com a temperatura fria enquanto sentia, em baixo dela, os nervos de Mitch pulsando. Com a cabeça nublada, entorpecida pelo martini e talvez já o uísque, se concentrando em ser April – mesmo que fosse impossível –, ela se aproximou dele.
Captou o cubo de gelo nos dentes e afundou o rosto no pescoço masculino. O perfume dele anestesiou os sentidos da mulher, mantendo-a presa no aroma forte e cítrico. Pousou o cubo preso perto da gola da camisa e arrastou para cima, deslizando pela pele quente, fazendo-o rosnar em busca de controle.
As mãos fortes a apertaram na bunda quase com rancor.
– Porra...
Quando o cubo chegou na orelha dele, Martin o beijou no lóbulo com a língua fria e tornou a tomar o cubo na boca. Não conseguiu esconder como o corpo a traia em contrações involuntárias, como sua pele estava perdendo-se em picos de prazer antes inalcançados ao ser tocada pelo homem.
Ela o deixou uma mordida por puro instinto, receosa de não poder ter uma nova oportunidade de provocá-lo. Mitch soltou um rosnado baixinho, o coração disparado em adrenalina e êxtase, as mãos suadas de nervosismo. Rio ainda fumava quando checou April e Chris mais uma vez, chamando:
– Vamos, ruiva. – Disse ele. Lydia se lembrou de que ele sequer tinha a perguntando qual era seu nome. – Preciso relaxar um pouco.
Lydia e Mitch trocaram um olhar quente e desesperado.
A agente se levantou, esperando Rio finalmente se desgrudar da loira em volta de seu pescoço. Aqueles poucos segundos em que se encararam foi o suficiente para que entendessem que suas peles não estavam ardendo por trabalho, tão pouco pelo álcool.
Martin olhou uma última vez para o colo forte, incapaz de sentir-se meramente saciada por um contato tão raso, fantasiando como ele seria sem toda aquela roupa em baixo dela.
Camille pousou na poltrona rindo e Mitch foi até ela. A pegou pela mão e a forçou a levantar, trombando-a em seu peito forte.
– Vamos, linda. – Ela abriu um sorriso delicado com o elogio. – Vou cuidar de você.
Rapp observou Rio e Lydia se afastarem, já se infiltrando no meio das pessoas. Camille parecia uma boneca de pano contra seus dedos, mole e impotente. Ele a segurou e procurou por Sophie, encontrando a subchefe em uma porta que dava para os fundos da boate, em um canto.
Assentiu para ela, afirmando que Lydia já estava subindo com o alvo. A agente White se movimentou, direcionando-se para as escadarias enquanto Mitch, ao ficar sozinho, teve o pensamento invadido por minutos atrás. Suas mãos arderem ao recordarem de Lydia.
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