1. Spirit Fanfics >
  2. Crow's Flight >
  3. Furacão

História Crow's Flight - Furacão


Escrita por: erikastybrien

Notas do Autor


Oii amores! Mais uma atualização. Devo dizer que desse capítulo, para frente, eu escrevi nada mais nada menos do que cinco versões. Estamos na parte que diz questão ao perrengue em que tanto falei para vocês lá atrás. Eu espero, de verdade, que esse final possa manter toda a qualidade que a história teve até agora. Apenas isso.
Boa leitura!!! <3

Capítulo 57 - Furacão


Fanfic / Fanfiction Crow's Flight - Furacão

Terceira Pessoa

Mitch firmou a arma nas mãos. A corrente firme de urgência e cálculos instintivos continuava reverberando em todas as suas células. Quando os disparos finalmente cessaram outra vez, ele se proibiu de olhar para Lydia. Não quis ser mais uma vez torturado com a possibilidade de aquela ser a última vez que olharia para ela.

Como combinado com a agente, Rapp correu para a entrada da cabana que havia se transformado em nada além de buracos e fuligem por todos os lados. Lydia observou-o se distânciar e, ao trancar ar nos pulmões, se levantou. Esforçou-se para conter a forma como as mãos ansiavam tremer, como o coração nos ouvidos atrapalhava a audição que deveria estar focada no lado profissional, a forma como seus pensamentos ansiosos e tementes por Mitch ainda conversavam com ela mesmo quando já não podiam.

Apoiou os cotovelos no balcão e estendeu um único segundo de preparação ao levar os olhos à mira e com os lábios trêmulos, apontar para a floresta escura. Seu dedo transformou-se em pedra ao roçar no gatilho. Os instintos de Lydia tomaram tudo muito rápido e dali em diante, os próximos minutos foram apenas um segundo reduzido a barulho e eletricidade e adrenalina.

Com a mira de calor vasculhando a floresta, não demorou para a agente encontrar duas silhuetas aquecidas com tons laranjas e vermelho, movendo-se em meio as folhas das árvores. Os criminosos estavam recarregando um objeto ausente de calor, o que o tornava de imperceptível clareza, mas a Martin tinha o palpite de serem metralhadoras pelo barulho dos tiros.

Estava prestes a puxar o gatilho de sua arma quando escutou disparos perto da casa. Seu coração caiu em um buraco gélido e fundo. Tentou calcular – mesmo que não devesse – qual era a probabilidade de o som ter sido gerado de dentro para fora da cabana, de ter sido feito por Mitch ao invés de contra ele. Porém, enquanto seus sentimentos começavam a sufocar sua cabeça com uma corrente de água fria, a realidade que fez seus olhos arregalarem dissipou todo o resto e de repente, tudo se reprogramou em mais barulho e impotência.

Lydia girou nos pés com a arma nas mãos e se abaixou, espremendo-se contra o balcão da pia com a garganta reduzindo-se a pó. Gemeu irritada, apoiando a cabeça no balcão enquanto uma nova leva de tiros – mesmo que já não pudessem acertar nada – seguiram. Seus olhos procuraram por Mitch, mas ela não conseguia vê-lo daquela posição. O som agudo dos tiros eram como agulhas ferventes espetando seu cérebro, seu trauma, sua restrição. A ameaça de uma vertigem a fez engolir com urgência e fechar os olhos, os dedos esbranquiçando com a força que apertavam a arma. Obrigou-se a manter o foco.

Quando o silêncio tomou tudo outra vez, finalmente, a Martin se levantou e não perdeu tempo. Retomou a posição anterior e mirou nas duas silhuetas que recarregavam a possível metralhadora. Acertou o primeiro deles com um tiro no peito. O homem ao lado se sobressaltou e tentou usar a arma que ainda não estava completamente abastecida, mas a agente disparou um projétil em seu rosto. Ela observou o corpo amolecer e cair no chão após um momento de choque.

Correu a pontaria da arma por toda a visão que tinha da floresta vista daquele ângulo da janela, acreditando que a ameaça daquele lado tinha acabado.

Entretanto, Martin não estava nem perto de se sentir aliviada. Seu alarde correu dos pés à cabeça em um formigamento frio quando escutou a troca de tiros vinda da outra ponta da cabana onde Mitch estava. Ciente de que não podia correr, atrelou à arma ao corpo e agachou-se, direcionando-se para a entrada.

Mitch mantinha-se de costas contra uma estante de livros que agora espalhavam-se pelo chão como um campo minado. Seus músculos rígidos doíam em precipitação à adrenalina, os olhos lacrimejavam pela poeira e apesar do esforço para focar a concentração em apenas um ponto, ora ou outra seus olhos voltavam para a cozinha tentando enxergar qualquer vislumbre que fosse de Lydia. Segurou ar nos pulmões enquanto era atacado pelos disparos, calculando suas possibilidades de ataque.

No primeiro segundo livre de tiros, colocou-se outra vez na janela destruída e, com a franco-atiradora em comunhão ao único olho aberto, disparou em cheio na testa do último criminoso que faltava. Suas mãos ansiosas direcionaram a arma por tudo que podia ver da floresta, buscando por mais movimentações de calor, mas acabou não captando ninguém. Soltou um curto suspiro aliviado, os dedos rígidos, o coração esmagado pela adrenalina cega que inundava cada artéria do corpo.

Escutou um punho se chocando em meio a arquejos. Virou-se assustado, enxergando Lydia em uma confusão de domínio corporal com outro homem. Ele não pode observá-la com mais atenção ou cogitar ajuda-la, porque de repente o medo amarrou sua garganta em um aviso.

Rapp barrou um soco que veio em sua direção ao usar a arma e, por acidente, apertou o gatilho. Ele não sabia de onde aquele homem tinha vindo. Seu atacante o empurrou para a parede e os tiros da arma do agente chiaram agudos por toda a cabana aos pedaços. Mitch trombou em uma parede, o ar escorregando dos pulmões com a pressão nas costas e os tiros sem destino concreto acertando a parede ao lado.

O som engoliu o cérebro de Lydia em uma nova onda espinhosa de dor. Nem a adrenalina e o medo corrosivo na boca do estômago a fizeram se desatentar da luta. Um homem desconhecido de cabelo escuro e pele dourada estava agora a batendo contra o balcão, exercendo pressão em seu peito ao chocá-la várias vezes contra a bancada, as mãos fortes amassando sua blusa.

Pontos pretos surgiram na visão da agente e se tornou difícil pensar, tomar uma atitude enquanto o corpo parecia se perder em uma estranha nuvem densa de dor e pressão. O homem era mais forte do que ela e conseguira uma vantagem ao aproximar-se enquanto a agente ainda estava de costas.

Sua arma já havia se perdido em meio à luta corporal. De esguelha, observou Mitch desferir socos em seu agressor, mas não pode atentar-se nele.

Ela olhou nos olhos do homem que esmagava sua clavícula, sendo surpreendida por um novo puxão que apagou os sentidos. Foi trombada mais uma vez contra o balcão e suas costas estralaram em uma dor aguda. Lydia gemeu, as mãos fracas e confusas enquanto tentava enviar algum impulso para as pernas ou vasculhar dentro da cabeça enquanto sua vida escorregava pelos dedos.

Em meio ao borrão desfocado da visão e o choque abrupto dos músculos, resgatou alguma coerência profissional e perdida dentro de si ao tatear ao redor, os dedos trêmulos em busca de uma arma, a mente travando uma batalha de desespero com o oxigênio escasso. Sua respiração rouca preenchia o espaço entre eles.

De repente, toda a muralha de morte que o corpo forte do criminoso era contra o seu se desfez. Ele ofegou e afastou-se cambaleante, os olhos perdidos em meio ao choque que o atravessou quando a faca fincada em seu braço tornou-se uma dor consciente.

Lydia aproveitou-se da confusão e o torpor inerte do homem para endireitar o corpo. Uma pontada crua de dor dominou seus músculos e fizeram-na soltar um arquejo ao espremer os olhos. Enquanto o corpo foi invadido pela insuportável onda de desconforto, sua cabeça continuou concentrada na mais cega sobrevivência, no mais sanguinário instinto.

Devagar e trêmula, virou-se para o balcão e alcançou uma nova faca – essa agora pendurada na parede – e voltou-se para o homem. Ele estava apoiado na parede do outro lado, deslizando a lâmina para fora do muque com os dentes cerrados, o corpo ainda reservado com a postura ameaçadora mesmo diante da agonia.

Um filete de suor frio desceu pelo rosto dela. Lydia não se deu ao trabalho de pensar. Lançou o braço em um movimento treinado e assistiu, muito rápido, a faca em sua mão cravar na garganta do homem. O sangue escorreu como um calmo riacho pescoço abaixo do cadáver. Virado de lado e com o corpo congelado, ele se reduziu a uma massa dropante no chão da cozinha quando caiu. Lydia respirou fundo, as pernas doendo e as costas latejando em todas as direções.

Se deu um segundo de apreciação. Sabendo que sua humanidade havia sido comprometida muito tempo antes, não se preocupou em sentir-se sombriamente aliviada e satisfeita ao observar os olhos arregalados e sem foco do homem que tirou a vida. Aproximou-se em passos lentos e puxou a lâmina banhada de vermelho para fora da garganta do sujeito, empunhando-a. Caminhou para fora da cozinha.

Lydia parou de andar poucos instantes depois. Os braços moles e esbranquiçados, a cabeça caída com sangue jorrando uma trilha pelo rosto... confusão e nervosismo se embolaram dentro da mulher. Ela reagiu com um ofego baixo, tentando enxergar Mitch, mas ele estava atrás do homem pendurado por uma corda. As amarras em volta dos pulsos eram tão fortes que estavam arroxeando as mãos suspensas.

Rapp montara uma armação onde a corda – depois de passada em volta dos pulsos unidos do criminoso – fora enrolada em um gancho no teto onde antigamente havia um lustre.

 Assustada, Lydia forçou a garganta seca a funcionar.

– O quê você está fazendo, Mitch?

O criminoso pendurado reagiu ao tentar erguer os olhos grogues e murmurar algo, entretanto, seu deplorável organismo não o ajudara na tarefa. Ele cuspiu um pouco de sangue e mexeu inutilmente os dedos.

Depois de algumas novas movimentações e com o homem totalmente imobilizado em seu lento e dolorido definhar, Lydia finalmente vislumbrou o rosto de Mitch. Sanguinário e selvagem e furioso. Seus olhos eram como um furacão banhado de nada além de sangue quente, suas mãos firmes e com mais sede de sangue, seu corpo rígido e em estado de alerta pronto para se defender de um novo ataque que nunca viria.

Ele saiu de trás do homem pendurado e encarou Lydia que, intimidada, forçou-se a engolir os sentimentos estranhos que surgiram na garganta. Não estava com medo, tão pouco com pena do sujeito pendurado como um porco no abate... o que fizera um arrepio descer por sua espinha fora a determinação cega e carregada de nada além de crueldade nos olhos de Mitch. Tal exibição de frieza não mudou nem mesmo quando ele olhou para ela.

O maxilar preenchido pela barba falha só amoleceu quando o agente se aproximou de Lydia. As pernas da mulher se tornaram um nada ambulante, mesmo que não soubesse o motivo. Talvez estivesse apreensiva. Talvez surpresa. Talvez debilitada em meio à tanta adrenalina e os tiros que enfrentaram recentemente.

Mitch se aproximara e sem nenhum tipo de permissão, pegara devagar a faca ensanguentada na mão de Lydia. Ela cedeu porquê tudo o que conseguia fazer era piscar e engolir em um ciclo vicioso. Ele passou uma língua pela boca seca e então, sua resposta crua e determinada alcançou os ouvidos de Lydia.

– Eu vou descobrir o que está acontecendo.


Notas Finais


Não vou demorar para atualizar ;)
Beijosss <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...