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História Cruel Crown - Trinta e seis


Escrita por: vixxoluxion

Notas do Autor


oooieeeee <3
boa sexta-feira, meu povo

Capítulo 36 - Trinta e seis


Fanfic / Fanfiction Cruel Crown - Trinta e seis

—Ce ici est mon – a prima Michele disse sentada no sofá ao lado de Lu. "Este aqui é meu", ela dizia às outras primas. Chase estava morrendo de ciúme de seus amigos. E as tias já haviam percebido, e pareciam se divertir com a ideia.

—Je veux que ce – Harriet disse, sentada ao lado de Chanyeol, mordiscando sua pizza Marguerita delicadamente. "Eu quero este". Chase bufou, fazendo os adultos se divertirem mais ainda. Há pouco Chan tentara tirar algumas fotos, mas a prima grudenta não estava permitindo.

—Egli è bello! – Megan sorriu, balançando a cabeça ao falar de Baekhyun. Chase não viu problema algum, já que Megan era noiva e seu noivo era um cara legal. Para ela, "CK" sorriu. Megan preferiu falar em italiano, afinal não gostava muito de francês também.

—Je pris cela! – Louisa se agarrou ao braço esquerdo de Lay, que era o único a não estranhar nada naquela situação. Ele até estava gostando do contato físico com a prima de Chase. "Peguei este!".

—Мои! – disse mais uma prima, dessa vez olhando para Tao. Chase ficou fervendo de raiva, e nem precisava olhar para a prima para que a mesma soubesse que ela estava prestes a estrangulá-la. Melissa era a única prima que falava russo.

—Je l'ai! – disse uma, claramente fitando Sehun, sem a menor discrição. Chase bufou alto dessa vez, não estava suportando suas adoráveis primas.

—Schlampen – a filha de Crawford King disse às primas, mudando o idioma e também a intensidade da conversa. “Schlampen” significava "vadias" em alemão.

—Chase, pare de ser gulosa e deixe suas primas se divertirem! – Brigou a tia Margareth, segurando uma risada escandalosa. – Você não pode ter os doze.

Chase grunhiu para suas tias e primas, ao som das risadas dos tios. Ela era a única da casa que sabia (ou quase) o idioma coreano, então ela explicou o que as primas estavam fazendo, e os meninos ficaram com rubor nas bochechas.

—Kalt hündin. – Melissa disse e ergueu seu copo em brinde à Chase, que quase entortou o garfo em sua mão. Aquilo significava "vadia fria" em alemão.

Ignorando tudo isso, toda essa tensão entre garotas, os tios, tias e primos homens/meninos estavam adorado os garotos. Chase estava na mesa próxima ao sofá, sentada entre Sehun e Tao, que agiam normalmente e conversavam livremente com Crawford e Cushman sobre alguma coisa.

Os outros estavam conversando cada um com um trio de tios, pelo menos, e os primos homens participavam da conversa.

—Olhe só isso – Eric cutucou Tao, tirando o rapaz da conversa por uns instantes, então mostrou um desenho para Tao, que quase arrancou a folha de papel da mão da criança. – Eu fiz igual à foto que você me mostrou.

O desenho era um desenho de Candy, a cadelinha de Tao. O rapaz ficou embasbacado com o talento descomunal de Eric, de apenas sete anos. Huang ficou maravilhado com o desenho.

—Está incrível! Obrigado, Eric! Assine seu nome e coloque a data de hoje, para eu guardar – ele pediu, e foi o que o menino fez. Quando voltou, Tao dobrou delicadamente e guardou em seu bolso.

Tia Karen, tia Kate e tia Audrey falavam com Xiumin e Suho sobre responsabilidade, mas vez ou outra começavam a rir todos juntos de algum comentário feito por algum deles sobre Chase. Exceto pelas primas absurdamente assanhadas, tudo estava dentro do que a Srta. King imaginara. E, de verdade, os tios estavam amando todos aqueles rapazes, que só ganhavam mais ibope, graças a Gordon, que não parava de falar bem de todos eles.

—Was für ein schönes lächeln! – "Mas que lindo sorriso", disse Judith, assim que contou uma piada e pode presenciar a risada de Kris.

—Eu sei! – Chase sorriu para a prima de dezessete anos, já que a mesma não era uma das assanhadas, já que tinha um namorado e estava com ele há dois anos e meio. Ela amava o namorado mais do que tudo na vida.

Não só Crawford, como todos os adultos ali perceberam certa ligação especial entre Chase e Sehun, e também entre Chase e Tao. Quanto à Baekhyun, que falava sem parar sobre como se divertia com Chase, eles sentiram uma coisa fraterna, de irmãos. Os parentes sempre acertam. Apenas pelo que os rapazes falavam de Chase, eles viam como ela era amada por aqueles moços. Especialmente Huang e Sehun, pois não só suas palavras, mas seus olhares também estavam cheios de afeto e ternura.

—Chase, a sua família é incrível! – Chen sorriu, conversando com Kendall, tia Hellen, tio Cushman e o primo John.

—Vocês é que são! – Cushman brindou com uma latinha de cerveja Budweiser. – Chase, não poderia ter arranjado amigos mais agradáveis!

Ela sorriu. Estava sendo perfeito.

As crianças estavam dividindo sua atenção entre todos os rapazes ali presentes, porém estavam focados em Evan desde que ele chegara. Will e Lanna, os gêmeos, brincavam com as orelhas de Chanyeol, que ria e fazia gracinhas para eles. Maya estava sentada no colo de Xiumin, fazendo carinho em sua bochecha, falando com ele e com a mãe sobre seu dia. Nathan e Steven falavam sobre futebol com Luhan, Tyler e Petunia.

—Mas ela é incrível, sim. Eu a criei para ser o melhor possível – Crawford disse e sorriu para a filha. – Ela cuida de vocês ou vocês cuidam dela?

—Os dois – Kai sorriu.

—Mas ela cuida mais – Baekhyun admitiu, e todos concordaram em coro.

Segundos depois, Eric cutucou Sehun, e trouxe o desenho de Vivi, o cachorrinho do rapaz. Estava perfeito, já com data e assinatura.

—Tao hyung, olhe isso! – ele mostrou o desenho, boquiaberto.

—Eric desenha como um milagre de Deus... – o pai de Chase disse. Como ele só conhecera Eric após sair da cadeia, afinal o menino nascera enquanto ele cumpria pena, o pequeno Eric estava enchendo o tio de desenhos incríveis.

—Ele desenha bem desde pequenininho, não é? – a moça sorriu e os pais do menino confirmaram.

—Chase, qual desses dois aí é o seu namorado? – o esperto Eric perguntou, o que fez Chase corar, os dois rapazes se encolherem e Crawford soltar gargalhadas.

—Ahn... Nenhum dos dois – Huang coçou a nuca.

—Somos só amigos... – Sehun complementou.

—Isso. Amigos – Chase sorriu e deu um beijo no alto da cabeça de Eric, que saiu saltitante pela sala, para desenhar mais alguma coisa.

Horas e horas se passaram, estavam todos envolvidos, se divertindo, tendo conversas produtivas e tudo mais. Quando o relógio estava para marcar a meia-noite, os rapazes começaram a se despedir. Os King estavam apaixonados pelos amigos de Chase, ainda mais porque Bruce, Gordy e Evan não paravam de falar deles. Do lado de fora, com a porta encostada, eles falavam com a amiga.

—Vamos voltar MUITAS vezes – Baekhyun prometeu. – Eu amei isso aqui.

—Foi uma noite maravilhosa! – Kyungsoo estava extremamente contente. – Sua família é demais.

—Obrigada, anjos. Agora, vão dormir, sim? Vocês têm muito o que fazer ao longo da semana.

Cada um deu um beijo na testa ou em uma das bochechas da moça, que era a pessoa mais feliz de Londres no momento. Tudo tinha dado certo, corrido como "planejado" – eles se deram perfeitamente bem. Byun, Sehun e Huang foram os últimos a se despedir, e os três foram embora conversando sobre alguma coisa.

Perfeito. Aquele era um dos melhores dias da vida de Chase.

Assim que ela entrou, o Big Ben badalou, anunciando a meia-noite, o início de um novo dia. Dentro de casa, a família fazia inúmeros comentários agradáveis sobre os meninos, o que deixou Chase muito mais contente.

Aos poucos eles foram dando tchau e se despedindo, dividindo-se entre suas casas. Quando estavam todos em seus quartos, Chase, Thomas, Bruce e Crawford conversaram mais um pouco. Um quarto já estava arrumando para Thomas, e os dois outros poderiam matar a saudade de seus antigos santuários da soneca.

Eles deram boa noite um para o outro, então subiram as escadas e foram repousar. Quando Chase abriu a porta de seu quarto, sentiu uma nostalgia agradável, e a saudade ser finalizada. Por mais que suas coisas novas (como Robb, o lobo, e várias outras roupas e objetos) decorassem o quarto por ora, era como se ela tivesse passado a noite fora e agora estivesse de volta.

Era sempre bom voltar.

(...)

—Já estou indo! Tenho que pegar uma coisa, primeiro! – Le Roux gritou de algum lugar de seu enorme quarto de hotel. – Achei!

Ela apareceu na porta do quarto, vestida de uma maneira adorável, com um vestidinho preto bem largo, um sobretudo na cor creme muito bonito e um par de botinhas baixas. A barriga estava enorme, perfeitamente redonda. Em duas semanas, estaria com sete meses.

—O que é essa caixinha? – Chase perguntou enquanto elas entravam no elevador e desciam ao saguão do hotel luxuoso. Le Roux sorriu e deixou a chave do hotel na recepção. – Stephanie?!

—Meu Deus, você é uma coisa, hein? – ela reclamou rindo, e então entregou a caixa à Chase. – É seu, Taekwoon e Hakyeon mandaram lhe entregar. Eles são uns amores.

—Oh, Deus! – ela pegou a caixa preta com um laço de fita roxo. Deu um sorriso sincero assim que entraram no táxi. – Então... Porque Magni-Roth não veio?

—Ela disse que, como não havia nada para fazer aqui em Londres, escolheu eliminar todas as reuniões e fazê-las o mais cedo possível. – Explicou a francesa, que também achou estranho. – Será que Bruce não disse nada a ela?

—Temo que sim, Steph. Ele é muito desligado, caramba... Enfim, vamos conhecer minha família. – Ela olhou para o celular e tossiu. – Hoje é quarta-feira, ou seja, dia de "só quem mora na casa janta na casa", então não vai haver aglomeração.

—Espere... Nos outros dias... Todos os King... Jantam juntos?! Seis dias da semana?! – Le Roux ficou impressionada quando Chase assentiu. – Uau.

Elas logo chegaram a casa, ambas pensando se Bruce teria ou não chamado Hyden para ir à casa conhecer a família. Enfim, hoje comeriam macarronada com almôndegas gigantes (feitas por Crawford).

O pai de Chase, que fora preso quando ela tinha dez anos, estava aos poucos se acostumando novamente a seu lar. Ele nascera naquela casa, e pretendia morar lá até seu último dia.

Chase subiu e foi abrir o presente de Hakyeon e Taekwoon, morta de curiosidade. Ela abriu e teve uma surpresa muito agradável. Era um globo de neve... Na verdade, um globo de glitter preto e roxo, e dentro dele havia o enfeite, que causou em Chase uma crise de sorrisos. Em letras prateadas, estava escrito, como uma plaquinha "De VIXX para Chase". Ela adorava globos de neve, então colocou o presente sobre a escrivaninha e desceu as escadas, sorridente.

Stephanie Amèlie Le Roux havia se tornado uma pessoa muito agradável, uma verdadeira amiga para Chase, e agora estava se divertindo ao conversar com os King da maior casa da rua.
Então, a campainha tocou. Chase, estranhamente vestindo uma saia xadrez, um suéter preto adorável e flats pretos nos pés (com direito a meias arrastão) saiu correndo do sofá e foi atender a porta de madeira branca. Quando abriu, sua expressão ficou confusa.

—Ahn... Olá?

—Oi, Hailang – Tao estava na porta, ao lado de mais cinco pessoas. – Bruce nos chamou para jantar.

"Ele chamou vocês e não chamou a namorada, que curioso", Chase pensou. Ela abriu passagem para que entrassem, ainda com a confusão estampada no rosto. Em fila, depois de Tao, entraram na casa os rapazes: Minseok, Jongin, Jongdae, Baekhyun e Sehun.

—Certo... Onde estão os outros? – ela perguntou enquanto eles cumprimentavam Le Roux e os familiares de Chase.

—Kris está numa sessão de fotos; Lu está numa convenção da Vogue; Chanyeol, Junmyeon, Yixing e Kyungsoo estão na SM, em reunião com a Hyden – Baekhyun disse, pegando Eric no colo.

—Espere... Quem são Jumêon, Xing e Kyungsul? Chanyeol eu sei quem é, é o rapaz das orelhonas – Cushman perguntou e os rapazes riram.

—Vamos ver se eu finalmente aprendi... – começou Gordy. – Junmyeon – corrigiu o primo – é Suho. Yixing é o Lay... E Kyungsoo é o pequeno... O D.O.?

—Isso mesmo! Parabéns! – Chase parabenizou o tio, abraçando-o. – Eu não acredito que Bruce não disse nada à Hyden. Não estou acreditando... – ela andou até o pé da escada e gritou: – Bruce! Thomas! Desçam!

Em cinco segundos passos foram escutados, e os irmãos brotaram bem em frente à Chase.

—Porque não chamou Magni-Roth para jantar conosco? Aliás... Você disse algo a ela?! – ela parecia furiosa aos olhos de todos ali.

As íris escuras de Bruce encolheram e ele ficou pálido. Era óbvio: ele se esquecera completamente da existência de sua possível namorada empresária. Ele engoliu em seco, e para reprimir a raiva, Chase fechou os olhos.

—Bruce tem namorada? – Eric quebrou o silêncio, enquanto fazia um desenho de um dos cachorros de Kai, com lápis de cor profissionais.

—Tem. Ou tinha, pelo menos. – Chase endureceu a voz.

—Qual o seu problema? – Crawford perguntou rindo do filho, que agora estava corado como um camarão assado.

—Ela vai me matar – ele disse.

—Com toda certeza – Le Roux disse, tentando segurar uma risada, assim como Byun.

—King, você tá morto – Sehun riu batendo palmas, para piorar a situação e a expressão que Bruce tinha no rosto.

Antes do jantar ficar pronto, Karen trouxe uma porção de álbuns de foto, e eles chegaram a ver, especialmente para tentar distrair Bruce. Eram fotos dos aniversários, acampamentos, jogos de futebol, casamentos e de outros membros engraçados e talvez aleatórios. Chase e Bruce eram mais parecidos quando crianças, e todos os meninos achavam que eles eram crianças muito bonitas. Chase tinha o dobro de sardas no rosto antes.

—Ah! – a Srta. King gritou e fechou o álbum com tudo, mesmo com a mão de Tao dentro dela. – Porque isso está aqui?! – ela grunhiu para tia Karen, que ria.

—Deixe eles verem, Kingster – ela pigarreou. Mais um apelido, foi o que Huang pensou.

Chase já estava vermelha quando abriu o álbum, finalmente libertando a mão de Huang, que teve uma crise de riso ao ver a tal foto polêmica. Ele estendeu o álbum para os outros membros, que caíram na gargalhada também.

A foto era um clássico: Chase King, sete anos de idade, com uma calcinha rosa na cabeça, enquanto puxava uma enorme camiseta dos Beatles para cobrir suas partes íntimas (o que não deu exatamente certo, já que... Uma pequena parte ficara à mostra).

—Droga – Chase escondeu o rosto no peito de Xiumin que ria dela ao mesmo tempo que afagava seus cabelos.

Rir da cara de Chase fez com que Bruce se sentisse melhor, mas não tanto quanto queria.

(...)

—Então você esqueceu. Você esqueceu?! Simplesmente esqueceu?! – Hyden gritava ao telefone com Bruce.

—Desculpe! – ele tentava acalmá-la. – Eu juro que esqueci!

—Exatamente, King: você me esqueceu! – a alemã estava frustrada demais para apenas pensar em baixar o tom de voz. – Como pode?!

—Não foi de propósito! Eu só... Foi sem querer! Fiquei empolgado com a volta do meu pai e esqueci de tudo!

—Eu sei que sim, mas eu sou louca para conhecer sua família! Bruce... Ugh! – ela exclamou. – Stephanie foi jantar na sua casa e você não fez nem questão de me dizer que estava em Londres?! Que tipo de namorado é você?!

—Um péssimo. Mas, escute! Eu posso recompensar! Venha aqui em casa amanhã e eu... – era tarde demais, Hyden Magni-Roth acabava de desligar na cara de Bruce, que agora ia de encontro com seu travesseiro fofo.

Le Roux, durante o jantar, avisara que não seria fácil fazer com que ela o perdoasse. Ele sabia que ela estava totalmente, completamente, inteiramente certa. Ele suspirou.

Ao menos, o jantar fora extremamente agradável, se ele descartasse a sensação horrível que carregara durante aquelas três horas em que estivera com as visitas em casa. Nem as almôndegas gigantes que ele tanto amava foram suficientes para acamá-lo. Mas, exceto por isso, fora ótimo, ainda mais com Chase sentada entre Sehun e Tao.

(...)

—Então... Vocês precisam deixar o ódio de vocês um pouco mais público – o diretor do projeto VIXXOLUXION-GT disse à Magni-Roth e Chanyeol, os únicos que restavam na sala.

O diretor pedira que todos eles fossem embora, pois tinha um assunto sério para tratar com o Sr. Park e a Srta. Magni-Roth.

—Perdão?

—Veja bem, Sr. Park... Desde o sequestro, vocês não aparentam se dar tão mal quanto antes. E, para as novas promoções do software, precisamos de uma pequena polêmica explícita – ele pediu, enquanto já arrumava suas coisas. – Não será uma farsa, pois, se pensarmos, vocês se detestam!

Os dois jovens se entreolharam, com extremo estranhamento quanto à expressão no rosto do homem e da entonação animada de sua voz. Aquilo era uma coisa relativamente ridícula, de verdade.

—O senhor esperou dar onze e cinquenta da noite para nos dizer que nós temos que nos odiar mais do que nunca, e agora publicamente? – Hyden tinha expressão de escárnio e discórdia.

—Isso mesmo.

—O senhor não está brincando, está? – Chan perguntou, coçando a nuca. Aquele blazer estava irritando o rapaz já havia muito.

Os dois observaram os derradeiros fios de cabelo que sobravam na cabeça do homem à sua frente. Ele parecia empolgado com a ideia, mesmo que desse total atenção às suas coisas, que estavam sendo recolhidas, pois a SM de Londres, onde estavam, iria fechar em dez minutos.

—Lembrem-se: não é uma exigência, é só uma sugestão – ele falou e apagou a luz da sala de vidro no último andar, e Magni-Roth fez o possível para não olhar nem para o chão e nem para as paredes que exibiam o cenário londrino ao sair da sala. – O povo adora uma polêmica, por menor que seja.

Antes de entrarem no elevador, ele bloqueou a passagem dos dois.

—Há coisas na sua sala de conferências e mensagens telefônicas – disse à Chanyeol. – Quer descer comigo, senhorita, ou prefere esperar pelo Sr. Park?

Magni-Roth olhou bem para o maldito e odiado elevador de vidro. Olhou bem para o careca ardiloso à sua frente e para sua pasta pesada. Estava com bafo de peixe, pois estava comendo fish and chips como um louco há minutos atrás.

—Acho que vou esperar meu sócio.

E assim ele desceu. Com os olhos fechados, ela caminhou atrás de Chanyeol para sua sala, e quando abriu a porta, pulou no sofá, para não ter que observar o chão vítreo. Chanyeol pegou as folhas com as exigências contratuais de seu projeto em conjunto com VIXX. Ao ler um trecho, ele riu, e então repetiu para a sócia, em voz alta:

—Durante as promoções, vocês devem interagir amigavelmente com os integrantes do grupo VIXX. – Ele olhou para a moça encolhida no sofá de couro preto. – Como se nós não fôssemos consideravelmente amigos.

—Ahn... Acho que sua empresa pensa que vocês têm que odiar todo mundo.

Ele escutou o recado no telefone, que era de Chase, dizendo que amanhã eles pegariam o voo às cinco da tarde.

—Vamos?

—Por favor.

Eles andaram depressa para o elevador de vidro, que descia lentamente, como sempre, para não aterrorizar as pessoas que o usassem. Noventa e oito por cento das pessoas que usavam aquele elevador, morriam de medo só do fato de estar nele.

Era meia-noite. Todos os funcionários estavam indo embora. Foi aí que as luzes do prédio se apagaram. O elevador parou no oitavo andar, para o desespero de Magni-Roth, que soltou um grito e escondeu o rosto.

—Um blackout?! Em Londres?! – ele reclamou.

—Gênio, só as luzes do prédio desligaram. Olhe em volta – ela disse, ainda escondendo o rosto.

Lá embaixo, no andar mais baixo que havia, o gerador de energia inteligente havia pifado. Inteiramente. Ficou tudo desligado, parado. Magni-Roth estava suando frio.

—Eu estou com medo! – ela berrou e agitou as mãos contra o ar, com o objetivo de acertar Chanyeol, que a observava de modo crítico, por mais que estivesse com medo também. – Porque essas coisas acontecem quando eu estou com você?! Devia ter ido embora com o Bafo de Peixe quando tive chance!

—Ah, deveria ter ido então, querida. Agora pare de reclamar e mantenha a calma, antes que eu perca a minha também – ele olhou para cima, evitando perceber a altura que estavam.

Ele pegou o celular e ligou para o diretor, que disse que acabara de ser notificado sobre a falha no gerador, e que uma equipe chegaria – em uma hora.

—Uma hora?! – os dois jovens no elevador gritaram com o telefone. Após desligar, Chanyeol começou a resmungar: – Chase seria bem mais eficiente.

—Liga para ela! – Magni-Roth berrou, abrindo os olhos por um segundo. Quando fechou, sentou-se no chão, desesperada.

Lá embaixo, um funcionário da zeladoria, que provavelmente não era capaz de consertar a porcaria do gerador sozinho, começou a sinalizar, piscando a lanterna de seu celular. Ele fazia movimento como se batesse o celular na parede do elevador (se estivesse nele).

—O que ele... Ah!

Chanyeol ligou a lanterna de seu celular e procurou pelo pequeno painel no elevador, que continha uma folha com informações. Ele começou a ler de maneira apressada.

—Caso fique preso... Gerador... Falha, emergência... Hm... Ah! Ei, eu acho que consigo fazer com que saiamos desse elevador.

—Então faça, pelo amor de Deus, Jesus, Espírito Santo! – a alemã gritou, ainda estapeando o ar como uma bobona.

Chanyeol, completamente atento às instruções do manual, começou a fazer o que o mesmo pedia. Ele digitou um código de dez números, que era a chave para sair do elevador, mesmo se a energia tivesse acabado. Quando apertou, no painel de botões, o último número do código, a porta se abriu lentamente, possibilitando que eles saíssem dali e ficassem perambulando pelo oitavo andar.

—Pequenininha? – ele disse ao ouvir um "alô" na voz de Chase. – Estamos presos na SM. Sim. O gerador deve ter morrido. Você pode vir até aqui? A equipe de manutenção deve chegar logo, mas venha nos buscar, de qualquer jeito. Ah, sim, ela está aqui. Ok. Certo. Obrigado, tchau.

Juntos eles saíram e foram para a primeira sala que apareceu por ali.

Deixaram uma das portas aberta e a outra fechada, para o caso de alguém aparecer. Depois de dez minutos de silêncio absoluto, Chanyeol, após tossir, resolveu quebrar o silêncio de maneira imprudente: 

—E Bruce?

O olhar de Magni-Roth era equivalente a uma bazuca apontada para o rosto de Park, que baixou a cabeça na hora.

—Ele não me contou que estava vindo para Londres. E também não contou que estava aqui quando chegou. Ontem Stephanie foi jantar na casa deles... Le Roux conheceu a família deles e eu não! – ela reclamou, transbordando frustração. Estava realmente chateada e Chanyeol podia ver isso.

—Puxa, eu não sabia... Desculpa.

—Não tem problema. Eu só... Estou extremamente chateada. Ele disse que esqueceu. Disse que simplesmente havia esquecido. Acredita?!

—Já vi muita coisa, mas isso... Não, eu não acredito.

—Chase nunca se esqueceria. Ela é tão... Mais atenciosa do que ele. Evan também. Oh, Céus.

Chanyeol se doeu por Magni-Roth (de verdade, ele odiava ver garotas chateadas). Eles estavam sentados em duas poltronas da sala que analisava o ibope e a popularidade de tudo que estava sob a administração e controle da SM, só que agora estava tudo desligado.

—Pelo amor de Deus, o que pensa que está fazendo? – Ele quase gritou ao ver duas linhas brilhantes sobre as faces de Hyden. – Você está chorando? Você chora?!

Ela se encolheu e chorou com o rosto escondido nas pernas. Chorou silenciosamente, mas estremecia e suspirava a cada par de lágrimas.

—Sim, eu choro. Eu tenho um coração – ela disse, olhando discretamente para ele. – Ele já sofre bastante, eu não queria fazer com que doesse mais. 

Ok, algumas coisas estavam borbulhando, fervendo, prestes à transbordar do corpo de Chanyeol – e essas coisas eram palavras. Palavras que ele nunca havia dito e que pensou que nunca teria de dizer. Mas agora ele precisava.

—Eu... Preciso lhe contar... Uma coisa.

Ela ergueu a cabeça coberta por fios loiros e cor de abóbora, fixando seus olhos cinzentos como uma tempestade nos olhos escuros de Park. Ela engoliu em seco.

—Eu... Veja bem... Talvez, toda essa implicância que tenho com você... Seja causada pelo fato de... De eu gostar de você. Eu criei essa implicância ao ver o quão inalcançável e fria você era. Mas eu pensei ter matado esse... Sentimento. Só que acabei de ver que eu estava errado.

Por algum motivo, as palavras fluíram como água de uma fonte. Os olhos marejados de Hyden brilharam, e um sorriso se formou em sua boca, que antes fazia parte de um rosto implacável, indiferente.

—E se eu disser que... Eu também?

Os olhos dele se voltaram aos dela, arregalados, como se tivesse acabado de ouvir algo improvável. 

—Quando eu o conheci você parecia tão alegre, jovial, engraçado e cheio de vida... Inalcançável. Já que eu era... Já que eu sou séria demais. – A expressão nostálgica voltou a ser um sorriso. – Não estou acreditando.

—Muito menos eu.

Os olhos dos dois eram como forças de polaridades opostas, incapazes de se desviar uma da outra. Os dois sorriam e riam como se fosse algo engraçado. E era, para falar a verdade. Os minutos escapavam como farinha de trigo escapa de um garfo, eles nem notavam que o tempo estava passando, estavam apenas olhando um para o outro, perdidos em seus olhares mútuos. 

Todo aquele tempo, todo esse ódio gratuito, toda essa implicância era não só devido às diferenças discrepantes que eles tinham, mas a um sentimento que eles oprimiam. Aquilo era muito estranho,  muito inacreditável, muito súbito.

—Mas... Você gosta de Bruce, não?

—Sim. Mas, assim como a irmã dele usou esse direito, eu também posso gostar de duas pessoas.

—Você sabe?! – Ele ficou surpreso.

—Sim. E eu, para falar a verdade, acho que todo mundo já sabe... Ela ama muito todos vocês, se pudesse falaria de vocês o dia todo, mas o jeito como ela fala e olha para Sehun e Tao é totalmente diferente – a moça loira sorriu, e ele fez o mesmo.

O tempo corria, mas eles não sabiam, e nem ao menos percebiam. As respirações dos dois estavam sincronizadas, os olhares ligados.

A equipe de manutenção encarregada de arrumar o gerador de energia inteligente do prédio acabara de chegar, e com eles, Chase King e Byun Baekhyun. A equipe entrou pelo estacionamento e os dois pela porta principal, onde um zelador e três seguranças os esperavam.

Após alguns minutos, as poucas luzes que estavam acesas anteriormente ligaram. Mas Hyden e Chan não perceberam, pois estavam com os lábios colados, num beijo calmo e suave. Seus corpos estavam muito próximos, eles podiam ouvir seus sons, sentir seus cheiros e perceber suas formas.

Como pedido, Chase, para ajudar os moços da manutenção, apertou o botão para chamar o elevador, que desceu vagarosamente até o andar térreo, sem que os beijoqueiros percebessem. Baekhyun resolveu que queria ir ao banheiro, por isso não foi com ela. Ela estava chegando ao oitavo andar, e os dois ainda não haviam percebido. Estavam ocupados demais.

Quando ela chegou, as luzes do corredor foram acesas, mas como os dois estavam com uma das portas fechada e os olhos bem fechados, não repararam. Porém, como a parede era de espelho falso, onde se vê por fora e por dentro se vê um reflexo, ela viu.

Esfregou os olhos três ou quatro vezes, pois era incapaz de acreditar no que estava vendo naquele exato momento. Srta. King arregalou os olhos. Ela estava mesmo vendo aquilo? Desacreditada, embasbacada e boquiaberta, ela cambaleou até a porta da sala, fazendo questão se produzir um desagradável ruído com seus All Stars azuis.

De súbito Magni-Roth partiu o beijo, assim como Chanyeol assustada pelo barulho. Eles retomaram as posturas e fingiram que aquilo nunca havia acontecido assim que Chase entrou na sala.

—Olá! – a mais moça sorriu.

—Chase! Oi!
Eles se levantaram e cumprimentaram a amiga fora da sala. Sorriam e ficavam distantes um do outro, o que seria normal e nada suspeito de Chase não tivesse visto o que acabara de ver.

—O que estavam fazendo? – ela perguntou inocente, forçando-se a não perder o controle.

—Apenas conversando – disse Hyden.

—Entendo. Vamos?

Os momentos seguintes passaram mais rápido, e em pouco tempo estavam Chase e Byun sentados nos bancos da frente e Chanyeol e Magni-Roth nos bancos de trás,  bem distantes. Pelo retrovisor, a moça encarava os dois, que fugiam de seu olhar de condenação. Eles acabavam de entender que ela havia visto alguma coisa, ou que pelo menos desconfiava bastante. Até Byun estava desconfiado, mas não tanto, e não fazia questão de deixar isso explícito.

Durante o caminho, poucas palavras foram ditas, e grande parte delas foi parte de uma briguinha armada entre Chan e Hyden. Mas aquilo não enganava Chase.

Ela deixou Hyden em seu hotel, e quando chegou ao do EXO, disse:

—Baekhyun appa – ela costumava chamar Baekhyun e Suho como "papai". Às vezes chamava Minseok assim, mas preferia chamá-lo de Baozi. – Eu poderia dar uma palavrinha com Channy?

—Claro, ele é todo seu – ele disse, beijou a bochecha dela e saiu.

Ela esperou que ele entrasse no prédio par a começar a falar.

—O que pensa que estava fazendo?

—Hã?

—Eu vi Chan. Não tente me enganar. Puxa vida, ela brigou com Bruce ontem, que tipo de amigo é você?

—Não era minha intenção, mas aquilo veio à tona e eu não pude evitar – "aquilo" já fora parte de uma conversa que tiveram, ou seja, Chase sabia da atração que ele sentia pela sócia. – E ela sente o mesmo.

—E Baekhyun? – ela disparou. – E aquela outra garota de quem você me falou? E o meu irmão, Chanyeol?

—Eu não... Eu não sei.

A moça suspirou.

—Está bem. Saia do carro, hyung.

—Você é menina, não pode me chamar de hyung, Baixinha. Eu já lhe expliquei.

—Eu falo mandarim, e não coreano. – Ela pausou e ficou olhando para o volante. – Certo. Saia do carro, Park Chanyeol. – ela disse e esperou que ele saísse. – Não me olhe com esta cara. Escute bem: não quero que Bruce saia machucado dessa, então, enquanto eles não se resolverem, espero que isso não se repita, anjo – mesmo brava ela não conseguia deixar de demonstrar carinho por ele.

—Eu lhe prometo. 

—Ótimo.

Ela o deixou lá e voltou em disparada para  o hotel de Hyden. Ao ser notificada sobre a presença de Chase, ela correu para o local no estacionamento onde a garota estava estacionada. Ela estava sentada na capota do carro, olhando para os pés.

Levaria, pelo menos, dois pontos na carteira por conta daquela corrida apressada e desesperada pelas avenidas de Londres, que estavam movimentadas mesmo que já fosse tarde. Se tivesse uma carteira. Ao ouvir os passos de salto alto, ela se virou.

—Então vocês se gostam.

—Talvez. Mas... Eu juro que não era a minha intenção, nunca foi...

—Eu sei disso. E fico feliz em saber – por um segundo, um sorriso amargo preencheu o rosto de Chase. – E sei que vocês se gostam. Deu para ver. Mas... E Bruce, Hyden? Eu sei que está magoada, mas você realmente sente algo por ele?

—Sinto! Eu juro. Mas... Eu posso amar duas pessoas.

As palavras foram como um par de tambores fuzileiros fazendo o maior escândalo nos ouvidos da moça. Não fora uma indireta, mas atingiu como se fosse. Ela pigarreou, afastando a desagradável sensação.

—Eu sei. Mas, por enquanto, o meu irmão só ama você – ela disse firmemente, de forma tão veemente que fez Magni-Roth sentir um pouco de medo. – Não parta o coração do meu irmão. Não agora.

—Não é o que eu quero. Acredite.

—Certo. – Ela pulou da capota e entrou no carro. – Lembre-se, sempre, de que não é só sobre você e ele. Pelo menos mais duas pessoas irão sofrer com isso.

Antes de considerar ouvir qualquer resposta, ela foi embora, deixando Hyden sozinha.

Ótimo, agora qualquer interação entre ela e Chanyeol iria desencadear uma cara feia de Chase e possivelmente comentários sarcásticos. Ótimo.

(...)


Notas Finais


:)


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