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História Crush; tododeku - Parque de diversões


Escrita por: prushotoo

Capítulo 14 - Parque de diversões


Shouto acordou um pouco mais cedo que o esperado naquela manhã. Izuku estava deitado sobre o seu ombro e dormia serenamente. Era sábado, eles não precisavam assistir aula. Estava uma manhã fantástica, o céu estava tingido em cores claras e os pássaros sobrevoavam o dormitório. 


— Bom dia — Midoriya sussurrou baixinho e não se moveu.


— Eu te acordei, amor?


Ele se limitou apenas a balançar sua cabeça em negação e afundar seu rosto um pouco mais no pescoço de Todoroki, que sentiu suas bochechas esquentarem e seu coração dar cambalhotas.


Isso é exatamente tudo o que ele sempre quis e sonhou.


— Vamos pra cama — Shouto disse lentamente.


— Aqui está confortável. Gosto da parte quente do seu corpo — ele respondeu e riu soprado.


— Eu não sinto o meu braço...


Midoriya se aconchegou um pouco mais, ele esfregou seu rosto no pescoço de seu namorado e tentou passar a mensagem "daqui eu não saio, daqui você não me tira". Shouto suspirou pesadamente, e entendeu o recado. Midoriya era teimoso como o diabo quando queria, por isso Shouto abriu mão do seu próprio conforto. Ele tampou seu rosto com o seu braço livre e tentou cochilar novamente.


Eles acordaram ao meio-dia. Na verdade, Shouto acordou. Midoriya estava o olhando intensamente, o que foi algo bastante medonho.


— Você é tão lindo — o esverdeado sussurrou e sentou no chão. Seus cabelos estavam um verdadeiro ninho de passarinho, seu rosto estava amassado e seus olhos brilhavam. — Precisamos levantar? Tipo, de verdade?


— Infelizmente — respondeu. 


Shouto sentou-se no chão, bocejou e coçou seus olhos. Seu corpo doía e ele não estava preparado para sair de seu quarto e ter interações sociais.


— Vamos fazer algo hoje?


— Uh-hum. Vou ir ao shopping com a Uraraka, a noite, vamos ir ao parque de diversões — ele respondeu ainda grogue. Seu cérebro ainda estava tentando definir os horários para tudo o que ele iria fazer depois do meio-dia.


— Em que momento você decidiu isso tudo?


Ele encolheu seus ombros e bocejou novamente. Midoriya coçou seu nariz e levantou, ele caminhou para dentro do quarto e entrou na suíte. Shouto teve que levar todos os lençóis e travesseiros de volta para o quarto, ele pegou o seu celular e notou que havia algumas mensagens de Bakugou.


Implicante: Ocha está querendo falar contigo.


Quando acordar fala com ela.


Shouto? Você tá vivo?


Ah, vi aqui que o Midoriya sumiu com você. Quando acordar vem falar com minha namorada, fazendo o favor. 


Todoroki se limitou apenas a digitar um "ok". Ele guardou seu celular e viu seu namorado sair do banheiro.


— O almoçou já foi servido. Vou ver se sobrou algo para nós dois — disse com um sorriso caloroso e saiu do quarto.


O bicolor suspirou pesado e deixou seu corpo tombar para trás. Como que Izuku conseguia ser tão feliz e otimista o tempo inteiro? Fala sério. Eles acabaram de acordar. Deveria ter uma lei que proibisse as pessoas de conversarem umas com as outras assim que elas acordassem. O mundo seria um lugar melhor.


Todoroki escovou seus dentes, tomou um banho e foi até a cozinha, onde Izuku estava sentado ao lado de Shinsou e Sero. O bicolor resolveu desviar o seu caminho e foi até o dormitório feminino. Ele parou em frente ao quarto de Ochako e bateu na porta.


Quem lhe atendeu foi Bakugou, que estava assustadoramente feliz.


— Gatinha, Shouto chegou — ele avisou com um sorriso enorme. — Vou tirar um cochilo, não me acorde.


— Ok — Shouto ouviu a garota dizer. Bakugou saiu do caminho e deixou a porta aberta para que o bicolor entrasse.


Uraraka estava sentada na cama, com as pernas cruzadas e abraçando uma pelúcia do Kero-chan. Ela sorriu assim que viu o outro entrar em seu quarto.


— Como você está? — Shouto perguntou e sentou na beirada da cama. 


— Estou bem, um pouco exausta. Me desculpe por ontem.


— Está tudo bem, você não fez nada de errado — ele respondeu. — Vamos falar sobre outro assunto. Você quer ir comigo ao shopping? 


— Eu estou tão cansada...


— Eu não quero ir só. 


Ochako deitou sua cabeça na perna do bicolor e suspirou. Todoroki não se moveu, ele só desviou o olhar e tentou não exalar seu desconforto. Ele odiava quando garotas o tocavam, odiava. As meninas sempre foram más com ele, receber carinho vindo de uma mulher que não fosse sua mãe ou irmã, era bastante desconcertante.


— Uraraka, estou... Quero levar o Izuku ao parque de diversões, o que você acha de irmos em um encontro duplo? Seria peculiar.


— "Peculiar" é seu novo "divertido"?


— Certamente.


— Não acho que seja o momento certo para sair do quarto — ela murmurou de um modo taciturno. — Não tenho roupas largas o suficiente para usar hoje.


— Podemos comprar. — Ele argumentou, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo.


Ochako sentou na cama, o fitou e franziu seu cenho.


— Shouto, eu sou pobre.


— Eu compro para você. 


Ela suspirou, ficou em silêncio e pensou com um pouco. Com um choramingo ela disse: 


— Você é igual ao Katsuki. Não quero que se sinta obrigado a me dar nada, sério. Isso faz com que eu me sinta interesseira.


— É um presente. 


— Você está piorando a situação.


— Ochako, quero que vá em um encontro duplo comigo e o Izuku. Eu te compro roupas novas, você pode escolher o que quiser. Se você ficar insegura, eu vou roubar toda a atenção para mim, só assim você vai evitar olhares maldosos. — Shouto falou com um tom sério. A garota o olhou com cuidado, como que estivesse esperando surgir uma hesitação.


Vendo que não iria conseguir nada, ela suspirou pesadamente e abraçou sua pelúcia.


— Como você vai evitar esses olhares? 


Shouto sorriu radiante, e isso fez com que todos os ossos de seu rosto doessem. Ele não estava acostumado a sorrir daquele modo.


— Vou usar uma saia! 


Uraraka pareceu confusa com aquela resposta. Ela tombou sua cabeça para o lado e franziu seus lábios.


— Você não precisa fazer isso. 


— Eu também quero pintar o cabelo, você acha que eu fico bonito ruivo? 


— Shouto! Você não precisa fazer isso! É sério, não faça loucuras por mim. 


— Então, eu fico feio ruivo. — Ele concluiu.


A garota revirou seus olhos e acabou cedendo de vez.


— Vamos ir que horas? 


— Às duas. Vamos voltar antes das quatro, só assim posso pintar meu cabelo. Ah é, iremos às sete para o parque — Todoroki falou feliz e levantou. — Você já almoçou? 


— Sim. Bakugou me forçou a comer, disse que ia me deixar de castigo caso eu ficasse doente por não comer — ela respondeu enquanto coçava seu cabelo. — Às vezes ele age como se eu fosse uma criança birrenta. Nunca vou entender o que ele viu em mim.


— Ochako, o Bakugou sente tesão por mulheres fortes. Você luta, quase matou o Kirishima e é super poderosa. Você preenche todos os requisitos dele.


— Tenho certeza que ele não sente tesão em gordas.


Shouto a olhou com calma e suspirou.


— Bem, acho que você nunca parou para notar a tensão sexual que se forma quando vocês estão juntos — ele deu de ombros e olhou com calma para a menina, que agora parecia estar envergonhada. — Eu volto às duas.


Antes que Uraraka pudesse responder, ele saiu do quarto com pressa e voltou para à sala de estar. Shinsou estava no sofá, Sero agarrava o seu braço feito um coala e parecia pronto para beijá-lo.


— O que o Shinsou está fazendo aqui? — perguntou.


— Eu moro aqui agora, bocó. — Shinsou falou como se fosse óbvio.


— O diretor não expulsou o Kirishima, acredita? Apenas trocou ele de turma. Ele foi pro B e o Shinsou veio pro A — Sero respondeu.


— Agora você tem três ex-namorados no mesmo dormitório — Shinsou sorriu com escárnio.


Todoroki franziu o cenho e tombou sua cabeça para o lado, hesitante, ele perguntou:


— Quem é o terceiro?


Hitoshi não respondeu, apenas arqueou a sobrancelha de um modo sugestivo e voltou sua atenção à Hanta, que o olhava com repreensão.


— Shinsou, você é tão mau comigo! — Todoroki murmurou irritado e foi até à cozinha, ele deu uma olhada no que tinha para comer e fez uma careta.


Nada ali o agradou.


— Será que meu ex e meu atual podem viver juntos sem transarem ou caírem no tapa? — Sero perguntou de um modo preguiçoso e deitou sua cabeça no colo de seu namorado, que olhou com desdém para Shouto e soltou um suspiro pesado.


— Falar com vocês me tira dez anos de vida — o meio-a-meio comentou enquanto revirava seus olhos, ele passou pelo casal e entrou na ala masculina, assim indo para o seu quarto e se trancando. Ter que rever Shinsou o trouxe memórias que ele jurou ter enterrado.


Hitoshi era um ótimo namorado, tinha roupas cheirosas e moletons lindíssimos — não é à toa que Shouto havia ficado com três dele quando "terminou o namoro". Na verdade, o que ele teve com Sero e Shinsou nem fora um namoro, apenas... Ok, fora um namoro curto. Curto o suficiente para conseguir descobrir que Hitoshi fazia streams e Sero só tinha cara de quem fumava maconha, ele nunca havia chegado perto de uma erva, já Shinsou... 


Todoroki ficou deitado em sua cama até que finalmente deu duas horas. Ele tomou um banho, se trocou e foi encontrar-se com Ochako na sala de estar. Ela estava sentada no sofá, inclinada para frente e abraçando seus joelhos. A julgar pela forma que sua perna tremia, ela parecia absurdamente nervosa. Ela levantou sua cabeça e encarou Shouto com aqueles grandes olhos castanhos.


Ali estava um detalhe que Shouto usou para conseguir odiar Ochako durante quase três anos: ela era a cara de Izuku.


Não havia como negar, aquela garota era a cara de Midoriya, o jeito que ela sorria, o formato dos olhos, a altura, a forma como eles conseguiam sorrir em meio a dor. Todoroki achou que estava louco quando pôs aqueles detalhes em evidência, na verdade, fora pior. Ele pensou que talvez houvesse se apaixonado por ela. 


Uraraka levantou e respirou fundo. Ela usava uma saia preta plissada e uma blusa de caveira. A famosa blusa de caveira do Bakugou. Todoroki tinha uma teoria de que Bakugou possuía um arsenal de camisas-caveira dentro do seu guarda-roupas e as usava em situações específicas. Ele deveria possuir uma camisa de caveira típica do natal, uma camisa de caveira típica para a páscoa, etc.


— Vamos? — ela perguntou.


— Aham, meu motorista vem nos buscar.


Ela revirou os olhos e murmurou "riquinho". Shouto fingiu não ter ouvido aquilo e caminhou em direção a porta. Eles foram até o portão de entrada da escola, passaram seus IDE e saíram. Um carro já os esperava lá embaixo. Hawks estava sentado no capô do carro e parecia entediado.


Todoroki quis voltar para trás e fingir que não havia visto o herói ali, pois ele odiava sua presença. Keigo era um cara bacana, mas havia se envolvido com sua família e agora namorava a sua irmã, ele havia feito de tudo para tentar se aproximar de Shouto, mas não conseguiu. E isso por si só já era bastante desconfortável.


— O Hawks é seu motorista? — Ochako perguntou.


— Meu cunhado. 


— Sua família é peculiar.


— Obrigado, mas prefiro que se refira a eles como "estranhos" — respondeu.


O rosto de Hawks se iluminou quando eles se aproximaram do carro. Shouto tentou sorrir, mas seus lábios se retorceram em um sorriso forçado. 


— Seu motorista está levando seu pai para o médico, então eu vim no lugar dele — Hawks explicou e tirou um cartão da sua carteira, ele entregou à Shouto, que novamente tentou sorrir.


— Que coisa magnífica — ele mentiu e pegou o cartão. — Vamos, precisamos voltar antes das quatro. Meu pai pode ir nos buscar no shopping?


— Talvez.


Não houve mais conversa, eles entraram no carro e ficaram em completo silêncio. O trajeto até o shopping foi curto, mas bastante desconfortável. Shouto agradeceu ao universo quando saiu daquele carro e correu para dentro do prédio sem nem se despedir de Keigo. Uraraka tentou o acompanhar, mas não podia correr muito por conta do vento que poderia levantar sua saia.


Dentro do shopping não estava muito lotado, mas ainda assim haviam algumas pessoas que os lançaram olhares fascinados e pegaram seus celulares para tirar algumas fotos dos heróis. Todoroki os ignorou rapidamente e voltou sua atenção à Uraraka, que parecia perdida. 


— Bem, para onde vamos? — ele perguntou e olhou em volta. — Vamos procurar roupas para você, depois vamos lanchar, estou morto de fome.


— Amigo, para de falar sozinho — Uraraka riu. — Seu maluco. 


— Desculpe, é um jeito eficaz de organizar meus pensamentos — ele respondeu e puxou a garota para uma loja enorme e brilhante.


Uma moça sorridente veio atendê-los e os levou para ver algumas roupas. Todoroki incentivou Uraraka a provar diversas coisas e a fez comprar quase tudo que ficara bem em seu corpo. Ele também comprou algumas roupas fofas e levou consigo uma saia branca plissada. A menina repetiu diversas vezes que não precisava de tantas roupas, mas Shouto a fez continuar comprando. Antes de irem para a praça de alimentação, eles compraram produtos para cabelo e tiraram algumas fotos com os assistentes que ali trabalhavam.  


— Você vai surpreender o Izuku com seu novo cabelo? — Uraraka perguntou enquanto sentava no cadeira e colocava a bandeja na mesa. 


— Vou tentar. Você vai tentar deixar o Bakugou de pau duro usando um vestido? — Shouto retorquiu e esboçou um sorrisinho maldoso.


Uraraka fez uma cara pensativa e deu uma mordida no seu hambúrguer. Ela assentiu com a cabeça e Todoroki riu.


— Izuku também vai ficar de pau duro quando te ver de saia. Você vai matar o garoto bissexual — ela disse de boca cheia.


Shouto lembrou-se de Bakugou a chamando de esquilinho e hamster. Agora ele entendia o porquê. Ochako tinha bochechas grandes e quando comia parecia um hamster. Ela era fofa. Igual à Izuku.


— O que acha de amanhã irmos a um piquenique? É o seu aniversário! Vai ser divertido — o bicolor sugeriu com um sorriso enorme em seu rosto.


— Shouto, você realmente não precisa fazer tudo por mim. Somos amigos, não se sinta na obrigação de me mimar só porque sou insegura — ela foi direta.


— Ochako, amanhã... É o dia D. Quero aproveitar o Izuku o máximo que conseguir — ele disse com um sorriso triste em seus lábios.


Uraraka baixou seu olhar e suspirou.


— Você está pronto para a tempestade? Eu prometo não sair do seu lado quando ela acontecer — gentilmente ela tocou na mão de Todoroki e a acariciou.


Shouto sorriu e olhou para aquela mão sobre a sua. Ele não estava desconfortável com o toque, sabia que Ochako não iria avançar sobre ele ou lhe importunar com perguntas embaraçosas. Ele havia mudado em tão pouco tempo.


— Não quero perder tudo o que tenho, mas também não posso ignorar o fato de que uma vida está correndo perigo — Todoroki respondeu com hesitação e suspirou. — Entendo porquê heróis não casam.


— Você vai ser o primeiro herói gay casado. Izuku vai te perdoar, ele não é egoísta. 


— Espero.


Eles terminaram de comer e saíram do shopping. Enji já os esperava na saída. Ele segurava duas sacolas e parecia cansado demais para perguntar algo, o herói apenas os levou de volta para o carro e dirigiu até a U.A.


— Comprei um presente para você e para seu namorado — o herói falou assim que chegou na porta da escola. Ele entregou as sacolas e suspirou.


— Obrigado. Pai, você pode vir me buscar às sete? Vou sair com os meus amigos — Shouto disse distraído e pegou os presentes, ele tentou organizar as sacolas e percebeu que havia exagerado. 


Enji resfolegou e arregalou os seus olhos, ele olhou para trás rapidamente e franziu seu cenho. Seus olhos azuis brilhavam.


— Primeiro um namorado, agora amigos... Shouto, o que... O que aconteceu com você?! — Endeavor perguntou aterrorizado e Uraraka gargalhou alto. — Ser Lgqt está te mudando!


Shouto sentiu suas bochechas esquentarem e fez um estalo com a língua. 


— Pai! 


— Estou impressionado.


— Argh, vamos logo! Tchau, pai! Não esqueça de me buscar às sete! — Todoroki saiu do carro com pressa e pegou todas as bolsas. Uraraka o acompanhou e deu tchauzinho para o herói.


Ela esperou com que o carro fosse embora para gargalhar alto. Shouto sentiu-se envergonhado por aquilo, ele sabia que seu pai estava ficando velho e logo logo iria se aposentar, mas havia esquecido que seu pai era velho e não entendia muito bem sobre coisas atuais, ele achava que ainda conseguia ser legal como os adolescentes atuais — por isso havia começado a fazer vídeos para o TikTok. 


— Às vezes eu esqueço que o Endeavor é o meu pai... — Shoto comentou baixinho.


— E o vice líder da liga dos vilões é o seu irmão mais velho — Uraraka acrescentou e deu de ombros, ela virou seus calcanhares e subiu as escadas.


O bicolor a seguiu e entrou na escola. Eles continuaram conversando sobre algumas formas de pintar o cabelo e montar looks bonito para irem ao parque. Todoroki sentiu-se feliz por conseguir falar sobre roupas com uma pessoa que não o olhasse torto por ser tão vaidoso e o questionasse sobre sua sexualidade. 


Chegando no dormitório eles se encontraram com Bakugou, que olhou para eles e franziu o cenho.


— Vocês vão fazer caridade? — ele perguntou.


— Não, Shouto só extrapolou o limite do cartão do pai dele. Gatinho, vou passar o resto da tarde com o Shou, okay? — Uraraka sorriu dócil para o loiro, que revirou seus olhos e suspirou.


— Beleza, vou malhar. Qualquer coisa é só me ligar, ouviu? — Katsuki levantou do sofá e aproximou-se de sua namorada, ele a beijou na testa e sorriu. — Eu te amo, linda.


— Eu também te amo. Agora, vaza! Vá ficar gostoso para mim! — ela brincou e riu.


Bakugou a puxou pela cintura e a beijou lentamente.


— Sim, senhora. 


Todoroki ficou ali, plantado no meio da sala, vendo o casal mais aleatório da 1-A se beijando. Talvez aquilo fosse o karma agindo. O bicolor acompanhou sua amiga até seu quarto e deixou as compras na cama. Ele puxou os presentes que seu pai havia lhe comprado e deu uma olhada no que era.


Em uma sacola estava escrito "Shouto", ele a abriu e tirou meias brancas com um arco-íris, uma bandeira gay e alguns bottons LGBTQI . No presente de Izuku havia a mesma coisa, só que com a bandeira bissexual.


Shouto sorriu minimamente com aquilo. Seu pai realmente estava tentando ser alguém melhor. 


— Você quer começar a pintar o seu cabelo agora? Vou chamar a Mina e a Momo para nos ajudarem, okay? Você... hum... Se sente confortável com elas? — Uraraka perguntou enquanto tirava os produtos para cabelo que havia comprado.


— Ficarei bem.


Ela pareceu em dúvida se deveria chamar suas amigas ou não, mas acabou por ir procurá-las. Shouto tentou se manter positivo durante o resto da tarde. Foi Momo quem pintou seu cabelo, ela fez o possível para não ser tão invasiva e o bicolor mal a notou ali. 


Mina passou quase a tarde inteira fofocando sobre garotos, já que todos que estavam ali presente gostavam de homens. 


Às cinco, eles finalizaram aquele encontro e cada um foi para o seu quarto. Todoroki se encontrou com Izuku no corredor dos quartos masculino.


— Por que você está usando uma touca? — ele perguntou.


— Segredo. Vamos sair às sete, esteja pronto. 


— Você quem manda.


Izuku, por sua vez, passou o dia estudando. Ele aproveitou a saída de seu namorado para conseguir responder todas as questões de exatas que havia acumulado. Ele havia gastado metade de sua tarde para fazer aquilo, então aproveitou a outra metade para dormir.


Ele acordou quando Shouto voltou. Izuku comeu algo na cozinha, voltou para o quarto e ficou deitado até dar seis meia, sem pressa ele tomou um banho, lavou o cabelo e tentou não sucumbir a vontade de deixar seu cabelo ficar igual a um ninho de pássaro. Ele vestiu uma blusa preta escrito "You are a pipe dream" em vermelho e uma calça rasgada com seu all star vermelho.


Ele finalizou seus cachos com um pouco de pressa e tentou lembrar onde havia guardado o difusor, mas resolveu desistir pois estava atrasado. Com pressa ele saiu do quarto e foi até a sala, onde Bakugou estava sentado, vestindo roupas pretas.


— Não acredito que vai ser encontro duplo, que saco — ele resmungou e revirou os olhos.


— Kacchan... — Deku murmurou em repreensão e sentou no braço do sofá.


— Odeio atrasos, será que já podemos voltar para o quarto?


— Acalme-se, gatinho — Uraraka falou e entrou na sala.


Ela estava sorridente e usava um vestido azul escuro colado que chegava no meio de suas coxas. Seu cabelo estava de um castanho claro e por dentro pintado de loiro. Bakugou estava vermelho e boquiaberto.


Ao lado da garota pairava Todoroki. 


Izuku o olhou três vezes para ter certeza de que aquele realmente era o seu namorado. 


Todoroki usava um casaco verde escuro de lã verde e uma saia plissada branca que chegava até metade das suas coxas. Ele usava meias brancas que também iam até suas coxas com um all star verde de cano médio. Midoriya poderia ter se limitado apenas ao fato de que seu namorado estava usando uma saia, mas sua atenção se voltou ao rosto de Todoroki. O garoto havia ficado ruivo. Completamente ruivo, exceto por sua franja que estava branca.


Midoriya não soube o que dizer, ele tentou formular uma frase lógica, mas suas palavras não saíram. Ele estava chocado demais para conseguir raciocinar.


— Caralho, cê tá mó gostosa, gatinha — Bakugou falou enquanto levantava. — Não, puta merda hein, caralho, que inferno de mulher bonita, puta que me pariu.


Izuku piscou seus olhos e viu Bakugo ir até Uraraka e beijá-la. Ele fez o mesmo, cambaleou até Shouto e segurou o rosto dele com suas duas mãos.


— Eu estou adorável, não estou? — Shouto esboçou um sorriso tímido e balançou seus quadris.


— Shouto, eu só... Nossa, caralho. Você é tão lindo que... Caralho! 


O ruivo riu de um modo lento e gracioso, ele se inclinou e beijou os lábios de Izuku.


— Vamos, meu pai está nos esperando.


— Todoroki, você está a cara do seu pai — Shinsou falou enquanto entrava na sala, ele estava com seu cabelo preso em um rabo de cavalo e sorria maldoso.


— Sero, seu namorado está sendo mal comigo! — ele gritou e ouviu a voz de Sero gritando de volta e pedindo para ignorá-lo.


Uraraka tocou no pescoço dos três garotos e saltitou para fora do dormitório enquanto os puxava com sua individualidade. Lá fora, ela e Shouto começaram a conversar sobre roupas, eles pareciam amigos de infância. Izuku achou aquilo estranho, pois sabia que seu namorado odiava aquela garota mais que tudo. O que diabos havia acontecido quando Shouto saíra para resgatá-la?


— Por que seu namorado está tão feliz? Ele tomou anti depressivos ou você comeu ele? — Katsuki perguntou enquanto puxava o esverdeado de lado.


— Eu não faço a mínima ideia, mas estou amando — Midoriya respondeu enquanto ignorava a última parte.


Ele continuou caminhando ao lado de Bakugou e observou seu namorado, que estava um verdadeiro raio de sol. Eles saíram da U.A e se encontraram com o Endeavor, que já os esperava. Ele vestia um casaco de lã branco que possuía um arco-íris na frente. Shouto pareceu desconfortável vendo aquilo.


— Oi, tio! — Uraraka sorriu para ele e agarrou o braço de Bakugou com força, suas unhas estavam cravadas na carne do menino e pareciam estar servindo de aviso.


— Não vou perguntar. — Foi tudo o que Enji disse, ele apenas entrou no carro e esperou com que todos se acomodassem dentro do veículo.


Izuku quis conseguir entender o que havia com o Endeavor, o herói mais intimidador de todos. O herói mais odiado. Ele quis descobrir o porquê Endeavor estava tão feliz com o fato de seu filho ser gay. Ele havia até colado adesivos no carro com a bandeira LGBTQI .


Ninguém conversou durante o trajeto, eles apenas deixaram com que um silêncio confortável ficasse no carro.


Quando chegaram no parque, todos saíram do carro, exceto Shouto.


— Será que o pai dele está matando ele? — Bakugou questionou.


Midoriya até se assustou com aquilo, ele definitivamente havia esquecido que Bakugou havia vindo junto.


— Acho que não. Ele parece estar tentando ser um bom pai, bem, ricos são estranhos — Uraraka deu de ombros e abraçou Katsuki de lado.


— O Shouto não é rico, você que é muito pobre.


— Não sou pobre, tenho baixas condições.


— Te amo, sua pobre — o loiro disse com um sorriso maldoso em seus lábios.


Shouto voltou um pouco deslocado. Ele não parecia ter ouvido algo ruim, mas estava com seu típico olhar "eu preciso de um abraço e beijinhos" — Izuku conhecia bem aquele olhar.


— Vamos comprar os ingressos, quero ir em todos — ele disse com um sorriso fingido.


Midoriya não comentou e nem perguntou sobre o que havia acontecido, ele apenas acompanhou seu namorado para dentro do parque e tentou sobreviver aos olhares e as fotos que os outros adolescentes estavam tirando. Shouto não parecia incomodado com aquilo tudo, pelo contrário, ele sorria para algumas câmeras e dava tchauzinho. Uma súbita lembrança retornou a mente de Izuku, ele ouviu a voz de All might o dizendo que Shouto era um ídolo, ele tinha um futuro promissor, e Izuku não deveria manchá-lo.


— No que você está pensando? — Todoroki perguntou enquanto inclinava sua cabeça para o lado. Izuku o observou e sorriu calmo.


— Em como você é lindo. 


Todoroki esboçou um sorriso tímido e olhou em volta. Seus olhos brilharam e ele apontou para uma barraquinha de ursinho de pelúcias. Haviam vários tipos de ursos, desde unicórnios até pokémons. 


— Podemos jogar? — o ruivo perguntou animado.


— Suki! Pega o unicórnio para mim! — Uraraka falou animada e puxou o braço de seu namorado, que revirou seus olhos. Deku levou Shouto até a barraca e escutou as instruções do vendedor. 


Para ganhar uma pelúcia era razoavelmente fácil, caso você acertasse um tiro no centro do alvo, ganhava uma pelúcia grande, se acertasse perto, ganhava um médio, se errasse, ganhava um ursinho de chaveiro. Bakugou aceitou os termos e pegou a espingarda. Ninguém teve tempo de torcer por ele, já que ele deu três tiros e acertou no centro do alvo. Até mesmo o homem da barraca ficou desacreditado.


— Já sabemos que não devemos deixar o Kacchan ficar perto de armas, ele é um perigo ambulante — Midoriya comentou assustado e todos riram.


Katsuki deixou com que sua namorada escolhesse duas pelúcias grandes e ainda barganhou com o homem para aceitar a opção de deixá-la levar duas pelúcias médias ao invés da grande.


Enquanto eles discutiam, Midoriya pegou a arma e colocou as balas, ele respirou fundo e acertou um tiro no médio, outro no menor e então, no centro do alvo.


— Você é péssimo hein, caralho — Bakugou murmurou.


Shouto pegou um bulbassauro grande, uma pelúcia pequena e dois chaveiros da Jessie e do James de Pokémon.


— Vamos combinar nossos chaveiros? — o ruivo sorriu.


Midoriya sorriu junto e assentiu com a cabeça. Eles saíram da barraca e foram em vários brinquedos que tiraram diversos gritos e risadas dos mesmos. Midoriya nunca havia visto Shouto tão feliz e sorridente assim, ele sentiu vontade de beijar seu namorado, mas não se atreveu a fazer isso, não ali, no meio de tantas pessoas.


Eles caminharam em direção ao último brinquedo, a casa assombrada. Izuku tem uma vaga lembrança de ter ido naquele brinquedo com Bakugou quando criança, e ter quase morrido do coração com o loiro o assustando. Eles deixaram as pelúcias com um assistente do brinquedo e entraram na casa, que rangia e vibrava.


Bakugou foi na frente, Uraraka estava atrás dele, se escondendo de qualquer monstro. Todoroki estava atrás de Uraraka e não parecia com medo, Midoriya segurou na barra do moletom de seu namorado e o seguiu pelo caminho estreito. Eles desceram e subiram escadas, passaram por caminhos que se mexiam e por fim chegaram a um corredor cujo o teto era azul e parecia girar.


Todos pararam para tentar descobrir se o teto estava realmente girando ou era somente uma ilusão de ótica. Izuku não conseguiu prestar atenção naquilo, ele fitou Shouto, que sorriu sugestivo e o prendeu contra a grade de proteção. Midoriya não conseguiu conter sua animação, ele abriu um sorrisinho e tocou nos dois cantos do rosto de seu namorado, assim o puxando para um beijo lento de língua. 


As mãos do ruivo foram ágeis, ele agarrou a cintura do menor e colocou ambos os corpos, assim aprofundando o beijo. Midoriya gostava do fato de que seu namorado estava pouco se fodendo para tudo o que acontecia ao redor deles, isso era animador.


Izuku o puxou para mais perto e colou ambos os corpos, ele aprofundou o beijo e se entregou por completo. Os lábios de Shouto possuíam um gostinho de algodão doce, e o esverdeado amava isso.  


— Será que os pombinhos vão se comer bem na nossa frente? — Katsuki perguntou e Shouto afastou o beijo e o olhou, logo dizendo:


— Se você não for se incomodar...


— Amor! — Izuku o repreendeu. — Vamos sair daqui, eu posso te beijar o quanto eu quiser no seu quarto. 


Shouto pareceu ficar envergonhado, Midoriya entrelaçou seus dedos com os dele e continuou seguindo Bakugou, que avançava entre as sombras e continuava a ignorar qualquer tremor ou barulho que surgia na casa.


Eles saíram dali em poucos minutos, os funcionários entregaram as pelúcias e tiraram algumas fotos com Katsuki e Shouto. O grupo caminhou até uma praça que ficava do lado do parque enquanto faziam piadas ou riam do que viam. Midoriya estava segurando o mindinho de Shouto e se segurava para não soltá-lo.


— Vamos comer, estou morto de fome — o ruivo pediu. — Vamos comprar pizza!


— Vamos! — Uraraka gritou animada e sorriu.


Bakugou revirou os olhos e olhou em volta, ele puxou sua namorada e a trupe em direção a uma pizzaria que ficava ali perto. Era um local bonito, bem iluminado e bastante chique. Shouto escolheu uma mesa nos fundos e sentou, todos se juntaram a ele e esperavam que uma jovem viesse atendê-los. A princípio ela parecia nervosa, gaguejava e até mesmo mesmo tremia. Ela anotou os pedidos e saiu com pressa dali.


— Será que ela sabe que o Shouto é gay? — Uraraka comentou. — Será que ela sabe que o Bakugou é o meu namorado?


— Ocha, será que ela sabe que você é hétero? — Todoroki retorquiu a pergunta e se inclinou pra frente. — Será que ela sabe que o Izuku é o meu namorado?


— Vocês são péssimos. — Midoriya disse enquanto meneava com a cabeça.


— Deku, você já falou com à Inko a respeito do desvio heterossexual, vulgo o seu namorado? — Katsuki perguntou desinteressado.


O esverdeado franziu seus lábios e negou com a cabeça. Ele não havia comentado nada com sua mãe, absolutamente nada. Ele havia esquecido totalmente que ainda precisava se assumir para ela.


— Não. Estou criando coragem para conseguir fazer isso, acho que ela não vai aceitar. Mamãe é ignorante para algumas coisas, acredito que ela apenas ignore minha bissexualidade e continue vendo o Shouto como o meu amigo que me beija na boca — ele respondeu enquanto suspirava.


— Eu vou conquistar sua mãe. — Shouto foi claro bastante claro, ele deu um sorrisinho e cantou: — I'm gonna marry him anyway, marry that boy and we'll be a family.


— She will say: "I will never get bless you until the day I die, good luck my friend, but the answer is no." — Bakugou continuou a música e sorriu com escárnio.


Shouto revirou seus olhos e cruzou seus braços.


— Kacchan, quando que você descobriu gostar de meninos? — Izuku perguntou rapidamente e tentou quebrar aquele clima ruim.


Katsuki apoiou um braço no topo da cadeira e encostou sua cabeça em seus dedos. Seus olhos vermelhos rolaram nas orbitas e pararam em Shouto, com preguiça elas encararam Izuku, que sentiu um arrepio subir por sua espinha. Bakugou era bastante bonito e atraente, mesmo sendo explosivo ele continuava chamando atenção por onde passava. 


Quando Izuku descobriu que também se atraía por meninos, ele passou boas horas revendo sua amizade com Bakugou e se perguntando se aquilo não era uma paixonite ao invés de admiração e amizade.


— Quando eu senti ciúmes porque você estava a fim da Ochako. Eu gostei de você por algumas semanas e depois fiquei com o crush fodido no Endeavor mais novo ali — ele disse com calma e um ar de desgosto. — Meu passado me condena.


— Oh, eu também já gostei de você, Bakugou — Todoroki murmurou envergonhado.


Midoriya arqueou suas duas sobrancelhas e riu surpreso. Ele esperava por tudo, menos por aquela confissão. Ochako era a mais chocada ali.


— Eu acho que eu também tive uma quedinha por você, Kacchan... — Midoriya também confessou.


— Caralho, vocês tem bom gosto para homens, mas procurem uma terapia. — Bakugou disse assustado.


— Então quer dizer que todos vocês são LGBTS que tiveram a chance de se pegar, mas não de pegaram? — Uraraka concluiu. — O Shouto passou o rodo quase no dormitório inteiro.


— Eu não passei! Eu só fiquei com o Shinsou e o Sero, fiquei com medo de flertar com o Bakugou e acabar sendo assassinado — o ruivo respondeu enquanto dava de ombros. — Kaminari queria ficar comigo, mas eu havia voltado com a minha obsessão pelo Izuku.


— Enquanto isso, eu, o extrovertido, só beijei duas pessoas durante dezoito anos — Midoriya falou desacreditado.


Como Shouto poderia ser tão pegador daquele jeito? Por que ele estava tão preocupado em se aceitar mesmo tendo ficado com vários garotos?


Midoriya sentiu uma pontada em seu peito. Shouto estava mentindo sobre algo e talvez fosse sobre isso, talvez ele não quisesse contar que tinha ficado com outros caras antes de começar a namorar. Mas porquê ele havia mentido sobre isso? Vergonha? 


O esverdeado foi tirado de seus pensamentos quando sentiu a mão de Shouto tocar a sua gentilmente e a guiar diretamente para o seu joelho. Ele entendeu bem o recado, e com sutileza deslizou os seus dedos pela meia branca e agarrou a coxa de Shouto com um pouco de força. Izuku olhou de relance para o seu namorado, que estava corado e tentava se concentrar na conversar.


O passado é passado. Se ele não queria me contar sobre os seus exs, é porque ele deve ter seguido em frente. Midoriya pensou e sorriu calmo, ele continuou apertando a coxa de Shouto e lentamente subiu seu toque para dentro da saia. Shouto ficou arrepiado e fechou suas pernas com força, assim o lançando um olhar de repreensão.


Izuku revirou seus olhos e voltou sua atenção ao trio que conversava, ele encostou sua cabeça no ombro de seu namorado e continuou acariciando sua coxa. O quarteto passou o resto da noite conversando e comendo. Perto das 23:30, Shouto ligou para o seu pai e todos ficaram na frente do prédio, brincando com as pelúcias enquanto esperavam pelo herói. Enji chegou o mais rápido que pôde. Pôs todos no carro e passou um longo sermão.


Pelo visto, Aizawa havia o telefonado a respeito da saída dos alunos. Enji, como um ótimo pai, disse que estava tudo sob controle e que todos dormiriam em sua casa.


Ninguém julgou a decisão do herói, todos estavam exaustos demais para voltarem pra U.A, então aceitaram passar a noite na casa dos Todoroki. Midoriya estava animado para encontrar a mãe de seu namorado, mas também estava com medo de acabar tendo que ouvir coisas preconceituosas vindo da mesma.


Quando eles chegaram na casa, Shouto os levou diretamente para o seu quarto. Era um quarto grande, em uma das paredes havia a bandeira LGBTQI , vários livros e mangás em uma estante, um computador bastante caro e uma cama de casal larga. O ruivo largou sua pelúcia na cama e sentou na beirada da mesma.


— Eu vou dormir com o Izuku! — Shouto disse rapidamente e seu pai fez um barulho de "negativo". — Pai!


— Vamos separar os casais — Endeavor falou.


— Tio, os três ali gostam de homem, o Katsuki e o Deku não podem dormir juntos senão vão acabar se matando — Uraraka comentou. — Eu durmo com o Izuku e o Shouto dorme com o Katsuki, só assim ninguém mata ninguém.


— Mas... — Shouto tentou contra argumentar, mas ficou quieto e fez uma cara emburrada.


— Está tudo bem, nós nos vemos amanhã, amor — Midoriya sorriu, ele estava meio perdido em meio àquela confusão. Uraraka o agarrou pelo braço e o puxou para fora do quarto, assim seguindo Endeavor até o quarto de hóspedes.


Shouto, por sua vez, ficou bastante chateado por não conseguir dormir com Izuku, mas resolveu não criar uma discussão. Ele entregou alguns lençóis para Bakugou e um pijama vermelho, eles se trocaram e foram dormir.


Ninguém conversou por longos minutos. Shouto sabia que Bakugou estava acordado, mas, mesmo assim, não tentou puxar assunto.


— Você contou à ele? — Bakugou perguntou baixinho.


Todoroki ficou alguns segundos em silêncio e suspirou pesadamente.


— Não. Está quase na hora, não tenho mais tempo para contar sobre essa merda sem sair como o errado — respondeu de um modo taciturno.


— E como você se sente?


— Péssimo. Eu estou com tanto medo que chega a ser vergonhoso, estou com medo do que vão fazer com ele, estou com medo de que o plano falhe e alguém o machuque — Todoroki deslizou seu dedo pelo cobertor macio e suspirou. — Pode me prometer uma coisa?


— O quê?


— Me prometa que você vai tentar explicar ao Izuku que não foi minha culpa, que nada disso foi minha culpa. — Disse. 


Bakugou ficou em silêncio, ele agarrou o ombro do ruivo e o puxou para trás, assim fazendo com que ele ficasse de barriga pra cima. Shouto não entendeu exatamente o que havia acontecido, mas virou seu corpo na direção de Bakugou, que não o olhava, parecia disperso.


— O Izuku que eu conheço é gentil, ele entenderia a situação e te perdoaria — o loiro comentou e suspirou, ele deu tapinhas no seu ombro e sorriu ingênuo.


Todoroki hesitou, lentamente ele deitou sua cabeça ombro de seu amigo e inalou a fragrância doce que o mesmo exalava. Bakugou o puxou para mais perto e continuou sem olhá-lo.


— Eu estou com medo de perder o Izuku, se eu pudesse desistir... Se eu pudesse voltar atrás...


— Vai ficar tudo bem, eu prometo. Nós vamos resgatar o Izuku e ele vai te perdoar, ele vai entender que isso foi apenas uma estratégia criada pela polícia — Bakugou falou baixinho.


Shouto tentou se manter positivo, mas não conseguia, seu coração doía e parecia a ponto de quebrar, suas lágrimas desceram de um modo torrencial de seus olhos e ele não se conteve, acabou por chorar no peito de Bakugou, que não disse nada. Todoroki sentiu duas pernas envolverem sua cintura e então foi puxado para mais perto de Katsuki, que o envolveu em um abraço forte.


Aquilo foi a gota d'água. A pequena rachadura se partiu de vez, e Todoroki quebrou. Ele chorou nos braços de Bakugou, que apenas o segurou e disse palavras gentis.


Shouto quis acreditar naquelas palavras, mas ele sabia que aquele era apenas o começo da tempestade que estava por vir.




Notas Finais


:)


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