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História Crush; tododeku - Estou sóbrio


Escrita por: prushotoo

Capítulo 3 - Estou sóbrio


Midoriya cruzou suas pernas e apoiou suas mãos no colchão. As meninas pareciam tão interessadas no que estava prestes a acontecer que esqueceram o crush que Ochako possuía em Bakugou.


— Então — o esverdeado começou — O que eu preciso fazer para conquistar ele?


— Se confessar! Diga a ele que você o ama! — Toruu respondeu rapidamente e o menino a olhou incrédulo, ou tentou.


Ele nem pensava em contar ao bicolor sobre o beijo, imagine dizer a ele sobre o seu amor secreto e todas as vezes que Deku chorou pensando nele? Aquilo estava, definitivamente, fora de cogitação.


— Não! Isso é péssimo! Você precisa provocar. — Jirou riu brincalhona e mordeu seu lábio inferior, ele olhou de relance para Momo, que pareceu desconfortável com aquilo.


— É uma boa ideia, Jirou. — Tsuyu concordou com sua amiga.


Izuku olhou para Uraraka, que parecia se divertir com todas as sugestões absurdas que saiam da boca das meninas. Elas pareciam não ter entendido a gravidade do problema. Estávamos falando sobre Todoroki Shouto, o cara mais cobiçado daquela escola, o garoto com o coração mais gelado daquela sala.


— Não posso fazer isso. Todoroki-kun vai me rejeitar, eu conheço ele! — o sardento disse em um bom tom e as garotas voltaram seus olhares para ele.


— Se ele ferir seu coração, revide. Faça-o pagar. Aproveite os treinos para bater nele e falar que foi sem querer.  — Kyoka piscou para o menor e Ashido gargalhou alto.


— Não posso fazer isso, eu preciso pensar sobre o assunto. — Midoriya Izuku falou calmo e levantou da cama — Mais tarde eu converso com todas vocês sobre minha decisão. Vou para o meu quarto pensar um pouco.


As heroínas assentiram e não impediram Izuku de sair. Deku caminhou com pressa pelo corredor feminino e saiu daquela área o mais rápido possível. Ele chegou na sala, onde Kaminari estava. O loiro estava sentado no sofá e assistia ao noticiário local, assim que ele notou a presença do menor, acabou sorrindo radiante.


— Midoriya! O All Might quer te ver, ele estava te procurando. Acho que é algo importante — Denki comentou sem muito interessante e o esverdeado franziu seus lábios e suspirou.


— Obrigado, vou falar com ele. Ele está na sala dos professores? — ele perguntou e o louro deu de ombros e voltou a assistir TV.


Izuku suspirou e caminhou até a saída do dormitório. A tarde estava um pouco fria, o que era estranho já que eles estavam no verão. Pássaros cantavam alegremente nas árvores e alguns outros alunos passeavam pelo caminho que levava até a escola.


O herói soltou um logo suspiro pesado e respirou o ar fresco, o vento gentil balançou seu cabelo quase cacheado e encheu seus pulmões. Ele caminhou até a grama verde e deitou-se no chão, assim fitando o céu azul que estava cheio de nuvens com diversos formatos inusitados. O garoto tampou seus olhos com seu braço e pensou um na situação de agora a pouco. 


O que as meninas sugeriram em relação a Todoroki era loucura. Izuku não podia provocá-lo sem motivos e muito menos o espancar, mas também não havia outras maneiras de chamar sua atenção, se ele abrisse o jogo seria rejeitado, se guardasse seus sentimentos, morreria afogado ou dilacerado. O amor é como uma faca, as vezes você segura a proteção e outras vezes se machuca segurando a gume. O que te deixa vivo também pode te matar. 


Relacionamentos homoafetivos não eram iguais aos relacionamentos heterossexuais. Nunca seriam. Shouto poderia o odiar por conta da declaração, poderia se afastar. Isso doeria mais que uma rejeição.


— Ei, Izuku! — uma voz preocupada atrapalhou os pensamentos ansiosos de Midoriya, que retirou seu braço do rosto e abriu seus olhos. Ele fitou Todoroki Shouto, que o olhava preocupado e nada feliz.


Na verdade, ele nunca estava feliz. Midoriya pensou.


— O professor All Might está procurando por você. — o bicolor falou sem nenhuma cerimônia. Mid sentou-se no gramado e passou seus dedos pelo seu cabelo desgrenhado. Shouto se agachou e fitou o menor intensamente. — Precisamos conversar. Preciso que você venha ao meu quarto antes de dormir, você sabe, não quero que ninguém nos escute.


— O-Okay! Passarei lá antes de dormir — Izuku balbuciou e sentiu suas bochechas esquentarem assim que ele percebeu a mínima distância que o separava do meio-a-meio.


Todoroki levantou-se e virou seus calcanhares, com seu típico desinteresse ele caminhou até os dormitórios sem nem dizer um "até logo". Midoriya sentia suas pernas bambas, então nem pensou em levantar.


Sobre o que All Might queria falar e porque ele parecia tão desesperado para encontrar seu pupilo?


Uma sensação estranha tomou o esverdeado. Um frio na barriga estranho. Era a típica sensação que ele tinha quando estava lutando contra vilões, a sensação de perigo; alerta. Algo estava errado, mas ele não sabia o quê.


Assustado, ele levantou do chão e se dirigiu até a UA, afinal, não era sempre que o símbolo da paz ia a sua procura.


[...]


— All Might? Com licença! — Izuku falou cordialmente enquanto olhava pelo vão da porta para seu professor que estava sentado em um sofá azul e tomava um pouco de chá, sua expressão não era uma das melhores. — Soube que você estava me procurando. Queria falar comigo?


— Midoriya, precisamos conversar — o professor suspirou pesadamente e colocou a xícara de chá na mesa baixa de madeira. Seus olhos escuros vacilaram ao olhar para o esverdeado, e isso preocupou Izuku. —  A liga dos vilões está sendo investigada, não tenho informações detalhadas sobre o que eles querem, mas tenho uma ideia do que seja...


— É o que eles querem, sensei? 


All might tomou um longo suspiro pesado, ele coçou sua cabeça e se afundou no estofado do sofá azul. 


— Roubar sua individualidade, jovem. — ele respondeu quase num sussurrou, Midoriya achou até que estava ouvindo errado, mas tinha certeza absoluta do que tinha escutado.


— Roubar minha... Espera, isso é realmente possível?! Eles podem fazer isso? — Izuku questionou perplexo com a possibilidade.


Ele havia pegado o poder de All Might através de seu cabelo, então era possível que fizessem o mesmo com ele. Parecia tão idiota. Havia tantas maneiras de roubar o ofa dele que chegava a ser engraçado. Ele não estava seguro.


— Eu não sei. Eu sei que você gosta de sair com os seus amigos, mas peço que tenha cuidado com o que faz. — Toshinori soltou um suspiro pesado e apertou o canto de seus olhos. Ele olhou para Midoriya novamente e sorriu passivo — Como foi a festa ontem? Soube que você beijou alguém, foi alguma menina? Um dia irei conhecê-la?


O rosto de Midoriya esquentou e ele sentiu seu coração acelerar.


— Oru Maito! — Izuku falou em um tom de repreensão e viu o mais velho gargalhar com aquilo. 


Certas vezes, seu professor agia feito um pai preocupado, talvez Deku realmente sentisse uma ligação paterna com All Might, mas seria estranho falar isso para ele.


— Você está treinando suas individualidades? Precisa de ajuda? — questionou.


— Ainda não comecei, estive sobrecarregado essa semana e hoje estou um pouco fora do ar. Quem sabe amanhã eu comece — o sardento respondeu calmo e colocou uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha. All might levantou do sofá e caminhou em sua direção, ele tocou no ombro do esverdeado e sorriu orgulhoso.


— Você tem crescido rápido demais. Me deixe saber caso precise de ajuda com garotas, ouviu?


Midoriya sorriu envergonhado e virou seu rosto.


— Você está liberado. Eu só tinha isso para te falar — o símbolo da paz finalizou e seu pupilo assentiu com a cabeça e se despediu, ele virou seus calcanhares e novamente sentiu a mão de seu professor em seu ombro. — Tenha cuidado. 


Izuku meneou com a cabeça e caminhou para fora da sala onde estava. Seu pressentimento estranho continuava latejando em seu peito, igual um dente doendo. Algo parecia estranho. Algo parecia estar errado. Enquanto caminhava pelo corredor, o esverdeado olhou sobre o seu ombro e observou seu professor, que o olhava sério, um pouco preocupado.


Mas o que estava preocupando? A possibilidade da liga roubar o ofa? Não. Izuku suspirou e forçou sua cabeça a pensar. All Might nunca ficaria preocupado por aquilo, afinal, o próprio Midoriya já havia lutado contra vários vilões fortes.


Se não era a liga que estava o perturbando, então o que era? O que diabos estava acontecendo?


O menino soltou um suspiro pesado e colocou suas mãos atrás de seu pescoço, ele tombou sua cabeça para trás e esperou com que o silêncio da escola — por hora — desabitada o envolvesse. All Might estava certo sobre uma coisa, ele precisava treinar seu poder, e havia um lugar onde ele podia fazer isso. Um lugar calmo. Sem pensar duas vezes Midoriya se dirigiu até lá.


[...]


Por voltas das seis horas o esverdeado saiu da ginásio de treinamento. Lá estava vazio, os alunos do primeiro e segundo haviam pego outros cenários para treinar e isso não foi um incômodo. Midoriya andava lentamente em direção ao seu dormitório, o suor agora frio escorria por sua bochecha rubra e por seu tórax. O vento gélido da noite o favorecia com borrifadas leves que diminuiam o calor gradativamente. 


Deku não havia pensando em nada enquanto estava treinando, então para ele foi uma surpresa ser atacado por Mina Ashido assim que ele entrou na sala do dormitório.


— Você pensou?! — a garota perguntou com um sorriso enorme e o outro negou um pouco relutante — Poxa! É injusto! Você deveria ter-


— Eu sei, me desculpe. Estive ocupado com outras coisas — ele respondeu exausto e um semblante triste surgiu no rosto da heroína, que abraçou a si mesma.


— Ei Midoriya, sua mente trabalha igual uma máquina quando alguém que você gosta está precisando de ajuda, mas quando se trata do seus próprios sentimentos, você nunca sabe o que fazer, não é?— Mina falou monótona. Ela não parecia estar querendo atacar ou insinuar algo, mas Midoriya sentiu-se atacado.


A carapuça havia servido perfeitamente e agora ele estava preso naquela verdade incontestável. Ele tinha uma facilidade absurda em lidar com problemas que não eram dele, mas os seus próprios problemas eram esquecidos. Amassados dentro de seu peito e jogados para um lugar qualquer, feito uma latinha velha. 


Izuku a ignorou, não porquê quis, mas sim porque ficou envergonhado com aquelas palavras certeiras. Ele foi até o banheiro de seu quarto, se despiu e tomou um longo banho na banheira. O cansaço rotineiro o cobriu feito uma coberta pesada, de uma hora para outra os seus olhos ganharam um peso extra e ele pensou em ir para sua cama e deitar, mas um lampejo surgiu em sua mente e ele lembrou-se que havia marcado de se encontrar com Todoroki Shouto em seu quarto.


Midoriya pensou na razão pela qual seu amigo não havia apenas enviado uma mensagem ou contado o que queria conversar quando eles haviam se encontrado mais cedo. O que quer que fosse deveria ser tão íntimo que precisava ser escondido?


Novamente, ele respirou fundo e relaxou.


Talvez não seja nada, talvez eu esteja apenas imaginando coisas, de novo. Midoriya pensou consigo mesmo e levantou da banheira.


Ele se secou e se trocou, deitou na cama e fitou o teto branco do quarto. Ele precisava falar com Todoroki.


Um pouco relutante, ele levantou da cama e caminhou até o corredor, com calma foi até o quarto do bicolor e deu três batidas em sua porta. Não demorou muito para que gritassem "pode entrar". Obediente, Midoriya entrou no cômodo e sorriu ansioso.


— Ei, Todoroki-Kun... — Izuku começou, ele estava envergonhado por estar ali novamente, desta vez não eram circunstâncias vergonhosas mas estar naquele quarto o deixava nervoso, era como se ele estivesse esperando por alguém pular das sombras e gritar "Rá! Te peguei!" — Estou incomodando?


Todoroki sentou na cama. Ele lia algum mangá que não foi possível identificar o nome, sua dor de cabeça parecia ter passado.


— Podemos conversar? — pediu.


— Claro.


— Escute, você é o meu... Melhor amigo. Eu não me imagino falando sobre isso para mais ninguém e não sabia como te abordar sobre esse assunto... — sua voz saiu fraca e um pouco ensaiada. Izuku sentiu que, mais uma vez, seu amigo havia ensaiado aquelas palavras na frente de um espelho. — Você já se apaixonou por alguém?


Midoriya engoliu em seco e seu coração apertou. Shouto estava apaixonado.


E com certeza não é por você. Sua mente riu.


— Sim, por quê? 


— Como é? Como é se apaixonar por alguém? Alguém de verdade. 


Izuku soltou um suspiro pesado e se aproximou da escrivaninha de madeira escura, onde estava seu notebook e alguns mangás que não couberam nos nichos. O esverdeado pegou um mangá qualquer e o folheou com pressa. Era um mangá de romance. Adachi to Shimamura. Romance LGBTQI . Midoriya franziu seu cenho.


— É uma sensação diferente. É como se você estivesse voando. Amar é igual plantar uma flor, você planta a semente e espera ela germinar, por sorte, você verá uma flor bonita nascer, se não tiver sorte, a verá morrer. — Izuku pensou um pouco mais, definitivamente aquelas não foram as melhores palavras para se usar — Quando você se apaixona, o mundo parece ficar mais colorido. Você deseja estar com essa pessoa, a deseja mais do que tudo. E quando falo sobre desejo não é algo carnal feito sexo, você deseja beijar essa pessoa, sente a necessidade de amá-la. Quando você está apaixonado, o sorriso dessa pessoa se torna o seu novo motivo de viver.


Midoriya colocou o mangá no lugar e pegou outro. Assim que ele viu a capa, teve um sobressalto. Era um mangá yaoi. Dois garotos se beijando. Mangás lgbtqi . 


— Entendo. 


— Todoroki? — Midoriya o chamou baixinho e o bicolor levantou o olhar.


— Você está se sentindo bem? — sua voz falhou assim que ele viu o mangá— Ei! Não mexa nas minhas coisas.


Rapidamente ele levantou da cama e puxou o mangá das mãos do esverdeado, que se afastou rapidamente.


— D-Desculpe. Por que você lê coisas assim? Seu pai não é...


— Não. Devemos ser mente aberta, não é? Só penso assim.


Ele estava mentindo. Escondendo algo.


— Você não está sendo sincero. 


Todoroki penteou seus cabelos para trás e fitou Midoriya nos olhos. Ele estava corado, seus olhos heterocromados tremiam. Ele estava com medo. Ou pior. Estava envergonhado. Por causa dos mangás? Não. Havia outra coisa. 


— Midoriya, você lembra do que me falou ontem a noite? Pois bem, eu quero que você faça isso agora. — ele desviou o olhar e falou lentamente. 


Midoriya piscou seus olhos e se afastou um pouco mais. Até que foi parado pela parede. Todoroki caminhou até ele e o prendeu contra a parede. Delicadamente ele segurou o rosto do sardento e o olhou no fundo dos olhos. Um olhar intenso, mas repleto de medo e incertezas.


— Todoroki-Kun?


— Midoriya, eu estou sóbrio agora, faça.





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