P.O.V Cry Baby
(...)
Pego sua mão e vou em direção ao parque, já vi que vai ser um encontro divertido.
O Parque fica próximo ao centro da cidade, o caminho pra lá é pacato, o dia está ensolarado e o clima está agradável. Andamos lado a lado na rua, ele segura minha mão enquanto leva minha bicicleta com a outra, Johnny é muito fofo, suas mãos macias seguram a minha com tanta firmeza e carinho, eu acho que ele realmente gosta de mim...
- Então... Você tem medo de aprender a andar de bicicleta? - Pergunto.
- Um pouco, andar de bicicleta em si não é o mais aterrorizante, cair e se machucar é o que me causa medo.
- Mas você sabe que eu estou aqui, se você cair eu te ajudo a levantar e colocar um curativo no machucado, eu trouxe BandAids.
- Você é adorável Cry Baby, eu acho que... – Ele fala e hesita no final.
- Acha o que?
- Que eu gosto de você.
- Eu acho que também gosto de você... - Eu falo olhando-o com timidez, ele retribui o olhar e paramos de andar. Ficamos parados na calçada se olhando, nem percebemos que estamos na entrada do parque, só nos tocamos quando uma folhinha cai sobre meu nariz e me faz espirrar.
- Atchim!
- Saúde.
- Obrigada – falo e dou uma risadinha – Olha, chegamos ao parque. – Falo pegando sua mão e arrastando-o até dentro do lugar.
O parque está vazio e fresco, a leve brisa paira sobre os arbustos e o brilho do sol cruza os espaços entre as folhas das árvores, o visual dali é tão lindo que eu poderia apenas ficar parada aqui, sentada ao lado de Johnny olhando essa paisagem, mas é um encontro e temos um compromisso com uma bicicleta sem rodinhas.
- Você acha que aqui é um bom lugar pra andar? – Ele pergunta.
- é sim, é plano e não tem muitas pedras.
- Ahh, que tal esquecermos essa ideia? Sabe, vamos andar por aí, dar uma passada no lago, ver patos...
- Para disso, sobe logo na bicicleta.
- Tá bom, mas você pode deixar as rodinhas?
- Johnny! Assim você nunca vai aprender a andar de verdade.
- Mas eu tenho medo de cair, você sabe disso...
- Eu prometo segurar a bicicleta.
- De verdade? Você não vai empurrar forte, ou vai?
- Fica calmo, eu juro não deixar você cair se você tirar as rodinhas.
- Mas as rodinhas são o que nos protegem, me protege pelo menos...
- Sabe, se você realmente me ama, deveria passar para o próximo nível, sem as rodinhas.
- Mas é muito perigoso, eu posso cair em cima de você, ai vou te machucar.
- Eu já disse que eu vou te segurar, não vou deixar você cair, eu tomo cuidado. Confia em mim.
- Tá bom – Ele disse se sentando na bicicleta.
Me abaixo e começo a tirar as rodinhas da bicicleta, pode ser que ele caia, mas temos que confiar um no outro, sem falar que ele já está grandinho e tem que evoluir, ficar andando com bicicleta de rodinhas só vai atrasa-lo.
- Pronto? - Pergunto segurando seu banco.
- Eu acho que sim...
- Então vai, pedala.
Johnny começa a mexer suas pernas, as rodas começam a girar e a bicicleta começa a avançar para frente, seguro firme no banco, eu odiaria ver o Johhny se machucando, eu o amo tanto. Conforme a bicicleta andava eu ia segurando com menos firmeza no banco e deixando o conduzi-la sozinha, ele está indo tão bem que já me sinto segura de deixa-lo ir sozinho. Então eu finalmente solto seu banco e... ele cai, igual uma jaca madura.
- SUA BURRA DO CARALHO EU FALEI PRA VOCÊ SEGURAR PORRA. – Ele grita comigo enquanto passa a mão pelo machucado que fez na perna.
- Mas se eu não soltasse você não ia aprender. Você estava andando tão bem que eu me senti segura de deixar você ir sozinho.
- PELO VISTO EU NÃO APRENDI PORRA NENHUMA, SÓ O QUE EU CONSEGUI FOI UM MACHUCADO, SUA BURRA. BURRA, BURRA, BURRA!
- Me desculpa – Falo me aproximando dele e pegando alguns curativos. – Fica calmo que eu vou arrumar esse machucado.
Ajoelho-me perto dele e coloco um BandAid, depois dou um beijinho.
- Olha me desculpa por te xingar tanto, é que eu não gosto de machucar, fiquei irritado... – Ele falou enquanto eu arrumava o curativo em seu joelho.
- Tudo bem, eu entendo... Não importa o quanto você me xingue, eu te amo ok?
- Ok – ele fala e dá uma risada, depois nos beijamos.
- Vamos tentar mais uma vez. – Digo ajudando-o a se levantar do chão e se sentar na bicicleta. – Dessa vez vamos fazer um pouco diferente, eu vou segurando o banco até você pegar equilíbrio, quando você estiver pronto pode falar pra eu soltar.
- Tá bom, esse jeito parece ser melhor, a gente consegue se entender melhor assim. – Ele fala se acomodando na bicicleta e posicionando seus pés nos pedais.
- Pronto?
- Pronto!
- Então vai, pedala! – Falo e Johnny começa a pedalar entusiasmado. A bicicleta vai avançando lentamente pelo caminho e depois começa a ir mais rápido. Vou soltando o banco aos poucos e então vejo que Johnny está praticamente andando sozinho.
- Posso soltar?
- Pode! - Johhny fala e eu solto o banco da bicicleta na hora, e finalmente, ele anda sozinho, cambaleando um pouco, mas anda.
- Eu consegui Cry Baby, eu consegui! – Johnny falou enquanto pedalava sozinho pelo caminho.
- Aeeee – Digo enquanto bato palmas e dou pulinhos de alegria – Agora faz a curva pra chegar até mim!
Johnny chega ao final na trilha e começa a virar lentamente o guidão, ele treme um pouco e fico com medo dele cair, mas logo ele vira a bicicleta por completo e pedala em minha direção.
- Sai da frente que vou te atropelar!
- Nem se você quisesse faria isso!
- Duvida?
- Duvido! – Digo e Johnny começa a pedalar mais rapidamente. Ele se aproxima de mim e fico com medo dele realmente me atropelar, mas quando ele chega perto diminui a velocidade e fica pedalando em volta de mim.
- Eu disse, você não é capaz de me machucar.
- Pois é, eu acho que não sou mesmo. – Johnny disse e nos dois damos risada. – Esse foi um dos melhores encontros que eu já tive.
- Foi não, o dia ainda nem acabou, vamos fazer outra coisa.
- Okay – Ele responde e desce da bicicleta - O que vamos fazer?
- Não sei, vamos só ficar por aí, sabe?
- Sei, eu acho...
Deixamos a bicicleta num canto e fomos andar pelo parque, o clima continuava pacato e calmo, como possuía muitas árvores, o parque estava bem arejado, então uma brisa fresca batia sobre meus cabelos e fazia-os voar.
- Vamos ficar aqui – Eu disse puxando Johnny e sentando em um toquinho de madeira.
- Fazendo o que?
- Sei lá, conversando?
- Pode ser... - Johnny responde e ficamos em silêncio.
- O que você está achando do encontro?
- Eu estou gostando muito, ficar com você é muito bom, eu gosto muito.
- Eu também estou achando bem legal... E depois?
- Depois do que?
- Do encontro.
- A gente vai cada um pra sua casa não é?
- Não Johnny, digo, entre nós, o que vai rolar?
- Vamos ser amigos?
- Amigos?
- É, amigos não é?
- Mas não estamos tendo um encontro pra sermos amigos.
- Ah não?
- Você deve tá brincando comigo. – Falo e me levanto do banco, ficando em pé ao lado dele.
- O que foi Cry Baby? Não vamos ser amigos mais? – Johnny fala e começa a rir, eu sinto a brincadeira em seu tom de voz, mas meus sentimentos não são coisas de ser brincar.
- O que foi? O QUE FOI? SÉRIO ISSO?
- Calma eu estou só brincando. – Johnny fala e se levanta também, ele dá um passo em direção à mim, mas eu dou um passo para trás, se distanciando dele.
- Isso não é brincadeira ok? Eu gosto de você.
- Eu também gosto de você, vamos ser melhores amigos - Johnny fala e começa a vir atrás de mim dando uma risada, confesso que a ironia dele é engraçada, mas me recuso a rir disso, então começo a andar para longe. – Hey Cry Baby, volta aqui! - Johnny fala e começa a acelerar o passo, tento andar mais rápido que ele, mas ele me agarra pela cintura e me levanta, levando-me até onde estávamos.
- Me solta Johnny, eu quero ir embora! – Falo enquanto me debato nos braços dele.
- Se você não me deixar falar vou fazer cosquinha! – Ele fala e começa a fazer cócegas em minha barriga e braços, começo a rir e dar tapas em seus braços. – Ai Cry Baby, assim você me machuca, embora você fique muito fofa brava.
- Fofa é o caralho, me larga agora!- Falo e ele me põe no chão.
- Tá bom eu te solto sua raivosa, agora me escuta, eu estava brincando ok? Eu te amo e você sabe disso, se eu não te amasse eu teria ido embora na hora que você soltou a bicicleta, se eu não te amasse eu nem teria aceito vir ao encontro.
- Hm, não me convenceu – Menti, estava me fazendo de difícil. Virei-me de costas para ele e comecei a andar, enquanto andava ele pegou minha mão e me fez virar para ele.
- Cry Baby, fica - Johhny disse com carinha de cachorrinho e começou a rodar comigo. Aquilo parecia realmente muito infantil, mas eu não liguei, continuei rodando com ele. Trocamos olhares enquanto girávamos, até que eu não aguentei e comecei a sorrir, aquilo estava sendo realmente incrível. – Já falei que você tá muito linda hoje?
- Acho que já...
- Então vou falar de novo, você está linda hoje, ainda mais quando dá um sorriso. – Johnny diz e eu não me seguro, dou outro sorriso de orelha a orelha.
Começo a ficar tonta e paro de rodar, então paro no lugar e tento retomar o equilíbrio. Johnny se senta no banquinho.
- Johnny.
-Oi – Diz Johnny ofegante, ele estava bem cansado.
- PEGA PEGA! – Falo e começo a correr saltitando em volta do banquinho.
- Não Cry Baby, me deixa respirar senão minha Asma ataca.
- Eu sou menos importante que a asma? Vem logo!
- NÃO, espera eu respirar merda!
- Ai nossa não precisava gritar. – Falo e faço cara de triste. – Ficar pulando me deu calor, fecha os olhos.
- Por que?
- Porque eu vou tirar minha saia ué, você não pode ver.
- Tá então... – Johnny fala e tapa os olhos com as mãos, então tiro minha saia.
- Já pode olhar?
-Não – Falo e deixo a saia no canto. Decido dar um susto nele, então silenciosamente vou me aproximando e agarro suas pernas – OLHA A COBRA!
-AI CARALHO, VOCÊ ME ASSUSTOU PORRA! – Disse Johhny dando um pulo e se distanciando de mim.
- Qual é Johnny, aqui é um parque, achou mesmo que ia ter cobra?
- Não interessa, eu tenho medo. – Ele disse ficando parado atrás do toco de madeira. Me aproximo e fico de frente para ele. Levanto minha mão o objetivo de tocar em seu cabelo, mas ele levanta a mesma mão e tocamos uma na outra. Novamente tento levantar minha outra mão, mas de novo ele levanta a dele nos tocamos, é fofo, mas estranho.
- Tá me imitando é?
- Talvez eu esteja... – Johnny diz e dá uma risada.
- Aé? Imita isso então. – Falo e coloco uma perna sobre o toquinho de madeira, me inclinado para beija-lo. Ele se inclina de volta e quando vamos nos beijar eu viro minha cabeça e vou para trás.
- Ei, eu ia te beijar.
- Eu sei – Falo e dou uma risada, ainda virada de costas para ele. – Tá ficando meio tarde a gente devia... Johnny? – Eu falei e olhei para trás, mas ele não estava mais lá. Pra onde ele foi? Começo a procura-lo achando que ele se escondeu ou algo do tipo, mas não. Volto para o começo do parque e pego minha bicicleta para voltar pra casa
Estava anoitecendo e aquele caminho para casa ainda parecia encantador, embora eu não esteja com o Johnny agora, o dia de hoje foi bem legal e isso me faz olhar tudo diferente. Chego em casa e vejo que tem algo na frente da porta de casa, então largo a bicicleta na calçada e subo as escadas que dão à entrada da porta, chegando perto do objeto. Era uma cestinha com florezinhas e doces, tinha um bilhete lá, então pego o papel e começo a ler.
Cry Baby
Nosso encontro foi mais Doce que essas Balas
E mais encantador que essas flores
Decidi que daqui pra frente, você é minha prioridade
E por você, eu tiro as rodinhas
Johnny .
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.