Draco, Clara e Ethan, que dormia no colo da irmã, estavam no corredor do hospital bruxo esperando notícias de Hermione. O loiro estava impaciente. Teve que deixar Hermione ali e ir ajudar a Clara em casa, mas agora queria saber dela. Um homem se aproximou e Draco levantou com pressa. Clara continuou sentada, pois Ethan estava em seu colo.
— Ela está bem?
— Está sim.
— E o bebê? — perguntou e olhou Clara, que abaixou o olhar.
— Sinto muito... Mas com a pancada...
Draco desviou o olhar do homem. Se sentia extremamente enfurecido com o que os dois tinham armado e agora por isso. Se o Ethan não estivesse naquele lugar...
— Podemos vê-la? — Clara perguntou e Draco voltou de seus pensamentos de tortura.
— É claro. Venham comigo.
Draco pegou o pequeno de Clara e os dois seguiram o homem. Quando entraram no quarto, perceberam que Hermione dormia. Draco colocou Ethan no sofá que tinha ali e se aproximou dela. Clara estava de um lado da cama e ele de outro.
— Você viu que feitiço ela usou?
— Não. Vocês estavam falando alto e...
— E...?
— Eu estava tendo visões.
O loiro a olhou surpreso.
— Como assim? Pensei que só visse dormindo...
— Parece que algo mudou — disse olhando sua mãe, que respirava lentamente.
Draco ficou em silêncio observando sua filha. O jeito que ela ficou naquela casa o assustou... Mas agora isso não era o mais importante.
— Será que ela fica bem?
— É claro.
— Tem certeza?
— Por que está perguntando isso? — Clara o olhou.
— Você não contou que isso ia acontecer.
— Eu não sabia como aconteceria.
— Mas sabia que ia acontecer.
— Eu só sabia que ele não ia nascer. Por isso não tinha futuro, mas eu não queria falar isso pra ela.
— Entendi... — Fez carinho na cabeça de Hermione.
— Acho melhor eu ir pra casa e levar o Ethan.
— Não!
— Mas a gente não pode ficar aqui.
— Não vou deixar vocês sozinhos.
— A gente pode ir pra casa do Harry então...
Draco ficou pensativo.
— Tudo bem.
O loiro levou os dois para lá depois de perguntar a Gina se poderiam passar a noite. A ruiva os recebeu e ficou conversando um pouco com a Clara.
— Que merda... Eu nem sabia que ela estava grávida!
— Eles esperaram eu chegar pra contar.
— Que coisa horrível — disse Alyce.
— O importante é que minha mãe está bem.
— E que você está aqui. Eles poderiam ter te levado.
— Não ficaria muito tempo lá...
Alyce e Gina trocaram olhares.
— Como assim?
— Deixa pra lá.
***
Draco estava sentado em uma poltrona ao lado da cama de Hermione. Pensava em tudo que passou nesse dia esquisito. O que deu em Clara? Como ela fez aquelas coisas? Isso é normal ou está ficando fora de controle? Tantas perguntas que já estava ficando louco!
Hermione se mexeu e abriu os olhos lentamente. Quando o loiro viu que ela acordou, levantou e se aproximou.
— O que aconteceu?
Draco explicou que ela teve um acidente e que estavam no hospital bruxo.
— Cadê a Clara e o Ethan?
— Estão com a Gina.
— O que eu tenho?
Draco ficou em silêncio. Pensava na melhor forma de dizer a ela.
— Jenny te acertou com algum feitiço e...
— Eu perdi o bebê...
O loiro concordou fracamente. Hermione mordeu o lábio inferior e seus olhos se encheram de lágrimas. Draco se aproximou e colocou as mãos no rosto dela e ficou com o seu bem perto.
— Não fica assim, por favor...
Hermione começou a chorar com vontade. Draco a puxou e a fez sentar na cama e a abraçou apertado. Os dois ficaram em silêncio abraçados, Hermione se derramava em lágrimas enquanto Draco a apertava e derramava lágrimas silenciosas.
— Onde eles estão?
— Vão ser julgados por falsificar uma carta do ministro e por te atacarem...
— O que aconteceu depois que eu fui atacada?
Draco engoliu em seco. Não sabia se contava da situação de Clara a ela, muita informação.
— Melhor você descansar.
— Draco o que aconteceu?
— Jenny queria saber de quem era a criança, aí eu falei que era meu e depois te trouxe pra cá.
— E a parte que não quer me contar?
— Não tem parte que não quero contar...
— Eu sei que tem.
— Ok, conto outro dia.
— Eu quero saber, Draco.
— Hoje não. Vai dormir.
— Como vou dormir com esse suspense todo?
— Já volto.
— Vai aonde?
Ele não respondeu e saiu do quarto. Em pouco tempo o loiro voltou com um médico.
— Beba essa poção.
— Pra que é?
— Para você relaxar.
Hermione pegou e tomou. O homem saiu do quarto depois que ela bebeu.
— Agora deita.
— Eu não vou conseguir dormir, Draco! Me conta!
— Amanhã...
Hermione sentiu os olhos pesados, ela deitou na cama e aos poucos eles fecharam. Draco respirou fundo. Não tinha opção a não ser dar algo para ela dormir, senão ficaria a noite toda perguntando.
No dia seguinte Clara acordou com alguém a sacudindo levemente. A garota abriu os olhos e viu seu irmão.
— Que foi?
— Cadê minha mãe?
— Ela está no médico.
— Por quê?
— Porque estava se sentindo cansada e foi ver se ele dava alguma poção pra animá-la.
— Eu quero ver ela.
— Daqui a pouco a gente vai lá.
— Mas eu quero agora...
— Ethan a gente vai quando puder.
O pequeno fez bico e cara de quem ia chorar. Clara suspirou e o puxou para deitar ao seu lado.
Alguém bateu na porta e ela se abriu.
— Bom dia, Clarinha. Vamos comer? O café está na mesa.
Alyce deu um pulo da cama e saiu do quarto correndo. Clara dormia no colchão no chão.
— Eu já vou.
— Melhor correr ou ela pode comer tudo.
As duas riram.
— Mas eu também estou com fome — Ethan falou fazendo elas rirem mais.
Depois de trocar de roupa, foi tomar café da manhã. Harry também estava sentado à mesa.
— Você está bem?
— Sim. Sabe da minha mãe?
— Ela já vai ser liberada.
— Eu quero vê-la.
— Come primeiro Ethan.
— Mas eu quero a minha mãe...
— E vai deixar essa panqueca deliciosa? — Gina apareceu com um prato cheio delas. Ethan olhou a comida na mesa e depois Gina, que tinha um sorriso maroto.
— Posso comer antes.
Todos riram.
A campainha tocou e Gina foi até a porta. Em pouco tempo apareceu na cozinha com o Alex. Clara engoliu em seco.
O ruivo cumprimentou a todos e quando foi dar um selinho em Clara, ela virou o rosto, fazendo ele beijar sua bochecha. O ruivo a olhou confuso, mas resolveu não perguntar nada.
Depois de comer, Harry e Gina saíram da cozinha e Ethan foi atrás deles.
— Quando soube o que aconteceu, vim correndo pra cá — Alex falou fazendo carinho no cabelo de Clara.
— Vou tomar banho... — Alyce saiu da cozinha.
— Alex... A gente precisa conversar...
— O que foi?
— É que...
— Fala Clara, estou te achando tão estranha...
— Não sei como falar isso, mas eu... — pausa bem grande. — Eu acho melhor a gente ser só amigos.
Os dois ficaram em silêncio se olhando.
— Clara eu sinto muito por aquilo no baile eu...
— Não é por isso que estou falando, Alex.
— Então por que?
— Eu não consegui esquecer o Enrico.
Silêncio. Alex a olhava sério enquanto ela esperava alguma reação.
— E como eu disse, não quero te machucar por causa disso. Então prefiro que sejamos amigos.
— Você está com ele?
— Não, Alex.
— Tem certeza?
— Por que está perguntando?
— Porque no baile vocês dois sumiram. Eu achei que você tinha ficado chateada com o que eu fiz e que não ia voltar lá, mas agora que me disse isso... Acho que estava com ele.
Clara fechou os olhos suspirando pesadamente. Não gostava e nem conseguia mentir.
— Ele me encontrou depois do aconteceu entre a gente... — Alex desviou o olhar. — Disse que ouviu quando você conversava com um menino sobre o que ia fazer no dia do baile. — Alex engoliu em seco. — É verdade?
Os dois ficaram em silêncio se olhando.
— É.
Clara o olhou indignada.
— Um garoto me falou umas coisas e eu acabei seguindo o que ele disse... Eu sinto muito de verdade.
— Não achei que fosse influenciável assim, Alex.
— Eu não sou.
— Mas você fez o que ele influenciou.
— Fiz porque queria fazer com você.
Clara desviou o olhar.
— Mas eu fui um completo idiota e agora ele está no topo outra vez, sinto muito.
— Está tudo bem, Alex. Amigos? — perguntou estendendo a mão para ele apertar.
— Amigos. — Apertou a mão dela e os dois sorriram.
***
Hermione esperava impaciente alguém vir liberá-la. Estava nervosa porque Draco tinha a colocado para dormir e não contou o que aconteceu na noite anterior.
— Para com isso, Hermione! Que droga! Depois eu conto.
— Eu quero saber agora! Por que não fala logo?
— Não quero te deixar nervosa.
— Sinto muito te desapontar, mas eu já estou!
Draco suspirou. Quando ia começar a falar, o médico entrou no quarto. Depois de examiná-la, ele a liberou e pediu que ficasse de repouso absoluto. Os dois foram embora para casa e quando chegaram, foram direto para o quarto. Hermione sentou na cama.
— Pode começar.
Draco, sem opção, sentou de frente para ela e contou tudo o que aconteceu no dia que foi atacada. Hermione ficou uns segundo em silêncio com a boca um pouco aberta.
— Acha que precisamos...
— O que?
— Fazer alguma coisa, levá-la a um medibruxo de confiança...
— Será que ele saberia o que é isso?
— Não sei, mas isso me preocupa. Pode ser perigoso.
— Acho que tem uma amiga da minha mãe que conhece um bruxo que sabe de poderes fortes assim...
— Será que ele saberia o que fazer?
— Não sei. Vou chamar minha mãe e ver o que ela acha.
— Tudo bem.
O loiro saiu do quarto e Hermione se cobriu com a coberta. Estava extremamente preocupada com Clara. Temia que algo pudesse acontecer com ela. Ainda mais que os dois viram do que ela é capaz.
Assim que recebeu o chamado, Narcisa foi de encontro a seu filho. Quando chegou, notou a preocupação em seu rosto.
— O que aconteceu?
— Senta aí.
A mulher se sentou e não tirou os olhos dele.
— Que foi?
Draco contou a ela tudo que aconteceu e o que Clara fez. Assim que terminou a história, os dois ficaram em silêncio se olhando.
— Você acha que ele pode ajudar?
— Vou conversar com ela pra ver.
— Vou esperar resposta.
Narcisa deu um beijo em seu filho e saiu à procura de sua amiga. Draco voltou ao quarto e sentou ao lado de Hermione na cama. O loiro a abraçou forte.
— Vai ficar tudo bem.
— Espero...
***
Narcisa foi até a casa de sua amiga para conversar sobre a Clara. A mulher a recebeu e as duas se sentaram à mesa para tomar um chá.
— Então sua neta tem poderes diferenciados...
— Sim. No início achamos que não ia dar em nada e que só ficaria no que sabíamos, mas agora ela está diferente.
— Ruim ou bom? — Deu uma golada no chá.
— Dessa vez foi ruim.
— Vou chamar ele aqui.
— Obrigada.
Duas horas depois um homem barbudo apareceu. Parecia ser bem velho, até um pouco mais do que Minerva. A amiga de Narcisa o convidou para entrar e explicou a situação a ele.
— Eu posso vê-la?
— Acha que tem algo errado?
— Errado não. Só acho que os poderes que ela tem são extremamente fortes e a cada dia que passa, aumentam.
— Isso é perigoso? — perguntou preocupada.
— Depende do lado que escolheu.
— Como assim?
— Se ela escolher o lado das trevas, temo por todos nós.
As mulheres trocaram olhares.
— Mas se escolheu o lado da luz, pode fazer coisas grandes.
— Como eu posso saber o lado que ela escolheu?
— Essa situação que você contou que ela passou, só me mostrou que está forte e que defenderia sua família a qualquer custo. Não sei dizer o lado que ela escolheu, às vezes ainda não está concreto também a decisão.
— Sei... Mas ela fez uma coisa uma vez...
— O que?
Narcisa contou do dia que viu sua neta brilhar em frente a escada da casa de seu filho.
— Hum... Isso é bom. Mostra que ainda é do bem.
— Não acho que ela ficaria do mal.
— Não podemos descartar nada, afinal, ela tem sangue de quem gostava muito de magia das trevas.
Narcisa ficou em silêncio.
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