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História Culpa Del Que Se Enamora - A mágoa amarga o peito


Escrita por: ccarolzis

Notas do Autor


Oi, chamegos!!! Finalmente, voltei! Peço perdão pela demora, mas travei um pouco escrevendo esse capítulo. Tenham paciência que eu volto rapidinho.
Boa leitura!
Música: Perdoa - ANAVITORIA

Capítulo 3 - A mágoa amarga o peito


Quando pensamos no tempo existem vários vieses de pensamentos. Alguns acreditam que ele cura, que ele é capaz de cicatrizar algumas dores. Outros pensam que nunca mais poderemos recuperar o tempo perdido.

Eu, mera escritora, não acredito em "perda de tempo". Penso que podemos ressignificar essa perda, olhar para ela como um momento de colocar as coisas no lugar, se preparar para aquilo que está por vir, seja um estágio, um emprego ou até mesmo um amor.

O tempo que usamos para pensar, sobretudo em nós mesmos, jamais pode ser considerado um tempo desperdiçado. É necessário fazer dele um eterno presente.

Ana e Mariana precisavam se afastar, precisavam se entender sozinhas, para quem sabe se entenderem juntas. Ambas sentiam a falta, a ausência e sabiam que quando voltassem a conviver era questão de tempo para que pudessem se entender.

Algumas semanas se passaram desde que resolveram voltar a ser mãe de duas, quase não se viam, é verdade. Porém, qualquer oportunidade que pudessem observar uma a outra elas aproveitavam.

Ana já havia se acostumado com as sextas, da janela do seu escritório ela tinha uma visão privilegiada de Mariana brincando com as crianças no jardim, passava horas apenas observando os trejeitos da mais nova, a facilidade de se envolver nas brincadeiras, de fazê-las rir. Seu peito ardia de vontade de acompanhá-las, mas seu orgulho sempre foi maior que seu coração e, por hora, preferia apenas admirar de longe aquela cena.

Servín ainda estava confusa sobre Mariana, se sentia atraída por ela, isso era fato. Mas não haviam conversado, a confiança não havia sido restabelecida e nessas semanas elas trocaram algumas farpas, a empresária sempre mais ácida, talvez para se proteger e evitar qualquer aproximação. 

Mariana resolveu que não insistiria, a não ser que Ana desse margem para isso, a relação delas era resumida aos assuntos das crianças, quase nunca via a loira quando ia fazer as visitas, talvez ela tenha achado isso bom, mas hora ou outra, a morena a flagrava  observando pela janela, ficava um pouco sem graça e voltava a brincar com as crianças, pensando em como seria incrível quando Ana, finalmente, se juntasse a elas.

O dia passou rápido, assim que Rô e Ceci chegaram da escola, Alta anunciou que o almoço estava servido. Não demorou muito para que todos estivessem sentados à mesa. 

-Mariana, acho que ainda não te falamos o quanto sentimos a sua falta!- Ceci falou, lançando um sorriso para a morena.

-Eu também senti muita falta daqui e de vocês - falou e olhou nos olhos de todos, demorando um pouco mais nos de Ana.

-Me diz, como que está o planejamento do aplicativo?- A menina falou, para quebrar o silêncio.

-Ah, o aplicativo está indo de vento em polpa. Pablo ja conseguiu resolver o problema do software, agora precisamos de patrocinadores, mas estamos enfrentando problemas, parece que não é muito favorável ter 3 jovens de 24 anos a frente. Eles nos acham irresponsáveis.

-Mas nisso a mamãe podia ajudar vocês, não é?- o mais novo que estava calado se inseriu na conversa. A mais velha se afogou com o suco e Mariana ficou super sem graça. É claro que já tinha pensado em pedir consultoria para Ana, porém na situação que estavam, já não era mais uma opção.

-Ixi!!- Mariana pegou o celular para desviar o assunto quando percebeu que a mais velha havia ficado desconfortável.- Eu não vi o tempo passar e tô mega atrasada para a aula. Beijos! Mais tarde eu volto para pegar a Regi.- Saiu sem deixar margem para continuar a conversa.

As horas pareceram voar enquanto ela estava envolvida nas horas de aula sobre funções matemáticas. Finalmente, já se aproximavam das 18hrs e com isso o término da aula. Caminhou um pouco até que sentiu uma mão puxando seu braço. 

-Mariana, podemos conversar? - Teresa tinha um olhar de súplica - Por favor!

-Nós já conversamos tudo que tínhamos para conversar.- falou se desvencilhando da mãe.

-Não, chica, nós não conversamos, você está há meses fugindo dessa conversa e me evitando. Vamos para aquela cafeteria ali conversar com mais calma?- a outra mulher apontou o dedo para o local e a mais nova assentiu e assim foram.

-Vamos, fale de uma vez, eu preciso ir buscar minha filha na casa da Ana.

-Como assim? Vocês voltaram a se falar?

-Não exatamente, estamos fazendo pelas meninas, mas nada nem próximo do que era antes, graças a você! 

-Ouça, eu sei que errei! Não fui justa com você…

-Você nunca foi mesmo!

-Mariana Herrera, você pode me deixar terminar?

-Hum…- a menina resmungou de braços cruzados olhando fixamente para a mãe com uma cara de poucos amigos.

-Como eu estava dizendo. Não fui justa com você em vários momentos, porém, tudo o que eu fiz foi pensando em proteger você. Eu errei muito quando tinha a sua idade e eu não queria que a sua história fosse igual a minha. E ela não é, sabe por que? Por que nós nunca fomos iguais. Você sempre foi mais responsável, mais sincera, você é incrível.- os olhos da mais velha já estavam inundados de lágrimas e os de Mariana começavam a marejar - Desde que você nasceu eu sabia que o meu mundo ia mudar e eu precisava ser uma pessoa melhor para esse mundo que você ia viver. Agora que você é mãe, eu sei que entende o que eu to querendo dizer. Nós, mães, erramos a todo momento e erramos tentando acertar, erramos porque confundimos o que é melhor para vocês filhos com o que é melhor para nós mães. E não há nada que me machuque mais do que perceber que estou te perdendo aos poucos, de não te sentir mais aqui, de não poder te abraçar, dizer que tudo vai ficar bem, de pensar na possibilidade de você até me odiar e de que eu nunca mais tenha contato com você e com as minhas netas.

-Mãe, eu não odeio você - as lágrimas estavam presentes nos dois pares de olhos que se encaravam- Muito pelo contrário, eu a amo demais, porém eu precisei me afastar para tentar entender tudo o que eu estava sentindo. Eu estava decepcionada com você, descobrindo alguns sentimentos que estavam nascendo, Ana tinha me mandado embora e eu nunca mais tinha visto a Valentina. Esses meses serviram para que eu pudesse refletir muito sobre o que o meu coração fala. E ele vem me dizendo para te perdoar, porque morre de saudade do seu abraço.- as duas se levantaram e finalmente se abraçaram. - e por favor, sem mais mentiras, mesmo que a verdade doa, ela dói bem menos que a decepção da mentira.

Teresa havia cometido muitos erros, talvez o seu maior tenha sido tentar decidir por Mariana o que era o melhor para ela. Mas afinal, não é isso que os nossos pais fazem? A todo tempo acreditam que podem decidir por nós, que podem nos proteger de todo o mal. Eles só esquecem que somos seres humanos diferentes, com evoluções diferentes e que para acertarmos, vamos precisar errar muito. 

Errar nos torna humanos. E Mariana sabia que iria errar e da mesma forma que perdoou a mãe, ansiava que as suas meninas pudessem a perdoar da mesma forma algum dia. 

Ainda conversaram mais alguns minutos, a avó perguntou sobre tudo o que tinha acontecido na vida das meninas enquanto estava afastada. A mais nova mostrava alguns vídeos e fotos que tinha em seu celular. Até que Mariana precisou ir, saiu com a promessa de que falaria com Ana a respeito de Teresa e as crianças.


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-Hoje você demorou! - Servín levantou-se do sofá, assim que Herrera cruzou a porta. Regina dormia tranquilamente no bebê conforto, alheia a todos os movimentos.

-Encontrei uma pessoa pelo caminho, acabei perdendo o horário. - Ana não gostou do sabor amargo que sentiu com a informação.

-Mariana, faça-me o favor! Você "perde o horário" de vir buscar a sua filha por conta de um encontro?

-Ana, o "encontro" foi com a minha mãe.- Um leve alívio se instalou no coração da loira, porém logo se dissipou quando lembrou-se quem era a mãe da mais nova.- Ela veio até mim, pedindo para conversarmos, ela queria que eu a perdoasse e que voltássemos a nos ver.

-Eu não acredito que você aceitou conversar com aquela mulher!

-Primeiramente, aquela mulher é a minha mãe. E sim, não só aceitei conversar como também a perdoei.- a boca da mais velha se abriu em um O de espanto, mas antes que ela pudesse dizer algo, Herrera continuou.- Ela quer ver as meninas.

-Nem pensar! As minhas filhas não terão nenhum tipo de relação com ela- Ana levantou incrédula que Mariana estivesse mesmo falando sério.

-Ana, você precisa primeiro se acalmar. As filhas são nossas, eu entendo o seu lado, mas, pelo menos, Regina vai ver a avó. Ela tem os direitos dela.

-Ela não pensou nos direitos dela enquanto estava transando com o meu marido!

-Pelo amor de Deus! Nada justifica o que a minha mãe fez, nada, mas isso tudo aconteceu antes de nos conhecermos, e quem era casado na história era Juan Carlos.

-Ela se envolveu com ele, mesmo sabendo deste "pequeno" detalhe. Não venha querer defendê-los na minha frente. Se bem que você os acobertou, o que esperar, não é mesmo?

-Ana, sente-se, por favor!- a mais nova pediu calmamente, apontando o espaço do sofá ao seu lado- ouça, eu não quero brigar com você outra vez sobre essa história, não agora que estamos fazendo dar certo pelas meninas. Mas eu preciso que você, ao menos, tente me entender, compreender que eu estava não concordei com essa palhaçada e muito menos os acbertei, eu estava no meio de um fogo cruzado. Só Deus sabe o quanto eu quis te contar no exato momento em que eu descobri, então você apareceu, toda fragilizada, achando que ia morrer, eu não ia conseguir ver você sofrer mais, se martirizar por algo que não era culpa sua. Eu pressionei a minha mãe para que ela contasse logo, porque todos os dias que eu olhava dentro dos seus olhos, e sabia que estava omitindo algo muito importante, uma parte de mim morria.- As lágrimas já rolavam pelo rosto da mais nova - Entenda, por favor! De um lado estava a minha mãe, a pessoa que eu convivi a minha vida toda, que apesar de todos os erros, eu amo incondicionalmente e do outro tinha você, uma mulher que jamais imaginei ter tanta importância, a mãe das minhas filhas, a única pessoa que eu confiei cegamente, a mulher por quem eu, secretamente, estava apaixonada.

-Mariana, eu… - Herrera limpou uma lágrima que escorria pelo rosto da loira e a interrompeu.

-Deixe-me terminar… Eu sei que errei, eu sei que a minha mãe errou. Mas sabes por que eu a perdoei? Porque agora eu sou mãe, e sei que errar faz parte disso e um dia eu vou querer que a Regina ou a Valentina me perdoem também. E apesar disso tudo, a minha mãe é uma ótima avó, ela ama as meninas e nunca me abandonou, mesmo quando todos foram embora, primeiro meu pai, depois Pablo. Seria muito injusto excluir ela da minha vida. E por fim, eu espero com todo o meu ser, que um dia você também possa me perdoar. Tome o tempo que você precisar para pensar, eu não estou em posição de te cobrar nada. Tenha uma boa noite! - Mariana limpou mais algumas lágrimas que caiam pelo rosto de Ana, beijou o topo da sua cabeça. E então se foi.

Servín apenas deitou-se no sofá, abraçou uma das almofadas e ficou ali, refletindo sobre tudo, sobre as peças que a vida havia pregado. 

Mariana era a única pessoa, depois de anos, que Ana conseguiu confiar. Pensou em como foram bons aqueles 4 meses que passaram juntas, o quanto foi incrível ter alguém que pudesse trocar confidências. Céus! Como sentia falta disso.

Ana sabia que tinha verdade no que Mariana falava, já que durante todo o seu discurso os olhos de ambas estavam vidrados um no outro, por mais que as lágrimas se fizessem presentes. 

Talvez, perdoar Mariana seria perdoar a si mesma, seria dar uma segunda chance à possibilidade de ter alguém ao seu lado. Seria tirar o amargo do seu peito e quem sabe, dar lugar ao doce da paixão que Mariana tinha a oferecer. 

E foi com esses pensamentos que a loira pegou no sono e adormeceu deitada no sofá, agarrada a uma almofada, onde, talvez, ela tivesse tomado uma decisão que mudaria a sua vida. 

Perdoa, que a mágoa amarga o peito

Amor, me perdoa, eu faço o que quiser

Amor, me perdoa, que a mágoa amarga o peito

Amor, me perdoa, perdoa

Me diga logo 

O que é que eu faço? 

Pra onde eu devo ir?

E não se engane

 Ainda te amo 

Quero te ver feliz




Notas Finais


E então, o que acharam? Qual será a decisão que Ana vai tomar? Será que vem ai o "primeiro" beijo? 🙊🙊🙊
Eu amo receber os comentários de vocês. Vocês são incríveis e obrigada por abraçarem essa ideia comigo.
Ja sabem, ne? Qualquer coisa me chamem la no tt @ccarolzis.


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