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História Culpada - Capítulo XXVI


Escrita por: opsreh

Capítulo 26 - Capítulo XXVI


Fanfic / Fanfiction Culpada - Capítulo XXVI

- Já pensou no que quer comer? Podemos pedir algo para o serviço de quarto também, deve ter tantas opções - peguei o cardápio que tinha na mesa embaixo da televisão, eram tantas coisas que pareciam gostosas.

- Quero um hambúrguer, batatas fritas e uma sobremesa - sorriu enquanto tirava seus tênis - E um refrigerante - apenas concordei e fiquei procurando algum delivery no telefone que fosse bom o bastante pra sua primeira refeição pós prisão.

Fiquei na janela olhando pra cidade enquanto escutava a porta do banheiro se fechando e a torneira da banheira sendo aberta. A comida demora um pouco mais de uma hora pra chegar até aqui e teríamos tempo suficiente pra organizar algumas roupas e terminar o banho. Não pensei duas vezes em tirar minha roupa no quarto mesmo e entrar no banheiro encontrando Olivia já com seu corpo dentro da água de costas para a porta. Andei calmamente até ela e entrei atrás para que ela pudesse deitar em mim, a água estava quente e meus músculos relaxaram pela primeira vez depois de meses.

- Posso te fazer uma pergunta? - depois de um tempo em silêncio, minha voz saiu mais rouca do que esperava.

- Só não pergunte como estou me sentindo, cansei de ouvir Amanda em seu consultório fazer essa mesma pergunta um milhão de vezes.

- Por que sinto que está distante de mim? - Não era essa a pergunta que ela esperava de mim tão cedo, percebi ao vê-la ficar em silêncio até se virar de frente pra mim e responder.

- Estou tentando me acostumar com tudo de novo.

- Desculpa, só tenho medo que a gente possa não conseguir... É besteira - Suspirei - Me sinto inseguro - admiti.

- Amo você - sussurrou me fazendo sorrir - Sei que está tudo estranho nessas primeiras horas, mas é meio como tô me sentindo, estou realmente tentando relaxar e não pirar com tudo.

- Está mais relaxada? - passei meus dedos molhados pela seu rosto fazendo um carinho leve e trazendo mais pra perto de mim.

- Um pouco mais do que pensei que ficaria - Olivia passou suas pernas em volta de meu corpo e senti sua respiração em mim - Obrigada.

- Pelo que?

- Por estar comigo agora.

Sentir seus lábios nos meus foi mágico, ter seu corpo nu junto ao meu fazia tão bem para mim, ter contato tão íntimo quanto estamos tendo depois de tanto tempo, Sua pele continuava macia como sempre, nada tinha mudado nela, mesmo que o machucado ainda em cicatrização em sua cabeça estivesse ali, ela continuava sendo a Liv por quem me apaixonei. 

O banho foi bom, a saudade de amar a mulher que estava a minha frente agora penteando seus cabelos era grande, podia sentir uma pontada de felicidade nascendo em mim de novo. Abri a porta de roupão mesmo e recebi meu pedido com nosso almoço, agradeci ao entregador e pude ver seus olhos curiosos me observando.

- Chegou nossa comida e parece estar boa só pelo cheiro - coloquei a sacola de papel em cima de uma mesa.

- O que vamos fazer quando chegarmos no Texas? - pegou uma batata e me olhou sorrindo esperando que eu respondesse.

- Não consigo parar de te olhar - sorri igualmente - Você é real mesmo? - a puxei pela cintura a fazendo rir - O que quer fazer quando chagar no Texas?

- Ainda não pensei nisso, acho que quero apenas tomar um café na lanchonete do Senhor Adams e me sentir em casa novamente. Sua barba está maior.

- Não estou bem? - passei a não pela meu rosto preocupado com minha barba por fazer.

- Continua com a cara do Detetive Styles, agora preciso comer, estou faminta.


OLIVIA DAVIS ANDERSON 

Estar livre é uma sensação boa e eu jamais saberia disso se não tivesse sido presa. Mas ao mesmo tempo me traz uma sensação estranha, como se tivessem me deixado em uma gaiola por tempo demais como um passarinho, e agora eu tenho que aprender a voar novamente em um mundo tão gran como esse. Mas é claro que não se compara com nenhuma detenta que convivi nos últimos meses, me culpo por me sentir assim todos os dias, tem garotas lá que não lembram mais de como as ruas são ou de como as pessoas estão vivendo hoje em dia. Fiquei por muito tempo em um lugar onde não deveria estar, mas foi o suficiente para meu olhar sobre a vida mudar. Teve que mudar.

Enxerguei tantas coisas que não sabia que existiam e me assusta um pouco como a vida pode ser cruel. Ela foi cruel comigo, muito mais com a minha família, mas eu vivi as consequências das atitudes de uma pessoa, eles apenas se foram e não tiveram que lidar com toda essa turbulência.

Turbulência. Essa é a palavra certa pra descrever o que eu tenho vivido nos últimos tempos. É como se eu estivesse em um avião com uma turbulência tão forte que fazia com que meu ar faltasse, mas eu também não consigo sair da poltrona já que tô presa em um lugar só e o cinto não abre. Ah... Amanda Stratford iria gostar dessa minha comparação e de dizer exatamente o que ando sentindo.

Mas não é só o que sinto. Esse é o problema.

"Como você se sente?" é uma frase que tem rondando minha cabeça desde que conheci a Senhorita Stratford, todas as vezes que eu a via, ela repetia a mesma pergunta, como se tivesse no automático já, mas nunca conseguia responder, não só porque não confiava em ninguém dali, mas nunca soube como eu realmente me sentia. Não sei como estou me sentindo. Há tantos danos, tem tantas feridas que ainda não cicatrizaram, e cicatrizes que talvez fique pra sempre marcado em mim.

Eu deveria me sentir privilegiada de ter advogados e um namorado que nunca saiu do meu lado, mas na real, só me sinto perdida no meio desse ninho, preciso me readaptar e tentar entender o que quero e quem quero pra minha vida. Isso também diz muito sobre meu relacionamento com o Harry.

- Dez dólares pelo que está pensando - saí dos meus pensamentos enquanto estava sentada na varanda do quarto de hotel que estamos ficando.

- Pouco dinheiro pela bagunça que está a minha cabeça - soltei uma risada e analisei seus olhos atentos a querer desvendar qualquer coisa em mim, tenho sentido esse olhar desde que saí da cadeia - Estou nem - Garanti. Harry tem sido cauteloso com tudo o que fala e com todas as suas ações, isso tem me orientado diversas vezes, parece que estou prestes a quebrar, mas lembro que ele só juntou meus caquinhos e tá tentando fazer com que eu não desmorone novamente - Não precisa estar preocupado o tempo todo comigo, só estou tentando entender que estou aqui com você e não seguindo regras dentro de uma cadeia estúpida.

- Não quero voltar com você pra casa se não estiver se sentindo confortável com isso. Lá foi onde tudo...

- Aconteceu... - Completei - Eu sei, mas é lá que eu me sinto em casa e não vejo a hora de poder estar de volta.

- Às vezes sinto que estou pisando em ovos com você - observei ele se sentando na poltrona que estava na minha frente - É como se a gente estivesse se conhecendo agora, mas não senti isso quando a gente se conheceu, parece que somos apenas dois estranhos.

- Não diga isso - levantei e me sentei ao seu lado ficando praticamente em seu colo - Sou sortuda em te ter, você foi como um milagre pra mim, me faz lembrar de antes e de como me fez feliz - deitei minha cabeça em seu ombro e senti um carinho em minha cabeça me fazendo sorrir - Se eu não tivesse você, talvez eu não teria ninguém, Harry. E claro, eu namoro um dos melhores detetives desse país, não sabe o quão sexy isso é.

- Ainda bem que é inocente, porque se não fosse, estaria me fazendo quebrar toda a ética que eu poderia ter namorando uma prisioneira - senti falta do seu beijo, de como seus lábios tocam aos meus e de como a mão de Harry sempre passeia por algum lugar em meu corpo fazendo com que eu chegue mais perto.

- Tudo bem, acho que quanto mais cedo sairmos daqui, mais cedo a gente chega em casa.

- São mais de doze horas daqui até o Texas, Detetive Styles, mesmo que a gente queira chegar rápido, não vamos conseguir.


Não esperava que a viagem fosse tão cansativa, estar sentada todo esse caminho no carro fez com que minha coluna doesse assim que saímos pra esticar o corpo no meio da estrada.

- Parece que alguém está ficando velho - brinquei com Harry quando o vi se alongar e reclamar de dores nas costas.

- Muito engraçado - revirou seus olhos pra mim e entramos no carro novamente - Faltam vinte minutos pra chegarmos em Amarillo, se importa se antes a gente passar na delegacia?

- Harry...

- Preciso pegar algumas coisas, não se preocupe, todos querem te ver - concordei meio relutante, odiaria pisar naquele lugar, mas também estava com saudades de todo mundo.

- Você não sabe o quanto senti a sua falta! - Grace gritou me abraçando e me girando no meio do departamento - Garota, não sobreviveria um dia a mais sabendo que estaria longe da gente.

- Obrigada por acreditar em mim, também senti sua falta - fiquei conversando com os amigos de Harry enquanto ele ia em sua sala pegar suas coisas.

James também vejo falar comigo e afagou meus cabelos, sinto muito que eu tenha chorado em sua camisa social que parecia ser nova e cara. Estar ali me fez relembrar o que passei em alguns dias sendo interrogada. Não culpo ninguém por eu estar ali, só estavam fazendo o que era mandado, mas ainda sim eram memórias frescas na minha cabeça. Fiquei do lado de fora da sala de Harry esperando até ele sair, mas era melhor eu ter entrado, se eu soubesse quem eu ia encontrar, talvez lá dentro eu estivesse melhor.

- Que piada, a Garota Anderson na minha frente - Vivian riu - Não esperava ver essa sua carinha aqui tão cedo, confesso.

- Sabe, você não precisa parar aqui e ficar falando comigo se não quiser, pode poupar seu tempo.

- Claro, mas bom, aproveitando que está aqui, parabéns pela sua soltura, Olivia. Espero que o relacionamento de vocês dois durem depois desse caos todo.

- Por que se importa tanto com isso? Por que sempre tem que falar algo do meu relacionamento com o Harry? - cruzo meus abraços e espero pela sua resposta.

- Você tirou ele de mim, Anderson, estava tudo bem até você chegar.

- Harry te dispensou naquele bar pra estar comigo e meus amigos, não o obriguei e nem nunca fiz isso, e vocês ao menos eram próximos - Vivian parece ter me colocado como vilã em sua própria história mas Harry sempre esteve disponível - Por muito tempo fomos só amigos, Vivian.

- Pra ele vocês nunca foram só amigos e sabe muito bem disso - disse rude aumentando sua voz - Se você não tivesse aparecido, talvez estaríamos juntos, dois adultos com uma vida estável curtindo nossa vida como era pra ter acontecido! 

- Não tenho culpa do que aconteceu comigo! E não viaja tanto, tá legal? Só porque ele te chamou pra sair uma vez, não quer dizer que teriam futuro juntos, Montorini! - estava falando praticamente na mesma altura de voz que ela.

- Nos já tivemos um caso, Olívia, não foi só um encontro - sorriu como se estivesse vencido a batalha - Ah... Ele não te contou? - seu olhar alternou de mim para algo atrás de mim me fazendo virar pra olhar o que tinha se tornado tão interessante pra ela - Acho que está na hora de eu ir.

- O que você ganha com isso, Vivian? - Harry a olhava com raiva.

- Te vejo por aí - a loira se despediu e saiu andando me deixando a sós com um Harry bravo.

- Olivia...

- Quero ir pra casa - o cortei.

- Não - disse firme me olhando - Você vai me escutar.

- Nunca fui a namorada ciumenta, Harry, você tem um passado e tá tudo bem - Só queria sair dali e me deitar na cama, me sentia exausta com a pequena discussão que tive com Vivian.

- Tivemos um caso um ano antes de te conhecer, Liv... Mas durou pouco tempo, ela foi a última pessoa com quem eu dormi - suspirou cansado - Quando eu vim para os Estados Unidos e me separei de Natalie, só quis curtir minha vida e não conseguir contar no dedo quantas mulheres levei pra cama, fui babaca na época e eu sempre soube disso. Conheci a Vivian quando vim para o Texas e a gente saiu umas três vezes e acabamos uma noite juntos, mas eu já tinha cansado dessa vida.

- Não precisa ficar me explicando.

- Voltamos a sair quando te conheci naquele café, me apaixonei por você no primeiro dia, mas sei que não me dava confiança - riu - Me apaixonei mais quando deixou que eu te conhecesse e mais ainda quando te conheci. Sou um Harry diferente agora, na verdade, voltei a ser o Harry que eu era em Holmes Chapel.

- É apaixonado por mim desde que nos conhecemos? Por que nunca disse nada?

- No fundo você sempre soube - sorriu de canto - Só não sabia lidar com isso, e te respeitei, preferi ser seu melhor amigo e te ter por perto sempre do que te perder por saber que te amava desde sempre. 

- Poderia ter me contado sobre isso antes, me sinto uma idiota - me encostei na parede olhando para o chão, não sabia como me sentia com Vivian jogando a situação dos dois na minha cara.

- Só não achei importante te contar sobre a Vivian, ela não importa mais pra mim, nunca importou. Vivo com ela aqui na delegacia todos os dias da minha vida, Liv, se eu sentisse alguma coisa por ela, não estaria aqui com você. Estamos sobrevivendo a tudo isso, não deixe que ela nos destrua - senti o desespero em sua voz.

- Vamos pra casa - sussurrei e estiquei minha mão pra que ele pegasse. 

A volta pra casa foi silenciosa, mas eu não estava brava com Harry, estava brava com Vivian que insistia em me irritar com a história dela com meu namorado. Sempre soube que ele tinha um passado, assim como eu e o que realmente me deixa fora de órbita era a relação que ele mantinha com Natalie, isso me incomodou desde que a conheci.

- Olha, mudei algumas coisas em casa, então espero que você goste, e se não, eu posso mudar tudo - fiquei ansiosa pra entrar em seu apartamento até olhar pra sala e ver tudo diferente do que eu conhecia. Tinha uma parede atrás do sofá toda verde, era um tom lindo, algumas plantas, um sofá novo 

- Verde? Por quê? - sorri ao terminar de olhar em volta.

- É a cor de seus olhos - deixou as malas em um canto e parou pra analisar minha reação.

- Pintou realmente de verde só por conta dos meus olhos? - concordou - Mas os seus também são.

- Não estraga, Olivia - Ri e o abracei - Sempre faz tudo parecer menos romântico.

- Vai lembrar de mim sempre que olhar pra parede do seu apartamento.

- Nosso apartamento, nada mudou em relação a isso.

- Só se fizer café da manhã todos os dias pra mim - me sentei no sofá que era extremamente confortável, muito mais do que aquele velho que tinha aqui - Aí eu penso se volto a morar com você.

- Café da manhã e jantar toda sexta em um lugar especial, o que acha? 

- Parece tentador, Detetive - sou apaixonada pelo Harry e não posso negar o quão feliz estou de poder ter um recomeço.



Notas Finais


E aí meninas, o que estão achando até agora da saída de Olívia, toda essa transição e volta ao Texas?


Como acham que vai ser daqui pra frente?


Estava super ansiosa pra chegarmos nesse momento da história, ainda tem bastante coisa pra acontecer, temos muitas coisas pra revelar não é mesmo? Ainda precisamos achar quem foi o culpado pelo crime e armou para Olivia.


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