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História Cupid - Ange


Escrita por: Dragon5H

Notas do Autor


Bonne lecture.

Capítulo 7 - Ange


Sinuhe e Alejandro estavam realmente empenhados em me ajudar.


Se não fosse por eles eu não saberia nem por onde começar a procurar respostas sobre quem eu era.

Alejandro iria me levar para o hospital onde trabalhava e seu amigo, um Neurologista,  iria me examinar.

Já Sinu, ela insistiu para que eu a chamasse assim, iria aproveitar que sua filha mais nova Sofia tinha ido dormir na casa de uma amiguinha e só voltaria depois da escola, e levaria uma foto minha na delegacia, nos hospitais e nas escolas da região.

Camila tirou a foto e imprimiu uma boa quantidade ontem mesmo, eu não estava com uma aparência muito boa, os cabelos úmidos e o olhar assustado mas acho que se minha família estivesse me procurando, eles iriam me reconhecer.


Logo pela manhã Sinu me entregou algumas roupas da Camila pra vestir, aparentemente tínhamos quase o mesmo tamanho, junto com as roupas uma toalha e um tênis. Me indicou a porta do banheiro para que eu tomasse um banho e disse que todos estariam lá embaixo me esperando para o café da manhã.


Descobri que aquele quarto pertencia a Camila e que ela gentilmente me cedeu por aquela noite.


Mesmo não tendo conseguido dormir nem por um minuto ali, pois meu corpo não parecia acostumado a deitar em algo tão macio, eu tinha que agradecer a ela. Agradecer a todos eles.


As dores nas minhas costas e na minha cabeça também foram um bônus para que eu não conseguisse dormir.


Até estava me sentindo melhor quando levantei, mas isso não durou muito. Quando a água morna do chuveiro atingiu minhas costas, a queimação voltou. Curiosa levei a mão direita até onde doía e senti o relevo de uma cicatriz não muito grossa. Ela não era grande mas o mínimo toque me fazia estremecer de dor. Passei minha mão esquerda no outro extremo das minhas costas e senti o relevo de mais uma cicatriz, idêntica a primeira.

Tentei lembrar como tinha conseguido aquelas cicatrizes, mas como sempre a única resposta que tive foi o eco do vazio da minha mente.


Logo terminei o banho, eles estavam me esperando e seria muito rude se eu demorasse.



Vesti a roupa rapidamente mas tive um pequeno problema com o tênis, eu não sabia amarrar o cadarço. Tentei diversas vezes, mas só conseguia fazer um nó frouxo. Desisti e os coloquei pra dentro do tênis, rezando pra ninguém perceber.


Será possível que eu tenha esquecido uma coisa tão fácil? Ou será que isso tem relação com o fato deu ter sido encontrada descalça?


Andando pelo corredor novas perguntas surgiram na minha cabeça. Por que eu estava me sentindo tão leve? O mais estranho é que essa sensação de leveza não me fazia sentir bem. Eu me sentia angustiada. Parecia que algo além da minha memória estava faltando. Mas não tinha ideia do que era.


Chegando na cozinha encontrei Sinu no fogão, mexendo uma frigideira. Alejandro sentado lendo o jornal e tomando uma xícara de café fumegante. Camila estava ao seu lado de cabeça baixa, mexendo no celular.


– Bonjour – Falei timidamente.


Todos param o que estavam fazendo e olharam pra mim.


Um silêncio pairou no ar mas Camila logo o quebrou quando sorrindo divertidamente  falou:


– Essa eu sei responder! Bom dia!


Só nessa hora eu percebi que tinha falado em francês de novo. Era tão involuntário que eu não conseguia controlar. Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha.


– Não precisa ficar com vergonha querida. Venha, sente-se. Espero que goste de panquecas. – Sinu falou colocando um prato com uma pilha de panquecas no centro da mesa.


Timidamente puxei uma cadeira e me sentei na frente de Camila. Ela largou o celular de lado e ficou me olhando ainda sorrindo.


O ar de cansaço que ela exalava ontem desapareceu. Sua feição estava relaxada. Parecia outra pessoa.


– Dona Sinu faz as melhores panquecas do mundo! – Camila falou pegando três da pilha e colocando no próprio prato.


– Não adianta ficar me bajulando não viu! Ainda vamos conversar sobre você não ter dormido em casa. – Sinu falou voltando para frente do fogão.

Ela ia fazer mais panquecas?! Tinha no mínimo 7 no prato ainda. Eu não conseguia me lembrar do gosto que isso tinha. Será que era tão bom assim?


Peguei uma e coloquei no prato a minha frente. O cheiro que exalava parecia delicioso. Observei atentamente quando Camila pegou um pequeno frasco que estava escrito mel e despejou lentamente sobre as três panquecas que tinha pegado.

O aroma se tornou mais intenso e até senti minha boca salivar vendo aquele mel escorrer na massa arredondada.


A garota me estendeu o mel sem que eu pedisse. Meio hesitante o peguei e a imitei despejando o conteúdo do frasco na minha única panqueca.

Quando finalmente coloquei um pedaço na boca, foi uma explosão de sensações. A massa macia se desfazendo junto com o doce do mel fez com que meus olhos se fechassem pra conseguir apreciar melhor aquele sabor.

Eu tive certeza que nunca tinha comido algo assim. Era indescritível. Delicioso.


Quando voltei a mim percebi Camila me encarando sorrindo de modo divertido.


– Eu disse que era a melhor. – Ela falou enquanto mastigava.


Abaixei a cabeça sorrindo levemente envergonhada. Me sentia estranha quando ela me encarava. Minhas bochechas ficavam automaticamente quentes.


Estava na quarta panqueca quando Alejandro que até então estava calado falou:


– Está se sentindo melhor? Lembrou de algo? – A voz séria e grossa porém seu olhar transmitia preocupação.


Parei pra pensar, minha cabeça não doía mais e a ardência nas minhas costas agora era apenas um leve incômodo.


– Estou melhor... Mas ainda não lembrei de nada.


– Assim que terminar aí podemos ir. Tenho certeza que John vai conseguir te ajudar.


Deduzi que John seria o neurologista e assenti sorrindo agradecida.


Saímos depois que terminei minha sexta panqueca e bebi um grande copo de suco de laranja. Segundo Sinu eu peguei muita chuva ontem e um pouco de vitamina 'C' iria me fazer bem.


Camila foi pra escola, se arrastando até seu carro e reclamando que não queria ir. Sendo ignorada pelos seus pais. Sinu pegou minhas fotos e foi em direção a delegacia.


A viagem até o hospital foi silenciosa, só o barulho do rádio baixo era ouvido mas eu não me importei, fiquei olhando o tempo todo a paisagem pela janela. O sol aquecia o meu rosto e as pessoas caminhavam despreocupadas pelas calçadas. Nem parecia que ontem tinha tido uma tempestade.


Chegando no hospital fui apresentada ao doutor John Dusk. Um homem alto, de cabelos negros,aparentando estar na casa dos 40, mas ainda assim muito bonito.

Alejandro explicou o que aconteceu e o que estava acontecendo comigo e John imediatamente me encaminhou pra fazer uma série de exames.


Passei a manhã toda e parte da tarde naquele hospital. Fizeram todos os exames possíveis na minha cabeça. Alejandro não ficou comigo porque tinha que trabalhar, mas eu acabei fazendo amizade com grande parte das enfermeiras de lá. Todos foram tão legais comigo que mesmo eu estando enjoada e tonta pelos procedimentos médicos eu não me importei. Como não sabiam meu nome elas começaram a se referir a mim como A Francesa. Ainda não consegui parar de falar em francês quando deveria estar falando em inglês.


Estava sentada no consultório do doutor John esperando ele avaliar os resultados de alguns exames. Segundo ele eu teria que voltar amanhã para saber o resultado dos outros.


Alejandro estava do meu lado aguardando pacientemente o que ele iria falar.


– Isso é estranho. – Ele começou – Sua perda de memória é claramente um sintoma de um traumatismo. Sua confusão nos idiomas também pode estar ligado a isso. Mas não aparece nada nos exames... Vou te receitar alguns remédios para dor, mas vamos ter que esperar os resultados de amanhã pra ver se descobrimos algo e começamos um tratamento adequado. – Ele rabiscou uma receita e entregou para Alejandro que só assentiu com o cenho franzido. – Já em relação às suas costas eu pensei que o trauma tinha afetado sua coluna vertebral mas vi que você tem duas cicatrizes aí. Aparentemente decorrentes de uma cirurgia pois são muito simétricas.


Não fazia ideia do que simétricas significava, mas acho que ele queria dizer que elas eram iguais então concordei com a cabeça.


– Coloquei na receita uma pomada pra ajudar na cicatrização também.


– Obrigado John. Amanhã eu trago ela aqui – Alejandro apertou a mão de e se levantou pra sair.


Eu o imitei apertando a mão do doutor falando um rápido 'Merci'.


No carro voltando pra casa Alejandro tentava me animar.


– Não se preocupe garota. Se tem alguém que pode te ajudar é o John. Estudamos juntos e ele era o melhor da classe. A coisa que ele mais gosta é mexer com a cabeça das pessoas. Meio estranho mas um ótimo médico! – Ele garantiu. – E tenho certeza que  assim que chegarmos em casa Sinu vai ter alguma notícia da sua família e tudo vai ficar bem. – Alejandro sorriu pra mim confiante.


Queria poder dizer que ele estava certo. Que assim que ele me deixou na porta de casa e eu entrei, Sinu estaria me esperando para contar que achou minha família, que não foi difícil porque eles também estavam me procurando. Mas não foi o que aconteceu.


Quando entrei encontrei Sinu na cozinha, sua expressão era preocupada e confusa.
Ela me viu na porta e tentou sorrir, mas seu sorriso não alcançou os seus olhos. Eles continuavam preocupados e agora tinham uma pontada de pena.


– Olá querida. Como foi lá?


– Eles ainda não sabem dizer o porquê eu não lembro de nada... Alguma novidade? – Perguntei esperançosa.


– Eu fui na delegacia e eles fizeram uma busca com sua foto no banco de dados de pessoas desaparecidas... Mas não encontraram nada. Fui em algumas escolas e hospitais também...


– Alguém me reconheceu?!


– Não... – Sinu falou com pesar. – Eu deixei o telefone de casa junto com a sua foto, eles prometeram ligar se descobrissem alguma coisa.


As lágrimas que eu passei o dia todo segurando ameaçaram escapar. O nó na minha garganta se tornou insuportável.


Sinu me abraçou apertado e falou:


– Eu sinto muito.

Me agarrei naquele abraço, minhas lágrimas molhavam sua blusa de seda, mas ela não pareceu se importar. Imaginei se o abraço da minha mãe seria assim também, quente e acolhedor.

Ficamos ali abraçadas até ela perceber que meus soluços se acalmaram.


No minuto que ela se afastou uma voz infantil gritou da porta de entrada.


– MÃE CHEGUEI!


– Estou na cozinha Sofia! – Sinu respondeu – É a minha caçula, vou te apresentar.


A pequena garotinha entrou correndo na cozinha mas assim que me viu estancou na porta e falou:


– Anjo?!

 


Notas Finais


Bonjour! Eu estou em período de provas na faculdade por isso a demora. Alias só estou postando hj pq sou muito legal! Tenho duas provas hoje de Direito Civil e Economia Politica e nem deveria ter ligado o computador... então me desejem sorte!

Merci!


PS: MEU DEUS A SOFIA RECONHECEU A LAUREN!!!


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