História Curativos ; Reddie - Único

  O braço direito de Richie estava enrolado no pescoço de Eddie. O coração de ambos estava mais acelerado do que nunca. Andavam pelas ruas escuras de um fim de sábado em Derry, com uma chuva rala pingando em seus corpos. 

A boca do maior estava cortada, o nariz não parava de sangrar, seu olho estava roxo e ele sentia seu estômago revirar, mas não sabia se era pela briga ou por estar tão perto do outro garoto. 

Eddie tinha um arranhão em sua bochecha, mas isso era o de menos naquela situação. 

—Eu não acredito que você botou a gente nessa. —O menor disse enraivecido ao outro. 

—Eeeeeds eu 'tô morrendo, dá pra acelerar o passo? —Richie disse em tom dramático e mole. Kaspbrak revirou os olhos ao ouvir isso apelido desgraçado sair da boca machucada do garoto, mas preferiu ignorar e andar mais rápido. 

—Você não vai morrer, sabe disso. Mas eu posso morrer gripado com essa chuva gelada! 

—Eds, tá caindo um pingo e meio por minuto, para de exagerar. 

Richie Tozier estava caindo de bêbado. Suas pernas estavam moles mas não sabia se era por conta da bebida, pelo tombo que havia levado depois de ter subido na mesa do bar para dançar uma música que tocava lá ou por ter tido o corpo arremessado por Bowers após soltar que havia o visto em uma de suas saídas secretas com Patrick. 

Era incrível como ele ainda estava consciente depois daquilo, nem ele sabia ao certo como ainda estava conseguindo falar e encher o saco de Eddie, mas algo dentro do maior dizia que ainda sim ele deveria proteger o outro garoto. 

—Ai, Richie eu bem que te disse pra você não sair para beber sozinho. Sorte sua que eu tive um ataque de asma e fui na farmácia de madrugada. —Eddie puxou o mais velho para mais perto de seu corpo. —E trate de manter a matraca fechada em questão do Henry. Ouviu?? 

Richie balançou a cabeça e gemeu de dor. 

Os passos de Eddie eram largos, ele tentava ao máximo chegar em sua casa onde haviam kits de primeiros socorros espalhados por todos os cantos da casa. Estava muito preocupado com a amigo a ponto de ter derramado algumas lágrimas no caminho. 

Eles chegaram alguns minutos depois, após mais gemidos de dor vindos de Richie e mais lágrimas desesperadas saindo dos olhos de Eddie. Agora o problema era descobrir uma maneira de entrar sem que a Sra. K percebesse que o garoto que ela tanto odiava estava entrando em sua casa junto a seu filho. 

Kaspbrak abriu a porta da frente silenciosamente (era bom nisso) e pediu piedosamente, e silenciosamente, para que Richie tentasse fazer o mínimo de barulho possível. 

Os passos agora eram vagarosos e cuidadosos, ou pelo o menos tentavam, e com muito esforço chegaram no quarto de Eddie, que finalmente pôde respirar aliviado depois de meia hora de pura tensão. 

—Ai, meu Deus, finalmente! —O garoto disse baixinho e suspirou. 

Richie não respondeu nada além de um resmungo dolorido. 

—'Tá, 'tá eu vou já vou pegar as coisas. —O baixinho saiu apressado até o banheiro, ainda sem fazer barulho, e caçou no armário uma maletinha de primeiros socorros. 

Se sentou ao lado do corpo cansado do amigo e começou a limpar os machucados e fazer curativo. Ele limpou e passou alguns remédios ardidos nos machucados de Richie, colocou curativos em seus joelhos e braços ralados, passou gelo no olho roxo e parou seu sangramento nasal. 

—Já? —Richie perguntou tristonho. Estava gostando de ser cuidado por Eds. 

—Sim, Richie. —Eddie sorriu para o amigo que retribuiu com uma risada. 

—Valeu. —Richie tomou o copo d'água e o remédio para dor que Eddie havia pego minutos atrás e já parecia melhor. 

Um silêncio gostoso invadiu o quarto. Era bom não escutar nenhum barulho, aquilo relaxava os ouvidos de ambos. Até o de óculos falar alguma coisa. 

—Ei, Eds. —Richie deitou a cabeça no ombro do amigo e se aconchegou ali. 

—Eu já te pedi pra não... —Ele iria começar a reclamar do apelido, mas Tozier o interrompeu. 

—Como era aquele apelido que você me chamava? —Ele perguntou todo molenga, piscando os olhos de um jeito que Eddie secretamente julgou bonitinho. 

—Rich? 

—Não. O outro. 

—...Chee? 

—Aham. Esse mesmo. —Richie disse dando um risada baixinha quando ouviu o apelido sair da boca do mais novo. —Repete.

—Chee? —Ele falou da maneira mais sem graça que podia e Richie resmungou. —O que tem ele? 

—Ele é fofo quando você fala. —Kaspbrak corou. Richie afagou a cabeça em seu ombro. —Repete.

Eddie hesitou por um segundo, mas estava tão cansado de ouvir o outro garoto falar, que repetiu de novo. 

—Cheeee.—Ele repetiu, dessa vez de uma maneira mais manhosa e olhando nos olhos do outro garoto. —Satisfeito, boboca? 

Richie o olhava paralisado. Só faltava ele latir. 

Ele ficou boquiaberto com alguns segundos, até Eddie se incomodar com isso e reclamar. 

—Para de me olhar estranho. —Ele riu. 

—Você é fofo, Eddie. 

Ele corou novamente. As mãos de Richie abraçaram sua cintura e o aproximou de seu corpo. O de óculos conseguia ouvir o coração acelerado de Eddie. 

—Seu coração 'tá batendo rápido por causa de mim? —Ele perguntou. Não havia nenhum tom de ironia ou duplo sentido na pergunta, e Ed se surpreendeu com aquilo. 

—Hm, e se for? 

—Aí eu vou ser obrigado a fazer uma coisa. 

—Que coisa? —Richie sorriu com a pergunta, mas não a respondeu com palavras. 

O de óculos se aproximou de Eddie em um impulso rápido e encostou seus lábios nos dele, rapidamente. 

—... 

—Que foi, Eds? 

—E seu eu disser que o meu coração batia rápido por causa de você mesmo? 

—Então você vai esta querendo me obrigar a fazer outra coisa. —Eddie soltou uma risadinha doce, e logo sentiu sua cabeça se aproximando novamente da de Richie. 

O mais velho colocou sua mão no pescoço de Eddie e o beijou de novo, dessa vez com mais calma e os dois conseguiram sentir as línguas uns dos outros se encostarem. Era bom. 

—Cara... Sei lá eu acho que eu gosto de você. —Richie riu bobo enquanto dizia aquilo, e Eddie sorriu apertando sua mão. 

Richie e Eddie adormeceram por ali mesmo, após mais alguns beijos e declarações de amor bobinhas porém significativas.