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História Cure (Larry Stylinson) - Eighty Two (P).


Escrita por: MillaWand e curlystylesx

Capítulo 83 - Eighty Two (P).


Harry Styles > 

Insisti para que Louis deixassem aquelas cartas comigo, mas vocês sabem, ele é teimoso, e preferi não insistir para que não brigássemos. Agora, a enfermeira retirava o prato de sopa que eu havia acabado de comer e me deixara sozinho com Ivy. Mesmo que tenhamos desavenças, ele está sendo um bom companheiro ultimamente, vem contando muitas histórias, de conto de fadas a fábulas. E isso me alegra bastante, a única diversão que tenho, na verdade. 

-...E então a chapéuzinho vermelho disse: Que olhos grandes você tem vovó... E o lobo respondeu: é pra enxergar melhor, minha netinha.... -Fechou o livro, rindo um pouco. -Parece que eu estou lidando com uma criança. Isso é tão estranho. 

-Tudo bem, se não quiser, nem precisa continuar. -Falei, me ajeitando entre os lençóis. Hoje, finalmente, à tarde pra ser mais preciso, vão me tirar desse quarto, vou poder rondar a escola com uma cadeira de rodas. 

-Eu acho que vou chamar outra pessoa pra ficar aqui com você, talvez o Maru, ele é uma ótima companhia. -Silêncio. 

-Não gosto do Maru. 

-Então está bem, vamos logo com isso. Oque foi que ele te fez? 

-Não quer saber o por que não gosto dele? 

-Você escolheu isso livremente, eu nunca vi o Maru fazendo mal algum a alguém que não seja a mim e aos meninos do ''K''. 

-Tudo bem. -Ivy se recostou, surpreso comigo. -Quase odeio admitir, mas já estou começando a me acostumar com o fato de que devo dividir minhas coisas com os outros. Você precisa entender que eu nunca faço isso. Quero dizer, eu nunca corri risco de isso acontecer, imaginei que tal hora fosse chegar.

-E que coisas são essas que você julga importante a ponto de não dividir com ninguém? -Silêncio mais uma vez. 

-Austin. -Ivy suspirou. 

-Então oque devo fazer? Não posso ficar o tempo todo com você aqui, perdoa. Ou você aceita ficar aqui com o Maru, ou fica sozinho. 

-Não gosto do Maru. -Voltei a repetir, cheio de certeza. Ivy foi tomado por um incômodo estranho, talvez porque resolvi desabafar. A tempos que alguém tinha que ouvir isso. Qual fosse o motivo, puxou a poltrona pra mais perto da cama, confuso.

-Xavier, por acaso já te disseram que você tem um coração egoísta? 

-Sempre. São os vestígios do que eu sofri nos últimos tempos, acredite. 

-De dor, você quer dizer? 

-Ah. As vezes sim, as vezes não.

-Exatamente. Então, posso chamar Maru aqui?

-Não gosto dele.

-Você mal o conhece. -Afirmou, com uma voz mais alterada do que o normal. 

-Tarde demais, não vou mudar meus conceitos. 

-Hm. -Ivy resmungou, e ficamos novamente em silêncio. -Eu te dou duas opções, então. 

-Quais?

-Darh, ou Maru. 

-Ivy, não estou gostando nem um pouco dessa brincadeira, sério. Fique aqui comigo, por favor. 

-Eu não posso! Entende... Maru está livre e não quero te deixar com Darh, vai ser rápido, até alguma das meninas sairem das aulas. -Assenti, suspirando. -Ótimo, obrigado por ser tão compreensivo... Ou quase. Eu espero que você se recupere logo, não posso curar ninguém, mas estarei torcendo pela sua melhora, mimadinho. 

-Obrigado. -Ivy se levantou e deixou se levar, saindo do quarto. Me recostei na cama, ouvindo meus braços estralarem. Não vejo a hora de poder sair dessa cama. Então pude ouvir o barulho nos corredores. Por sorte, ou azar, a UDO estava quase sem atividade, exceto por mim e mais um ou dois alunos ocuparem outros quartos, acompanhados das repetições de exames e de equipamentos eletrônicos, enquanto a equipe médica e enfermeiros não fazem quase nada pra nos ajudar. Só ficam aplicando remédios em nossas veias e andando pra lá e pra cá com bandeijas. 

Uma dessas enfermeiras, Dra. Klakin Franka (pude ver em seu crachá, no peito), estava adentrando meu quarto com um grupinho de alunos que a seguia. Pareciam mais um bando de pintinhos seguindo a mãe, ou simplismente tentando impressioná-la. Ela era uma negra baixinhae um pouco sem graça, mas seus olhos azuis claro pareciam ter atitude e chamar bem atenção. 

-Nosso paciente é Xavier Monses. -Olhou a prancheta em suas mãos antes de continuar. -Daqui a umas horas ele fará dezenove anos, isto é, se sobreviver até lá. É um aluno aqui de Oxford, cursa o primeiro ano. Chegou a três dias apresentando estar vomitando sangue com frequência, desmaios e falta de ar. 

-Um sangramento desse tipo é indicativo de...? -Uma das alunas perguntou a enfermeira.

-Sinal de um câncer bem desenvolvido. -Respondeu sem cessar, e prosseguiu. -O paciente quase teve uma parada cardíaca a um tempo atrás e passou por uma cirurgia na cabeça, que botou sua visão em risco mas se recuperou certamente. 

-Então oque temos aqui? A cirurgia não o curou? -Outro aluno, me analisando disse. 

-Também descobrimos que há um pequeno problema em sua fala, oque o impede de dizer longas frases.

-E oque isso significa doutora? -Mais um curioso pra atentar.  

Enquanto a sessão de perguntas e respostas rolava no meu quarto, me deixando mais entediado que o normal, outros barulhos poderiam ser ouvidos, e por mais que sejam altos, não é aqui perto... Parece mais alguém batendo com força em alguma coisa, mas não tenho certeza. Talvez sejam alguns alunos conversando alto ou coisa do tipo. Maru entrou no quarto, ficando atrás de toda essa gente me enchendo. 

-Eu acho que já está bom por hoje crianças. Amanhã faremos mais perguntas.

-Amanhã não vou estar mais aqui. -Falei, pensando em como conseguiriam me tirar daqui. Todos eles me ignoraram, saindo do quarto e seguindo para outro. Queria saber oque exatamente aconteceu aqui. 

-Ham, oque todo esse povo fazia aqui? -Maru perguntou, encostando a porta que deixaram aberta.

-Não sei. -Respondi o mais mal educado que pude ser, mas nem funcionou, ele apenas deu de ombros, vindo até onde a poltrona estava e se sentou nela, bem perto da cama. A puxou pra mais perto e escorou seus braços na cama, me encarando com um sorriso no rosto.

-Eu não gosto de você. -Disse sorrindo e piscando freneticamente. Revirei meus olhos.

-Te digo o mesmo. -Silêncio. -Por que não gosta de mim?

-Sei lá, você me enjoa. Por que não gosta de mim? 

-Você fica muito em cima do Austin, e isso me dá nos nervos, porque você é atiradinho demais.

-Ah, o problema não é meu se ele dá em cima de mim. -Olhei para a janela, tentando desfarçar que essa doeu em mim. -Mas então, vou ter que ficar cuidando de você até quando?

-Pode ir embora se quiser, a porta é por ali.

-Você acha mesmo que se eu pudesse não teria ido? Eu mal teria entrado por aquela porta. Deveria agradecer que estou aqui, sabia?

-Pois eu prefiro muitas vezes ficar sozinho do que mal acompanhado.

-Qual é? Sua mãe nunca te deu educação não?

-Hahah, que mãe? Minha educação eu uso com quem merece. -Ele se debeuçou na poltrona, jogando seus braços pra cima.

-Nossaaaaa, tira a ferradura, cavalinho. -Depois se ajeitou novamente, colocando suas pernas sobre o braço da poltrona. Tomou ar, continuando. -Todos estamos preocupados com você, principalemente Austin. Acho que ele não consegue se concentrar nas aulas e disse que não irá pra casa, vai ficar aqui contigo. 

-É bom saber que alguns se importam comigo. Fico lisonjeado ao saber disso. 

-Sério?

-Claro que eu nem ligo, vocês são todos hipócritas.

-Do que você tá falando menino? Enlouqueceu, foi? -Me perguntou, como se estivesse preocupado em saber. 

-Não sei, parece que todos vocês só estão aqui por obrigação. Tipo, Ivy se cansou de mim, Sther Ellen inventou a desculpa que teria provas na primeira semana de aula, quase não vejo Freedom, Austin não para um segundo aqui e você me odeia. 

-Só por isso? 

-Só? Você acha pouco? E se fosse tu aqui nessa cama, deitado, na base de remédios? 

-Eu trataria todas as pessoas em minha volta com carinho e amor, porque não iria saber qual seria a última vez que fôssemos nos ver. -Engoli em seco. Não falei mais nenhuma palavra, apenas fiquei observando a neve cair pela janela. -E aí? Você quer jogar algum jogo? 

-Não sei, há muitos ali embaixo. -Apontei para a pequena gaveta que havia em uma cômoda branca e ele se levantou, andando até ela. Se agaixou e abriu-a, escolhendo alguma coisa.

-Nossa, tem um jogo de botões aqui, parece ser legal. -O pegou e fechou a gaveta, voltando a sentar na poltrona. Colocou a caixinha sobre um espaço na cama e a abriu. -Cacete! -Murmorou. 

-É o que? -Olhei dentro da pequena caixinha, e na verdade, era apenas a caixa do jogo, pois dentro havia milhares de pirulitos, os mesmos que as enfermeiras me davam após os exames. -MEU DEUS! Então é aí que elas guardam os pirulitos?

-Podemos pegar um cada um, não vão dar falta, né? -Balancei a cabeça positivamente, pegando um da caixinha. Enquanto Maru se distraiu a jogar o papel no lixo, peguei mais um pirulito rapidamente sem ele ver, para dar ao Louis mar tarde. 

Ficamos os dois petrificados sem saber oque fazer. Não sabíamos se devorávamos tudo ou guardávamos e usássemos isso durante os dias. Então resolvemos guardar a caixa, e ele colocou seu dedo na boca, tornando a fazer ''shhh'' a mim. Dei um sorriso, mas parei assim que lembrei que Maru me deu uma surra verbal a minutos. Pelo menos aprendi a não debater com esse idiota. Como parecia não saber ao certo oque fazer, tirou o pirulito da sua boca e sussurrou baixinho. 

-Xavier? -Levantei minha cabeça de repente.

-Fale. -Minha voz saiu um pouco arrastada. 

-Quantos anos você tem? 

-Dezoito. -Respondi, procurando tirar a embalagem do pirulito, falhando. Maru pegou o doce de minha mão e tirou a proteção, me entregando logo depois. 

-Dezoito aninos, que maravilhoso. 

-Isso mesmo. -Agora sei que estou conversando calmamente com um garoto que não é a pessoa mais articulada do mundo. Também pareço estar falando com a janela, já que só consigo encarar ela enquanto dialogamos. -Estou com fome, será que irão demorar muito com a comida?

-Não sei, ainda são dez horas da manhã. Eles costumam servir almoço a essa hora? 

-Costumam servir sim, umas duas horas antes de aplicarem os remédios em mim. Mas não se preocupe, eles vão lhe servir almoço também.

-Ótimo, porque não tive tempo de comer nada no intervalo. -Olhei para ele que brincava com o pirulito em sua boca. Assenti com a cabeça, desejando que uma das meninas ou meninos trocassem de lugar com Maru. -Xavier, a quem você deve agradecer hoje? 

Agradecer a Ivy, a Louis que veio me ver e quase acabou com meu psicológico, a enfermeira que me deu sopa de café de manhã e TALVEZ a Maru. Senti o caninho em meu nariz tremer e parar de funcionar. Porém não senti nenhuma falta de ar, estou respirando normalmente....? Só pra saber, tirei o caninho de meu nariz.

-Oque está fazendo? Não pode fazer isso!

-Não funciona. -Suspirei fundo, sentindo meus pulmões doerem um pouco. -Acho que consigo respirar sem eles.

-Quer que eu chame alguém pra verificar isso?

-Não, sério, não precisa se preocupar, está tudo bem. -Ele assentiu, meio receoso. Jogou o palito de seu pirulito no lixo e praticamente relaxou na poltrona, tedioso. 

E depois de tanto silêncio, as refeições foram servidas por uma enfermeira no qual eu não tinha visto. Quase soltei uma gargalhada quando Maru pegou escondido um pedaço de pão na minha bandeija, mas depois reclamei ao saber que não sobraria a mim. Ao longo da refeição, ficamos ouvindo um pouco de música que saía de um pequeno rádio ao lado de minha cama. Enquanto Maru comia, tentei degustar um pouco da sopa que me serviram, mas só consigo pensar no bife e no refrigerante de Maru. Deixei o prato cheio de lado, depois de experimentar apenas duas colheradas da sopa sem sal. 

-Você quer um pouco da minha comida? -Me ofereceu, colocando seu prato em minha frente.

-Não, obrigado. 

-Ah Xavier, por favor... Eles não vão notar se comer apenas um pouquinho... Roubamos pirulitos e não descobriram. Vai ser fácil. -Colocou o prato em meu colo. -Eu posso tratar de você. -Pegou um pedaço do bife e fez estilo aviãozinho com o garfo até minha boca. Abocanhei a carne com gosto, sorrindo em seguida. 

Cara, isso é uma delícia. 

-E aí, quer mais?

-É claro. -Assenti e Maru começou a me dar mais comida. 

E em quase cinc minutos, eu já havia comido quase todo seu prato. Eu já não aguentava mais comer, então pedi gentilmente que parasse. 

-Desculpa, eu comi toda sua comida...

-Que isso, não tem problema. Deveriam servir coisas gostosas pra você também. Quer refrigerante? 

-Eu não gosto muito de refrigerante. 

-Ótimo, sobra mais pra mim. -Pegou os pratos e colocou na bandeija, voltando a sentar na poltrona. -Então, oque você faz pra se divertir por aqui? 

-As vezes brinco com bonecos ou...

-Nossa, você é literalmente uma criança. -Riu, brincando com o canudo da latinha. -Sorri fraco, tirando as cobertas de cima de mim. 

-Acha que consegue fazer eu andar?

-Por que? Você não consegue? 

-Não tenho mais forças.

-Olha, eu não recomendo muito você tentar não, mas se é isso que quer, eu posso te dar uma forcinha. -Assenti, colocando minhas pernas pra fora da cama e tentando tocar o chão. Porém ele estava gelado por causa do frio. Maru empurrou a poltrona pra longe da cama, deixando o quarto mais espaçoso para que eu pudesse andar. Depois segurou minhas mãos e desci da cama, me mantendo em pé.

-Eita. -Falei, dando alguns passos devagar.

-Vai com calma, não precisa ter pressa. -Assenti, tentando me manter firme. Mas senti minhas pernas se amolecerem e quase lambi o chão. Maru me segurou por debaixo dos braços. -Pesado. -Me ajudou a sentar na cama novamente. 

-Uau, isso foi incrível. -Falei, me ajeitando em baixo das cobertas.

-Pois é, fico feliz que você tenha conseguido ao menos dar alguns passos. Mas caiu seu anel. -Pegou do chão, me entregando.

-Obrigado.  -Peguei e coloquei novamente em meu dedo. Maru sorriu a mim. Ele não é tão ruim quanto eu pensava. 

 

Autor > 

Louis se direcionava pelos corredores vazios com as cartas em suas mãos. Podia ouvir uns poucos barulhos que ecoavam pelo corredor, pareciam pancadas, e não estavam longe. Quanto mais andava em direção da Sala dos Professores, mais o barulho aumentava. Então ele se deparou com Darh chutando a porta de um dos armários com força. Ao se aproximar, percebeu que não era só um armário, era O armário de Maru. 

-Oque está fazendo? -Disse assim que se aproximou do menino que o olhou e sorriu.

-Tentando destruir um armário? Por que?

-Por que perguntou eu. Oque quer aí?

-Não é da sua conta, sai daqui e deixa eu terminar oque começei. -Louis assentiu, voltando a andar sem ao menos olhar para trás.

Os olhares de Darhlynn o davam muito medo. As vezes imaginou que o garoto não passava de apenas mais um aluno normal. Não tinha nem notado sua presença até Ivy comentar sobre o perigo que corriam. Então procurou tomar mais cuidado por onde andava, com suas coisas e oque fazia, a qualquer momento poderia ser surpreendido ou até mesmo ser pivô de alguma tragédia. 

 

Louis Tomlinson > 

Assim que cheguei perto da sala dos professores, chequei bem se ninguém havia me seguido ou pelo menos me visto. Entrei rapidamente na sala e me escondi atrás da porta vazia. Já já vai bater o sinal para que as aulas retornem, não posso perder essa oportunidade. 

Então assim que o sinal tocou, muitos professores entraram na sala conversando e rindo alto. Alguns pegaram seus livros e saíram, mas nesse meio não consegui ver Diana. Será que ela veio? É impossível que não, hoje temos aula com ela! Esperei mais alguns minutos e nada. Já estava quase decidindo sair de trás da porta quando ouvi alguém se aproximar. Me escondi rapidamente e suspirei ao perceber que finalmente era Diana. 

''Cuida bem dele Rebeka, talvez irei passar na cidade pra comprar mais alguns remédios, mas não demoro muito... Siiim, pode deixar...'' -Ela falava ao telefone.- ''Um beijo querida, também amo você, tchau.'' -Desligou e guardou seu celular, pegando seus livros. Saí devagar de trás da porta e tomei coragem para chamá-la.

-Professora Diana... -Ela rapidamente levou um susto, se virando rapidamente pra trás. 

-Ai garoto, que susto! Não faça mais isso! -Colocou a mão em seu peito, nervosa.

-Perdão, não era minha intenção assustá-la dessa maneira. Perdoe-me... Mas eu queria perguntar algumas coisinhas. 

-Desculpe, tenho aula. E o mocinho também. Vamos, já pra sala!

-Eu juro que é rapidinho. -Juntei minhas duas mãos, implorando. -Não vou tomar todo seu tempo, por favor...

-Tudo bem, oque você quer tanto conversar? 

-Eu acho que a senhora deve saber do Xavier do Primeiro ano...

-Sei sim, oque convém? -Respirei fundo, tentando formular uma conversa calma e objetiva.

-Então... Digamos que eu e ele... Recebemos uma caixa de uns amigos lá da cidade. Mas nessa caixa, haviam umas cartas. Nós já havíamos visto elas antes, mas acabamos a perdendo com o tempo. -Brinquei com os papéis em minha mão.

-E então? -Por alguns segundos ela pareceu bem nervosa. -Prossiga, não tenho muito tempo.

-Nessa carta, contava a verdadeira história sobre a mãe do meu namorad... Meu melhor amigo, sabe. Dizia que ela havia tido um caso com um homem e engravidou. E eu pensei que... Pelos nomes... Serem iguais, entre a 'Garota de programa' que escrevou a carta e a senhora... pensei que pudesse haver alguma relação em... Você sabe... 

-Me deixe ver essas cartas. -As mãos delas tremiam muito. Então entreguei as cartas nervosamente a ela, que colocou seus livros na mesa e começou a ler calmamente. Esperei mais nervoso do que o normal, é como se meu coração fosse saltar do peito. Então percebi que algumas lágrimas escorreram do rosto dela enquanto seus olhos rolavam pela página amarelada. Assim que terminara de ler, dobrou as cartas e limpou seu rosto. -Eu me emocionei um pouco... Essa história é bem triste né? .... -Respirou antes de continuar. -A dezenove anos atrás, eu conheci um garoto. Ele era bonito, de boa família, tinha um bom desempenho, cursava a faculdade... Uma noite, ele e os amigos dele foram em um bar no qual eu trabalhava... Acabei me interessando por ele e trocamos idéia. Mas a culpa não foi nossa... -Respirou fundo. Meus olhos arderam, dando a sensação de que quero chorar. -E então, dois meses depois descobri estar grávida... Eu não queria ter esse filho, não podia, minha profissão não deixava, minha família já havia me abandonado há anos... Então eu apenas deixei essa criança nascer. Mas eu não tinha condições pra cuidar. O nome dele era Harry, tinha os olhos verdes tão lindos, igual aos do pai, mas... Eu...

-Continua. -Pedi educadamente sentindo minha voz ser embargada pelo choro. 

-Eu dei meu filho para uma mulher. Na época eu não conhecia muito bem a cidade, decidi mudar pra bem longe e dar minha criança pra uma família desconhecida, e foi oque aconteceu. Uma mulher, eu não vou lembrar o nome agora... Pegou o bebê pra cuidar. Durante os anos, eu tive algumas notícias de como ele crescia, se ia a escola, tinha boas notas e essas coisas. Mas quando eu engravidei do Marcello... Perdi o contato completamente. Nunca mais ouvi falar de Harry, nunca mais vi seu rostinho ou seus olhos verdes... E é como se esse tal Xavier... Me lembrasse muito meu filho...

-Talvez porque seja ele. -Completei. -Talvez porque seu filho esteja bem na sua cara e você não teve capacidade de perceber. 

-Eu não sabia nem que estava vivo. -Suspirou, tirando umas mechas de seu rosto. 

-Talvez porque agora ele esteja em uma cama, morrendo. Talvez porque sofremos tudo isso por você ter entregue ele para... Pra aquela mulher horrível... Ela quer matar seu filho... Ele tem irmãos, tem irmãs... 

-Eu nunca quis prejudicá-lo, sempre quis o melhor. Saí daquela vida horrível e tentei procurar por ele, mas sabia que era tarde. A tal mulher tinha voltado para Londres e casado com aquele irresponsável... Eu não queria estragar as coisas, meu filho tinha uma família que o amava de verdade.

-Diana... V-v-você é mãe do Harry... E-eu...  Desconfiei um pouco... -Procurei as palavras certas, não as encontrando. -É muita coincidência... Não é possível... 

-Pois é Louis, é muita coisa do destino. -Ela disse meu verdadeiro nome. -Parece que... Os destinos foram traçados pra acabar assim.

-Não é possível... 

-Eu sabia quase tudo, fiquei sabendo que vocês haviam desaparecido, fiquei sabendo que estavam em Oxford, e saber que eu estava tão perto de meu filho, convencer Anne de mandá-lo pra uma faculdade foi fácil. Eu finalmenre reencontrei meu filho.

-VOCÊ OQUE? -Arregalei meus olhos. -Como... Não é p-possível, quem nos mandou pra cá não foi ela! 

-Foi Kamila... Eu sei, mas foi tudo ideia minhaz

-Tudo faz sentido agora. Tudo se encaixa, tudo, tudo... Anne sabe que estamos aqui... Ela sabe que estamos foragidos, sabe dos nomes falsos... Sabe de toda a farsa...

-Não...

-Nunca vivemos em segredo... Foi tudo planejado... 

-Mas apenas eu e você sabemos disso. Mas ninguém. Agora você sabe que Marcello, Mariana, Diana, Siara, Keny e Harry são irmãos. Mas não saia por aí espalhando pra todos. Vou guardar tudo isso em sigilo. 

-Não não... não, não... -Balancei minha cabeça em sinal negativo. -Não faz sentido, por que você voltou? Oque quer com Harry? 

-Ele é meu filho! Eu só queria saber se ele está bem e passar um tempo antes de.... Olha, se você me dá licensa, eu tenho aula pra aplicar... -Pegou seus materiais, mas a impedi que saísse.

-Espera, me diz uma coisa...

-Oque? Dizer mais oque? Você já sabe da verdade. Não tenho mais nada pra contar.

-Anne está atrás de nós? Ela sabe bem que aqui poderá nos encurralar rapidamente, não? 

-Ela não sabe exatamente pra qual faculdade mandaram Harry e você. Kamila não queria que Anne matassem vocês dois, então mandou pro lugar mais fácil possível.

-Pra ela nos matar facilmente?

-Não, na cabeça de Anne, mandar vocês dois para a faculdade mais fácil e mais popular de Oxford seria como matar dois coelhos com uma cajadada. Então ela apenas procura pelas faculdades/universidades menos populares e que chamam menos atenção. Vocês dois estão seguros aqui dentro, ou quase. Licensa. -Dessa vez a deixei ir. As cartas? Ela levou. Minha alma? Levou junto com as cartas. Fiquei parado, apenas refletindo. 

Mas não é possível que nesse tempo todo, nunca desconfiamos de Kamila. Era mais que óbvio, ninguém seria bondoso a ponto de fazer uma coisa dessas. Mas ela possui um coração tão bom que driblou o perigo apenas pra nos salvar. Nós precisamos sumir daqui o mais rápido possível, não estamos protegidos coisa nenhuma. Ou devemos voltar pra casa. Podemos pedir pra nos mandar pra fora do país. Onde vamos, essa louca está nos perseguindo. Pensei que por um tempo, teríamos paz. Mas até estranho quando tudo está dando certo, nada na nossa vida termina bem. É como se eu sentisse um presságio do que irá acontecer agora, provavelmente seremos mais uma vez torturados até desistir. Talvez seja por isso que Lottie fugiu? Ela sabia de alguma coisa? Sabia que Anne a prejudicaria? Eu preciso urgentemente de ajuda. 

 

Harry Styles > 

-Hahaha... -Maru ria como uma criança. Estávamos um contando para o outro sobre as desilusões amorosas. Claro que não ousei contar sobre Louis, sei que isso seria muito mancada. Maru contava sobre Ivy a mim. Não sei como ficamos tão íntimos a ponto de deixar ele mexer no meu cabelo enquanto conversávamos. -Ele é um idiota mesmo. Me deixei levar por achar que Ivy queria alguma coisa comigo no dia que me beijou, no refeitório, em frente toda as irmandades. Mas ele só queria tirar o foco da briga... Tenso. 

-Tenso... Acho que eu nunca tive uma desilusão amorosa. Minhas relações, ou minha relação... Tranquila. 

-Sorte a sua, se você soubesse a esrascada em que me meti por causa daquela briguinha no refeitório... Opa. -Seus dedos erolaram em meus cabelos. Sorri, vendo seus olhos castanhos passearem por meu rosto. -Você não é tão chato e imbecil o quanto eu pensei.

-Sou tudo isso aos seus olhos?

-Não... Você é muito legal. Muito mesmo. Eu gostaria de passar mais tempo aqui contigo, mas antes queria planejar algumas coisa pra gente fazer, porque nesse tédio não dá. -Ouvimos a porta se abrir e Mariana entrou no quarto, segurando um caderno e lápis de cor. 

-Maru, você pode ir se quiser, estou livre agora. -Ele se espreguiçou, levantando da poltrona. 

-Obrigado irmã, que Deus lhe pague. Até mais tarde Xavier, se cuida. -Piscou disfarçadamente pra mim e andou até a porta, saindo. Talvez eu durma um pouco, passei a manhã inteira brincando. Espero que amanhã seja assim também, eu adoraria poder dar mais uns passinhos novamente. 



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