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História Cursed Lovers - Ato X - Torre


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Tudo tem estado interessantemente calmo por aqui, não acham?

Capítulo 10 - Ato X - Torre


 /TORRE                                                               

A porta abriu-se o suficiente para trazer a cabeleira rubra de Karin dentro do quarto. Através do espelho Sakura viu-a e então se direcionou à mulher.

— Parece feliz, Sakura — ela disse. — Ouvi-a cantar e vim verificar se estava bem. Mas percebo que está mais que isso. Aconteceu algo?

As pálidas bochechas arderam e foi forçada a desviar os olhos da pequena questão feita pela ruiva. Se dissesse a ela que pela primeira vez em anos tivera um sonho bom e que este envolvia Lorde Uchiha, com toda certeza entregaria os pontos e a outra poderia tomar soluções precipitadas. Ou então tardadas pela Haruno. Fosse qual fosse a resposta, nada diria. Aceitou as bochechas coradas e mordiscou o lábio, mantendo a verdade atrás da coluna de dentes.

— Apenas um sonho bom — disse por fim.

— Que bom que os pesadelos se foram.

— Oh, sim — concordou e tornou a pentear os cabelos, deixando o espelho inclinado e apoiado à parede de rocha cinza. — Perdoe-me se a atrapalhei com a cantoria.

— Não, não atrapalhou — Karin sorriu —, pelo contrário, me deu uma resposta que buscava há tempos.

Sem entender as palavras dela, girou outra vez no banco e fitou-a. A ruiva tinha os olhos brilhantes e seus lábios esboçavam o mais doce dos sorrisos vitoriosos já vistos por Sakura. Gostaria de perguntar a ela o que meros versos cantados poderiam revelar, mas optou pela quietude e não se intrometer em assuntos dela, uma vez que guardava para si os próprios pensamentos.

— Irá ver Sasuke essa tarde? — Karin perguntou.

Encarou-se no espelho e deslizou a escova pelo emaranhado de fios róseos. Ia fugir da questão, se pudesse. Mas os olhos da outra pesavam sobre suas costas, aguardando uma resposta. Será tão evidente assim que tenho forçado encontros com ele?, perguntava-se mentalmente. Sua coleção de dois beijos já a enchia a mente com possibilidades de fazer a lista crescer. Pelos deuses, Sakura. Pare de pensar como uma garotinha apaixonada. Sacudiu a cabeça e encolheu os ombros.

— Não sei — respondeu.

— Seria bom se fosse vê-lo, Sakura.

Intrigada, mais uma vez virou-se para encarar a mulher de cabelos ruivos. Por que raios deveria ir ver o Uchiha? Se ele a quisesse por perto teria chamado. Mas isso nunca foi regra, Sakura. Lembre-se que sempre esteve por perto, tentando se aproximar. Pensara e levou o dedo ao lábio, pensando na sugestão da ruiva.

— Por quê?

— Oh, és tão atenciosa a ele — Karin andava pelo quarto e gesticulava com as finas palmas enquanto falava —, e Lorde Sasuke tem estado sozinho faz muito tempo. E ele parece gostar de você, Sakura.

— Ele gosta? 

A voz saiu mais alta do que deveria, quase como se gritasse em excitação pela confissão de Karin referente ao Uchiha.

— Bem, ainda está viva, depois de tudo — a ruiva encolheu os ombros e parou diante da Haruno. — Então é claro que gosta.

Viu-se sorrir mais do que o possível no espelho e então como se estivessem programadas para atacá-la, lembrara-se das palavras de Hikaru havia muito tempo antes. 

Ao completar os doce dezessete, viviam já sob o telhado de Jiraya na taberna. Uma prostituta que sempre encontrava seus clientes por lá tornara-se uma amiga gentil à Haruno. Ainda que a mulher não compartilhasse sua vida em relação ao prazer, mostrara-se uma alma gentil e vivia a falar com Sakura sobre assuntos banais. Conversas naturais e simples.

A mulher  tinha segredado que Sakura era a jovem mais bela de todo o vilarejo e que um dia um homem justo e bondoso veria essa beleza e a tomaria como esposa para viverem num castelo, ele prometeria todo o seu amor porque seria o único a gostar dela verdadeiramente. Na época achara a promessa da meretriz incrível e cheia de verdade. Até ver Hikaru se aproximar da mesa que ambas compartilhavam, cambaleando de bêbado, ele cuspiu as palavras com aspereza de uma voz regada por ira.

— Sakura bonita? — ele riu com todo o sarcasmo do mundo —, é também cega, mulher? Olhe para ela — a atenção dos presentes ao redor giraram em direção ao trio. — E que homem iria amá-la? Só se fosse um homem com miolos de uma ovelha!

E outros bêbados ao redor juntaram-se aos risos, expondo a Haruno à mais fria humilhação de que conseguia se recordar. A explosão de risos e gritos a retornavam na memória enquanto olhava a si mesma sorrir no espelho.Hikaru gostava de lembrá-la que seria sorte se conseguisse casar com um criador de cavalos. Então pensar que Lorde Sasuke poderia criar algum sentimento por ela, soava como uma piada de mau gosto. Engoliu as lembranças e deixou a escova sobre a penteadeira.

— Não acho que seja possível ele gostar de mim — disse Sakura.

— Sakura, por que outra razão ele teria chamado-a quando ardia em febre? — encarou os olhos brilhantes da mulher. — Só chamamos em um momento como este aqueles que nos confortam. Que gostamos e queremos por perto.

A verdade das palavras de Karin a fizeram rever fatos anteriores de sua própria vida, quando na infância adoecera e pedira para que a mulher de cabelos como cobre e cheiro de verão permanecesse ao seu lado. Se ele a tinha chamado, como a ruiva dizia, então ele também nutria algo...

— Então, irá vê-lo?

— Mais tarde — disse, sorrindo.
— Lorde Sasuke precisa de você, Sakura — a ruiva disse antes de sair. — Todos nós precisamos...
A frase final a soara sem sentido, acabou por ignorá-la e então se encarou no espelho de prata, sorrindo e pensando em um momento certo para ir vê-lo. 

As tarefas completaram-se quase que sozinhas. Tudo parecia mais organizado que antes e ainda mais limpo. Andava pelo salão principal, verificando se não havia esquecido de algo. Foi quando parou diante de Minato, o capitão da guarda da vila de Konoha. O homem de cabelos loiros mantinha embaixo dos braços uma pilha de pacotes e envelopes de papel. Ao vê-la, ele sorriu.

Sakura se aproximou, conhecia-o por diversas razões. A mais intensa estava ligada a Hikaru e suas brigas por estar bêbado. Sempre que ia buscar o irmão na casa dos guardas era Minato quem a atendia e dizia ao irmão para manter-se fora de problemas. Mas era apenas tempo da lua virar e todo o trajeto era feito uma vez mais.

Por poucos segundos pensou que Hikaru tivesse se metido em confusão, mas Minato então começara a falar:

— Senhorita Haruno — ele a cumprimentou —, é bom revê-la.

— Diga-me que Hikaru não foi preso de novo — suspirou.

— Ah, seu irmão. Não, ele está bem — Minato sorriu. — Na realidade vim para falar com Lorde Uchiha, mas aparentemente ele não quer me ouvir. 

— Uma pena — Sakura disse. — Ele esteve com febre, talvez ainda não se sinta bem. Perdoe-o.

— Sasuke acabou de me expulsar da sala dele, senhorita — o homem riu baixo e então suspirou. — Vim para tratar sobre a liberação dos cativos nas masmorras dele, entretanto, sequer quis me ouvir falar do assunto.

Curiosa, deu um passo adiante e se aproximou do homem de cabelos loiros.

— Liberar os presos, fala?

Minato assentiu.

— Ofereci que os homens serviriam bem na guarda, depois de um bom treinamento e juramento, mas não quis deixar-me falar — ele suspirou ainda mais pesado e em desânimo, diante de uma derrota concreta. — Os familiares sentem falta e tenho certeza de que os atos não passem de um engano. Mas que seja, se o homem mantém sua convicção a respeito do assunto, quem serei eu para opôr? 

— Posso falar com ele — Sakura disse. 

— Ele não quis me ouvir, senhorita Haruno — Minato pareceu ainda mais desapontado —, por que acha que Lorde Sasuke a ouviria?

Porque é isso que ele tem feito. E porque gosta de mim. Sorriu ao homem e se aprumou, não diria o que a mente lhe segredava, mas o daria uma promessa mais plausível.

— Tentarei falar com ele sobre o assunto — Sakura ajeitou as palavras —, não se preocupe.

— Se não lhe for causar problemas — oh, talvez uma cabeça na muralha, mas relevarei isso, pensou ao aceitar a pilha de papéis que ele mantinha junto do corpo. — Agradeço-a, Sakura.

— Apenas quero recompensá-lo pelas vezes que livrou meu irmão da cadeia — ela sorriu.

— Bem, devo-me ir. Obrigado, uma vez mais.

Ainda que não soubesse como iniciar a conversa com Lorde Sasuke a respeito do tema que Minato falhara, Sakura respirou fundo e olhou para os degraus que levavam diretamente ao escritório dele. Tomada por um medo breve, os degraus que muito lhe tinha tido os pés agora pareciam assombrados. Sacudiu a cabeleira rósea, ajeitou os papéis abaixo do braço e deu os primeiros passos rumo ao desconhecido.

Enquanto ia pelo corredor, a mente turbilhonava em pensamentos e comentários a respeito de onde estava se metendo. Tinha prometido ao Uchiha que ficaria longe das masmorras. E havia cumprido essa parte, exceto que convencer Juugo a ajudá-la a tratar deles melhor não fosse necessariamente uma quebra de promessa. Mas agora rumava a algo diferente. Se Minato tinha fracassado ao tentar convencê-lo, com ela não poderia ser diferente. Ou talvez a sorte estivesse ao seu lado, como sempre.

Bateu na madeira da porta  esperou pelo entre dito com um certo desânimo. Entrou e permaneceu na porta, esperando por ele. 

Sasuke mantinha os olhos fixos nos papéis espalhados pela mesa, com a vela a encontrar o fim ele aquecia a cera para selar alguns pergaminhos. Mas os olhos negros logo se dirigiram para a Haruno que se mantinha sorrindo e o aguardando.

— Pretende ficar ai a tarde toda? — ele perguntou, baixando os olhos para o que fazia.

— Oh, não — ela deu um passo adiante —, é só que encontrei Minato lá embaixo e ele me pediu para...

— Não — Sasuke disse ríspido e a ignorou novamente.

— Mas é que é algo...

— Não.

— Deveria dar uma olhada, pode ser que...

— Não — ele a interrompeu outra vez.

— Sequer me deixou falar sobre o assunto!

— Não, Sakura. Já disse não — Sasuke suspirou —, quatro vezes com esta.

Derrotada antes mesmo de tentar, suspirou e girou nos próprios pés, dirigindo para a saída. Por mais que soubesse das possibilidades dele recusar a proposta, sentia-se frustrada e totalmente tola por ter achado que mudaria algo ter os sentimentos dele ao seu lado. 

Eu te disse, Sakura. Sussurrou a voz da consciência com o timbre do irmão, podia ouvir os risos dele também. Abriu a porta e deu um passo para fora, sentido-se mais tola do que nunca. 

— Sakura.

Antes de se colocar para fora, um fio prata de esperança cintilou diante de seus olhos. Virou-se o mais rápido que pôde, sorrindo e tendo a esperança de que ele tivesse se arrependido e então fosse dar uma chance à proposta. Mas o sorriso se esvaeceu ao vê-lo empurrar a xícara vazia adiante.

— Traga-me mais uma xícara de chá.

Suspirou pesado e caminhou até o copo de porcelana, tomando-o na mão livre. Evitou olhar para o Lorde Uchiha, mantendo-se calada e pensando num meio de contornar os sentimentos negativos que se apoderavam de sua mente no momento.

— Estive pensando que talvez queira algo em troca por ter cuidado d minha saúde no outro dia — ele disse.

— Oh, aquilo, fiz apenas um favor.

— Ainda assim, não gosto de ficar em débito com ninguém — Sasuke cruzou os dedos abaixo do queixo e apoiou os cotovelos na mesa.

— Não me deve nada — Sakura sorriu —, fiz porque quis, milorde.

— Eu sei — o Uchiha ajustou os olhos para encará-la. — Mas não me sinto... sinto certo a respeito disso. Deve haver algo para recompensá-la. 

Sakura Haruno quis rir, nunca tivera visto alguém querer recompensar a sua atitude de ajuda. Jamais. Mas, pensando bem, se todos fossem pagar, Hikaru seria o maior em dívidas. Ainda que quisesse recusar da ideia dele, parecia-lhe que nada que dissesse ou fizesse a respeito o convenceria a deixar de lado. Nesse caso, teria de pensar em algo.

Mordiscou o lábio, lançando os olhos por toda a sala, penando num objeto ou qualquer coisa que pudesse pegar em troca e acabar com o assunto. Até que finalmente achou, possuindo nos braços a solução para toda a recente problemática.

Sorriu e colocou os pacotes diante de Lorde Sasuke, qual arqueou as sobrancelhas, curioso. E foi quando ele compreendeu do que se tratava.

— Isso — Sakura disse, sorridente e sentindo-se vitoriosa. — E também um baile.

— Um baile?

— Sim — ela sorriu ainda mais —, nunca esteve em um?

Ainda que se sentisse frustrado por tê-la oferecido algo em troca justamente após esta vir em sua sala suplicar-lhe por uma conversa com Minato que sequer acontecera, Sasuke abotoava o casaco e se preparava para aquilo que a jovem Haruno chamara de baile. 

Obviamente que em nada se assemelhava aos festivais de outrora, de uma vida há muito passada. Seria apenas um festa comum, com bardos a tocar músicas animadas, bebidas e pessoas dançando. 

O decorrer da semana tinha sido agitado para a jovem Sakura, qual decidira tornar-se responsável por tudo. Por um lado tinha se mantido distante dela, que não possuía mais tempo livre. Quase deu por si agradecendo por ter dado o baile a ela. Até se recordar que teria de ceder os seus prisioneiros a uma reeducação sobre leis e ordens, além de futuramente vê-los prestando um juramento qualquer sobre seus votos. Só de pensar sentia a vontade de desistir e dar à Haruno um colar como tinha pensado inicialmente.

Libertar os cativos o remetia diretamente à figura do irmão, um pacificador. Itachi estaria feliz com isso, pensou ao colocar o anel da família e fitar a límpida pedra azul envolvida em prata. Havia muito tempo desde que o irmão fizera algo parecido, sempre lutando pelas causas certas e dando segundas chances, pois sua filosofia partia da ideia de que todos podem recomeçar e tornarem-se melhores. Mas para Sasuke injustiça se pagava com justiça, acreditava nas leis e as obedecia à risca.

Mas não hoje, pensou, hoje será do modo dele. Alisou o veludo do casaco e se encarou no espelho. 

Caminhou em direção da janela, olhando para o jardim iluminado e as carruagens, carroças e cavalos que se chegavam. O início da primavera já mostrava suas pequenas artes, trazendo um clima agradável e folhagem nova e verde às árvores. As roseiras de Sakura começavam a ganhar mais vida e jorravam cores por todo o espaço. O que aparentemente encantava os visitantes. Ela realmente havia feito um bom trabalho.

O salão inundava-se em uma canção melíflua da harpa e flauta, enquanto os convidados mantinham-se ora rindo e dançando, ora sentados e bebendo, rindo. Todo o grande salão enchia-se com uma vida jamais vista em décadas, parou no primeiro degrau e tentou se certificar de que se realmente o que via era real, ou se não seria apenas uma lucidez da febre. 

Mas, não, todo estavam ali e olharam-no ao topo da escadaria, ansiosos talvez. Apreensivo, Sasuke buscou por rostos conhecidos na multidão e só parou de procurar quando a viu. Sakura sorriu e se aproximou.

Nunca a tinha visto tão bela antes. Num vestido vermelho e com mangas que se arrastavam ao chão, os cabelos róseos atados numa trança com cristais espalhados pelos fios destacavam-se e dava a ela o aspecto de mulher, não de uma jovem. Ela o sorriu docilmente, usando um colar de pérolas que davam voltas em seu pescoço, se sacudindo conforme avançava entre as pessoas para encontrá-lo.

— Milorde — Sakura fez uma breve reverência —, espero que goste.

— Pensei que fosse para você — ele disse, carrancudo.

— É para nós — a Haruno disse.

Nós?

Os olhos verdes o encararam em surpresa, atados numa expressão de quem queria poder evitar ter dito. Ela corou e então mordeu o lábio inferior, algo que o fazia gostar de vê-la pensativa e se xingando por algo que não devia fazer ou dizer.

— Não... quero dizer... bem, nós. Você, milorde, eu... Oh, não! — ela corou ainda mais, ficando tão vermelha quanto o vestido. — Nós. Todos os convidados, as pessoas da vila. Oh, deuses...

— Eu entendi, Sakura. Deveria tomar algo.

— Claro.

Ofegante, a jovem procurou por alguma bebida. Observou-a despejar a bebida na taça e deixar algumas gotas escorrerem por seus dedos, molhando a mão. O Uchiha demorou um pouco antes de avançar, queria ter esse momento para si, olhá-la e ver como era uma mulher de beleza relevante.

O corpo da Haruno descia em curvas pelos vestido rubro, contornando cada parte e desenhando-a de um modo muito mais interessante que quando a via usando as roupas de criada. Ainda assim, sentia-se atraído por ela, como se o próprio corpo fosse magnetizado e obrigado a se aproximar do dela. Queria sentir o doce perfume de Sakura, aquele que o chamava atenção. Um cheiro doce e suave.

Aproximou-se dela e estendeu-lhe um lenço branco. Surpresa, ela o olhou e aceitou o tecido, secando os dedos e entregando a taça para Lorde Uchiha. Bebeu o vinho e não evitava olhá-la. As pérolas no pescoço dela o causavam ciúmes, ansiava por ser ele ali, envolvendo-a de qualquer forma. 

Sakura estendeu-o o lenço para devolver. Sasuke colocou a taça na mesa e então pegou o tecido. Mas o ato demorou mais do que deveria, ela segurava uma ponta e ele outra, sustentando o tecido entre os dois, enquanto a canção os embalava e os olhos se encontravam no meio do caminho. 

Quanto tempo aquilo durou? Não saberia dizer. Porém, ter os olhos cristalinos voltados para si e os lábios entreabertos, como se o esperasse tomá-los nos seus o chamavam atenção e se tivesse de passar a eternidade fazendo algo, então que fosse nesse momento.

E tudo partiu-se em milhares de pedaços quando ele surgiu, sorrindo.

— Nunca se deve recusar o convite a um baile.

Sasuke recolheu o lenço e enfiou-o ao bolso, para então dirigir a visão ao homem de casaco preto e cabelos longos, com sinos nos fios. Ele sorriu e ergueu a taça em saudação ao Uchiha, até virar-se para Sakura.

— Que bela mulher esta — ele disse, sorrindo e tomou a mão dela para pregar um beijo. Sasuke conteve-se para não atirá-lo para longe. — Como se chama jovem senhora?

— Sakura, se lhe aprouver — ela sorriu adoravelmente. — Acredito que não nos conheçamos ainda, senhor...

— Oh, isso é verdade minha querida. Acredito que nosso encontro tenha sido atrasado pelo destino — ele sorriu mais ainda e lançou a Sasuke um olhar de esguelha, vitorioso. — Madara, a propósito.

A Haruno sorriu como se conhecesse-o de algum lugar, mas os olhos revelavam que não passava de uma cortesia a que fora submetida. Entretanto, Sasuke o conhecia bem, até demais poderia dizer. Mantê-la longe dele era a coisa mais sensata a se fazer.

— Sakura, busque algo para Madara beber — Sasuke disse —, ele prefere algum hidromel, por favor.

— Claro — ela fez uma reverência curta e Madara tomou a mão dela em seus lábios outra vez. — Foi um prazer conhecê-lo.

— Oh, digo o mesmo, Sakura. Digo o mesmo...

Rodopiando em vermelho, ela se foi, sorridente e cumprimentando alguns dos convidados. Lorde Sasuke encarou o homem ao seu lado que mantinha o sorriso estúpido nos lábios.

— Prefiro vinho — Madara disse, colhendo a taça da mesa e levando aos lábios —, mas deixe a jovem Haruno ir. 

— O que faz aqui, Madara?

— Pelos deuses, Sasuke, recebi um convite e não pude recusá-lo — ele deslizou o dedo pela borda da taça, contornando-a. — Afinal, fazem-se séculos desde o último baile nesse castelo. Não perderia por nada.

— Não gosta dessas coisas. Há uma razão.

— Você também não gosta de festas, no entanto, está sediando uma — Madara riu. — Gosta da garota. Não diga nada se não for admitir a verdade. Olhe para você, Sasuke!

Cerrou o punho e conteve a ira que surgia em âmago.

— Fique longe da Sakura.

— Por quê? — os olhos escuros dele o fitaram de volta, percorrendo todo o Sasuke em uma curiosidade intensa. — Oh, não! Não diga que...— Madara levou a mão à boca e gargalhou. — Deuses! Faz tanto sentido agora. Você a ama!

— O quê?! 

Madara continuou a rir, como se aquilo lhe fosse a mais doce piada do mundo, algo que merecesse risos longos e escandalosos. Sasuke sentia-se ainda mais irritado do que nunca.

— Não a amo — ele disse por fim, cortando o riso do mais velho.

— Claro que não. Mas deu tanto à pequena. Por quê? É capaz de responder-me isso ao menos?

— Para mantê-la ocupada e distante — disse Sasuke.

— Sinto muito lhe informar, mas não funcionou — Madara inclinou a cabeça ao ombro, com os últimos suspiros do riso a atravessar os lábios. — Só serviu para aproximarem-se mais.

— Não diga tolices — Lorde Uchiha tentou se afastar mas foi segurado. — Solte-me.

— Ou o quê? — Sasuke movimentou os lábios e nada disse. — Preste atenção, Sasuke. Não negue a realidade que tem diante dos olhos apenas para se sentir aceito. Sabe que não termina bem. Nunca.

— Vá embora, Madara — Sasuke disse. — Vá para o seu mundinho e deixe-me em paz — deu um passo para se afastar, mas antes que o pudesse fazer por completo, voltou. — E não se aproxime da Haruno, deixe-a em paz.

A noite se seguira da forma como imaginara: danças, banquete e risos capazes de arrancar qualquer alma da cama. Tudo fora como deveria ser, mas ainda que Sasuke tentasse se fazer parte das gargalhadas e do festim, não conseguia. Fez sua parte como anfitrião e deu a liberdade aos cativos, quais se reencontraram com seus familiares e lhe deram as palavras de que obedeceriam a Minato e fariam o possível para acolher a chance como um prêmio de valor imensurável. Cordialmente aceitou as promessas, ainda que seu âmago se apertasse em um receio de estar fazendo o errado. E isso durou até seus olhos se prenderem aos da Haruno e de repente recordar-se de que o irmão iria sorrir mais do que a garota de cabelos róseos por ter-lhes dado essa alternativa e liberdade.

Entediado do salão e depois de a valsa terminar, dando início às canções simplicistas e mitológicas, Sasuke deixou a todos e se dirigiu para o silêncio abafado dos corredores que o guiavam rumo à torre de seu quarto.

Caminhando na escuridão e cercado pelas paredes de rocha, sentia-se estranho no ponto de que já não mais se reconhecia. Gostaria de não ter de acolher as palavras de Madara como verídicas, mas tinha dado a Sakura tanto por algo que fizera anos e anos antes, a morte dos pais dela deveriam lhe ter significado nada. Entretanto...

...agora era como se o peso da culpa o causasse peso nos ombros e curvasse o corpo numa tentativa desastrosa de se redimir com ela, que sequer suspeitava do feito dele. Mas na medida do possível, não estragaria nada. Se tivesse de ceder as mudanças e engolir a estranheza para que os sonhos ruins dessa parcela do seu passado fossem embora, então o faria. Uma cicatriz em meio a tantas não faria diferença.

Empurrou a porta do quarto e olhou em direção da sacada, com as portas abertas e as cortinas sacudindo-se rudemente ao vento. As estrelas reluziam-se no céu noturno, mantendo as chamas das velas no candelabro que Sakura segurava. Ao ouvir o ranger da porta, ela virou-se e sorriu para Lorde Uchiha.

— Sakura, o que faz aqui?

— Estive procurando por você no salão, milorde — ela se ajustou na direção dele e tinha a respiração ansiosa. — Imaginei que fosse vir para cá. Festas não são o seu forte, Karin disse-me. Perdoe-me por tê-lo pedido algo do tipo, pensei que fosse aprovar e até se sentir... — Sakura mordiscou o lábio —, se sentir parte de algo. Da vila, em si. Sei que não o olham com afeto, então pensei...

— Pensa demais, Sakura.

— Acha isso ruim? — observou-a por inteiro dessa vez, notando as dobras do tecido ao longo do corpo feminino e a forma como as pérolas caíam finas e delicadas ao redor do pescoço, repousando entre a curvatura dos seios. Uma mulher, novamente era isso que via. E ela corou ao notar que Sasuke a olhava o corpo, medindo-o e analisando. — Pensar, eu digo.

— Oh, não — Lorde Uchiha se aproximou —, é algo bom. Pensar, chegar à conclusões e tentar fazer algo para melhorar. 

O espaço entre ambos encurtou-se e as velas queimavam trazendo um calor ao rosto dos dois. Mas em momento algum evitaram se olhar, se perguntar se deveriam fazer algo em relação da distância que os separava. Obstinada à sua maneira, Sakura deu um passo a mais e sem ousar desviar as orbes verdes de Sasuke, repousou o candelabro na mesa e esta foi a deixa para que ele desse um passo a mais.

Tão próximos que a ponta dos pés se encontravam, ela o segurou ao braço quando os lábios se fundiram num beijo doce e suave. As mãos do Uchiha enterraram-se ao redor da cintura da mulher, trazendo-a com um toque calmo para ainda mais perto, podendo sentir a respiração dela contra a sua. Os lábios se enroscavam num beijo longo, capaz de fazê-los abdicar do fôlego para assim permanecerem por um longo tempo.

Ao se separarem do ato, fitaram-se em meio à falta de ar, recompondo-se e concluindo que dessa vez poderiam deixar toda as vontades se escorrerem e juntarem-se para formar uma única fonte de sentimentos. Esqueceu-se de tudo ao não soltá-la, enfiando os dedos entre as fitas do corpete e os puxando devagar, soltando. 

Por um instante, soltou-a e a olhou no fundo dos olhos, perguntando-se se ela deveria querer também, desejando sentir essa pequena mudança de passo na proximidade dos dois.

— Sakura — chamou-a —, se não quiser....

— Eu sei — ela sorriu e fechou os olhos, para em seguida puxar a mão dele de volta às fitas —, mas eu quero.

Deslizando os dedos pela cintura, colocou-a de costas para si. Não sabia dizer em que ponto do céu noturno ela deveria estar se prendendo nesse momento, mas não deixou de acariciá-la, sabendo que estava a gostar dos toques. Contornou a linha dos ombros, sentindo a pele da mulher se arrepiar contra seus dedos, estremecendo em seu braço que ainda a contornava a cintura. Desceu lentamente pela fileira de botões do vestido, abrindo um por um até encontrar as linhas do justilho.

A parte da frente do vestido pendeu ao que os botões foram abertos, revelando o corpete vermelho que se destacava na pela alva da Haruno. Puxando fio a fio, soltou tudo, o que fez o vestido rubro cair aos pés dela, formando uma poça vermelha. Beijava-a na curvatura do pescoço, sentido enquanto seus lábios a tocavam, a moça suspirar em deleite e se entregar aos poucos ao esmorecimento do corpo. As pérolas foram tomadas por sua boca também, qual ia a fundo nos beijos na garota.

Ligeiro, soltou-se dela e começou a retirar o próprio casaco. Mas Sakura não o permitiu fazer isso sozinho, rápida, puxou todo o tecido e desfez o fecho num único ato. Sorriu a ele que tirou a camisa branca e a atirou num canto escuro do quarto. Beijaram-se uma vez mais, dessa vez ele guiando-a em direção da parede, onde a manteve encostada. Distribuiu-lhe beijos da boca ao pescoço, descendo pra os seios que desnudara por fim ao arrancar o corpete e jogá-lo para longe. 

A Haruno deixava os gemidos escaparem altos de sua boca, sentido-o sugar-lhe  o seio e acariciar ao outro, apertando e causando espasmos de um prazer viciante. Agarrou-se ao braço dele, cravando as unhas na carne do Uchiha. Ele respondeu ao toque à sua maneira, investindo ainda mais na dosagem de prazer em ter o seio na boca.

Para calar os gemidos da mulher, subiu o corpo traçando uma linha de beijos até encontrar os lábios e selá-los no mais intenso dos beijos, forçando-a a se prender em seu pescoço. Levantou o corpo de Sakura, o que a fez cruzar as pernas ao redor da cintura e ela gemeu mais ao sentir o volume das calças já apertadas do Uchiha roçar-lhe a intimidade. 

Guiou-a até a cama, beijando os lábios, o pescoço e os seios, tirando da mulher uma tentativa de segurá-lo forte na pele. Ora cravando as unhas e dando a Sasuke um desejo mais fervoroso de possuí-la, ora o excitando mais do que pudesse querer.

Deitou Sakura entre as almofadas e permaneceu sobre o corpo feminino. Arfando, via-a como era ainda mais bonita nua. A face estava corada e ela suava, respirando ligeira e com os olhos brilhantes. Afastou as pernas dela e se alocou entre ambas. A Haruno o olhava curiosa, mas com as orbes pedintes de alguém em puro estado de excitação. Entendia que talvez ela jamais tivesse se deitado com um homem, por isso, calmamente, deslizou um dedo até a cavidade que agora estava úmida e fácil  de entrar. Devagar a tocou do começo ao fim, espaçando os lábios com o dedo e a fazendo mordiscar o lábio ao finalmente entrar. Ela se contraiu, mas não o bastante, movia-se devagar, apenas dando costume à região.

Ela prendeu os dedos com mais força a ele quando Sasuke insistiu em colocar um segundo dedo no sexo dela. O grito soou baixo com a intervenção do gemido. Mas não o suficiente para ele sorrir e a beijar, abafando de vez qualquer som que ousasse vir dela.

Com a mão livre, Lorde uchiha desfez os nós dos calções e com uma fina camada de umidade, seu membro rijo deslizou para o sexo da Haruno. Tão devagar quanto pudera, se colocou dentro da mulher que gemeu ao senti-lo dominar o espaço e iniciar investidas vagarosas para não tornar o ato doloroso. Sakura estremecia sob Sasuke, gemendo, gritando e se agarrando tanto a ele quanto aos lençóis que os circulava.

O ato se intensificava a cada vez que ele se movia no interior dela, expelindo gemidos de prazer e sentindo as gotículas de suor escorrerem por seu corpo. Ia e voltava, tomando-a por completo em seus braços. Em dado momento, os dedos se cruzaram um ao outro e, de mãos dadas, ambos entregavam-se ao mais puro desejo que se podiam permitir sentir.

Os movimentos de vai e vem eram incessantes e enlouquecedores para a jovem que com tamanha dose de prazer esqueceu-se da dor do primeiro momento. Agarrou-se às costas dele, trazendo-o para mais perto e o forçando a beijá-la.

Mas tudo acabou-se quando Sasuke deixou o líquido quente e pálido escorrer por entre as coxas dela. Arfando, se olharam. Sakura sorriu e passou a mão pela testa dele, afastando uma mecha de cabela teimosa. Os fios grudaram-se na testa úmida do Uchiha, que se curvou para beijá-la uma última vez antes de rolar para o lado e buscar por controlar a respiração.

Não soube dizer quando dormiu ou como isso ocorrera. Mas ao despertar na madrugada, com uma brisa fria a entrar pelas janelas, Sasuke sentou-se na cama e olhou para a Haruno ao seu lado. Ela se enrolava ao lençol, com os cabelos róseos a tapar-lhe  face enterrada nas almofadas. Puxou o tecido um pouco mais cobrir a costa nua dela, o roçar de dedos trouxe o calor da mulher para si. 

Se levantou e fechou as janelas. Um olhar para o jardim vazio e viu a figura de Madara, rindo ao erguer uma taça na direção de Sasuke. Ele estava certo ao dizer que Sasuke estava a criar sentimentos por Sakura. E essa noite dividindo a mesma cama se provava verdade, tinha desejado-a ter sob seu corpo apenas para tê-la para si. Mas não acabaria bem, sentia isso. Mais do que errado era o que esse ato de ter tido uma noite de sexo se aparentava.

Puxou a cortina e virou para a cama, surpreendeu-se ao ver a Haruno acordada, sentada no colchão e com o lençol caído no colo. Apenas os cabelos tapavam os seios nus que ele agora bem conhecia. Todo o cômodo era iluminado pelo luar e o sorriso dela ficara ainda mais bonito.

— Volte a dormir — disse a ela.

— Então venha comigo — Sakura deu palmadinhas no colchão, chamando-o. — Teve um pesadelo?

— Não.

Se aproximou dela e se ajustou na cama. Teria de pôr um fim a isto antes que piorasse ou encontrasse um fim terrível para ambos. Sentou-se de frente a ela e puxou as mãos finas nas suas, evitou olhá-la nos olhos de primeiro instante.

— Isso foi um erro — Sasuke murmurou, ainda evitando os olhos verdes. — Não podemos...não posso, Sakura. Não sou o homem que pensa e tampouco lhe causarei algum bem, temo que possa feri-la. Como sempre o é.

— Não diga isso — a Haruno ergueu a face dele para encará-la. — Que seria do romance se um não ferisse o outro? Escute-me, milorde, nenhum mal que venha a me causar poderá destruir o que se sente.

— Você não entende, Sakura.

— Então explique-me — ele a fitou com curiosidade, para receber um sorriso em troca. — Ainda que me mande embora, ficarei, pois o amo. E tive a prova essa noite quando me fez sua nessa cama. 

— Vou acabar ferindo-te, há mais do que pensa que sabe sobre mim.

— Não me importa — ela beijou os nós dos dedos dele, com os olhos brilhantes e aflitos. — Deixe-me te ajudar.

— Sakura — acariciou a face dela, sentindo-a quente sob seus dedos frios —, essa vida não é para nós.

— Como há de saber? — ela segurou a mão que a acariciava. — Há sempre uma vida depois dessa. E nos encontraremos em todas até fazermos ser a nossa vida. Porque eu o amo.

Sasuke nada disse, apenas sentiu s lágrimas quentes dela e a tomou em seus braços, sentindo-a e se entregando também. O pecado de amá-la viria cobrar seu preço, até lá, ele seria dela e ela seria sua.


Notas Finais


Não ia dizer nada nas notas finais porque não gosto muito de usá-las. Mas essa foi a hentai mais linda que já escrevi rsss
bjos


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