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História Da Infância à Adolescência - Capítulo XV. Admirador Secreto


Escrita por: AoKiriDay

Capítulo 15 - Capítulo XV. Admirador Secreto


A quantidade de cadernos espalhados na mesa já deixava muito claro que ela estava estudando para uma prova. Havia algumas pontas de grafite quebradas de tanto escrever, além de restos de borracha e livros abertos em uma pequena pilha.

Ela escrevia num ritmo concentrado, afastando a franja que tinha crescido um pouco durante aquelas duas semanas. O cabelo fugia do coque. Seus olhos atrás de um par de óculos retangulares preto. Ela suspirou, olhando para janela. Fazia umas boas horas que ela estava ali e já alguns dias que ela ia após o almoço para estudar.

— Faz um tempo. — ela murmurou para si mesma, lembrando-se de como os dias voavam.

Havia poucos alunos naquele horário. Por volta das 16h o pessoal estava todo preguiçoso na piscina, especialmente por ser uma temporada mais quente. Mas ela... Ela tinha que garantir as melhores notas. Não é sempre que se tem a oportunidade de estudar num colégio tão renomado.

Tirada de seus devaneios pela vibração do celular, Elesis aproveitou o momento para esticar o corpo e dar a sessão de estudos por terminada. Ela soltou o cabelo, logo o arrumando num rabo de cavalo e organizou suas coisas.

— Boa tarde. — ela se despediu do bibliotecário, um rapaz muito pálido de cabelo preto que escondia os olhos com a franja e sempre estava com um livro na mão. Ele era muito tímido, mas sempre tinha sido gentil. O mesmo acenou para ela com a cabeça.

Quando Elesis desceu o elevador, ela sentiu o cheiro de protetor solar forte e ficou com vontade de se exercitar.

“O pessoal vai se ferrar se não estudar para a próxima prova. Eu que não vou passar cola”. Pensou ela enquanto encaminhava-se para o seu armário. A senha era 1614, que eram respectivamente sua idade e a de seu irmão. Assim que o clique foi ouvido e a porta aberta, um envelope deslizou até o chão.

— Hm? — Elesis murmurou, abaixando-se e pegando o objeto.

Com uma letra cursiva em preto, muito delicada e elegante, aliás, estava escrito “para Elesis Elsteiner”. A ruiva sentiu um arrepio com isso.

— De novo. — ela passou a mão no rosto, muito preocupada.

— O que você tem aí, ruivinha?

Elesis deu um salto, jogando a carta dentro do armário e fechando-o num estrondo. Ela se pôs em frente dele, defensiva. Seu rosto corado por ser pega no flagra.

— É você.

Sieghart se aproximou, com um olhar desconfiado.

­— Quem você achou que era?

Ela arrumou a franja, bufando:

— Ninguém. O que você está fazendo aqui mesmo? Pelo visto era para você estar no treino.

Sieghart olhou para seu próprio uniforme e riu, levantando as mãos.

— Ah, claro que é porque eu queria te ver.

— Conta outra.

Elesis continuou protegendo o armário com o corpo, esperando que o moreno fosse logo embora. Fazia um tempo que os dois não ficavam assim, cara a cara. Era estranho.

— O que era aquilo? Recebeu uma carta de amor?

Elesis arrepiou com a perspicácia, não conseguindo evitar a expressão em seu rosto. Sieghart clicou os dedos.

— Na mosca!

— Cuida da sua vida, okay? — avisou ela, abrindo o armário, pegando a carta e já caminhando para longe, adotado a estratégia “bater em retirada”.

— Pera! Ei! Ruivinha! Não foge assim! — ele exclamou continuando a andar atrás dela.

— Para de ser irritante! Vaza daqui!

Quando Sieghart estava prestes a continuar seguindo ela, do outro lado do corredor surgiu um homem de camisa rosa clara e calças bege.

— SIEGHART! O BEBEDOURO NÃO É AQUI! — gritou o homem, vindo como um furacão.

— Merda! Eu não vou esquecer isso, ruivinha! — o moreno resmungou, passando por Elesis e correndo para as escadas.

Enquanto o homem corria atrás de Sieghart, Elesis suspirou de alívio. Provavelmente ele estava tentando matar o treino ou algo assim.

Ela olhou para a carta, tentada a lê-la, mas a guardou no bolso. Em seguida, seu celular tocou:

“Elesis, pode vir no pátio? Tem uma pessoa querendo falar com você.” Arme disse, no meio de vários risinhos.

Não muitos minutos depois, Elesis estava atrás do depósito do ginásio um pouco afastada de olhares alheios, já que aquilo precisava de um pouco de “privacidade”.

— Hm... Pode falar o que você queria. — Elesis disse, com um ar nervoso.

Bem à frente dele estava um rapaz, mais ou menos da idade dela, cabelos castanhos, olhos verdes. Era um pouco mais alto e tinha uma expressão bonita.

— E-Eu me interessei por você desde a cerimônia de abertura! Eu tenho olhado para você sempre...

A ruiva engoliu em seco. Ela não sabia lidar com isso. Nem um pouco.

—... E eu te acho linda. Diferente das outras meninas.

Enquanto a ruiva ficava corada com os elogios e o coração acelerado, ela também ficava nervosa.

— Você não quer sair comigo? — o rapaz pediu, com um olhar confiante.

Ela baixou o olhar, sabendo que precisava responder.

— Obrigada por me declarar seus sentimentos, mas eu não quero sair com você.

Como em toda rejeição, o queixo do menino caiu por terra. Elesis apertou a alça de sua bolsa, nervosa com a enxurrada de perguntas que sempre vinha:

— Mas por quê?!

— Eu só não quero...

— Como assim? Você não está solteira?

— Sim-,

— Então você gosta de alguém?

— Não, eu não te conheço direito.

— Mas como você vai me conhecer se não sair comigo?

— Eu não quero sair com ninguém...

— Eu não sou bom o bastante para você?

— Olha, eu nem sei o seu nome, mas a verdade é que eu não quero compromisso. Muito obrigada, mas eu preciso ir.

A ruiva deu as costas e saiu dali com a cara tensa, o mais rápido possível. Arme, Rey e Amy pareciam já estar esperando ela para contar tudo na cantina.

— Você rejeitou o Alsburg?! — Amy bateu as mãos no rosto, chocada.

— Quem é esse? — Arme perguntou, fazendo barulho com o canudinho.

Elesis arqueou a sobrancelha, sem entender e Rey suspirou com o quanto as duas eram desligadas.

— 3º Ano? Um dos boys mais ricos dessa cidade? Jordi Alsburg? — Rey explicava, balançando as mãos. — Claro que não. A Arme só liga para um homem e a Elesis namora com Pitágoras.

As duas olharam feio para a colega.

— Que? Só falo verdades.

— Mas fala a verdade, Elesis. Você está ficando tanto na biblioteca porque não para de receber confissões não é? — Amy indagou, com um sorriso.

A ruiva ficou calada. Ela queria sim ficar sozinha para estudar, mas Amy tinha um ponto. Desde o incidente com o fã-clube, Elesis ficou conhecida e parece que a atenção atraiu boa parte dos rapazes. Alsburg havia sido o terceiro a pedir para sair com ela.

Elesis estava chocada com o que a mídia é capaz de fazer.

— Você poderia só sair com eles. — Rey murmurou, fazendo cara de desentendida.

— Me aproveitar deles. — Elesis retrucou, muito incisiva.

­— Ai, como você é certinha. Não tem nada a ver sair com alguém só por diversão sabia? Você acha que esses caras estão apaixonados de verdade? — Rey resmungou.

— Tem uma coisa e o nome dela é “princípio”, Rey. — explicou a ruiva. — Eu já decidi que não vou sair com alguém que teve o trabalho de se declarar só por diversão.

A morena sorriu.

— Eu não faria isso, mas te admiro, garota. Só cuidado para não levar tão a sério uma coisa que é para ser simples. — Rey disse, pegando o celular e se levantando.

— Disse a garota que tem um namorado./ Olha só quem fala. — Amy e Arme disseram ao mesmo tempo, rindo depois.

As três acenaram para Rey, quem se afastou da mesa, provavelmente indo ver Dio.

— Olha só quem vem aí. — murmurou Amy.

Atrás de Arme apareceu um rosto sorridente e bastante conhecido.

— Com licença, meninas! ­­­

A roxinha deu um pulo, quase derrubando o copo. Elesis fez um aceno com a cabeça e Amy só ficou quieta.

Ronan estava com uns papeis nas mãos e quem o acompanhava era o primo de Mari, sempre quieto do jeito dele. Os dois pareciam estar fazendo algo para o Conselho Estudantil.

— Er... Elesis. Você poderia vir comigo até a sala do conselho? Tem um assunto importante pra tratar. — Ronan indagou, sorrindo amarelo.

— Pra que essa formalidade? — Amy retrucou, parecendo incomodada com a presença do rapaz.

Elesis e Arme não estranharam. Afinal, Ronan era muito amigo de Jin e o ex-casal nunca mais tinha falado. Amy não dizia, mas era óbvio que ela queria saber sobre a vida do ex.

— Bem, a gente se fala depois, Zero? Pode ser, Elesis?

A ruiva suspirou, deixando as amigas. Ela passou pelo de óculos escuros, que acenou com a cabeça, e seguiu com Ronan. Elesis ainda viu Amy cair matando em cima do rapaz por informação.

— Você veio preparado, não é? Usando o Zero como substituto.

O azulado riu sem graça:

— Ele dá conta.

— Sei. Eu estou sendo muito requisitada hoje... Sobre o que precisava conversar, Capitão? — Elesis perguntou enquanto caminhava com o mais velho.

— Não vou tomar o seu tempo. — Ronan disse, enquanto entregava umas folhas. — Seu exame foi remarcado para depois de amanhã.

— Ah.

Elesis ergueu as sobrancelhas, lembrando-se de que tinha sofrido o acidente nas escadas e por isso seu exame acabou sendo adiado.

— Você precisa me levar na sala do conselho só para me dizer isso?

O azulado a fitou, rindo do jeito dele, educado e refrescante.

— Bem. Eu estava tentando fugir da Amy e, também, eu queria falar sobre um possível treino extra?

A ruiva parou um segundo.

— Mas o campeonato é só no meio do ano.

— Vamos ter uma competição em breve. Eu percebi que você se esforça muito nos treinos. — Ronan coçou a nuca enquanto falava.

Se Elesis não estava ficando louca, ela provavelmente tinha visto o sempre tranquilo capitão do kendô ficar ruborizado e cortar contato visual.

— Então, podíamos treinar juntos. — Ronan a fitou, suas pálpebras meio nervosas, mas com o sorriso mais lindo que possuía. — O que acha?

Passando uns fios para trás da orelha, Elesis sentiu um formigamento no estômago.

“Essa sensação é completamente diferente de antes.” Pensou ela. Não mentiria para si mesma: Ronan era totalmente seu tipo. O cabelo era um pouco maior que a média, ele era mais velho, educado e elegante, tinha bom gosto pra tudo, lutava bem, era sério.

Elesis sentiu o rosto muito quente. “Se for com ele... Acho que eu sairia.”

— Hm, eu também acho que há coisas muito interessantes que você poderia me ensinar. Eu sempre estou buscando melhorar como capitão então sua opinião é valiosa pra mim. — ele continuou, rindo sem graça. ­— Mas se você, se você não quiser tudo bem!

— Tudo bem! Capitão, eu gostaria muito! — Elesis o interrompeu, antes que ele continuasse falando demais. — Um treino extra. Certo?

O rapaz ficou sem palavras por um instante.

— Certo! Certo então! Vamos marcar. —ele disse, acenando para a ruiva. — A gente se fala, Elesis.

— Sim. Até, Capitão.

— Ah, tudo bem me chamar de Ronan.

Elesis sentia suas bochechas ainda mais quentes agora. Ela estava louca? Tinha todo um clima acontecendo naquele momento! Seu coração estava acelerado.

— Okay. — ela sorriu, envergonhada. — Ronan.

Os dois acenaram e ela saiu se sentindo a pessoa mais idiota do universo.

 

XXX

 

 Naquela noite, Lire disse que ia dormir no quarto de outra amiga. Com isso Elesis sentiu-se livre para fazer barulho e deixar alguma baguncinha no chão para arrumar no dia seguinte. Após sua sessão de estudos, depois do jantar, ela se trancou no quarto e percebeu que era sua primeira vez em completa privacidade aquele ano.

Pelo celular, ela conversava superficialmente com Rey, quem tinha ido para o dormitório dos meninos ver Dio. Ela pensou nisso por um tempo. Será que os dois faziam coisas mais ousadas no colégio? E então ela pensou na palpitação que sentiu quando falou com Ronan.

Elesis ficou um tempo deitada, pensando em como seria... Seu primeiro beijo. Ela tocou os próprios lábios, tentando visualizar ou até mesmo sentir.

— A carta! — lembrou num sobressalto.

Ela demorou um tempo revirando sua mochila até finalmente lembrar que estava no bolso de sua blusa.

— Cadê? — Elesis perguntou para o ar, começando a estranhar a falta da carta.

Ela não encontrava de jeito nenhum. Por um momento Elesis sentiu desespero. Se alguém encontrasse a carta e lesse? Ela mesma não havia lido, mas poderiam espalhar boatos de que ela estava recebendo confissões ou saindo com alguém. Ela não duvidava mais de nada naquele lugar.

Seu celular fez um som de notificação e ela já estava pensando que era Rey, mas não.

— “Recebeu meu presente? - Com amor, de seu Admirador Secreto”. — ela leu e franziu o cenho. — Céus, o que tinha naquele envelope?!

Confusa com tudo, a ruiva tentou imaginar onde a carta poderia estar. Ela ainda conferiu todo o quarto, mas nada dela.

De repente, a realização veio:

— Aquele traste! Sieghart!

Continua 


Notas Finais


Yayy~


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