História Daddy ; jaeyong - Calda de chocolate, treinos e fofocas

Um breve feixe de luz passava pela cortina, não que isso houvesse sido suficiente para acordar Taeyong, ainda mais enquanto estava mais do que confortável entre os braços de Jaehyun.

O que o acordou mesmo foi sentir a cama afundar bem na altura de seus pés. 

Era o Cereal, tinha certeza.

Não chegou a abrir os olhos, mas sua suspeita foi por água a baixo quando percebeu que um gato não era tão pesado para afundar a cama tanto assim e definitivamente não soltava pequenas risadinhas. Abriu os olhos e então se deparou com os três serezinhos que haviam virado sua vida do avesso no dia anterior. 

– Taetae! – Mark se jogou em cima do mais novo, se aconchegando assim que Taeyong se ajeitou para abraçar o menino, assim por consequência, acordando Jaehyun.

O mais velho possuía um semblante calmo e extremamente bonito para quem acabará de acordar, quando percebeu o que acontecia não poderia ter ficado mais feliz com a situação diante de si. Puxou a menininha para o meio da cama a deixando entre si e Taeyong, que se encontrava ocupado entretendo Mark.

Seungmin estava na pontinha da cama, coçava seus olhinhos bem devagar, demonstrando que ainda estava se acostumando com o fato de ter acordado. Era claro que ele havia sido o último a acordar, então Jaehyun se esticou para pega-lo e então o colocou por cima de seu peito e iniciou um carinho nos fios do pequeno garoto manhosinho para que dormisse mais um pouco.

Wonyoung continuava segurando seu coelho de pelúcia e Jaehyun apenas se sentiu ainda mais orgulhoso de ter lembrado de colocar o bichinho para a menina abraçar durante a noite, muito provavelmente ela teria ficado assustada caso não o achasse, mas tudo ficou sob controle.

– Como a gente foi pro quarto do Mark? – Wonnie perguntou inclinando seu rostinho para olhar para Jaehyun que logo deu uma piscadinha antes de responder.

– Eu levei cada um de vocês para lá, estavam dormindo tão bonitinhos lá na sala. – apertou a bochecha da menina que respondeu com um belo sorriso.

– O que vocês querem comer de café da manhã? 

Wonnie pareceu pensar um pouco, Seungmin sequer estava acordado e Mark não pensou duas vezes antes de responder.

– Cereal! 

– Não sei nem porquê eu pergunto! – iniciou pequenas cócegas na barriguinha de Mark o fazendo soltar diversas risadas.

Desde Mark nascera, Jaehyun já havia passado por todo tipo de situação. No começo imaginava que não daria conta e que seria um péssimo pai, que a ausência de um outro indivíduo causaria algum tipo de problema para Mark. Felizmente, com o passar dos meses foi se acostumando e pegando o jeito, além de ir melhorando cada dia mais. Ficou tão concentrado no pequeno que simplesmente se esqueceu que havia sua vida própria e que Mark não era o único que precisava ser cuidado naquele momento.  

Não teve tempo para procurar alguém para dividir mais uma vez sua vida consigo, talvez por medo. Medo de a perder mais uma vez, não seria capaz de suportar tal dor mais uma vez. E com esse mesmo pensamento se passaram quase 4 anos.l

Jamais imaginaria que estaria tão feliz quanto estava naquele momento. Ver seu filho nos braços de outra pessoa que parecia o amar tanto e cuidar do outro com todo coração. E de bônus ainda gostar de si.

Taeyong entrou em sua vida no momento certo, talvez não tivesse encontrado ninguém até então porque o destino estava guardando Lee para si. Não se sentia nem um pouco incomodado de pensar que mesmo tendo ficado 4 anos sem ninguém, agora tinha uma pessoa mais do que especial do seu lado. 

Talvez ainda houvessem algumas coisas para serem resolvidas, não tinham nenhum tipo de relação específica, mas Jaehyun estava disposto a logo resolver isso.

Eles apenas haviam um pequeno problema...

– Papai, por que o Tae dormiu aqui? 

Que talvez não fosse tão pequeno assim...

– Hm... O Taeyong... E-Ele...

– Eu dormi aqui porque acabou ficando muito tarde... – nunca se sentiu tão mal por estar mentindo daquela forma, na verdade era a primeira vez que se sentia mal por mentir para alguém.

Mark estava com a carinha um tanto quanto fechada, continuava sem entender o porquê do outro ter dormido ali sendo que morava no apartamento ao lado.

– Mas por que com o papai? 

– Hm? – os dois adultos responderam ao mesmo tempo.

– Por que você dormiu com o papai?

– A gente usou os colchões para vocês meu amor, onde mais ele iria ficar? – tentava falar sem gaguejar mas por dentro já tinha desabado. – Vamos tomar café, vem cá com o papai! 

Mark pensou em listar todos os outros lugares em que Taeyong poderia ter dormido ali no apartamento mas ficou em silêncio. Jaehyun se levantou com os dois meninos no colo, um de cada lado.

– Wonnie, quer descobrir como um foguete faz? – Taeyong perguntou assim que percebeu que estava sozinho com a menina. Sequer esperou a resposta dela e a pegou no colo, precisava se distrair, Mark não parecia ter gostado nada do fato dele ter passado a noite ali.

Colocaram as crianças no sofá para que assistissem alguma coisa enquanto preparavam o café. Cereal se juntou a eles depois de alguns minutos, ficou aconchegado entre Seungmin e Mark e logo voltou a dormir.

Ao chegar na cozinha os dois adultos soltaram o ar que sequer sabiam que estavam prendendo.

– Lembrete mental para nunca mais dormir aqui!

– Não é assim também... – se aproximou de Taeyong e o abraçou por trás. – Você nem me deu bom dia.

Taeyong se virou para encara-lo e pode jurar que nunca havia visto algo tão lindo quanto os olhos de Jaehyun, poderia ficar perdido na imensidão que eles eram pelo tempo que fosse, que não iria reclamar. 

– Bom dia, amor!

Taeyong abriu um sorriso, mas Jaehyun parecia ter paralisado mais uma vez em menos de 10 minutos.

– Você escutou? – Jaehyun se referia à noite passada, poderia jurar que Taeyong ainda estava dormindo quando falou, mas pelo contrário, Taeyong escutou tudo e teve que se esforçar imensamente para não sorrir quando escutou.

Taeyong apenas sorriu e roubou um selinho antes de se desvencilhar do homem a sua frente que ainda parecia estar em estado de choque.

– O que você acha de a gente preparar panqueca para eles? – perguntou enquanto olhava para o armário cheio de ingredientes.

– Acho que pode ser, mas não sei se tem algo para eles misturarem, acho que eles iriam achar sem graça...

– Eu tenho! – se lembrou que Yuta havia comprado um monte de besteira para eles fazerem uma maratona de harry potter, iria pegar e comprava mais depois. – Vem comigo buscar! 

Se certificaram de ver as crianças antes de saírem. Entraram e foram direto para a cozinha. Taeyong abriu o freezer e tirou de lá dois potes de sorvete, um de morango e outro de chocolate.

– Pra que você tem tanto sorvete se você mora sozinho? – Jaehyun perguntou pegando os potes nem um pouco pequenos de sorvete. Estava rindo do mais novo que estava todo afobado procurando os ingredientes para levar para as crianças.

– Um para mim e outro pro Yuta! – disse em um tom como se já fosse óbvio. Jaehyun sabia que o japonês passava bastante tempo na casa do outro, mas esse fato já não o incomodava mais, sabia que não acontecia nada entre os dois e que eram apenas melhores amigos.

E... digamos que acabou descobrindo, sem querer, que Sicheng tinha mais do que um crush no estrangeiro e mais do que apoiava os dois. Apesar de ter noção que Yuta é muito diferente de Sicheng, parecia que fariam um ótimo casal.

– Mas vocês comem um pote inteiro? – disse rindo enquanto observava Taeyong subir em uma cadeira para olhar a parte superior de um dos armários. 

– Ah você sabe né, depois que bate da uma fome danada! – estava tão concentrado na calda de chocolate desaparecida que esqueceu que estava conversando com Jaehyun e não com um universitário da sua idade.

– Que?

– As crianças gostam de marshmallows? – encontrou os pequenos docinhos brancos e pensou que deveria se livrar daquilo antes que Yuta visse, não queria causar mais uma crise no mais novo.

– Devem gostar, é doce... – pegou o saquinho da mão de Taeyong e colocou do lado dos potes de sorvete.

Queria ajudar mas não conhecia nada ali e não queria invadir o espaço do mais novo, não sabia se ele se importava ou não com os outros mexendo em sua coisas então não quis se intrometer. 

Yuta conhecia mais de seu apartamento que si próprio e pela primeira vez havia se arrependido de ter pedido pro Yuta guardar as comprar do mercado. Saiu de cima da cadeira e voltou a olhar os armários que ainda alcançava.

– Achei! – colocou na bancada e empurrou na direção de Jaehyun. – Prova e vê se você gosta. Vou pegar o Chantilly.

Jung segurou o frasco cheio de chocolate e pensou duas vezes antes de abrir, não era lá tão chegado em doces, mas parecia ser bom.

– Cara... qual é o problema do Yuta ele colocou o chantilly atr... – Lee estava de frente para a geladeira, não conseguiu terminar a frase pois sentiu um líquido viscoso entrar em contato com o seu pescoço. – Jaehyun isso é... – o mais velho em poucos segundos passou a lamber o local totalmente marcado de calda de chocolate. Taeyong foi capaz de sentir uma corrente elétrica por todo o seu corpo, estava inteiro arrepiado. – A gente precis... Jae... – no momento dava seu máximo para segurar os gemidos enquanto Jaehyun não se importava nem um pouco em morder e chupar toda a extensão do pescoço alheio. 

No outro apartamento Mark não parecia estar prestando tanta atenção assim no desenho. Estava sentindo algo bem ruim em que pequeno coracaozinho, algo que nunca havia sentido antes. Era um pequeno aperto, não literal mas que parecia machucar até o fundo da sua alma.

Estava sentido isso desde que havia percebido que Taeyong havia dormido ali, com seu pai. 

Queria correr e abraçar seu pai e não soltar mais. “Ele era a pessoa mais importante pra ele não? Ou será que não mais? Era isso que ele dizia todos os dias” pensamentos como esse corriam pela cabeça do mais novo. Sua cabeça estava a mil e a insegurança parecia ter batido pela primeira vez em sua porta. Nunca teve que lidar com outra pessoa tendo a atenção de seu pai tanto quanto si e muito menos ele se importando tanto com outra pessoa quanto si.

Não gostava do pequeno aperto que estava sentindo, não queria mais sentir aquilo. Estava com vontade de chorar.

A ideia de dividir seu pai, não parecia nada legal.

 

*»»——⍟——««*

 

Não muito longe dali a manhã na faculdade também parecia um tanto quanto agitada. Era um dos domingos movimentados e logo de manhã já estava havendo confusão na quadra de futebol. 

– Posso falar com o capitão, por favor? – Yooa tentava manter a calma enquanto conversava com Hongseok que não estava entendendo nada que a menina estava falando de tão rápido que era.

– Jaebum! – o garoto sem camisa correu até o capitão e então indicou o pequeno grupo de líderes de torcida parados na frente da entrada da quadra.

Ele veio com a maior calma do mundo, não fazia ideia do porque eles estarem ali e muito menos parecer estar havendo uma confusão. Os meninos continuavam jogando como se nada estivesse acontecendo. 

– Bom dia gente! – disse sorrindo e logo depois piscou pra seu namorado que estava atrás da menina. – Com o que eu posso ajudar vocês?

Yooa respirou bem fundo antes de começar a falar mais uma vez.

– Bom dia, Jaebum! Como vocês vão jogar daqui a duas semanas, a gente estava precisando ensaiar no campo... Então, nós marcamos um horário na quadra, no caso, – olhou para seu relógio e confirmou que eram 10 em ponto. – agora! Será que vocês poderiam sair, para gente ensaiar? 

O jovem em sua frente acenou durante toda a explicação, mas não disse exatamente o que ela gostaria de escutar.

– Não. Desculpa Yooa, mas o Jooheon e o Jongin viajaram e a gente tá tentando treinar sem eles... 

Os olhos da menina pegavam fogo.

– Youngjae me segura se não eu e seu namorado vamos sair no soco! – ela disse brincando mas seu rosto mostrava que era exatamente isso que queria fazer. Os jogadores passaram a semana inteira não deixando os torcedores treinarem e foi preciso pela primeira vez que marcassem um horário e mesmo assim não estavam deixando. 

– Ninguém vai sair no soco com ninguém! – Mark foi passando entre os outros torcedores, pegou a menina no colo a colocando em seu ombro para tirá-la dali.

Jinhwan como o mais velho se sentiu na responsabilidade de assumir o controle da situação mesmo sendo a última pessoa indicada para fazer isso. Foi para frente do capitão do time de futebol e percebeu assim que se aproximou dele a péssima ideia que foi. Ele tentaria impor respeito e lutar pelo lugar que eles estavam precisando fazia mais de uma semana mas, quando seus 1,65 ficaram diante os 1,80 do outro seu corpo literalmente gelou.

– Hm... Por que a gente não faz assim... A partida de vocês de treino dura 15 minutos, certo? – o capitão assentiu mesmo não sabendo onde o outro gostaria de chegar. – Quando vocês fizerem a pausa a gente entra, treina 15 minutos e aí vocês voltam, aí a gente vai revezando...

A verdade era que ele queria ter sugerido simplesmente pra eles sairem dali mas a coragem parecia ter ficado entalada em sua garganta no momento que começou a falar. 

Jaebum não gostou muito da proposta. Entendia que assim como eles, eles precisavam treinar, mas achava que eles poderiam treinar em outros lugares que não fosse a quadra. Então havia decidido que sua resposta final seria não.

Até que...

– Bummie... – Youngjae se pronunciou pela primeira vez e então Jaebum soube que dali para frente estaria perdido. – Vão ser 15 minutos para cada um... Por favor, amor... – E lá estava a carinha de pidão que Youngjae fazia para arrancar qualquer coisa de Jaebum e ela não falhou, o capitão acabou cedendo e falou para os torcedores aguardarem que eles em 7 minutos poderiam entrar.

– Eu juro por tudo que eu ainda vou chutar o saco de cada um deles, um por um, nem que seja a última coisa que eu faço! – Yooa bufou ainda irritada.

– Calma aí esquentadinha! Eles não valem nosso esforço! – Baekhyun proferiu bagunçando o cabelo da amiga que estava sentada na sua frente. – Por isso é muito mais legal torcer nos jogos de basquete, os jogadores são muito mais simpáticos!

– Ihhh tá falando isso porque gosta de um deles!  – Jinhwan deu um sequinho no braço do mais novo que revirou os olhos logo em seguida. – Um dia você consegue, Baek.

– Tá falando o moral lá em cima né? Tá fácil segurar a barra de gostar do Hanbin? – Mark olhou por cima do ombro para zoar com o amigo.

– Mark, você nasceu chato assim ou fez curso com os jogadores de futebol? 

Yooa lembrou que Sicheng havia lhe dito que estava disponível naquela manhã, então não pensou duas vezes antes de mandar uma mensagem para o mais velho o avisando que estaria treinando na quadra e que os jogadores também estavam. 

Naquela manhã Jun ficaria lá na clínica ajudando Johnny e por isso não poderia acompanhar Sicheng, não que isso tenha desanimado o mais novo, fazia já algum tempo que não ia assistir algum treino e estava com saudade.

Talvez estivesse com saudade não só do jogo mas de um certo alguém...

Tudo estava acorrendo sob controle na perspectiva dos jogadores, Junhoe estava fazendo um ótimo trabalho no lugar de Jooheon e os garotos estavam extremamente orgulhosos dele por isso mas Jongin estava fazendo uma falta danada em sua posição de volante. Os dois precisaram fazer uma viagem com o curso deles e por isso não estariam presentes durante essa semana e na semana seguinte no jogo, o que preocupava um pouco os meninos.

Yuta estava conseguindo cada dia mais aprimorar seus chutes, agora conseguindo ser certeiro com ambas as pernas, um grande avanço já que estava na posição de atacante. 

– Passa para mim Minseok! – Yuta proferiu um tanto tarde demais. Estava com outros dois jogadores o marcando, era quase que impossível sequer se mexer ali. 

Os quinze minutos acabaram enquanto ainda estava 1x1 deixando ambos os times um tanto quanto estressados, não estavam fazendo muito avanço durante os treinos. Precisavam de uma estratégia.

Uma estratégia que os levassem para a vitória.

Saíram da quadra um tanto quanto desanimados, abriram espaço para os líderes de torcida entrarem que logo se espalharam pela quadra iniciando seus mortais e acrobacias que os jogadores sequer faziam ideia de como aquilo era humanamente possível.

Os meninos se sentaram espalhados pela arquibancada tomando de uma vez se não toda a garrafa de água que tinham, uma boa parte dela. Yuta estava com a mesma garrafinha que Sicheng havia lhe dado, não usava outra desde então.

Desde o encontro as coisas só estavam ficando melhores, eventualmente se trombavam e acabavam conversando por algumas minutos ou até mesmo almoçaram juntos duas vezes. O coração de Yuta estava cada dia mais indicando sinais de uma nova paixão que ia se colorindo conforme a primavera se aflorava. Queria poder ter mais tempo para ver o chinês durante a semana e saber que ele estaria o assistindo no próximo jogo era só um motivo a mais para se esforçar ainda mais.

Os garotos iniciaram uma conversa sem sentido algum, adoravam durante os intervalos fofocar sobre as notícias da semana. E como cada um tinha um curso diferente eles acabavam ficando sabendo tudo quanto é tipo de coisa de todos os departamentos daquele campus.

– Vocês viram a festona que vai ter do Gong Myung, o irmão do Doyoung? – Minseok comentou enquanto se limpava com um pano, havia melhorado fazia pouco tempo da perna mas já tinha voltado com tudo. – O que eu não faria para poder ir nessa festa cheia de famosos, hein.

– Você não consegue descolar um ingresso para você ir, Yuta? – Seungwoo perguntou pegando seu celular que estava atrás do Wonho.

– Acho que conseguiria, mas deus me livre me envolver com a família do Doyoung, essa galera é complicada demais... – sentiu um arrepio e se lembrou que precisava parabenizar um dos meninos mas tinha esquecido de fazer durante a semana. – E voce Seungcheol que ganhou um prêmio da bancada matemática aqui de Seoul, quebrou tudo, parabéns! 

– É para poucos né! – disse com uma voz forçada fazendo os demais rirem.

– Quero ver agora ir lá fazer o discurso no auditório da faculdade... – Junhoe se pronunciou fazendo menção sobre o discurso que o outro teria que fazer em poucos dias.

– Aí já é outro ponto...

– E a cocaína que encontraram no banheiro do prédio de química. – Hongseok direcionou seu olhar para Minhyunk. – Ta sabendo de alguma coisa? 

– Eu? Sou de Deus menino, eu hein... – Minhyuk passou a mão por seu cabelo e continuou. – E outra... Se a gente sabe fazer nossas próprias drogas para que a gente vai usar cocaína, muito basic.  

– Ta se achando muito esse aí! – Jaebum disse dando um empurrãozinho no mais novo que quase virou para revidar.

Os meninos adoravam passar o tempo deles juntos. Era raro acontecer alguma briga entre eles e caso acontecesse em algumas horas já estaria resolvido. Consideravam que eram todos praticamente irmãos, sempre estavam lá uns para os outros e ajudavam sempre que conseguiam. A faculdade sabia tudo e mais um pouco sobre cada um daqueles meninos, alguns até gostavam de serem famosos e aclamados pela maior parte da faculdade. Mas no fundo, eram apenas simples garotos que tinham um talento excepcional mas acima de tudo...

Grandes amigos que amavam se divertir juntos.

– Oh Mingyu e o nerd da sua sala, o que tá rolando entre vocês dois? – Jungkook perguntou erguendo a sobrancelha.

– Pera, como vocês estão sabendo?

– Eu não sei eles, mas eu vi você encoxando o menino no meio do refeitório... – Junhoe riu enquanto via o rosto do mais novo mudar de cor em segundos.

Mingyu de imediato escondeu o rosto entre as mãos, estava complemente vermelho e não sabia como lidar com isso. Os meninos estavam rindo de si e sequer conseguia os encarar de novo.

– Eu tava precisando de ajuda em um trabalho e aí... 

– Mingyu, eu não acredito que você seduziu o menino para conseguir ir bem no trabalho! – Jaebum estava incrédulo, mas não conseguia parar de rir.

– Não foi bem assim okay... Talvez no começo... – levantou a cabeça e suas bochecha continuavam vermelhas, mas agora por outro motivo. – Eu gosto do Wonwoo de verdade. – disse um tanto baixo por estar com vergonha mas todos os 11 jogadores ali presente foram capazes de ouvir.

– E você vai pedir ele em namoro ou algo do tipo? – Yuta perguntou super feliz pelo amigo finalmente ter se interessado por alguém, costumava ficar com várias pessoas mas não rolava mais nada depois.

– Se tudo der certo, até o final dessa semana eu não sou mais um homem solteiro.

E então a gritaria começou, os meninos deram tapinhas e deram muitos parabéns ao Kim que não conseguia tirar o sorriso do rosto.

– Não sei o que é mais chocante, o Mingyu ter se apaixonado por um nerd ou o nerd ter se apaixonado pelo Mingyu, é um caso que merece estudo. – Hongseok brincou logo piscando para o amigo. – O departamento de odonto tá insano! 

– Perdemos mais um soldado... – Minseok fez um semblante triste falso como se estivesse os repreendendo.

– Em falar em perder soldado... E você, Yuta? – Hongseok perguntou batendo na perna no menino.

Yuta parou para analizar sua vida amorosa nos últimos meses. Poderia dizer que passou por bastante coisa nos últimos tempos, mas agora as coisas finalmente estavam se clareando e poderia dizer com toda certeza que o culpado era Sicheng.

Só de pensar no nome do mais velho o sorriso já estava em seu rosto, como era possível já estar tão bobo desse jeito?

– Digamos que tem alguém... – todos os meninos de uma hora para outra pareceram se focar no novo alvo, estavam todos quietos e atentos. – A gente ainda não tem nada, mas eu quero, quero de verdade. Ele parece ser uma pessoa boa e minha única vontade e conhecê-lo mais sabe... Não sei se vai acabar dando em algo, mas acho que definitivamente vale o risco. – disse de uma vez, quase embolando uma palavra com a outra. Se sentia livre por ter falado para alguém.

– Oh Hongseok, sua moral tá lá em baixo também viu, a gente sabe que você paga mo pau pro baixinho de enfermagem, Jinho o nome não é? 

E a conversa mais uma vez já estava tomando outro rumo. quando Yuta liberou tudo que estava sentindo, talvez não estivesse esperando que Sicheng estivesse passando naquele exato momento atrás de si e que foi capaz de escutar palavra por palavra do mais novo. 

Dong não tinha certeza se todas aquelas palavras eram sobre si mas tinha uma pressentimento de que eram, então não segurou o sorriso enquanto ia descendo as escadas. Avistou Yooa por cima do ombro de Mark e acenou para a menina que parecia estar dando meu máximo na performance. Adorava vê-la daquela forma.

Sabia que o campeonato de cheerleading começaria logo depois das férias do meio do ano e por esse mesmo motivo estava tão ocupada nos últimos dias, no ano anterior eles conseguiram chegar nas quartas de finais, mas não ganhar. 

Jinhwan deu 3 estrelas por cima de Baekhyun enquanto ele dava uma cambalhota, aquilo definitivamente havia sido incrível. Via diariamente como eles se esforçavam então apenas esperava que os resultados viessem logo para eles.

– A gente vai voltar a jogar daqui a três minutos! – Jaebum sinalizou para os meninos que continuavam contado as mais estranhas coisas que aconteciam naquele campus. – Yuta, busca mais uma bola para mim, a que a gente tava usando está meio murcha.

O japonês assentiu e começou a descer a escadas para ir a caminho do prédio de educação física, avistou Sicheng sentado nas primeiras cadeiras e correu pra falar com o outro garoto.

– Sicheng? – chamou a atenção do menor que teve sias bochechinhas coradas poucos segundos depois de o ver. – Veio assistir o treino?

– Sim... Mas acho que cheguei um pouco tarde demais... – apontou para o outro que claramente mostrava que já estava treinando fazia um tempo, sua blusa com a raposa azul no centro estava toda amassada e seu cabelo não estava em seu estado mais bonito. 

– Na verdade, chegou a tempo sim! – abriu um sorriso ladino. – A gente está revezando com os torcedores, vou lá buscar uma bola, quer vir comigo? 

Foi como um reflexo e a pergunta sequer tivesse chegado no seu cérebro para responder, seu coração que estava mais acelerado que o normal, acabou respondendo por si.

Foram andando devagarzinho em direção ao destino enquanto trocavam algumas poucas palavras. Yuta não costumava ficar nervoso enquanto estava tentando se envolver com alguém, mas pela primeira vez as coisas estavam um tanto quanto diferentes.

– A gente precisa voltar lá na fliperama para eu ter minha revanche! – Yuta tentava disfarçar a indignação por ter perdido feio para o outro.

– Você sabe que você vai perder de novo, mas se você insistir, não me importo de te ver perdendo mais uma vez. – Sicheng disse em um tom brincalhão que fez Yuta dar risada mas ao mesmo tempo fingir uma feição brava. – Acho que vai chover...

– Acho que já começou... mas são só uns pinguinhos! – Yuta esticou sua mão e pode sentir os pequenos pingos em seu braço. – Na verdade eu queria te levar em outro lugar antes da gente voltar no fliperama...

Dong poderia jurar que estava sonhando, não só naquele momento mas nas últimas semanas. Nunca achou que seria notado por um jogador, sendo mais específico, nunca achou que seria notado por Nakamoto Yuta.

– Isso é um convite para um segundo encontro? 

– É se você for aceitar... – Yuta tentava o olhar mesmo o mais velho insistindo em desviar o olhar.

De um segundo para outro a chuva se engrossou drasticamente e as gotas agora estavam pesadas, definitivamente não chegariam no prédio nem um pouco secos.

Yuta se esticou o pegou a mão do mais velho para que pudessem correr para algum lugar que tivesse algum tipo de proteção. 

Seu coração e o de Sicheng pareciam bater em uma mesma frequência, ambos não conseguiam descrever o que estavam sentindo naquele momento, mas com certeza não queria que acabasse. Yuta entrelaçou seus dedos enquanto ainda estava correndo e foi aí que tudo foi esclarecido. 

Se existia alguma dúvida de que o chinês estava gostando do outro, ela havia acabado de ser esclarecido. O coração batendo rápido, a adrenalina correndo por cada parte de seu corpo, as borboletas que insistiam em bagunçar todo o seu estômago e maior do que tudo isso a paixão sendo exalada do corpo de cada um dos dois garotos.

– Sicheng cuidado aí tem um degr... – Nakamoto tentou o alertar mas não serviu de nada, jogou seu corpo para frente soltou sua mão do outro para que pudesse agarrar a cintura alheia e a mão que estava livre acabou parando nas bochechas ainda vermelhas do mais velho.

Estavam mais próximos do que apenas amigos costumam ficar.

Yuta conseguia sentir a respiração do outro, estavam tão perto quanto aquele dia na escadaria do metrô, talvez ainda mais próximos. Yuta tinha a visão perfeita dos olhos do mais novo, que pareciam guardar todas as mais lindas constelações em apenas um lugar. Conseguia ver a cor rubra que tanto amava no rosto alheio que apenas o deixava ainda mais bonito e por fim o que mais chamava sua atenção e o fazia ficar preso naquela posição.

Os lábios.

Que naquele momento estavam tão cheios, talvez pelo péssimo hábito de o morder quando está nervoso. Estavam entreabertos devido a respiração descompassada, o que apenas os tornavam ainda mais convidativos.

A chuva caia cada vez mais pesada sobre os dois garotos. O tempo pareceu parar e nada mais importava naquele momento. 

– Sicheng, eu nunca quis tanto beijar alguém, como eu quero te beijar agora.