1. Spirit Fanfics >
  2. Dallas >
  3. Tobias - capítulo 12

História Dallas - Tobias - capítulo 12


Escrita por: biancamota

Notas do Autor


Desculpa a demooooora

Capítulo 12 - Tobias - capítulo 12


Tobias - capítulo 12 30/03/2019

–Você não vai atender? –ela virou para mim, com os olhos arregalados. 

Eu gostava demais dos seus olhos. E da sua boca. E das bochechas. E do rosto, o cabelo, o pescoço... Nossa, como eu gostava de tudo. 

–Tobias! –Dallas berrou, estalando os dedos na minha frente. 

–O que? –hm. Os dentes. Eu definitivamente também gostava dos dentes. 

–Seu celular! Tá tocando! 

Ah. Sim, aquele era o motivo do meu assento estar vibrando. Certo. 

–Sim. Sim, vou sim. –as sobrancelhas também. Elas eram tão... sobrancelhas. 

–Tobias! –ela abriu tantos os olhos que, por um segundo, parecia que iam cair. Eram enormes, tão... lindos. E estavam revirando. Por que estavam...? Ah! O celular. 

–Alô? –falei, com um sorriso no rosto. Já conseguia ver a placa de entrada do Parque. 

–E então, como tá? 

Nanny. Claro que era a Nanny. 

–Como tá o que? –tentei, com voz de desentendido. Tinha dias que, se você falasse as silabas certas, ela acabava esquecendo o que queria. 

–Seu encontro, Trenty! Como tá? 

–Ainda tá acontecendo. 

Vi o corpo de Dallas se agitar todo quando comecei a virar o Jeep para entrar no Parque.  

–Eu sei, bobinho! Mas como tá? –Nanny ainda não tinha perdido a agitação, mesmo que estivesse mais irritada. 

–Como tá o que? 

Ela bufou, enquanto eu tentava segurar o riso. Mesmo que Nanny nos desse biscoito de natal nos domingos de todas as épocas do ano, Dallas não parecia o tipo de pessoa que eu conquistaria falando sobre nosso encontro no telefone enquanto ele acontecia. 

–Você e sua irmã, iguaizinhos! Pobre de mim, velha e desatualizada. Passada para trás por duas crianças. Uma facada doeria menos! 

Dallas, de seu banco, admirava nossa pequena-grande atração de 130.000m². Não tínhamos nem chego na parte que eu pretendia para conquistá-la de vez e seus olhos já brilhavam. 

–Nanny, você soube que a Srta. Sally se separou? –comentei, estacionando o carro. 

Ouvi seu berro do outro lado da linha enquanto desligava o Jeep e saía dele. 

–Não acredito! Ah, preciso ligar pra Lolla! E pra Cyndi! E pra... Ah, meu Deus! A Ellen vai adorar saber disso. Aquele Clif era mesmo um idiota...

Abri o porta-malas e tirei de lá a grande e pesada cesta que Garry tinha doado para aquele dia. Estava toda decorada, enfeitada e cheia de comidas covardemente cheirosas. 

–Tá bom então Nanny, depois a gente se fala. –nem sabia se ela tinha me ouvido falar, mas desliguei assim que pude. 

Dallas estava parada ao meu lado, olhando para a direção do lago, com um sorriso no rosto. 

Dallas um, Tobias... “com borboletas”. 

Ela virou para mim, cruzando os braços e tentando conter toda aquela animação de criança pequena. 

Coloquei a cesta em uma mão, fechei o carro com a outra e dei início a nossa caminhada até o Paraíso, como Tory tinha humildemente chamado sua decoração.

A gente estava há alguns minutos em silêncio, só andando, quando resolvi abrir a boca.

–Então, Dallas, me fale mais sobre o seu signo. –tentei abrir um sorriso, amenizando o tapa que minha mão imaginária me dava naquele momento. 

Ficamos quietos, em um jogo de quem-admite-que-o-Tobias-é-idiota-primeiro. Foi um desafio difícil para mim.

-Você realmente entende de signos? Preciso saber, influencia na minha opinião pessoal. 

-Não. -dei de ombros. -Mas foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça. 

Dallas riu. 

-Não quero nem imaginar quais eram as opções seguintes de assunto.

Fiquei ali, parado, fingindo estar ofendido com a grosseira, enquanto ela continuava a caminhar. Meu olhar foi instantaneamente atraído para sua linda e maravilhosa... 

–Aconselho que você pare de olhar pra minha bunda e comece a andar também, antes que eu volte pro carro por não fazer ideia de onde tô indo.  

Roupa. Eu ia dizer roupa. Era exatamente isso que eu estava olhando!

Dei três passos largos e acompanhei seu ritmo. Dallas não era baixa, igual as outras garotas de Safford. Claro, tinha aí uma cabeça de diferença entre a gente, mas se comparada com um anão, ela era do tamanho original da Estátua da Liberdade. 

–Em uma escala de um a dois, quantos metros você tem? –perguntei, mudando de caminho sem encostar nela. Aparentemente, isso só dava merda. 

–Por que você não pergunta a minha altura de um jeito normal? –ela colocou o cabelo para trás da orelha, num gesto bem aleatório, que fez comigo o mesmo que a palavra “dinheiro” fazia com o Garry. 

–Sei lá.. –abri um sorriso, sentindo meus músculos contraírem enquanto olhava para seu rosto. Daquele ângulo, até o nariz dela parecia berrar “cuidado idiota, você não vai conseguir dormir hoje, pensando em mim”. 

Juro. Eu estava hipnotizado.

–Bom, eu tenho, em uma escala de um a dois, exatos um e sessenta e nove. 

–Ah! Então tudo que separa seu mundo do meu são uns vinte centímetros. Fácil de concertar… –minha voz sumiu quando avistei nossa mesa de piquenique, sentindo o estômago pender. 

Puta merda. Se eu achava que estava fodido com a história de todo mundo saber do encontro, aquilo ali era o fim total das minhas chances com a Gabrielle. 

Hm. Era muito estranho chamar ela assim.

Todas as mesas de piquenique tinham sido mudadas de lugar para que apenas uma ocupasse o centro e a atenção toda. Tinha uma toalha branca, toda decorada. Velas, flores, pétalas de rosas. Era como se Shakespeare em pessoa tivesse tido o cuidado para vomitar em cima da cena toda. 

Quer dizer, sim, estava… muito romântico. Haviam postes, antes inexistentes, por onde passavam várias luzes iguais aos pisca-pisca de natal. Em qualquer outra circunstância, teria sido o melhor jeito de ganhar um beijo de boa noite. 

Mas aquela era Dallas. Tinha todo um protocolo, toda uma precaução, e nada que sequer chegasse perto da palavra clichê era aceitável em um raio de cinquenta metros perto de nós. 

–Você vai querer olhar minha bunda de novo ou nós podemos sentar? –ela estava na minha frente, com um brilho diferente nos olhos. Claro, como se fosse possível eles brilharem mais, mas... –Vem logo! 

Em um gesto rápido, Dallas me pegou pela mão e puxou até a mesa, sempre dois passos à frente da previsibilidade ou da lógica calculada que tivesse sobre seus pensamentos. 

–Tudo bem. –comecei, assim que soltou minha mão e encontrei sentido para estar consciente. 

Nos sentamos um de frente pro outro, em cada lado da mesa, e passei a distribuir as embalagens. 

–Eis aqui o seguinte banquete: nós temos mini-pizzas, do Alfredo, burritos de queijo da Marny, uns sanduíches que a Kylie fez, cupcakes, uns hambúrgueres do Peete... Hm, ele resolveu colocar batata frita também. Ah, o Alfredo também deu camar...

–Você pretende me levar de guincho para casa, certo? –ela olhava a comida enquanto se sentava de perna cruzada. –Porque, de verdade, acho que não vou ser capaz de comer tudo isso sem virar uma bola depois. 

Abri um sorriso. 

–Ficarei honrado em ter que rolar você até em casa, se necessário. 

Dallas colocou as mãos sobre o coração, em um drama exagerado:

–A frase mais cavalheiresca que alguém já me disse. 

Acho que foi em algum momento desses que simplesmente travei e fiquei encarando-a. A garota era sensacional! Quer dizer, claro, ela era incrivelmente gata e Ben Affleck teria desistido de ficar com aquela babá se visse Dallas, mas... Bom, digamos que eu não me importaria de nunca mais ver sua bunda se significasse poder conversar com ela para sempre. 

O que já era um grande avanço nas questões masculinas de ser. 

–Você tá tendo pensamentos pervertidos agora, né? –Dallas pegou uma pizza e colocou no seu prato limpo e branco que Tory tinha deixado. –Dá para sentir daqui. Você tá com aquela cara de “oh, meu Deus, eu amo ser homem e poder ver as garotas desse jeito”. 

Pisquei para ela, pegando um burrito, e fiz de tudo para manter uma cara de malícia. 

–Óbvio que não. Muito ofendido com essa insinuação. -mesmo se estivesse. -Sabe, ter criado a Kylie sozinho me deu uma visão muito menos escrota que essa que você tem dos homens. Só para ... 

–Criado a Kylie? 

Dallas, aparentemente, não tinha se deixado intimidar por todo o cenário romântico. Ela, de um jeito perfeitamente sofisticado, nem chegou a olhar pros talheres enquanto pegava um dos hambúrgueres com a mão e dava uma mordida. 

–É. –dei de ombros. –Sabe, a gente pode falar disso. Eu não tenho nenhum problema com isso, a Kylie não tem nenhum problema com isso, Tio Evan não tem nenhum problema com isso e, bom, acho que até o Freddy Mercury não teria problema com isso, mas... 

–Ele tá morto?

–O Freddy Mercury? Óbvio que.... 

–Não; seu pai. Ele tá morto? –Dallas baixou o hambúrguer, como se aquilo fosse algo pelo qual ela devesse estar totalmente preparada.

Ah, merda. Ninguém nunca tinha me perguntado isso assim, tão diretamente. 

Não doía mais, como quando eu tinha quatorze anos. Conseguia falar sobre aquilo, quando precisava. Mas Dallas… ela não precisava saber das partes ruins da minha vida. 

–Não. Não tá. 

Acho que nem Jean teria um livro sobre como lidar com aquele momento. Não tinha explicação astrológica que falasse como nós dois não fazíamos ideia de como prosseguir. 

–Eu queria poder dizer isso do meu pai. Mas, sabe, eu nem sei se ele chegou a existir. –ela voltou a comer, mas a voz tremia de um jeito estranho. –Até onde meu conhecimento vai, minha mãe pode ter me feito com o dedo. 

–As probabilidades são grandes. –retruquei.

–Se você conhecer minha mãe, vai ver que a ciência não se aplica a todos os seres humanos existentes. –Dallas deu de ombros, com um sorriso rápido. –A gente não precisa ficar depressivo do nada. Podemos ter um encontro totalmente normal, sem abalos emocionais ou grandes revelações, certo?    

Balancei a cabeça, com o sorriso de volta. Era fácil daquele jeito. 

–Então, por que vocês decidiram vir para Safford? –enfiei um pedaço de burrito na boca, sentindo toda a explicação do meu amor pela Marny descer goela abaixo. 

–Minha mãe precisava fazer xixi. –ela deu de ombros. Fazia isso com bastante frequência. 

–Só isso? Nenhuma revelação? 

Como eu adorava quando Dallas revirava os olhos. Tããão provocativo! 

Tobias um, Dallas um.

–Aonde você já morou?

Teve uma pausa, onde achei que eu tinha cagado tudo. Como se ela fosse ter uma daquelas crises de novo como teve no carro, quando tudo que soube fazer foi pensar que mané eu era. 

Mas aí comecei a ouvir: 

–Santa Bárbara. Concord. Salem.. 

–Uh. Bruxas e apedrejamentos. 

–Washington. 

–Presidentes! Muito importante, lá. Você sentiu no ar, aquela vontade de se candidatar a vereadora? 

–Não. Hm, tá, deixa eu pensar. Morei em Nova Iorque também, Los Angeles, Detroit…  Ah, em várias grandes cidades. Não lembro todas.  

Dallas bufou, mas não parecia irritada. Só cansada, como se tivesse feito bem mais mudanças do que uma pessoa deveria. Eu não duvidava. 

–Então, você também viaja muito? 

Bem que eu queria. Uma lista grande de lugares assim era uma realidade tão distante… Tenho certeza que eu faria questão de lembrar todos, incluindo os pontos turísticos mais famosos de cada um deles. Esse era meu nível de vontade de viajar. 

–Nunca saí de Safford. –enfiei outro burrito na boca.  

–Nunca? 

Sentia meu peito murchar um pouco.

–Não... dava. Uma longa história. 

Dallas ficou me encarando um tempo, analisando. Não queria ser analisado. Eu também era cheio de merda, um monte delas, e ainda era muito cedo para ela descobrir isso. 

–Acho que eu não saberia escolher um lugar para viajar. Talvez fosse para Europa, se tivesse dinheiro. Tomar um cappuccino em uma cafeteria de frente para o rio Sena. Depois cuspir de volta, porque o preço seria absurdo, claro. Mas... –ela deu de ombros. –Acho que isso é coisa de mulherzinha, na verdade. É. Eu gostaria mais da Índia. Usar aquelas roupas enfeitadas, dançando aquelas músicas estranhas. Seria legal.  Ou talvez a China! Conhecer alguns templos. Ah! O Brasil, também. O carnaval, as praias, andar pelada. 

–Você quer andar pelada no Brasil? 

Ah, cara. Que imagem mental. 

–Bom, ou isso ou usar aqueles biquínis, sabe? Que são bem pequenos. Acho que é a mesma coisa. 

O cappuccino cuspido em frente ao rio Sena parecia bem melhor, de repente. Não sabia o quanto eu conseguiria evitar um infarto do coração ao ver Dallas daquele jeito. 

–Você quer viajar. –conclui, tentando tirar da cabeça a cena dela andando sem roupa no meio de uma rua cheia de gente. Argh. 

Dallas dez, Tobias zero. 

–Isso. Mas quero viajar para conhecer, para aproveitar. Não para... –ela parou e jogou a comida no prato. –Tá. Assunto triste. Próximo. 

Não pretendia deixá-la se desanimar ou surtar, hoje. Estava preparado para fazer o melhor encontro da história dos melhores encontros. 

Bati as mãos uma na outra.   

–Tudo bem, eu tenho uma pergunta.

–Manda! –Dallas limpou a mão, inclinando o corpo. 

–Qual é mesmo seu signo? 

 

Na volta, eu estava convencido que tudo tinha corrido perfeitamente bem. Eu tinha rido. Ela tinha rido. Nós tínhamos rido. O que era melhor que rir e comer mais do que era humanamente possível? 

Dallas estava sorrindo, eu estava sorrindo. Se fosse para apostar, até a Selena Gomez, cantando uma das suas músicas no rádio, estava sorrindo. Tudo tinha dado certo. 

Dallas três, Tobias... 

–Foi bom. -ela disse, no meio do caminho para casa. -Mas você ainda precisa trocar suas aulas. 

Ahm sinceramente...

–A coisa da inveja do Oriente Médio é exagerada. Eles já sofrem bastante, não precisam invejar minha paz de espírito. Mas você tem que trocar suas aulas. 

Não me olhou em nenhum momento, por isso não tive como convencê-la com um sorriso maravilhoso. Tudo o que fiz foi assentir com a cabeça igual um cachorro treinado, porque ainda tinha muitos métodos de convencimento que ela não tinha descoberto. 

–Tá. Certo. Você quer que eu troque minhas aulas? Considere feito. Sério, assino até um contrato de comprometimento se você quiser. Segunda feira, você nem vai lembrar que estudamos na mesma escola. 

–Você é tão exagerado. –ela revirou os olhos.  

Voltamos a ficar silêncio. 

Eu tinha desligado meu celular, então estava um pouco preocupado se a Kylie pudesse precisar de ajuda. Mas tinha mensagens de muitas pessoas e ligações demais por segundo; era aquilo ou esperar que travasse e eu virasse um homem livre. 

–Qual seu telefone? –perguntei, surpreso de não ter feito antes. 

–Não tenho. –Dallas esticou a mão e começou a mudar a música. 

–Você... o que? 

Meu coração se apertava, e eu tinha certeza que era ela esmagando-o com as mãos. 

–Sério. Não tenho celular, nunca tive. –a música parou no som do Bon Jovi, em algo incrivelmente ruim. 

–Tá bom. Primeiro: seu gosto musical é realmente questionável. Tem que eliminar qualquer influência radiológica do seu cérebro. 

–Influência radiológica? 

–É, sabe. “E agora, em seguida, as quinze melhores e mais pedidas da semana, que na verdade nós tocamos nas últimas vinte e quatro horas repetidamente porque nos pagaram, mas finjam que não notaram”. –virei a esquina da rua dela. 

Eu gostava muito dos meses de maio e abril. Aquele dia fazia vinte e sete graus, que era um alívio comparado aos números negativos que dava em dezembro ou os quarenta graus de julho.   

–É um jeito bem negativo de ver os programas de rádio. –ela sorria, realmente se divertindo. 

–Não desvie do assunto, ainda tenho um “segundo” aqui. –tinha uma pessoa parada na frente da casa dela, sentada nos degraus. –Você é algum tipo de hippie disfarçada, é isso? Eu vou entrar na sua casa e vai ter um monte de árvores, livros de bruxaria, incensos? 

Parei o carro aos poucos, porque não queria, de jeito nenhum, que aquilo acabasse. 

Quando desliguei o Jeep e abri as janelas, pensei realmente em todo o protocolo que tinha aprendido em filmes como Querido John em ser incrivelmente doce e ainda assim conseguir beijar a garota. Mas aí... 

–Graças a Deus! Achei que vocês nunca iam chegar. –Winnie se apoiou na janela do lado de Dallas e ficou me encarando, igual as garotas do colégio. Como se ela fosse pular no meu colo assim que eu piscasse.   –Vou dar quinze minutos. Não, dez. Em dez minutos vocês conseguem dar um beijo. Aí, vou querer saber tudo, Gabrielle. 

Lembrava da época que estudava na escola, sempre dois anos à minha frente. Ela estava na turma do Roy, eu acho, ou talvez fosse mais velha. 

Lembrava também do escândalo envolvendo seu nome e o da sua família, no ano passado. Eles nunca mais tinham participado de nenhum evento da cidade, então fazia muitos meses que não via a Winnie ou ouvia alguém citar seu nome. Dallas podia muito bem ser a única amiga dela em Safford inteira. 

Mas tinha esquecido o quanto  a garota era bonita. Todos os meninos faziam fila para sair com ela, no Ensino Médio. Mesmo que fosse um pouco… estranha.  

–Oi, Winnie. –abri um sorriso, um dos bons. Sempre tinha gostado dela. 

–Oi, Trenty! –ela estreitou os olhos, abanando o rosto. Malditos genes. –Você cuidou bem dela? 

–Como se fosse meu DVD de Avatar. –coloquei uma mão no coração, para enfatizar. 

–Deus sabe como você ama Avatar. Ah, tá. Tá bom. Ahn.... –Winnie se desencostou do carro, cruzando os braços, cheia de vergonha. –Tá um tempo bom hoje, né? 

Fiquei dividido em fazer uma piada e ser querido, porque tudo que ia parecer era que correspondia àquele olhar insinuativo. Então ficamos os três se alterando entre olhar para nossa própria vergonha, fazer ruídos descontraídos ou encarar as próprias mãos.  

Winnie estava vermelha. Vermelha de verdade, parecendo um pimentão e em nenhum momento sequer olhou para nada além de mim. Era quase... bobo, talvez.

Passados dez segundos onde a tensão sexual dela era quase palpável, Dallas reparou naquilo. E, juro por Deus, foi a primeira vez na vida que me senti mal por ser bonito.

Será que todas as garotas faziam aquilo mesmo e eu nem notava? 

–Dez minutos então, Winnie? 

–É, isso. –ela desencostou do carro, limpando as mãos no shorts. –Isso. Dez minutos. 

E saiu andando para entrar na casa de Dallas, que se virou para mim com uma expressão nada feliz. 

–Como você conhece ela? -seus olhos estavam pressionados em uma linha fina, descontentes.  

–Nove mil habitantes, lembra? –pisquei para ela, vento seu rosto ficar vermelho também. De irritação. 

–Tudo bem, acho que vou tentar acalmar a Winnie e toda aquela... Ah, ela tava caidinha por você.  –foi bem devagar seu movimento para sair do carro, mas para mim, pareceu um piscar de olhos. Mal consegui pensar em abrir a porta para ela. –Obrigada, por tudo. Foi um encontro muito bom. Nada que renda histórias trágicas no futuro. 

Dallas cruzou os braços, desconfortável para caramba, encarando fixamente meu rosto. Será que eu deveria sair do carro também? Ou já tinha perdido o timing? Merda. 

–Se você quiser posso bater a testa na sua quando formos dar tchau. Sabe, um negócio clichê desses. 

Sua cabeça balançou, negando. 

–Tô bem, sem nenhum ferimento para lembrar. –ela inclinou um pouco o corpo para a janela e acenou com um sorriso tímido. –Até segunda. 

Aí já estava virando e fazendo seu rumo para casa, e eu estava com uma cara de bunda mole difícil de ser expressada. Tinha sido tudo tão... perfeito. Como se nada fosse dar mais certo, nada pudesse ser mexido. Mas mesmo assim!!!! 

–Dallas! –saí do carro, quando ela já quase abrindo a porta. 

Virou para mim com a boca entreaberta, respirando fundo. 

Como aquela garota era bonita. Não, bonita era quase um eufemismo. Dallas era a porra da constelação solar toda, a galáxia inteira em uma só pessoa. Eu nem saberia explicar como os lábios tinham a curva perfeita ou a pele tinha o brilho dourado suficiente, mas tinham. Tudo nela combinava. 

E, cara, ela estava me olhando como se fosse enlaçar aquelas coxas grossas em mim a qualquer segundo. Se fosse uma pessoa sem zelo pelo próprio bem, imploraria para que fizesse aquilo, porque estava me deixando louco, com ondas de arrepio estranhas pela espinha. Mas... 

Dallas mil e cem, Tobias zero. 

Parei antes que chegasse na varanda da frente de sua casa. Eu sei, sei. Um bunda mole? Totalmente. Mas o que poderia fazer? Todas as minhas tentativas tinham falhado. Não só físicas, mas morais e psicológicas. Nada fazia com que fossemos para frente. 

Agora eu tinha que dar um jeito de inventar um novo olhar para Tyna, porque ela já estava começando a... 

–Tobias? 

Foi quando ela correu e me beijou. Não um beijo de filme, nem nada dessas merdas. Foi um beijo em que suas mãos seguraram as laterais da minha cabeça e ela ficou na ponta dos pés para apenas encostar a droga daquela boca maravilhosa na minha. 

E como era bom! Sim. Tinha tanta coisa em só... sei lá, só realmente se encostar, que me arrepiei mais de uma vez. Ou de dez. 

Se não fossem as mãos dela, meu pobre e ingênuo corpo estaria no chão. 

Quem era Tobias Trenty perto de toda aquela mulher? Nada. Eu tinha virado um ser insignificante e totalmente ligado pela excitação em não conseguir mais respirar porque estava beijando Gabrielle Dallas! 

Chupa, Dimmy! Chupa, time de futebol!

Meu corpo inteiro estava ligado em uma só consciência de que aquilo era certo. Certíssimo. E bom demais! 

Ela afastou a boca da minha, não antes de me apertar um pouco mais contra seu rosto, com urgência, e ficou me olhando. 

Acho que eu nunca tinha ficado tão excitado em toda minha vida. 

Tinha certeza que meu sorriso chegava na orelha, ou até passava. O Coringa não tinha chance se me visse naquele momento. Eu transbordava felicidade, porque Dallas era tão linda e inteligente, e tinha me beijado. 

Merda, sim! 

Ela me soltou e saiu correndo para dentro de casa. Podia ter interpretado isso de várias maneiras. Mas, mesmo apenas dois segundos passados, a lembrança de ter sua boca na minha era tão boa e fazia meu corpo esquentar tanto, que só virei e entrei no Jeep também.   

 


Notas Finais


galera me deem feedback, to precisando


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...