História Dama de Espada - Recomeço

“Sua vadia” gritava Albert trancado na cela “um dia vou sair daqui e vou ti matar” ia manda-lo calar a boca mas faz três anos que escuto isso todos os dias, e percebi ao longo desse tempo que e inútil respondê-lo.

O corredor estava claro, mas isso não me deixava mais confortável por estar numa prisão psiquiátrica cercada por criminosos doentes que me odiavam.

“Você não se assusta com tudo isso Dra.Parrish?” Alice me perguntou, ela estava ali a 3 meses e meu dever mais do que mostrar como agir com esses homens era ensiná-la ser indiferentes a eles.

“São ameaças sem fundamentos” explico “estou aqui para assegurar que ele fique ai dentro o resto da vida” falo em um tom natural sabendo que só disse a verdade.

“Mas e depois que ele estiver bem? Ele não vai sair? a gente esta o tratando para que todos os distúrbios vá embora. Certo?”

“Errado Alice, você esta aqui a 3 meses eu a 5 anos. O governo não manda eles pra serem curados, ou você acha que prisões curam alguém? eles são cobaias pra experimentos, afinal eles tem que pagar pelos crimes que cometeram” falo ríspida, não queria explicar isso para a novata, afinal ninguém me explicou quando cheguei.

“é uma prisão psiquiátrica, devemos curá-los dos seus problemas, ou todo tratamento que fazemos com eles são inúteis?” ela parecia brava ao me questionar.

“tudo tem um custo na vida, a medicina evolui para salvar muitas vidas mesmo que no caminho tenha que perder algumas, é ainda mais fácil quando são de assassinos como eles”

“são criminosos porque tem problemas psíquicos, que tipo de psiquiatra é  ...”

“nossa conversa acaba aqui senhorita Alice, daqui alguns anos vai enxergar o mundo mais claramente, e não fazerá tantas perguntas idiotas” falo interrompendo sua fala.

Depois que ela saiu da sala fiquei a pensar em como eu era parecida com ela uns anos atrás. Me dediquei a medicina desde os meus 15 anos, e escolhi psiquiatria não só por achar a mente um mistério mais também por acreditar assim como ela que poderia mudar as pessoas.

Depois de 5 anos nesse inferno que eu chamo de lar, percebi que tudo não se passava de um mundo idealizado por uma adolescente que quer fazer a diferença. A vida como psiquiatra forense me mostrou que não são os distúrbios que tornam esses monstros, presos nas celas embaixo de mim, maus, eles já são maus por natureza, a humanidade nasceu um caos.

Meu telefone começa tocar e quando olho na tela me impressiono, fazia muito tempo que não fala com Aaron Hotch.

“Dra.Elizabeth Parrish” falei como se não soubesse que era ele.

“Oi Parrish, e o agente Hotch, o diretor da unidade quer falar com você” ouvi aquilo, e bom um cara que eu não conheço queria falar comigo, pior, um cara do FBI, minha mente divagou nos testes que estávamos realizando nos pacientes, mas me acalmei por que o governo sabia o que acontecia ali dentro.

“Dra. Parrish, é um grande prazer poder conversar com a senhora” analiso a voz e suponho que é um homem de 50 anos falando comigo “gostaria de fazer uma proposta a você”

“Claro” falei imaginando no que em específico daria aquela conversa.

“Essa conversa deveria acontecer pessoalmente, por que é algo sério, só que é bem difícil, para a subdiretora da Prisão Psiquiatra Florence conseguir um tempo para conversar” ele ve que não respondo então continua “Estamos com uma vaga aberta na chefia do BAU” ele fala sem rodeios.

“e você quer que eu ti fale por que Hotch merece essa vaga?” pergunto meia confusa.

“não, eu quero que você assuma essa vaga”

“não trabalho pro FBI” falo recusando educadamente “deve ter muitos agentes que querem esse cargo” falo respirando fundo e pensado que ele não fosse insistir.

“eu sabia que ia me disser isso, mas queremos você, e você não vai ser agente de campo, então não vai precisar de um treinamento longo”

“e o que ti leva a pensar que seria apta ao trabalho? Porque deixaria minha vida no Colorado pra ir para Quântico?” o questiono disposta a mostrar pra ele que não quero estar no FBI, pode ser horrível para alguns essa prisão porém faz um tempo que isso me é familiar.

“Há vinte anos ninguém consegue controlar esse presídio tão bem como você, é uma ótima médica isso e inegável mas se supera ainda mais com a administração, todos falam bem da senhora, pelo que parece você consegue fazer com que tudo fique bem não importa o quão bagunçado estava antes de você chegar, desde que esta ai nossos investimentos estão tendo retorno, você conhece a mente dos criminosos, você convive com eles todos os dias” ele respira “ não ti vejo só como uma pessoa util pra a UAC mas uma pessoa essencial, não consigo imaginar alguém melhor que você para esse cargo e não vou parar ate ter você aqui” me incomodava ele me querer na UAC tanto assim porque o que ele disse não parecia ser os únicos motivos.

“é eu lamento, mas estou ótima aqui”

“ótima? Pensa bem Parrish, está dentro de uma prisão escura, com assassinos loucos, você tem menos vida social que os próprios pressos”

“acredite eu vejo a luz do sol todos os dias e não estou trancafiada dentro de uma cela de 3 metros” falo mostrando que não vivo como uma presa"

“e respondendo a sua outra pergunta, aqui em Quântico você não vai trabalhar 22 horas por dia, e o trabalho aqui e bem mais clamoroso que ai”

“não quero clamor”

“você não vai mandar em presos Dra. você vai mandar em agentes, pessoas importantes, isso é poder Dra. não ache que tera outra oportunidade, e assim como eu você sabe que é capaz de estar aqui” ele fala então penso em tudo, e não é uma má ideia levando em consideração que faz 5 anos que essa prisão vem corrompendo minha alma.

“É uma ótima proposta, adoraria aceitá-la, mais não estou disposta a ficar 6 meses na academia do FBI” falo por fim, então ele fica mudo não fala nada por alguns segundos.

“Infelizmente mesmo não sendo agente de campo você precisaria do treinamento’’ ele respira “mais posso reduzi-los a 1 mês de treinamento ai no Colorado e depois 4 meses em campo com a equipe parar observar como tudo acontece” ia perguntar se podia pensar a respeito de tudo aquilo mas ele continua “só que precisamos de alguém logo, então durante esse 4 meses com a equipe você teria que ir com eles e ainda fazer toda papelada administrativa” pensei e não seria tão difícil tudo aquilo.

“um ponto importante antes de mim disser sim ou não e o salário”

“asseguro que será mais do que os 5 mil dólares que você ganha ai e com bem menos esforços”

“e quando começamos o treinamento?” pergunto já dando indiretamente minha resposta.

“Daqui uma semana” ele responde “vai ser ótimo ti ter aqui Dra.Parrish espero que supere minhas expectativas”

“Vou fazer o possível” respondo então a conversa acaba.

Depois disso minha vida mudou radicalmente, estava tirando as minhas coisas da minha antiga casa, que não era minha era do Estado ele dava pros diretores e subdiretores que não moravam ali e como eu vim de Vegas na época aceite morar la e não havia saído até hoje.

Quanto aos treinamentos tinha dois professores um de luta e tiro, e a outra sobre coisas em geral do FBI, que falava sobre burocracia, como eu deveria avaliar a equipe, como reagir em uma situação com reféns ou outras situações de perigo. Ja tinha uma base de auto defesa e de atirar, fui obrigada a fazer a algum tempo assim que fui promovida a subdiretora, então no fim de 1 mês recebi muitos elogios sobre meu desempenho.

A parte mais difícil foi deixar a prisão, era mais do que pressos e assassinos cruéis, eu conhecia cada um deles, eu desenvolvia pesquisas ali dentro, tinha amigos de anos. Mais depois das despedidas me senti aliviada, livre, por estar dando um novo passo na minha vida, lugar novo, pessoas novas, eu podia ser diferente, poderia ser melhor do que eu fui até agora. O diretor estava certo nunca teria uma oportunidade como essa, uma oportunidade de recomeço.

Um mês nunca passou tão rápido na minha vida, quando dei por mim estava a 20 minutos de Quântico e teria que me apresentar na manha seguinte a UAC.

***

Depois da noite mal dormida de ontem, acordei exausta e me preparei pro primeiro dia de serviço. Para mim as coisas estavam estranhas, o clima era diferente, a nova casa que meu pai conseguiu com uma amiga era confortável mas pouco  aconchegante com tantos cômodos sem decoração e para completar agora sou do FBI.

Peguei meu carro e dirigi até o prédio da UAC, nunca estive ali antes, entrei e cumprimentei a recepcionista e lhe mostrei minhas credenciais que havia recebido a uma semana por correio, olhei no papel o andar que ia ficar então entrei no elevador que estava vazio.

Estava feliz por estar aqui era tudo o que pensava, até a porta do elevador abrir e no meio da correria de pessoas eu o via, Dr. Reid, fiquei parada o observando alguns segundo e logo depois me assegurei que todos estavam ocupados demais para ver o que aconteceu.

***

Não estava mais feliz uma raiva antiga me consumia, eu sabia que ia controlar todas as equipes inclusive a de Hotch mais não pensei que por azar do destino teria que passar os próximos 4 meses resolvendo casos com eles.