História Dama de Gelo - Cor de rosa

Seus olhos me fulminavam o tempo todo Bruno não tirava seu olhar de mim nem por um segundo.  Só desviou seu olhar quando Davi foi até sua mesa e o cumprimentou com um abraço efusivo, os dois pareciam bem próximos e a vontade com a presença um do outro. Algo que me chamou atenção, mais pelo o que Davi havia me dito parecia natural, já que Bruno era um dos cantores da Atlantic Records a gravadora onde Davi fazia parte da diretoria. Eles deviam se conhecer a bastante tempo.  Os dois trocaram breves palavras mais pareceram suficientes para que Davi trouxesse Bruno e sua acompanhante ruiva até nossa mesa e os convidasse para sentar conosco. 

Sabe quando você sente um calafrio horrendo tomar conta de todo seu corpo? Tenho certeza que não chega nem aos pés do que eu estou sentindo nesse momento. Eu sabia que teria que ver Bruno em breve, afinal eu era uma editora de uma das maiores revista do país e ele um cantor, uma hora nós acabaríamos nos esbarrando. Eu só não esperava que fosse tão cedo, antes de meu orgulho ferido se curar. Só agora olhando para ele vi o quanto estava magoada, não por sua recusa em ser meu submisso e sim pela maneira como ele agiu. Ele nem me ligou para dizer o seu não. Simplesmente me ignorou e negou minha existência. Algo que eu nunca faria com ele.

- Bruno essa é Melanie Sanders minha adorável companhia está noite. – Disse Davi me apresentando a Bruno.

- Um prazer te conhecer Melanie. – Falou Bruno estendendo a mão para mim.

Eu estava completamente em choque. Ele simplesmente estava fingindo que não me conhecia. Um vulcão dentro de mim começava a entrar em erupção. E sinto que a lava que era expelida dele poderia queimar toda Los Angels. E principalmente queimaria Bruno Mars.

- Não precisa nos apresentar Davi, Já conheço o senhor Mars. – falei ignorando completamente a mão estendida de Bruno para mim. Ele simplesmente recolheu sua mão um tanto quando sem graça e alarmado.

Tenho certeza o que se passava em sua mente. Bruno provavelmente achava que eu falaria mais do que o necessário, e exporia a nossa quase relação em frente ao diretor de sua gravadora e da bela ruiva que o acompanhava. Ele realmente não me conhecia.

- Foi minha revista que noticiou a traição da antiga namorada do senhor Mars, na época eu e ele tivemos uma conversa amigável. - Expliquei calmamente. - Mais creio que o Senhor Mars tenha se esquecido de mim. – Completei olhando friamente em seus olhos.  

- Então ele cometeu um erro imperdoável. – Disse Davi me olhando de cima a baixo e vindo ficar ao meu lado. – Afinal Melanie você é uma mulher inesquecível. - Concluiu passando a mão em volta de minha cintura.

Fiz questão de anotar mentalmente que Davi merecia depois um agradecimento à altura nesta noite. Bruno olhava de mim para Davi desconfortável. Como se estivesse vendo algo que lhe causasse repulsa.

- Mas de qualquer forma é um prazer lhe ver novamente Senhor Mars. – Disse lhe dando o meu melhor sorriso.

- Pode me chamar de Bruno... –tentou falar.

- Davi querido o jantar já vai começar? – perguntei ignorando o comentário de Bruno.

- Acho que sim. – Falou olhando em direção ao palco. – Vamos todos sentar então.

Todos nos sentamos. Bruno e sua acompanhante sentaram bem a nossa frente. Eu também já conhecia a acompanhante de Bruno, ela se chamava Amber  era modelo e já tinha prestado alguns serviços para Glow em alguns editoriais. E ao contrário de Bruno ela não fingiu não me conhecer, foi muito simpática e até conversamos bastante, já que ela adora a Glow e como ela mesma falou não via a hora de ser chamada para outro trabalho para a revista. Outro casal logo se juntou a nós na mesa, era mais um membro da diretoria da Atlantic Records e sua esposa. Também muito agradáveis. Mais para mim afinal naquela mesa a única companhia desagradável era Bruno.

O jantar se iniciou após um longo discurso de um dos membros da acessória de imprensa da gravadora, que fez questão de deixar clara a importância do jantar para arrecadar fundos para muitas instituições beneficentes de Los Angels, principalmente as que ofertavam ajuda aos pequenos órfão da cidade. Uma causa realmente muito nobre. Olhei para Davi maravilhada por saber que ele havia organizado toda essa ação humanitária, através de sua gravadora.

- O que está achando na comida? Escolhi bem? – perguntou Davi assim que coloquei um pouco de ceviche de salmão em minha boca.

- Está horrível! – falei colocando mais uma garfada na boca.

Vi Bruno revirar os olhos nesse momento. Tenho certeza que ele se lembrou quando fiz essa mesma brincadeira com ele. Se fiz de propósito? É claro que fiz de propósito, afinal se ele não se lembrava de mim. Com certeza não deveria se lembrar da ultima vez que jantamos juntos.

- Bem se você come assim quando está horrível, não quero nem ver quando te servirem algo que você ache bom. – constatou Davi gargalhando.

- Melanie costuma comer até pedra. – deixou escapar Bruno.

- Hora, hora, vejo que sua memória  voltou senhor Mars, não devo ter sido uma companhia tão ruim então. – comentei ácida. – Davi será que tem mais desse ceviche horrível? – perguntei para não dar nem chance de Bruno responder a minha provocação.

- Claro vou pedir mais. – disse Davi fazendo sinal para o garçom mais próximo. – Traga mais ceviche para a dama e um bom vinho. - Pediu Davi sorridente. – E você Bruno o que está achando do Jantar?

- Prefiro um bom churrasco mais está tudo ótimo, sem falar que a causa é maravilhosa. Assim que soube da sua iniciativa não pensei duas vezes e vim.

- Obrigada meu amigo. – agradeceu Davi.

Aquela pequena palavra ressoou em meus ouvidos. AMIGO! Não era só uma relação de negócios entre um cantor e um executivo de gravadora. Eles eram amigos e quanto mais conversavam mais isso ficava claro.

- Uma pena que os meninos da banda não quiseram vir. – comentou Davi.

- Você sabe como eles são depois dos shows em Vegas eles querem ficar curtindo a família, Phil mesmo não desgruda da Urbana desde que chegamos. – respondeu Bruno, pelo que entendi eles falavam dos integrantes da banda dele.

- Senhora seu ceviche! – anunciou o garçom me servindo mais uma porção daquela comida dos deuses. – E o vinho. – disse começando a servir em minha taça.

- Ela prefere vinho branco! – falaram Bruno e Davi ao mesmo tempo quando o vinho tinto tocou minha taça.

Não pude não rir da situação. Bruno se entregando mostrando saber muito mais de mim do que dizia, e Davi bravo por ter esquecido de especificar o tipo do vinho.

- Tudo bem querido. – falei segurando a mão de Davi, gesto esse que não passou despercebido do olhar de Bruno que faiscou. – Tenho certeza que este vinho que nosso garçom escolheu também está muito bom. – falei piscando para o garçom que retribuiu minha gentileza com um breve sorriso. Tomei um gole farto do vinho em seguido. – Está ótimo!

O jantar seguiu agradável. Davi era o tipo de homem impecável que apesar de dar atenção a seus convidados, não me deixava esquecida nem por um segundo, sempre cavalheiro. Tornava o Bruno a minha frente quase invisível. Digo quase por que quando ele sorria era impossível não olhar para suas covinhas. Malditas covinhas. Já tínhamos comido a sobremesa e conversávamos amenidades quando Davi chamou minha atenção.

- Será que pode me ajudar a cumprir uma formalidade. – sussurrou em meu ouvido.

- Que formalidade? – perguntei curiosa.

- Nada de mais. Você pode me ajudar? – pediu mais uma vez.

- Tudo bem. – concordei desconfiada.

- Então vamos! – disse ele se levando de súbito.

Bruno nós olhou curioso. Enquanto Davi pegava minha mão e me conduziu entre as mesas até chegarmos na frente do salão. Não tinha ninguém nos olhando é certo Bruno que não tirava os olhos de nós. Mas de repente as luzes do salão ficaram mais fracas e uma luzes forte nos iluminou.  Atraindo a atenção de todos para nós. Nesse momento eu estava púrpura de vergonha.

- Nada de mais não era? – sussurrei para Davi que riu.

- Se eu falasse você não viria. – sussurrou ele de volta para mim, quando um homem apareceu e lhe entregou um microfone. – Senhoras e senhores Boa noite. – Começou ele a dizer para todos. – Estou muito feliz em recebê-los no primeiro jantar beneficente da Atlântic Records, o primeiro de muitos. – falou e foi interrompido por uma salva de palmas. – Agradecemos a todos pelas incríveis doações que recebemos, mais principalmente quem agradece são as crianças órfãs de Los Angels, que graças a vocês serão ainda melhor tratadas em suas instituições de abrigo. – Mais uma vez ele foi interrompido por uma salva de palmas. – Nossa noite está magnífica, bebida boa, comida maravilhosa mas agora chegou a hora de animar um pouco as coisas, que comece o baile!

Assim que Davi falou suas últimas palavras uma orquestra surgiu no palco e começou a tocar uma linda música, creio eu que uma valsa. Davi então se inclinou e beijou minha mão, e quando dei por mim já me conduzia pelo salão. Meu vestido esvoaçava e eu me sentia incrível e ao mesmo tempo envergonhada. Aos poucos outros casais foram se juntando a nos no espaço de dança e já não éramos mais o centro das atenções.

- Meu coração está quase saindo pela boca. – soltei para Davi assim que me acalmei um pouco mais.

- Você está maravilhosa, relaxa! - respondeu me fazendo corar. – Eu disse que vou aproveitar essa noite Melanie e pretendo aproveitar ela da melhor maneira ao seu lado! – Disse beijando meu pescoço. O gesto mais ousado que ele havia feito desde que nos conhecemos, desde  nosso acordo entre escravo e dominadora. Não pude deixar de sentir arrepios quando sua boca quente tocou meu pescoço. A música parou de tocar e vi Bruno surgir com Amber ao nosso lado.

- Será que podemos trocar de parceiras de dança? – perguntou Bruno para Davi.

- Claro, vai ser divertido. Tudo bem pra você Melanie? – Eu apenas assenti com a cabeça.

Logo eu não estava mais sendo envolvida pelas mãos de Davi e sim pelas de Bruno.

- Onde você conheceu Davi? – perguntou Bruno assim que começamos a dançar.

Eu me mantive em silêncio. Afinal eu não devia nada para Bruno nem mesmo satisfação.

- Me responda Melanie! – falou ele mais áspero porém ele ganhou apenas mais silêncio de minha parte.

- Que Droga Melanie fala alguma coisa! Qualquer coisa! Você me deve explicações, por que está aqui com Davi que porra de relação vocês tem?! Por que com ele você pode ter uma relação normal e comigo só esse lance de submisso? O que ele tem de tão especial, você me deve uma explicação! – exigiu ele falando um pouco mais alto do que devia, ele estava começando a perder o controle.

Ele achava que eu estava em um relacionamento baunilha com Davi. Como sempre tão ingênuo. Bruno sempre via tudo com uma visão tão simples. Para ele seu amigo nunca seria um submisso, para ele tudo isso era para gente que não era normal. Por que ele tinha que ter uma visão tão limitada? Então não pude mais me calar.

- Eu não te devo nada! – falei fria largando sua mão e parando nossa dança. – Mas você sim me deve explicações senhor Mars. E como não sou do tipo de mulher que foge de uma boa briga, me siga. - falei lhe dando as costas em busca de uma das sacadas do salão que estivesse vazia.

Ele queria conversar? Nos iríamos conversar!  Mais nos meus termos, do meu jeito. E eu com certeza eu iria destruir o seu mundo cor de rosa.