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História Damnation Eternal - Attention!


Escrita por: nnigma

Notas do Autor


Olá! ~ Primeiro eu quero agradecer a todos que leram o primeiro capítulo e eu estou realmente muito surpreso de já ter quase 50 favoritos, eu não esperava mesmo! HAHA

Quero me desculpar com todo mundo que lê Call it Fake, Call it Karma por eu não estar atualizando, mas logo eu volto a postar regularmente lá, é que estou meio enfiado nessa nova fic por ter uma história mais intensa. Não desistam de mim, por favor. ♥

Espero que gostem.
Nick.

Capítulo 2 - Attention!


Fanfic / Fanfiction Damnation Eternal - Attention!

 

Embora o trajeto não tenha durado nem quarenta minutos, Yoongi tomou aquilo como uma eternidade, simplesmente pelo tormento que acontecia dentro de sua cabeça. O normal era que as missões fossem sempre em áreas mais afastadas da cidade, até mesmo fora dela, então o homem não deixou de estranhar a viatura ter parado próxima a um dos bairros mais ricos de Eternal.

O cenho se franziu assim que seu “parceiro” saiu do veículo e abriu o porta-malas para que pudesse ativar os vigilum. Só então Yoongi se deu conta de que a missão realmente seria ali, à luz do dia e com civis inocentes passando pelo local. Não que o movimento fosse grande, algumas dondocas aqui ou ali e só, mas, novamente, era fora de todos os protocolos.

“É aqui?” Apenas para ter certeza, perguntou, não faria mal.

“Sim, pela informação que eu recebi, foi por aqui que o fugitivo foi visto pela última vez, ele estava a pé, então não deve ter ido muito longe...” O homem ativava os ciborgues por um aparelho remoto e assim que em funcionamento, os dois policiais de metal estavam em pé, logo atrás daquele que os ativou. “Você vai por um lado, eu vou pelo outro, não se esqueça das características dele, e provavelmente quando ver um policial, vai tentar fugir, então preste atenção, não vai ser difícil identifica-lo...”

Engatilhando sua arma, uma das maiores e mais potentes usadas pela polícia de Eternal, o homem deu as costas a Yoongi e seguiu o caminho entre uma das casas, sumindo de vista. Ele e o vigilum que o acompanhava. Aquele que ficou continuava parado e o homem bem mais baixo que o ciborgue suspirou fundo, colocando seu capacete novamente. Acionou o microfone do objeto, assim poderia se comunicar facilmente caso encontrasse o alvo.

 

Já fazia meia hora que Yoongi caminhava por entre as árvores de uma pequena floresta atrás de um dos clubes daquele bairro. O lugar inteiro exalava riqueza, ostentação e refinamento. Até mesmo a vegetação por onde caminhava parecia bem mais “organizada” do que muitas outras florestas onde teve que trabalhar em outras missões. Também fazia de conta que aquele vigilum não o seguia, mas se tornava difícil. Odiava estar acompanhado em momentos como aquele.

“Procure por aquele lado, me encontre daqui uma hora na viatura. Render qualquer civil suspeito.” Os ciborgues tinham reconhecimento de voz e movimento, sabiam exatamente a quem obedecer, portanto no momento em que o policial deu a ordem, o vigilum apenas seguiu pelo caminho que lhe fora apontado.

Ao menos agora não precisava ficar com aquela arma apontada o tempo inteiro, nem sentir que estava sendo vigiado. Yoongi baixou sua guarda e apenas continuou caminhando e procurando pelo caminho contrário ao que indicara ao vigilum. Poderia se concentrar muito melhor agora no real motivo pelo qual tinha aquele cargo. Não era por sua agilidade, sua boa mira nem nada do tipo. Era inteligente, conseguia sempre cruzar informações e encontrar fugitivos, porém o fato de poder sentir aqueles inferus que eram mais desenvolvidos ajudava bastante na hora de encontra-los em uma missão de campo.

Talvez fosse o caso. Não tinham a informação do alvo em questão ser desse tipo ou não, mas algo lhe dizia que sim. Geralmente, sentia alguns formigamentos dentro de sua cabeça, talvez fosse o cérebro tentando se conectar com o individuo, ou apenas alguma parte sendo ativada que tivesse relação com a habilidade dele. Sentia-se um tanto embaralhado no momento, mas acabou virando em uma árvore, seguindo por uma trilha qualquer.

Não muitos metros à frente, três grandes rochas formavam um semicírculo. Talvez foram colocadas ali por algum motivo ou então a floresta cresceu em volta das mesmas com o passar dos anos, era um local peculiar, mas uma pontada forte em sua cabeça fez com que Yoongi cessasse os passos por alguns segundos, até se recuperar.

Novamente segurava sua arma frente ao corpo com ambas as mãos, não sabia se o alvo estava armado também ou não, mas sentia-o ali. Nunca se enganava, só podia estar atrás daquelas pedras. Tentava dar passos lentos para não denunciar sua aproximação mas no momento em que esteve perto o suficiente, foi ágil ao se colocar na frente de uma das pedras, encontrando, enfim, o tal fugitivo.

Só poderia ser ele; homem, aparentemente jovem, fios castanhos, asiático. Estava sentado no chão como se se recuperasse de alguma corrida, o que Yoongi não duvidava. Parecia não ter forças nem mesmo para levantar e fugir novamente, mesmo que tivesse tentado. O policial entrou em seu caminho, praticamente o encurralando e colocando-o na mira de sua arma.

O rapaz apenas levantou os braços, uma clara trégua. Yoongi chegou a espaçar os lábios para proferir alguma coisa, mas as memorias travaram sua fala. Aquele ali em sua frente lhe era muito familiar. Assustadoramente familiar e no instante em que reconheceu suas feições, mesmo que muito diferentes de como eram quando o viu pela última vez, foi por pouco que não acabou deixando sua arma cair.

Os mesmos olhos arregalados, curiosos. Entretanto, conseguia detectar indiferença agora, arrependimento, e medo. Muito medo. O policial baixou sua guarda novamente, tirando o rapaz de sua mira para levar o indicador até o capacete. Não só levantou o visor do mesmo como também pressionou o botão que desativava o microfone, assim não seria escutado por ninguém mais senão ele.

“Jungkook?”

A pergunta foi incerta. Tirar o visor na frente de um alvo era perigoso, afinal, ser reconhecido poderia coloca-lo em perigo, além de que se estivesse enganado, aquilo poderia ser usado contra si depois de alguma forma. Mas é claro que não pensou em nada disso quando a voz saiu fraca, diferente do tom forte e seco que era acostumado a usar no trabalho.

O moreno em sua frente estava parado ainda. Parecia pensar em algo, no que fazer para fugir dali, no que fazer para não ser morto, no que falaria em um possível interrogatório. Mesmo que soubesse que sua vida não seria guardada a esse nível. Sabia que se alguém viesse atrás de si, seria para matar.

Justamente por isso estranhou as ações daquele policial. Apenas aguardava o momento em que a bala seria disparada contra si, talvez no coração, com muita sorte diretamente em sua cabeça para uma morte rápida e indolor. Mas ele simplesmente baixou a mira e abriu seu visor. Ele estava contra o sol, não conseguia ver muito bem de quem se tratava, porém sabia seu nome. Isso não era nada demais, afinal a polícia já deveria ter toda sua ficha, saber nome até de sua vigésima geração, mas aquela voz... Não soava ameaçadora. Na verdade, jurava já tê-la ouvido antes.

Jungkook permaneceu quieto, porém. Apenas encarava o policial. O suficiente para conseguir reconhecer aqueles olhos. Extremamente repuxados, quase como se não fosse conseguir ver pelo pequeno espaço que sobrava para as pupilas. Era uma memória muito antiga em sua memória, um pouco apagada talvez, por isso tinha certa dificuldade em reconhecê-lo, mas um lampejo em si fez com que arriscasse um palpite.

“Yoongi?”

Quando a confirmação veio, com aquele rapaz dizendo seu nome, então Yoongi realmente não soube o que fazer. Nunca fora treinado para aquele tipo de situação. Lembrava-se do que um dos tenentes do exército dizia quando ainda servia, afirmando que um soldado, policial ou qualquer servidor da segurança nacional geralmente não era mandado para missões em sua cidade natal para não correr riscos de conhecer algum dos “criminosos” e baixar sua guarda.

Talvez fosse justamente aquele o tipo de situação que quisessem evitar e de fato, Yoongi nunca fora mandado para missões em Somnium. Entretanto, estava realmente ali e Jungkook na sua frente. Seu melhor amigo de infância, aquele com quem conversava enquanto eram apenas duas crianças sem saber de nada sobre a vida agora estava em posição de alvo e a ordem era atirar para matar.

Jungkook, por sua parte, não sabia se tinha sorte ou azar. Estava feliz em saber que fora reconhecido pelo policial e que o mesmo já foi um grande amigo seu, mas também sentia certa vergonha pelo fato de estarem um contra o outro. Pelo fato de Yoongi saber que fez algo de errado – mesmo que na verdade Jungkook não tivesse feito absolutamente nada.

Um encarava o outro como se rememorassem todas as memórias que já passaram juntos. Mas Yoongi foi acordado de seu devaneio por uma voz em seu capacete. “Yoongi? Onde você está? Eu entrei na floresta, acho que é o único lugar possível que ele pode estar escondido... Encontrou alguma pista?”

Puxado drasticamente para a realidade novamente, o policial voltou a fechar o visor de seu capacete. “Não saia daqui! Eu volto no final do dia.” Foi tudo o que disse antes de lhe dar as costas.

“Eu não vou ficar aqui!” Jungkook logo rebateu, ajeitando o casaco em seu corpo, se arrumando para sair dali.

“Então boa sorte, porque a ordem é atirar para matar... Tem mais outro policial aqui e dois vigilum atrás de você. A escolha é sua!” A voz de Yoongi foi mais ríspida do que ele queria, mas geralmente não gostava muito de pessoas discordando de suas ideias. Não era dos maiores nem mais fortes de seus colegas de trabalho, então tinha que se fazer respeitado de uma forma ou de outra.

Assim que o ouviu, Jungkook recuou no mesmo instante, escorando-se na grande pedra atrás de si. A vida mostrou ao moreno que não podia confiar em ninguém. Absolutamente ninguém. Tinha se dado bem até agora sendo assim, pelo menos até o dia anterior, então dentro de sua cabeça travava um conflito intenso sobre aceitar aquela ajuda e ficar ali, ou imaginar que era uma armadilha e ir embora.

Ambos escutaram passos vindos de longe e Yoongi repetiu. “Eu volto no fim do dia!”

O policial repetiu antes de deixar aquele rapaz e as pedras para trás. Ativou o microfone de seu capacete novamente e ao ver que o outro policial se aproximava, balançou a cabeça em negativo para ele. “Não está por aqui! Já procurei por toda essa área, o vigilum foi pelo caminho oposto, talvez tenha encontrado.”

“Não, se tivesse já teria chegado algum sinal... Que droga! A gente não pode perder esse menino!” O homem já adiantava seus passos pelo mesmo caminho que Yoongi havia indicado ao vigilum alguns minutos atrás, então ele mesmo apenas o seguia, um pouco disperso do que estava fazendo.

Caso realmente voltasse ali no final do dia e ajudasse Jungkook, estaria com sua carreira arruinada. Pelo menos se alguém descobrisse. Acabaria sendo preso junto, senão morto assim como queriam aquele rapaz. Entretanto, não era tão fácil assim entregar um conhecido para sua própria morte. Provavelmente algo dentro de si já soubesse o que iria acontecer naquela missão, por isso se sentiu tão mal durante o caminho. Ainda tinha uma visão dele, do menino infantil e inocente que ele era. É obvio que ninguém continua assim para sempre, mas não conseguia pensar na ideia de Jungkook ter mudado tanto a ponto de cometer algum crime.

 

Vasculharam algumas áreas dentro da floresta por mais algum tempo até voltarem para a viatura. Acabaram indo até algumas casas, fazendo perguntas para civis nas ruas, questionando se haviam visto alguém diferente pela vizinhança naquela manhã. Ao menos Yoongi conseguia manter bem seu teatro.

Procuraram em bairros próximos, seu “parceiro” sempre parecendo falar com alguém pelo celular, como se estivesse dando satisfações. E devia estar mesmo, já que conforme a tarde passava, o fim do expediente chegava e ainda não tinham encontrado o alvo, mais nervoso o homem ficava. Era algo por volta de cinco horas da tarde quando enfim tomaram rumo ao edifício da Securitatem Imperium.

Chegando lá, os uniformes de campo e armas foram deixados no setor responsável e ambos seguiram para a sala do representante, novamente a mesma sendo colocada em modo de reunião, assim ninguém os veria.

“Você realmente não detectou ninguém por lá?” Sentando em sua cadeira, o homem exausto perguntou, com um claro olhar derrotado em sua face.

“É claro que detectei, mas estávamos no meio de um bairro com muitas pessoas em volta, poderia ser qualquer um... Eu fui para todos os lados em que senti algo, mas nada. Não tinha muito o que fazer.” Yoongi apenas ficou em pé, de frente à grande mesa de madeira maciça daquele que trabalhava naquela sala, encarando-o. Apesar de tudo, novamente se via dividido. Acreditava estar fazendo o bem para alguém próximo – ou pelo menos que já foi próximo –, mas sabia que não achar o “alvo” traria consequências aquele homem também.

De qualquer forma, ele apenas disse mais meia dúzia de palavras que mais soavam como murmúrios para si mesmo até enfim dispensar Yoongi. Agradeceu pela ajuda e pediu para que nenhum relatório fosse feito sobre a missão e que a mesma não fosse comentada com ninguém.

Em dias normais, o policial se recusaria àquilo, dizendo, como sempre, que estava fora do protocolo e tinha obrigação de relatar toda e qualquer missão para a qual saísse, porém apenas concordou, dizendo que ele não precisaria se preocupar e qualquer coisa continuava a seu dispor para ajudar. Esperava apenas que ele estivesse mergulhado demais em seus próprios pensamentos para não perceber sua encenação meia boca. Não era dos melhores em mentir. Nunca foi.

Assim que dispensado, como já estava no horário do fim do expediente também, o policial de vinte e nove anos apenas foi até sua mesa, juntando uma coisa ou outra para trancafiar em sua gaveta, desligou o sistema e então partiu ao elevador, pelo qual em poucos minutos já estava na garagem e, tão logo, em sua moto.

 

Yoongi ficou parado alguns instantes sobre a mesma. Ainda pensava no que fazer, no que encontraria se voltasse àquela floresta, mas o que era certo, em sua cabeça, era certo. Partiu com no seguinte instante, usando como sempre da via reservada para funcionários do governo. Um tanto mais movimentada naquele horário, mas ainda assim tranquila.

Em menos de meia hora já estava novamente naquele tal bairro chique. Era indiferente a esse tipo de coisa, riquezas e tudo o mais, mas não conseguia deixar de perceber as fontes que existiam em frente às casas, de forma decorativa. Fontes que jorravam água límpida, enquanto por toda sua infância, mal tinha acesso à água potável. Provavelmente até hoje em dia era assim em Somnium, senão pior. Evitava pensar nessas coisas, mas às vezes não conseguia fechar totalmente os olhos para tudo de “errado” que existiam por toda Eternal.

Parou a moto na entrada da floresta, a ajeitando para ficar um tanto “escondida”, mesmo que imaginasse que as pessoas ali estavam muito preocupadas com elas mesmas para notar alguma coisa fora do comum. Tinha sempre um capacete a mais sob o banco, então sem retirar o próprio, pegou o extra e adentrou a floresta. Sua memória fotográfica era excelente, então soube bem qual caminho seguir até avistar aquelas três enormes pedras.

Os passos eram apressados dessa vez, e sabia que ele ainda estava lá, conseguia sentí-lo. Assim que chegou ao meio das três pedras, sua intuição estava correta. Jungkook estava sentado no mesmo lugar, cabeça encostada na pedra, olhando para o nada. Na verdade, ele olhava os filetes de luz solar que passavam pelas folhas das árvores... Depois de horas ali, aquilo era a coisa mais interessante que tinha para fazer.

No mesmo instante em que viu alguém parando em sua frente, levantou-se. Poderia ser outra pessoa, outro policial, alguém atrás de si. Mas o capacete que lhe foi oferecido denunciava que assim como prometido, Yoongi realmente tinha voltado para ajudá-lo. Não precisava ser a pessoa mais inteligente do mundo para saber que aquilo era arriscado para ele, então o mais alto não hesitou em pegar e rapidamente colocar o capacete.

Não trocaram nenhuma palavra durante o caminho, nem o das pedras até a moto, nem da floresta até o apartamento de Yoongi. Dessa vez, ele utilizava as vias comuns aos civis, apenas por precaução, além de não querer que ninguém acabasse identificando um chip que não fosse autorizado na fila especial e descobrindo sobre aquele que estava sentado logo atrás de si.

Demoraram um pouco mais, claro, era fim do dia, todos voltavam para suas casas, mas em uma hora ou um pouco mais enfim estacionavam na vaga do policial em seu edifício. Ele parecia sério, assim que tirou seu capacete apenas seguiu para o elevador, que era ativado por uma placa de metal onde se deveria encostar o pulso e então pelo ID do morador as portas eram abertas ou o elevador chamado. Uma forma de segurança. Jungkook continuava com o capacete.

Durante a subida continuaram sem trocar uma palavra ou olhar sequer. Um ao lado do outro, encarando as portas fechadas de metal e o painel digital acima, que marcava os andares. Assim que o número 12 foi exibido, enfim as portas se afastaram e ambos os homens saíram. Eram quatro apartamentos por andar e Yoongi tomou a dianteira até o último apartamento da direita.

No momento em que trancou a porta atrás de si, após ambos já estarem dentro, enfim Jungkook se livrou do capacete, deixando-o sobre a bancada que dividia a cozinha da sala. O de fios castanhos de um tom mais claro deu uma boa olhada em volta, soltando um pequenino riso baixo antes de se virar ao dono do lugar. “Você realmente conseguiu melhorar de vida, huh? Isso é bem melhor do que aquele lugar que a gente morava em Somnium, lembra?”

Yoongi acabou dando uma olhada em volta também, pensava algo do tipo todos os dias, de onde viera e onde estava agora, então acabou exibindo um sorriso pequeno. De uma forma ou de outra, embora feliz em ter melhorado de vida, ainda sentia o peso de ter deixado seus pais para trás. “Lembro... Aqui não é nada demais, é pequeno mas sei lá, eu gosto, tem uma vista bonita da cidade...”

No momento em que o de fios extremamente negros comentou da vista, Jungkook já estava na janela, olhando para o lado de fora. De fato era maravilhoso, ainda conseguia ver resquícios do pôr do sol entre as centenas de edifícios iluminados daquela cidade monumental. “Eternal...” Um novo riso, dessa vez debochado, escapou do homem mais novo. “Tão perfeita, não?”

Nesse momento, Yoongi estava recostado contra a bancada, braços cruzados frente ao peitoral. Encarava Jungkook como se tentasse encontrar nele resquícios do menino que conhecia quando eram mais novos ou então redecorar suas feições já formadas e másculas. “Como você veio parar aqui? Só se pode mudar de outras cidades para cá através do alistamento para o exército.”

Ouvindo tal pergunta, Jungkook se virou para ele. Enfim conseguia ver as feições daquele em sua frente. Ainda parecia praticamente o mesmo. Mais velho, claro, mas não pensava isso de forma pejorativa, o tempo lhe havia feito muito bem. Parecia mais decidido e estruturado do que era antigamente. “Você trabalha para a polícia, Yoongi... Não faça de conta que realmente acredita que só existe uma única forma de entrar aqui.”

“Então é isso? Veio para cá ilegalmente e estão atrás de você?” Não queria ser tão direto, mas até agora o policial realmente não tinha a mínima ideia do motivo pelo qual Jungkook estava sendo procurado com tanta urgência. Dividido, ao mesmo tempo em que tinha curiosidade em saber, também tinha medo de descobrir.

“O que falaram? Não disseram por que estão atrás de mim?” O fugitivo não tinha celular nem nada consigo. Usava apenas a roupa do corpo, totalmente pretas, como de costume, e estava com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco quando fez aquela pergunta. Realmente queria saber o que infernos tinham falado para colocarem alguém atrás de si.

“Não... Não quiseram colocar você no sistema de procura, não me falaram nada... Na verdade eu só soube que era você quando te vi, a ordem era atirar para matar assim que avistado.” Não que achasse certo dizer tudo aquilo, pois afinal, estava dando informações a um fugitivo, mas Yoongi não conseguia vê-lo de outra forma senão como um amigo antigo.

“E por que você não me matou?” A pergunta do moreno foi certeira, tão perfurante quanto seu olhar encarando diretamente os orbes incertos de Yoongi.

“Não gosto de atirar em ninguém, muito menos para matar... E era você... Além da história estar muito mal contada, disseram que informações foram vazadas, no que você se meteu?” Tentando sair da mira do olhar alheio, o policial apenas lhe deu as costas e foi até a cozinha, procuraria algo para comerem e beberem.

“Filhos da puta...” Jungkook murmurou para si mesmo, recostando-se na janela. “Eu não me meti em nada, estava no lugar errado, na hora errada... Não é a primeira vez, mas dessa eu não consegui simplesmente ficar quieto e fazer de conta que não ouvi nada, não sei nem como consegui sair daquela casa vivo, na real... Mas então é isso, estão atrás de mim por que eu escutei demais e querem me matar? Realmente, parece que o governo não tem nada a temer, huh?!” Novamente aquele riso debochado.

Da cozinha, Yoongi falava mais alto. “O que você estava fazendo naquele bairro? E o que foi que você ouviu de tão sério para estarem tão desesperados atrás de você?”.

“Olha, eu não gosto de dar satisfações, muito menos a policiais... Eu agradeço muito por você ter me ajudado, e por não ter me matado como foi mandado, mas você, querendo ou não, trabalha para o governo, eu não acho que vá querer saber o que eu ouvi e eu tenho que dar um jeito de me mandar daqui, aproveitar já que não me colocaram no sistema da policia ainda.” Olhando para fora novamente, agora apenas a lua pairava no céu e o moreno acabou se afastando até a porta para que pudesse ir.

Dois lanches congelados esquentavam no microondas enquanto Yoongi fazia um suco daqueles instantâneos quais já haviam sido provados fazer mal à saúde, mas que o policial pouco se importava. “Sério? Escuta, eu trabalho para a polícia mas não é como se eu fosse a favor de tudo o que é feito lá e—“

“É? Te colocaram para procurar alguém que você nem sabia quem era, sem motivos reais, para matar e você foi... E se não fosse eu lá, Yoongi? E se fosse um estranho qualquer? Você  teria matado ele?” Novamente uma pergunta que mexeu em algo dentro daquele homem. Seu olhar foi desviado no mesmo instante e Jungkook apenas sorriu, gostava quando seu ponto de vista era provado.

“Eu só quero saber o que está acontecendo!” Com um tom mais firme, tentou rebater o outro, voltando a encará-lo de forma mais decidida.

“E eu preciso ir embora, já agradeci por ter me ajudado, mas é melhor eu sumir daqui logo.” Jungkook ajeitou o casaco melhor em seu corpo, fechando o mesmo para enfrentar o frio da noite quando um barulho alto chamou sua atenção. Vinha do celular de Yoongi, qual estava dentro do bolso da calça dele.

O policial estranhou aquele toque, era um diferente, usado apenas para as mensagens enviadas pela Securitatem Imperium a todos os funcionários envolvidos de alguma forma com a segurança de Eternal. Quando Yoongi pegou o aparelho e aceitou ouvir a mensagem, deixou o celular sobre a bancada. Logo uma imagem foi projetada centímetros acima da tela, como um holograma. Era a foto de Jungkook, tanto de rosto quanto de corpo inteiro e informações ao lado: nome completo, altura, idade, de onde vinha... Uma voz feminina começou a ditar em seguida.

 

“Atenção! Procurado Nível 5. Jeon Jungkook, 25 anos, 1,78m de altura. Visto pela última vez nos arredores de Cornucopia. Procurado por espionagem, vazamento de informações, prostituição e homicídio. Procurado Nível 5. Todas as saídas de Eterna, oficiais ou clandestinas, serão fechadas e vigiadas até a devida captura do fugitivo. Isso não é um teste. Procurado Nível 5. Shoot on sight. Qualquer informação sobre o fugitivo deve ser reportada a Securitatem Imperium imediatamente.”

 

Assim que a mensagem chegou ao final, Jungkook tinha as mãos fechadas em punho e se controlava muito para não sair quebrando tudo o que via pela frente, naquela casa. “Homicídio? Homicídio? Eu nunca encostei a mão em ninguém e de repente eu sou simplesmente o criminoso mais perigoso e procurado da cidade, ótimo. Ótimo!”

“Que merda você fez, Jungkook?” Yoongi ainda estava um pouco em choque com aquela mensagem e sentia todo o corpo suar frio. Agora, mais do que antes, se alguém desconfiasse que aquele rapaz estava ali, de fato toda sua vida estaria acabada. 

 


Notas Finais


Obrigado, novamente, por estarem lendo. ♥

See ya!
Nick.


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