História Dançando ao pôr do Sol - Leakira - Capítulo Único

Desde que Akira e Leandro foram para suas devidas faculdades, ficou difícil reunir toda a turma. 

Claro, eles viam Leandro com uma frequência maior já que a faculdade do garoto era bem perto da pequena cidade em que moravam… mas Akira… eles mal tinham notícias do omega nos últimos meses.

Porém, eles eram uma matilha e um tempo distante não os impediria de ainda serem uma. Esse sem dúvidas é um dos motivos para eles passarem meses planejando uma pequena surpresa para o garoto.

Logo mais seria o aniversário de Akira e Leandro era o mais empolgado de todos, fazia mais de 8 meses que não via o melhor amigo pessoalmente e ele estava ansioso para isso. 

Ele procurou bastante por um presente perfeito. 

Por mais que Akira dissesse que não se importava com coisas materiais, preferindo viver das coisas que a natureza lhes dá, Leandro sabia bem que ele não resistia a tiaras e acessórios hippies. 

Então quando o garoto mais novo passou em frente a uma loja onde tinha uma tiara brilhante que vinha com um colar e dois pingentes fofos, não perdeu tempo em entrar e comprar. Era um presente perfeito que o fez abrir um sorriso ao pensar na reação de Akira.

Ele mal podia aguentar de tamanha ansiedade.

••••••

Demorou mas Kira finalmente fez alguns amigos. Uma pequena alfa que se apelidava como Pidge, seu irmão e Shiro. Eles eram legais, sempre tentava o manter por dentro das conversas, mas sempre que notavam que ele não queria mais conversar, respeitavam seu silêncio.

Eles eram ótimos, mas Akira ainda sentia falta dos amigos. 

O cheiro suave de Romelle e seus penteados malucos, Acxa e suas críticas ao mundo quando não o deixaria por nada, Lotor e seu rabo de cavalo que faz qualquer um ter inveja, Regris sendo o único com juízo real e claro, Leandro e seu jeito estúpido e único de ser.

O cheiro de Leandro era tão calmante que por mais que nunca confessasse, o cheiro do mar o fazia se sentir seguro e o lembrava de algo que se assemelhava ao lar. 

Akira não lembra de uma parte de sua vida que o garoto dos olhos azuis não estivesse, eles cresceram juntos. 

Todas as memórias de quando seu pai o levava para ver uma corrida, o garoto estava junto, pulando ao seu lado e falando mais do que o próprio Tex sobre a pista de corrida. Era tão bom essas lembranças.

Eram tão felizes, mas agora eram apenas momentos melancólicos. 

Droga, ele precisa tentar ligar para os amigos e o pai, a saudade o estava deixando molenga. Parando para pensar, realmente fazia bastante tempo que ele não falava com ninguém além do pai. 

Alguns dias depois ele estava tão distraído ainda pensando nessas coisas enquanto colocava comida no prato que mal notou que havia um celular tocando. Era um barulho irritante quando ele finalmente começou a prestar atenção. 

– 'Kira fofinho é o seu celular que está tocando – uma voz risonha disse e Akira mais do que depressa pegou o celular se virando para agradecer a pessoa.

Ele quase deixou a bandeja cair quando Leandro pulou nele.

– SURPRESA!!! – ele gritou abraçando Akira que conseguiu manter a bandeja intacta enquanto ainda processava o que estava acontecendo, quando o parabéns começou.

– Parabéns pra você, nesta data querida… – Lotor estava segurando um bolo vermelho que tinha hipopótamos desenhados e uma vela com 19 em cima. 

Acxa estava ao seu lado rindo da cara de Akira, enquanto Romelle filmava e Regris segurava presentes.

– Vamos lá, Akira, sobre as velinhas!! – Lotor aproximou o bolo do omega que ainda estava sendo segurado.

– Não vai dá.– ele começou a rir enquanto tentava se lembrar como soprava. Por mais tentasse a crise de riso estava aumentando e a única coisa que ele estava soprando era cuspe.

– É pra soprar não babar no bolo, fofinho. – Romelle gargalhou ainda filmando.

– Assopra Kira, eu acredito em você!! – Leandro esfregou o braço do amigo. 

– Eu não vou comer bolo com cuspe, já basta o lugar duvidoso que a gente encomendou ele. – Lotor reclama, falhando em esconder o pequeno sorriso. 

– Anda menino! – Acxa começou a perder a paciência. 

– Okay, okay, biurrr – ele tentou, falhando mais uma vez em soprar e foi quando Acxa perdeu de vez sua paciência. 

– Assim oh! – ela assoprou as velas do garoto menor finalmente apagando-as.

– Você não vai comer bolo como punição. – ele advertiu e a garota deu de ombros. 

– Não queria bolo babado mesmo.

– Gente, gente, paz e amor! – Romelle lembrou – Mas hey, deixe-me te dar um abraço também, solta Leandro, minha vez!

Ela puxou o garoto para perto, enquanto Leandro reclamava, as pessoas ao seu redor olhavam a cena sem entender muito. 

Quer dizer então que o garoto emo hippie tinha mesmo outros amigos? Amigos bem escandalosos e bonitos. 

Quando a falação finalmente parou junto do banho de abraços, Akira levou os amigos até a mesa que sempre se sentava, onde os novos amigos estavam. 

– Hey pessoal, esses são meus outros amigos que falei… – Akira apresenta a todos. 

– Eu não sabia que era seu aniversário. – Pidge comenta ajeitando os óculos. 

– Pra ser sincero, nem eu me lembrava que era hoje. – Akira diz ao sorrir de lado e se sentar perto dos outros.

– Esquecidooo… – Matt brinca arrancando algumas risadas. 

Todos se deram bem, o ômega mais velho ficou muito feliz por ver que seus novos e velhos amigos se deram bem. Bem até demais se ele estivesse sendo sincero. 

Ele ainda tinha aulas, mas queria passar um tempo com os amigos que se organizaram apenas para passar o dia com ele, Takashi pareceu notar o que ele pensava e o puxou gentilmente até um cantinho.

– Se quiser passar um tempo ou sair com eles tudo bem, eu posso dar um jeito de enganar os professores ou algo do tipo. – O alfa disse sorrindo para Akira. 

– O menino de ouro vai finalmente passar pano para alguma travessura minha? – Akira brinca sorrindo sacana para Takashi.

– Não se acostume é apenas porque é seu aniversário. – ele bufou e deu um pequeno abraço no ômega. – Feliz aniversário afinal. 

– Obrigado, por tudo que você tem me ajudado nos últimos tempos, sem você eu estaria perdido. – o alfa sorri com a confissão.

– De nada, foi um dos melhores tempos que tenho passado aqui na Garrison. – ele diz sorrindo e o sinal soa. – Bem vai lá! Se divirta! Nós vamos esperar por fotos e detalhes. E sabe que qualquer coisa que você não contar, Pidge vai arrancar de você ou de um dos seus amigos!

– Pode deixar! – Akira ia se afastar mas notou o que Takashi queria. – Meu Deus, você é mesmo um bebezão! – ele disse abraçando o amigo e saindo rápido sem olhar para trás.

Ele chegou no portão da faculdade rápido. Olhou ao redor e avistou os amigos.

– IRAA, ELE VEM CHEGANDO MINHA GENTE! – Leandro brinca quando vê o garoto.

– Oh você vem conosco? – Romelle disse soltando um gritinho de alegria. 

– Se é farra é claro que ele vai, aprendeu com o pai aqui! – Lotor brinca jogando o cabelo sedoso para trás recebendo um soco de Acxa. – Au!

– Fui eu que ensinei isso a vocês todos, respeita a mãe. – ela diz. – Vocês pareciam pintinhos orfãos quando achei vocês. Sem ofensas, amigo.

– Rir agora, chorar no banheiro a noite. – Akira faz um sinal irônico de positivo.

– Então Akira, pronto para um dia espetacular? – perguntou Regris. 

– Pode apostar que sim! – Ele disse e foram para os veículos. Akira subiu na moto de Leandro enquanto os outros brigavam por seu lugar no carro. 

★★★

 Eles levaram o ômega de volta antes do fim da tarde. Todos tendo que dirigir uma boa distância até suas casas. Mas mesmo não sendo um dia completo, foi tão maravilhoso quanto.

Eles riram, colocaram o assunto em dia e cada um percebeu o quanto se amavam. Os momentos congelados em fotografias do celular e das máquinas de fotos que acharam em seu passeio.

Agora depois de se despedir com longos abraços e um pouquinho de lágrimas, Akira observou os amigos indo embora e acenou até os perder de vista. 

Ao seu lado estava Leandro, que ficou por último já que era o único que tinha vindo sozinho de moto. 

– Eu sabia que não tinha perdido minha jaqueta. – o garoto mais velho comenta e Akira vira pra ele. 

– Hum? – ele perguntou e então percebeu que usava a jaqueta de Leandro. Ele a tinha "roubado" antes de vir pra faculdade. Tudo o que ele queria era uma coisa com o cheiro refrescante e confortável de Leandro, mas era claro que ele não estaria admitindo isso ao garoto. Ele já aguentava muito do ego do alfa. 

– Se um dia foi sua já não é mais, supera. – Akira disse cruzando os braços defensivamente. O sorriso do garoto cai um pouco.

– Fico feliz por saber que você usa ela, seu namorado não se importa? – Leandro perguntou sem olhar nos olhos do omega.

– Como? – Akira franze a testa. 

– Seu namorado, o alfa fortão que você estava perto e tudo mais. Vi você e ele saindo por um momento antes de sairmos. – as bochechas de Leandro estavam começando a ficar vermelhas.

– Oh meu Deus… hoje mais cedo você estava com ciúmes? – Akira perguntou.

– Eu apenas… você não me contou que estava namorando... – o alfa mais novo diz chateado e um pouco emburrado.

– Não contei porque não estou! – Akira diz rindo. – Takashi é apenas um bom amigo, um irmão. Eu contei a você sobre como ele vem me ajudando.

O garoto parecia ainda mais envergonhado.

– Se um dia eu começar a namorar, você seria o primeiro a quem eu contaria, Lee. Você sabe que essas coisas importam pra mim. – Akira diz se aproximando do amigo que tenta sorrir um pouco.

– Eu tenho um presente para você. – Leandro diz indo até sua moto e abrindo o compartimento do bando. 

O garoto tira de lá um embrulho bonito e que parecia delicado. Akira olhou entre o presente e o amigo.

– Eu queria te dar uma coisa especial. – Ele disse sorrindo. – E sei o quanto você gosta de coisas brilhantes…

– Oh meu Deus... já falei pra você que você me mima demais? – Akira brincou e se aproximou de Leandro o abraçando. Hoje era o dia do recorde de abraços que o ômega deu em qualquer um.

– Vai, abre logo o presente. – ele disse observando com um sorriso quando Akira abria a caixa e revelava a tiara e os pingentes.

– PUTA QUE ME PARIU, CARALHO! – o ômega disse com os olhos brilhando e se virando para o alfa. – PÕE EM MIM! PÕE EM MIM! PÕE EM MIM! PÕE EM MIM!

– Okay, okay. – Se antes o garoto mais novo estava sorrindo agora estava radiando, vendo a animação de Akira com o presente. – Você está maravilhoso.

– CLARO QUE ESTOU! OLHE PRA MIM! PAREÇO A PORRA DE UM PRÍNCIPE! – Akira disse quase hiperventilando.

– Olha a boca.

– Vá chupar um pau!!! EU SOU UM PRÍNCIPE CACETE.

– Que isso, garoto! – Leandro disse rindo da euforia, e relaxando quando o ômega o abraçou novamente. 

– Esse é de longe o melhor presente que você já me deu. Porra, eu te amo. – o nariz do garoto passou perto da glândula de cheiro do Alfa e ele estremeceu.

– Só me ama por te dar presentes? – ele fez um beicinho.

– Talvez sim, talvez não...nunca saberemos. – o ômega quase ronronou de felicidade e o coração de Leandro falhou no peito. – Tem outro presente, esses pingentes, um é um foguete e o outro um planeta. – ele mostrou o pingente de planeta que usava. – Achei que combinaria conosco.

– Pode colocar em mim também? – o garoto mais velho perguntou um pouco tímido, se virando e tirando o cabelo que voltava a crescer rápido da nunca.

Leandro se aproximou com o pingente e colocou em Akira. Sorrindo quando o garoto virou-se para ele. 

– É pra você se lembrar que estou te esperando aqui quando for para o espaço. 

– Obrigada, Lee, sério, muito obrigado mesmo! – Akira disse sorrindo. 

Depois disso eles se sentaram no chão perto de onde a moto de Leandro estava, Akira havia buscado alguns lanches e dois refrigerantes e os dois compartilhavam felizes, o ômega ainda se gabando de sua coroa e Leandro apenas concordando e zombado enquanto colocava sua playlist no aleatório. 

Os dois ficaram ouvindo em paz, lembrando de todas as vezes em que fizeram isso dentro do carro do pai de Akira depois de terem assistido uma corrida.

 Uma batida familiar começou e Leandro se levantou com um pequeno pulo se alongando, pronto para dançar. 

Ele chamou Akira uma vez, mas o ômega se recusou a dançar no estacionamento de sua faculdade. O garoto mais novo apenas deu de ombros enquanto dançava e cantava Drown, olhando e jogando flertes no amigo. 

Akira cantou a parte lenta, o cheiro de canela enchendo o ar e se misturando com o cheiro de Lance. 

Quando a música acabou e Summertime in Paris começou a tocar, Leandro estendeu a mão novamente.

– Não vai mesmo dançar comigo, Kira? – a mão estava estendida, Akira bufou e desviou o olhar, o alfa permaneceu, a música correndo. – Pelos velhos tempos? – Outro bufo e antes que ele desistisse, o menor agarrou sua mão se levantando.

– Apenas essa. – Ele disse e Leandro sorriu de orelha a orelha.  

Eles dançaram, cantarolando juntos, os cheiros se fundindo. Quando a música acabou e Sadderdaze começou, Leandro abriu a deixa para Akira se retirar, mas ele permaneceu. 

Eles dançaram, Akira apoiado em seu peito, Leandro olhou para ele, sua jaqueta um pouco grande no garoto mais velho. 

Eles rodaram, dançando lentamente, música seguida de música, acelerando e fazendo passos mais complicados quando necessário.

Slow dancing in the dark, I can't handle change, steady, hey kids, heat waves... até chegar em Yellow. 

O pôr do sol agora realmente havia chegado, o horizonte brilhando em vermelho, laranja e amarelo. A areia do deserto voando quando as rajadas de vento eram maiores. 

Leandro girou Akira para longe. 

– And it was all yellow. And your skin. Oh, yeah, your skin and bones, turn into something beautiful. And you know, for you, I'd bleed myself dry... – eles cantaram em um coro perfeito.

Leandro olhou nos olhos de Akira, o rubor, o sorriso, corações acelerados. Lentamente parando de dançar e se aproximando ainda mais do garoto.

O primeiro beijo, com o fim do pôr do sol, e o fim da música soando:

Look how they shine for you, And all the things that you do...

A música acabou e eles se separaram do pequeno beijo.

– Wow. Isso foi novo. – Leandro foi o primeiro a falar, ainda olhando Akira que apenas concordou.

– Diferente, mas bom. – nenhum dos dois falou, o constrangimento surgindo, a felicidade e ansiedade no ar. 

– Se importa se...– antes que terminasse, Akira o beijou.

Eles demoraram mais nesse beijo, a mão de Lance voando para sua cintura e segurando com delicadeza. 

Eles se afastaram, dessa vez em silêncio, se olharam e sorriram, um rubor no rosto dos dois. 

– Eu tenho que ir. 

– Eu sei. – nenhum dos dois se olhou novamente, eles se abraçaram desajeitadamente se despedindo mais uma vez.

Antes que Leandro colocasse o capacete para fugir dos sentimentos que ele sentia a meses, Akira o chamou e deu-lhe um beijo na testa.

– Espero que saiba o quanto você significa pra mim, Lee. – O apelido soou tão suave. – Espero que saiba que não vai ser uma distância que vai diminuir isso.

Leandro queria dizer algo, descer da moto e beijar e segurar sua paixão. Mas ele não podia fazer isso agora. Tudo era novo e por mais que ele estevesse amando cada detalhe a insegurança estava ali também.

– Tchau, Kitty. - despede-se Leandro. – Espero que você saiba o que realmente significa para mim.

Ele disse e acabou de colocar o capacete, vendo Akira o observar. 

– Tchau. – ele sussurrou quando Leandro saiu, acenando até que a moto sumiu de vista.

Isso era novo, diferente, podia estragar a amizade que os dois construíram desde a infância. Mas por algum motivo, eles não estavam tão apavorados quanto acharam que ficariam.

Todos mal podiam esperar para ver o que o futuro os traria.