História Dance Of Love - Twice imagine - Exhaustion

Minha boca foi ao chão no momento em que entrei no novo local para ensaios.

Cinco cachorros estavam correndo e latindo elétricos, perseguindo uns aos outros, e focados em sua brincadeira, no entanto, quando os olhos de um cachorro cor de caramelo bateram em mim, foram questões de segundos para estar com o corpo no chão.

Fui brutalmente atacada por animais selvagens e cruéis, que espalhavam baba por toda minha roupa e pele, tentei cobrir meu rosto, mas foi inútil.

Kaya e Butter começaram a brincar com minha calça legging, tentando puxar o tecido elástico. Kookeu lambia todo meu rosto, com seu bafo de pestisco para cachorros, Boo e Dobby pulavam sobre meu corpo, enquanto se esfregavam em mim.

- Saí! - Me debati sem muita força, pois não queria acertar o ser demoníaco, mas delicado. - Argh.

Escutei um barulho de rasgo e na mesma hora soube que havia perdido minha legging, e como se fosse uma espécie de conquista para eles, os dois responsáveis começaram a latir animados.

- Isso não é legal! - Consegui pegar Kookeu no colo e ele ficou calmo recebendo carinho. - Não vão ganhar petiscos!

Como se isso foi a pior coisa do mundo - o quê para eles, realmente deveria ser - os outros quatro ficaram sentados e quietos, finalmente.

Para completar o momento totalmente aleatório de meu dia, Bbuyo passou entre minhas pernas se esfregando e deitou em cima de minha coxa. O gato de Jihyo fincou suas pequenas garrinhas justamente no corte antes feito por Butter, enquanto amassava com suas patinhas.

Momo foi a primeira a explodir em uma gargalhada, sendo seguida por outras pessoas presentes, provavelmente dançarinos assim como eu, e as meninas não fizeram a mínima questão de esconder que estavam tirando fotos e gravando o momento.

- Bom dia, (S/a)! - Nayeon me desejou enquanto sorria com seus dentes a mostra.

- Dia. - Resmunguei e esperei que alguma boa alma me ajudasse com os animais super carinhosos e pouco atrevidos ao meu redor.

- Quer ajuda? - Me preparei para lançar o comentário mais irônico possível para a pessoa que fez o comentário, mas quando percebi que Tzuyu me encarava tímida, guardei as falas para mim mesma, e apenas acenei com a cabeça.

- Por favor, Tzuyu. - A taiwanesa pegou Bbuyo, e ele grunhiu como se não quisesse sair de meu colo, depois me ajudou com Boo e Dobby.

- Isso vai para o meu Story. - Olhei para Nayeon enquanto mordia o interior de minha bochecha.

- Vai para o meu também. - Escutei uma voz conhecida e dessa vez fiquei incrédula.

- Até você? Sua piranha descarada. - Sun Hee começou a rir e se escondeu atrás de um menino muito mais alto. - O quê está fazendo aqui?

- Vou ajudar com as coisas até os meninos do Stray Kids chegarem, fiquei encarregada de cuidar daqueles bebês gigantes, mas eles vão para a empresa apenas a tarde.- Acenei positivamente e lancei um olhar sugestivo para a menina. - Amiga! Depois eu preciso te contar uma coisa... olha, babado fortíssimo.

Mordi meus lábios já sentindo certa animação por saber que provavelmente bombas seriam jogadas.

- Encontro você depois do primeiro período. - Ela confirmou e me lançou um sorriso para confirmar que as informações eram quentes.

A reunião com toda a equipe se encerrou a mais ou menos, duas horas atrás, nesse meio tempo, troquei algumas ideias com os outros coreógrafos da empresa, que ficavam encarregados de fazer as danças para Tittle Tracks e B-sides dos grupos.

Fiquei surpresa quando descobri que Momo e Dahyun, e às vezes Jihyo, criavam as próprias coreografias do Twice.

Quase perdi o tempo formando posições e discutindo possíveis mashups com as músicas, quando uma das mulheres mais experientes avisou que precisávamos ir para o novo local preparado.

Era uma espécie de pavilhão em um local não muito longe da empresa, já estava com as devidas marcações de como seria o palco, e por ser em um lugar aberto, provavelmente as meninas estavam autorizadas a levarem seus animaizinhos de estimação.

Não sabia o que fazer com minha calça rasgada na coxa e mais alguns furos nas panturrilhas.

- Achei que ficou um conceito mais moderno. - Sana comentou ao ver meu olhar perdido sobre a peça de roupa. O rasgo não era tão grande, nem me deixava desconfortável, mas durante o ensaio ele poderia se alargar.

- Obrigada, Sana. - A japonesa conteve o riso, e veio para perto de mim, se sentando ao meu lado.

- Acho que você pode ficar assim mesmo, não está mostrando nada de mais, e é apenas um ensaio, não tem cameras nem nada. - Jeong disse enquanto brincava com Kaya.

- Não sei, duvido que tenha privacidade com Nayeon e seus Storys. - A coreana formou um sorriso maléfico, demonstrando que seu celular era uma espécie de arma.

- Ela não vai fazer nada de mais, fique tranquila. - Jihyo tentou me acalmar, mas era impossível ficar calma sabendo que diversos idols iriam ver minha derrota para os animais maléficos.

Me levantei após alguns segundos, e decidi que minha calça ficaria assim mesmo, se algo acontecesse, eu só sentaria no chão e começaria a chorar.

Quem estava guiando os alongamentos era um dos jurados que estava na bancada no dia das audições, ele parecia ser simpático, ainda que possuísse uma face séria e concentrada. Todos se reuniram em uma espécie de círculo, e ficaram aguardando as instruções.

- Como sabem, o show de abertura será realizado em pouco menos de um mês, depois passaremos por alguns países da Ásia, e retornaremos para o MAMA, MMA e as apresentações do final de ano. - Eu ficava cansada só de imaginar o quão apressadas as coisas seriam daqui em diante. - Nós vamos conciliar os ensaios com músicas da tracklist da Tour, e as músicas que iram ser apresentadas no final do ano.

- Caso a condição de saúde não permita que façam os ensaios ou shows, vocês devem nos comunicar com o máximo de antecedência. - Um dos três managers que estava presente alertou, e pude ver ser olhar pesado sobre Jeongyeon.

Não era surpresa que eles não gostavam de sua ausência nos palcos, isso implicava diretamente no desempenho do grupo, fazendo com que as meninas não estivessem cem porcento. Era crueldade critica-lá por simplesmente estar cuidando de sua saúde, mas eles não se importavam com isso, apenas os lucros os deixavam satisfeitos.

- Vamos começar fazendo alguns testes com o espaço, e logo em seguida vamos trabalhar as formações para os novos dance breaks e medley. - Nesse momento, senti um enorme frio na barriga, era minha primeira vez guiando um grupo tão grande de pessoas, em um evento tão importante.

Já havia discutido algumas coisas com os outros coreógrafos, mas continuava questionando se seria o suficiente.

[...]

Certo, só existe uma palavra para descrever esse ensaio: exaustivo.

Quando as pessoas dizem que essas meninas se esforçam e dão o máximo, não é brincadeira. Nós da equipe de apoio fomos massacrados, meu suor é tanto que está escorrendo e deixando um rastro por onde eu ando.

Algumas modificações foram feitas, mas a ideia inicial de minha coreografia continuou intacta, o que me deixou extremamente feliz, e compensou todo o cansaço. Não foi fácil ficar três dias seguidos trabalhando em um pequeno dance break de quarenta segundos, parece fácil, mas quando existem mais de vinte pessoas para se encaixar em cada local e fazer movimentos de pura sincronia, isso vira um pesadelo.

Quanto mais pessoas, mais difícil fica criar os passos, no entanto, a estética fica bem mais bonita. Ao menos, para mim. Acredito que essa seja uma questão que se modifica para cada dançarino.

- Mais uma vez. - Quem faz o pedido é Momo, Jihyo é a primeira a concordar. Mesmo que esteja com todo o corpo fraco, vou para a formação e repassamos a coreografia, não uma, mas cinco vezes.

Passando os olhos pelo local, percebi que não era a única com sinais de exaustão, mas por medo ou qualquer outro motivo, faziam o possível para demonstrar que ainda aguentavam mais tempo.

Balancei a cabeça negando, não iríamos para lugar nenhum se continuássemos assim. O ensaio parou de render no momento em que o cansaço começou a tomar conta.

- Momo, não peça de novo. - A japonesa me lançou um olhar confuso quando falei em sua frente, cortando o início de sua frase. - Tempo de descanso, voltem em quinze minutos, e não esqueçam da água.

- Não é você quem decide isso mocinha. - O mesmo manager que implicou com Jeongyeon, me encara de forma nada contente.

- Sou a guia dessa parte da coreografia, o comando é meu até que outra parte se inicie. - Nenhum dançarino ou staff se colocou contra, e aproveitando meu momento de coragem, correram para qualquer outro lugar para descansar, alguns ainda me lançaram agradecimentos.

- Bem, eu concordo. - Sorri quando o coreógrafo concordou comigo.

- Mas eu ainda não estou satisfeita! - A Hirai bateu o pé e cruzou os braços fazendo birra como uma criança.

- Momo-ah, você pegou a coreografia inteira em meia hora, inclusive já estava se arriscando nas expressões. - Comentei vendo o bico se formar no rosto da japonesa.

- Graças a God Jihyo, um minuto de paz! - Chaeyoung reclamou se jogando no chão. - Espera, graças a você nada, ficou querendo repetir trinta vezes também. - Apontou para a Park.

- Isso se chama esforço. - Rebateu ofegante e visivelmente cansada.

- Isso se chama forçar o limite. - Recebi mais um olhar raivoso do mananger, e de brinde, Jihyo também. - Vocês todas foram ótimas, não precisam ficar se sobrecarregando, ainda temos um bom tempo.

- Tempo é precioso para nós, (S/a). - Nayeon se sentou ao meu lado com três garrafas de água. - Precisamos aproveitar cada segundo. - Deitou sua cabeça em meu ombro.

- Eu sei, meninas, mas vocês precisam aprender a balancear esse tempo, ficar horas seguidas treinando sem pausa é a mesma coisa que desperdiçar os "segundos preciosos". - Sinto que seria uma tarefa difícil convencer essas garotas que descansar é super importante.

Nayeon assentiu como se não fosse a que mais reclamava, dizendo que precisava melhorar.

- Aish, essa pose final não é fácil. - Dahyun comentou após detonar uma garrafinha.

- É sim, você que não consegue fazer direito. - Sana rebateu parecendo irritada.

Um ponto que percebi, é que as meninas esquecem completamente da amizade, e fazem comentários super rigorosos, mostrando que nos ensaios, existe apenas profissionalismo. Nem preciso dizer que discordo totalmente disso, até porque, em cima do palco elas precisam ser super unidas, mas isso não ocorre quando mais precisam.

- Parem de dizer essas coisas! - Aumentei meu tom de voz. Era apenas o primeiro dia e eu já estava querendo arrancar meus cabelos fio a fio. - Vocês precisam se apoiar, ficar fazendo críticas ácidas não ajuda em nada.

- Nós precisamos apontar os erros. - Jihyo disse como se fosse óbvio.

- Não dessa forma, sejam mais calmas e entendam, algumas tem mais facilidade que outras. - Me levantei respirando fundo. - Querem saber, vamos voltar a ensaiar, em algum momento vocês vão perceber que isso é super destrutivo.

Não queria entender a conversa, não queria parecer a chata que fica dando lição de moral sobre comportamento, e também, as meninas estão juntas a seis anos, devem saber como lidar com tudo. Ainda que eu pense sobre melhorar muitas coisas.

- Não, você tem razão. - Jeong também se levantou. - Me sinto mal com esses comentários, vamos parar com isso, por favor. - Ela soltou um suspiro cansado, mas não parecia ser por causa do ensaio. - Palavras também machucam, ainda que nossa amizade seja muito forte, não gosto de ver vocês trocando farpas em momentos sérios e cansativos.

Mais ninguém falou nada, e me senti muito desconfortável quando não recebi mais olhares amigáveis, vez ou outra, Tzuyu e Mina lançavam alguns sorrisos, mas a atmosfera parecia pesada.

Parabéns, Sook (S/n), se intrometeu onde não foi chamada.

[...]

- Amanhã temos evento com promoções de Better, o ensaio é apenas durante a manhã. Seis horas em ponto. - Droga, teria poucas horas de sono. - Todos dispensados.

Quatro horas da tarde, ficamos seis horas seguidas com poucos intervalos ensaiando, meu corpo implorava por comida, meus músculos estavam tensos, e meu corpo tremia sentindo uma falta absurda de força.

Ainda me sentia chateada com o fato de estar praticamente sozinha, já que as meninas não estavam muito felizes, culpa minha, eu admito.

Os dançarinos e staffs foram saindo, não deixando de me agradecer pelos intervalos, o que melhorou um pouco meu humor, mas mesmo assim, me sentei mais afastada e esperei até ficar sozinha, o que não aconteceu.

- Desculpe pelo comportamento infantil. - Sana se sentou ao meu lado, esticando a mão com uma garrafa de água. - Mas toda essa pressão nos destrói e acabamos descontando nas outras integrantes.

- Eu que peço desculpa por me intrometer e talvez ser meio grossa, mas eu não estou acostumada a ver vocês discutindo. Sempre parecem tão unidas em tudo. - Senti uma mão em meu ombro, e Mina apareceu do outro lado. O local ainda não possuía espelhos, então não tinha muita visão além do que estava em minha frente.

- Eu te admiro por isso. - A outra japonesa deixou outra garrafa ao lado. - Foi legal ver você se importando, e não se preocupe, isso é mais comum do que você pensa.

- Isso não é legal. - Resmunguei. - Não deveria ser normal, isso é meio triste, na verdade.

- Você é fofa. - Sana comentou desviando totalmente do assunto. - Nós vamos tentar melhorar, ver a Jeong abalada me fez sentir culpada.

- Sim, ela é muito sensível e ver ela assim me destrói, além de que outras podem se sentir do mesmo jeito, mesmo que guardem para si. - Concordei com a mais velha, sentindo o peso ir embora aos poucos.

- As outras estão bravas comigo? - Perguntei incerta.

- Não, (S/a). - Sana sorriu. - Você fez um favor, cuidou muito bem dos dançarinos, guiou e criou a coreografia incrivelmente, além de se preocupar com nosso cansaço, ninguém fez isso antes. - Recebi um meio abraço da Minatozaki.

- É verdade, vai ser ótimo trabalhar com você, (S/a). - Agora sim, um sorriso verdadeiro surgiu em meu rosto. - Quer ir para o nosso apartamento?

As duas me olharam com feições fofas, e eu quase cedi... quase.

- Sinto muito, meninas. Sun Hee vai me levar para casa, e nós precisamos conversar sobre algo sério. - Algo sério: fofoca.

- Rhum, não adianta ficar fugindo, um dia você vai. - Soltei uma gargalhada com a frase de Sana, que tentava soar ameaçadora.

- Com licença. - Tzuyu apareceu segurando Butter em seu colo, suas bochechas estavam vermelhas, e ela olhava apenas para as japonesas. - Precisamos ir.

- Tudo bem. - Ambas levantaram. - Até amanhã, (S/a). - Ganhei dois beijos, um em cada bochecha.

- V-Você não vai também? - A Chou me perguntou.

- Hoje não, Tzuyu. - Sorri para a mais velha, e recebi outro ainda maior em troca.

- Tudo bem, até amanhã. - Me levantei quando percebi sua hesitação, e depositei um beijo em sua bochecha, fazendo ela ficar ainda mais vermelha.

Às três saíram, e Butter latiu, querendo se despedir também.

Suspirei aliviada ao saber que não estavam bravas comigo, ao menos, não elas, não posso dizer o mesmo do manager rabugento, mas de qualquer forma, não ligo para ele.

Sendo totalmente hipócrita e contradizendo tudo o que falei, fiquei mais algumas horas ensaiando, até Sun Hee me dar uma bronca gigante e me arrastar para meu apartamento.

Muitas fofocas me aguardavam, se eu não caísse no sono antes de chegar em casa, perto das onze da noite.