História Dance of Pales - Lost Painting

                                                   Capítulo 1 – Lost Painting

      Jungkook encontrava-se no centro de um quarto escuro. Olhava de um lado para o outro, confuso. Sem saber o que estava havendo e nem lembrar como havia chegado naquele local. Era como se sua memória de tudo que aconteceu antes tivesse sido completamente sugada.

      Sem entender muita coisa, resolveu caminhar e tentar encontrar uma saída, porém estava tudo tão escuro que ele não conseguia enxergar meio palmo a sua frente. Tirou seu celular do bolso e mexeu nas configurações até encontrar a função “lanterna” e a ativou. Não havia potencia para iluminar tudo, então clareou, a principio, apenas a sua frente. Deu três passos e sentiu um vento gelado, suave, percorrer pelo cômodo e agraciar seu corpo, e ficou parado. Virou-se para ambos os lados tentando iluminá-los e nada. Ainda estava sozinho.

      Ainda parado, foi tomado por um mau pressentimento e isso desencadeou certo medo. Mas, curioso, continuou apontando a fraca luz no meio daquela vasta escuridão procurando qualquer coisa. Deu mais alguns passos e viu algo que parecia ser uma poltrona única. Foi chegando mais perto para a iluminação deixar o que ele via mais nítido. Foi então que, ao olhar de relance para a parte baixa o objeto, viu o que parecia ser um sapato preto. Levantou rapidamente o celular em direção a parte de cima da poltrona para tentar ver o que era... e algo se moveu muito rápido. Um vulto, ele viu. Era como se algo tivesse se levantado da poltrona para que não pudesse ser visto. Foi tão rápido que ele pode sentir e ouvir o ar em sua direção, chocando-se contra seu corpo.

      Jeon Jungkook ficou apavorado com o que viu. Estava com os olhos arregalados e corpo paralisado em meio à escuridão. A cena daquela sombra passando por sua frente em alta velocidade repetia-se em sua mente fazendo-o estremecer as pernas. Deu alguns passos para trás e correu, sem ver direito para onde. Ainda mantinha a lanterna do celular iluminando a sua frente até que surgiu uma parede fazendo-o parar. Ele a iluminou parar ver se continha alguma porta ou janela que pudesse usar para sair do lugar, mas tudo que encontrou foi um quadro. Parecia ser uma pintura. Clareou-o melhor com a luz. Era todo escuro. Um fundo escuro feito de tinta preta e mais nada, e ele ficou um bom tempo ali parado, apenas olhando aquilo. Por dentro estava desesperado para sair daquele lugar o mais rápido possível, mas algo naquela simples pintura o prendia ali. Era como se ela o chamasse, hipnotizando-o. e ele ali permaneceu...

      Passaram-se alguns segundos e Jungkook conseguiu raciocinar melhor e se preparou para correr novamente, porém sentiu algo gelado em seu pescoço. Uma respiração fria vinha de suas costas. Sentiu um gelo subir por sua espinha. Podia ouvir a respiração rítmica e gélida bem fraca próxima de sua orelha. Algo lhe dizia que não havia como correr dali, então tomou coragem e resolveu virar-se para ver ao menos o que era, lentamente...

      Começou olhando por baixo, direcionando a luz da lanterna, e foi levantando aos poucos. Era um homem. Vestia uma roupa social, porém não desta época. Era como se fosse de uns 200 anos atrás. Tentou iluminar a face para ver quem ou o que era, mas uma mão surgiu e segurou seu pulso. Seu toque era gelado. Era como um cadáver e o fez ter arrepios por todo o corpo. A mão do ser apertou o pulso de Jungkook com força, fazendo-o largar o celular que acabou por cair no chão. O ser abaixou o braço dele e o levou contra a parede lentamente. Pôs uma de suas mãos de um lado para que Jungkook não pudesse fugir.

      O pobre Jeon a esse momento já estava tremendo de medo, com os olhos arregalados. Foi quando a criatura aproximou seu rosto do dele, bem lentamente. Em meio à escuridão podia-se ver um fino e maldoso sorriso arquear naquele rosto. O garoto sacudiu-se tentando escapar, mas aquele ser gélido o segurou com mais firmeza, desta vez o empurrando contra a parede com força. Uma expressão de misericórdia e choro formava-se no rosto de Jungkook, que o encarava tentando ver sua face completa. Foi então que viu duas orbitas com um rápido e intenso brilho rubro. Engoliu seco, virou o rosto e fechou os olhos se preparando para o pior. Sentia que o rosto se aproximava cada vez mais do dele...

      Uma sensação de medo correu por todo o seu corpo. Pensava que era seu fim...

      Até que ouviu um “beep”.

      Abriu os olhos, num susto. Estava em sua cama. Seu despertador estava tocando. Olhou para o lado e eram 07:30 AM. Deu um suspiro de alivio. Fora apenas um pesadelo...

- Foi apenas um sonho... – Falou aliviado, dando um suspiro e passando a mão nos fios de cabelo.

Levantou-se dali, animado por ter sido apenas um sonho de mau gosto e foi em direção ao banheiro tomar uma ducha. Tinha exatamente 30 minutos para terminar o banho, tomar o seu café da manhã e sair para a faculdade.

E assim ele fez.

Terminou tudo, comeu e saiu para a rua em direção a sua faculdade. Não era muito longe dali, portanto não precisava pegar algum tipo de transporte para chegar. O dia estava nublado e ameaçado por chuva, o que Jungkook adorava. Aquele céu acinzentado cheio de nuvens escurecidas trazia boas sensações a ele, fazendo-o sorrir ao olhá-lo.

Ele estava animado e nem se lembrava mais do sonho peculiar que havia tido durante a noite...

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Jeon Jungkook havia chegado à sala. Ainda era um pouco cedo pelo que pareceu, e não havia mais ninguém. Ele cursava Literatura. Um verdadeiro amante dos livros e apreciador da arte. Vendo que teria de esperar, acomodou-se ali, se sentando em uma das cadeiras e abaixou a cabeça entre os braços para descansar. 

Estava quase cochilando quando sentiu algo acariciar seus cabelos e levantou-se para ver quem era...

- Olá, Kookie! Bom dia! – Era um garoto, dando um belo sorriso para ele.

- Ah, é você Tae! – Jungkook animou-se ao ver que era seu amigo TaeHyung, que cursava História. – Bom dia! – Sorriu.

- Parece animado hoje, Kookie. Vai fazer algo de especial? – Perguntou.

- Oh, não. – Riu – É que o dia está do jeitinho que eu gosto. Cê sabe, né? Nublado e com previsão de chuva. – Fez uma cara fofa enquanto falava.

- É verdade, quase me esqueço de como você ama esses dias... – Sorriu, respirou fundo e continuou – Bem, já que você não vai fazer nada de especial hoje... – TaeHyung estava corando enquanto batia seus dedos indicadores um na ponta do outro – Que tal sair comigo para comermos algo ou tomar um café... Depois da aula?

Ele estava com o rosto mais corado ainda e ao mesmo tempo encarava o chão. Era amigo de Jungkook há cinco anos, e essa fora a primeira vez que tomou coragem para convidá-lo para algo depois de perceber seus verdadeiros sentimentos pelo mesmo há um ano atrás.

- Tae... – Jungkook olhava-o com uma expressão peculiar.

- Tudo bem, eu entendo. Acho que me equivoquei, não é mesmo? – As mãos de TaeHyung estavam suando e ele as enxugava na calça, parecendo estár muito nervoso – Desculpe... – Virou-se rapidamente e foi em direção a porta da sala.

- Hey, Tae! Espera! – Gritou JungKook.

O garoto apenas parou e virou o rosto para olhar.

- Você ainda não ouviu a minha resposta. – Jungkook sorriu.

Uma pequena centelha de animação se acendeu novamente no olhar de Tae, e ele ficou ali esperando a resposta, com um sorriso abestalhado em sua face.

- Eu aceito tomar um café com você. Mas não poderá ser depois da aula, preciso passar na biblioteca e fazer umas coisas... Tudo bem se for a noite, Tae?

- Cla...Claro! – Gaguejava de emoção – Que horas fica melhor para você? – Perguntou.

- Acho que... Deixa eu ver... Às 19 horas. Tudo bem?

- Certo! Vamos na cafeteria próxima ao campus. Ok?

- Ok! Então nos vemos a noite! – Jungkook fez sinal “positivo” para ele.

- Até a noite então! – Retribuiu o sinal.

TaeHyung saiu da sala com um sorriso imenso de orelha a orelha e uma expressão de animação que seria capaz de iluminar toda aquela sala. Jungkook sorriu ao ver daquele jeito e voltou a abaixar a cabeça para tirar um cochilo antes de todos chegarem...

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Jungkook olhava seu celular, eram exatamente 18:22 no relógio. Ele havia saído da biblioteca e estava indo em direção a cafeteria para ter o seu encontro com Tae. Ouviu o som de trovoadas acima, logo iria começar a chover.

O lugar marcado ficava a duas ruas dali. Ele caminhava devagar. Havia parado esperando o semáforo para poder atravessar para o outro lado, até que viu algo que chamou sua atenção.

Na mesma calçada que estava parado havia uma galeria e parecia que estava tendo alguma exposição ali. Jungkook ficou parado, apenas olhando. Não lembrava de ter visto aquela galeria ali enquanto vinha caminhando, mas depois de parar para esperar o semáforo... foi como se aquele lugar tivesse surgido ali...

Sacudiu a cabeça para espantar os pensamentos estranhos. Afinal, acreditava ser impossível algo desse tipo acontecer ali. O semáforo de pedestres ficou aceso e todos na calçada começaram a atravessar, e o garoto se viu em um dilema. Atravessar ou entrar naquela galeria? Pegou seu celular novamente para ver se teria tempo. 18:27, marcava. Ainda tinha um bom tempinho e a cafeteria ficava bem perto dali. Nesse instante começou a cair uma chuva forte, então, devido as circunstancias, resolveu entrar.

O lugar possuía um imenso corredor branco. Totalmente branco. Havia um quadro no final do corredor. Era apenas um. Jungkook estranho, tanto o lugar quanto o quadro e pensou em sair dali, mas algo o chamava. Era como se ele tivesse que ir até aquela moldura. E assim fez. Seu corpo andava como se estivesse em algum “modo automático”, apesar de sua mente pensar outra coisa.

Ele parou de frente para o objeto e o ficou encarando. A pintura possuía apenas um fundo preto e a imagem de um homem de cabelo prateado, cujas expressões eram tristes e vazias.

Olhava-a, como se estivesse hipnotizado. Até perceber que tudo a sua volta começava a escurecer. Olhava assustado de um lado para outro, mas já não conseguia ver nada a sua frente. Colocou a mão no bolso e pegou o celular, ativando o modo “lanterna”. Foi ai que ele se lembrou do sonho que teve durante a noite...

Um calafrio percorreu todo o seu corpo. Ele levantou o celular, apontando a luz para o quadro em sua frente e se surpreendeu. O homem de cabelos prateados... ele não estava mais na pintura.

Jungkook não fazia ideia do que estava acontecendo ali e enquanto tentava pensar em algo sentiu uma respiração fraca vindo de trás... ele virou-se rapidamente, encostou na parede e direcionou a luz fraca do celular para frente. Então ele pode ver. Aquele jeito e aquelas roupas... era o mesmo ser do seu pesadelo.

- O que você quer de mim? – Falou assustado e com a voz tremula.

- Shiii... – Fez sinal de silencio para Jungkook enquanto se aproximava.

Ele estava próximo demais e cada vez mais perto seu rosto ficava do dele. As pernas de do garoto tremiam de medo. Ele fechou os olhos e a única coisa que conseguia pensar era em correr. E assim tentou. Mas aquele ser foi mais rápido que ele, segurando-o pelo pescoço no instante em que deu seu primeiro passo. Ele era rápido demais, algo sobre humano, o que fez Jungkook tremer ainda mais de medo. A única coisa que passava pela cabeça do garoto era que seria o fim enquanto aquele ser o enforcava.

O ser de cabelos prateados o empurrou com força na parede e soltou o seu pescoço. Passou os dedos pelos lábios do garoto, fazendo um contorno por todo o seu rosto. O toque daquele “homem” era suave e frio. Seus dedos eram gelados como o de um cadáver, o que fazia com que todo o corpo de Jungkook se arrepiasse.

Ele puxou o cabelo de Jungkook com firmeza, fazendo seu pescoço ficar exposto e foi se aproximando. Kookie estava de olhos fechados e podia sentir a respiração dele em seu pescoço, fria, rítmica e apavorante. Ele passou sua língua fria sobre o pescoço do garoto, fazendo-o se estremecer dos pés a cabeça e por fim cravou seus dentes no local.

Jungkook deu um grito aterrorizador, ecoando por todo aquele lugar. A dor era insuportável. Ele tentava socar aquele ser, mas era como se sua força estivesse indo embora. Seus gritos ficavam cada vez mais fraco. Sentiu algo quente escorrer pelo seu pescoço e seus olhos lacrimejavam com intensidade.

Ele estava perdendo os sentidos aos poucos. Já não tinha mais forças para levantar o braço e muito menos para gritar. Ele apenas aceitou que era o seu fim. Abriu os olhos para dar uma ultima olhada e a ultima coisa que viu foi aquele cabelo prateado antes de apagar.

Antes de perder todos os sentidos do corpo...