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História Dandelion - Açucena


Escrita por: KakaLeda

Notas do Autor


OIE
Esse oie foi bem frio, né? Poisé... O cap de hoje não está para brincadeira e, para seguir o ritmo, decidi que a introdução também seria um pouco séria y.y
Me desculpem por ter saído do ritmo de postagem(pois sempre costumo postar nos finais de semana beirando segunda) mas é que nesse final de semana não vou postar caps de Dandelion, por isso espero que enjoy a bíblia de hoje :)
Açucena significa falta da pessoa amada

Capítulo 28 - Açucena


Fanfic / Fanfiction Dandelion - Açucena

POV.Melissa

 

                Era um dia nublado e frio, as nuvens de chuvas se acumulavam aos montes, o verde morto do gramado do cemitério era mórbido e triste, a água condensada sobre os mármores dos túmulos brilhavam e refletiam a pouca luz da manhã. Ouvia-se apenas a voz grave do padre ditando passagens da Bíblia e o soluço de algumas pessoas desconhecidas. Na verdade o único que eu conhecia alí era Kentin, e ele não estava chorando.

                Seus olhos frios e nublados encaravam o caixão, sua mão estava enlaçada na minha desde a noite passada no hospital, como se eu fosse algum tipo de pilar para ele – e eu gostava disso – Kentin estava sofrendo, eu sabia, mesmo com essa pose reta e o olhar frio, pois eu sabia que a frieza não era destinada ao avô, mas sim para ele mesmo.

                Depois que o padre terminou a reza e algumas pessoas discursaram, vários dos presentes foram até Kentin para oferecer condolências, o garoto não agradecia nem nada, e eu tive a impressão de que ele não gostava dessa gente. No fim, quando todos foram embora, eu e ele ficamos em silêncio e sentados num banco no alto da colina do cemitério, apenas observando a cidade. A manhã estava nublada, tanto que as nuvens chegavam a cobrir metade dos altos prédios.

                Não sei quanto tempo permanecemos daquele jeito, sentados e pensativos. Pensei no fato de Kentin não ter avisado a nenhum de seus amigos sobre o que acontecera ao avô, inclusive suspeito que ele nem tocaria no assunto comigo. Pensei também no fato dele estar sozinho a partir de agora... Eu o encarei nesse momento.

                -Melissa... – Kentin sussurrou e soltou minha mão, senti a frieza do gesto – Por que você mentiu para mim?

                Meu coração palpitou, fechei minhas mãos em punho na tentativa de não parecer nervosa – S-sobre o quê?

                -Você disse que ia para a casa dos seus avós – ele continuava encarando a cidade sem expressar sentimento algum. Virei o rosto e mordi o lábio inferior.

                -Eu já fui e voltei – respondi sincera.

-Então eu preciso saber por que você estava no hospital ontem – Kentin perguntou ainda frio.

                Engoli em seco – Eu só estava internada para observação, apenas alguns exames... Não é nada demais... – “Mentirosa”.

                Ele encarou o gramado que pisava e balançou a cabeça em compreensão – Só me prometa que você vai ficar bem daqui por diante.

                Coloquei as mãos sobre – Credo, falando assim parece até que vai embora – ele prosseguiu em silêncio, então compreendi – Kentin?

                -A empresa precisa de um sucessor, eu não posso entregar para algum parente distante o império que meu avô e meu pai criaram– ele explicou friamente.

                -Mas o que está querendo me dizer...

                -Eu vou sair da escola, vou parar de estudar para equilibrar as coisas na companhia – ele soltou o ar e encarou as mãos – Lá eu posso contratar professores particulares para mim...

                -Então você não vai mais se apresentar comigo – não foi uma pergunta.

                Kentin virou o rosto e flexionou o maxilar – Não... Não vou. Sinto muito, Melissa, mas vai ter que arranjar outra pessoa para isso.

                -Acha mesmo tão substituível assim, Kentin? – perguntei angustiada.

                -Existem dançarinos no clube que são melhores que eu – Kentin respondeu, com isso me levantei num salto.

                -Eu não falei de talento ou agilidade...  – mordi o lábio inferior – Então não vamos mais nos ver?

                Kentin pôs os olhos em mim e, numa fração de segundos, vi toda a sua tristeza e dor sendo reprimidas instantaneamente. Seus lábios formaram uma linha fina e o verde dos seus olhos já estavam tão mórbidos quanto a grama do cemitério. “Isso vai ser melhor para os dois, você sabe muito bem o porquê”.

                Engoli o ar e me sentei novamente. Kentin se levantou e colocou as mãos nos bolsos da calça, seus olhos encarando a cidade cheia de nuvens.

                -Está na hora, eu preciso ir... – Kentin soltou o ar devagar e me encarou uma última vez – Adeus, Melissa.

                Quando me dei conta, o motorista já estava abrindo a porta do carro para Kentin e seguindo viajem. Voltei para o túmulo de Lúcios e encarei a lápide recém-colocada.

                “Você morreu e deixou quem ama para trás... Uma parte dele foi com você”.

               

                POV.Castiel

 

                Estávamos esperando Tom terminar de colocar a comida na mesa, eu sentado de frente a uma Sophie concentrada num livro. Era engraçado assistí-la folheando as páginas, cada instante podia-se ver uma reação diferente da garota. Isso me entretinha mais do que um programa de comédia.

                -Por que você cora tanto enquanto lê esse livro que a Kim te deu? – perguntei curioso e, como resposta, Sophie virou um tomate puro.

                -E-eu o quê? É-é só que esse livro... A história e o conteúdo, bem... Como explicar? – Sophie estava bem constrangida e, por isso, puxei o livro de suas mãos e li o nome do livro.

                -“Ninfomaníaca?” – falei erguendo as sobrancelhas e rindo de canto – Isso com certeza é erótico. Não sabia que curtia – eu a encarei maliciosamente.

                -F-foi um presente, eu não ia negar – ela cruzou os braços e empinou o nariz.

                -Mas parece que está gostando – esbanjei um sorriso travesso e, quando pensei que ela iria falar alguma resposta sarcástica, Sophie ficou séria e desviou o olhar. Ela estava estranha desde ontem e eu não sabia o por quê.

                Na verdade estávamos estranhos um com o outro ultimamente, e devo confessar que eu era o maior culpado por isso, comecei a sair muito para tentar rastrear a Debrah, saber o que ela pretendia fazer, mas eu nunca conseguia respostas. E por causa disso um peso me invadia, eu tinha medo de alguma coisa acontecer com Sophie e me sentia culpado por isso.

                Quando terminamos de tomar o café-da-manhã, Sophie se dirigiu ao seu quarto para terminar de se arrumar para irmos à escola, enquanto isso fiquei esperando-a sentado no sofá da sala, foi quando vi o amontoado de cartas e contas na mesinha. “Droga, esqueci de ir pagar, acho que vou pedir ao Tom...” pensei enquanto folheava os papéis, até que achei uma foto e meu corpo congelou de raiva. Na merda da foto era eu e Debrah abraçados, nessa época eu ainda pensava na máfia como um lugar foda que só as famílias fodas faziam parte, Debrah não era psicótica e por isso eu a deixava ficar perto de mim, mas sempre achei que ela pensava em nós como algo além de amigos.

                Virei a foto e li a frase. “Que droga, ela já sabe onde eu moro”. Com raiva, fui até o lixeiro mais próximo e rasguei o papel, jogando-o no objeto logo em seguida. Foi quando eu ouvi Sophie descer as escadas.

                -Sophie... Por acaso você ou as contas para pagar? – perguntei quase que retoricamente. Sophie me encarou por longos segundos, como se refletisse.

                -Não – ela respondeu, acrescentando logo em seguida – Aconteceu alguma coisa que eu precise saber?

                Flexionei o maxilar. “Ela não precisa se preocupar com isso, eu vou cuidar de tudo”.

                -Não, não precisa saber... – respondi e me dirigi até a porta – Eu vou ter que ir a um lugar, você pode ir à escola somente com a Kim?

                Sophie me observou em silêncio e bastante pensativa, até que finalmente balançou a cabeça como se dissesse sim.

                -Certo – falei – Até depois, então...

                Saí pela porta e peguei o meu carro. “Me desculpe, Sophie”.

                Comecei a dirigir rumo ao escritório de Dajan, eu tinha que resolver isso o mais rápido possível, nem que eu precisasse fazer um acordo com a minha mãe para que ela afastasse Debrah daqui. Foi quando senti meu celular tocar.

                -Alô? – falei.

                -Castiel... – a voz no outro lado da linha era de Dajan, ele parecia nervoso – Você precisa vir aqui agora, sabemos para onde a Debrah está indo.

                -Estou chegando – falei, desligando o aparelho logo em seguida.

                Não demorou muito tempo para chegar, estacionei o carro e fui guiado pelos meus homens até Dajan, senti um clima estranho no ar, como se todos estivessem tensos e cautelosos, encarei alguns de soslaio e os vi desviando olhares. Tinha algo muito errado mesmo. Peguei na minha cintura discretamente e relaxei um pouco quando senti as facas e o revólver.

                Quando eles abriram a porta para o escritório, me deparei com Dajan na mira de quatro armas de fogo, foi quando saquei a arma e matei todos os caras ao redor dele.

                -Não precisava de tudo isso, Cassy – aquela voz, fria e calculista. Saquei as facas e joguei, mas Debrah sempre teve reflexos rápidos e desviou com agilidade de uma cobra, isso fez com que as facas acertassem os homens de preto atrás dela – Ótima mira, meu amor. Mas sabe que vai ser necessário muito mais do que isso...

                -O que você veio fazer aqui? – perguntei impaciente e encarei cada um dos homens de preto naquela sala, calculando mentalmente a quantidade de munições que eu tinha e se seriam suficientes para acabar com todos eles. Não, não era suficiente.

                -Eu vi te ajudar a sair desse mundinho de gente ingênua, Cassy – ela se aproximou de mim e segurou o meu rosto, seu sorriso era diabólico – Eu vim te levar de volta.

                Peguei suas mãos e as tirei de mim – Eu não vou a lugar algum com você, vá embora da minha vida de uma vez por todas, senão vou te matar – ameacei.

                Mas ela gargalhou – Esqueceu sobre a hierarquia no nosso mundo? Você é um desertor, e por isso está entre os menos importantes, sabe aqueles homens lá fora que você jura que são seus parceiros? Eles respondem inteiramente a mim! Se eu quiser que cada um se mate eles terão de fazê-lo... Inclusive tenho todo o poder de ligar nesse momento para nossa amiguinha Kim e mandá-la matar essa tal de Sophie.

                Engoli em seco e senti toda a minha confiança desmoronar – O que você pretende fazer? – perguntei cautelosamente.

                -Por hora só quero me divertir com você, meu amor – ela pegou meu queixo e o puxou para um beijo forçado – É ótimo quando se têm alguém em suas mãos, sabe? É muito bom...

                -Você não tem medo algum de que eu possa te matar, não é? – desafiei. Debrah me encarou sorridente.

                -Eu adoro quando você faz isso, desafia os superiores sem medo das consequências... – ela passou os dedos sobre os meus lábios, com isso senti uma grande vontade de arrancar seus dedos fora – O mundo é dos inteligentes, Cassy, antes de eu vir para esse muquifo pesquisei um pouquinho sobre essa garota chamada Sophie, e eu descobri coisas muito incríveis! – ela sorriu com dentes como navalhas e se afastou de mim, circulou a sala e encheu um copo de uísque, tomando tudo em seguida – Acho que você conhece um homem chamado Francis Igel... Claro que conhece, foi você quem mandou seus homens baterem nele por causa da garota, pelo que ele fez a ela – meu coração palpitou – Sim, Francis é o nome do papai estuprador. Sabia que somos amiguinhos agora? Ele me contou coisas incríveis sobre a Sophie! Como, por exemplo, como ela gemia de dor todas as noites...

                -Cala a boca – falei baixo tentando controlar o ódio.

                -Ele está sendo protegido por mim agora! Você não pode fazer mal algum a ele, mas pode dar um presente a ele se não me obedecer... Você vai mandar essa garota embora, quero que acabe com todos os sentimentos que ela tem por você e quero que você seja completamente meu. Se não fizer cada uma dessas coisas corretamente, vou levar Sophie até o seu querido pai – ela tomou mais um pouco da bebida.

                -Por quê? O que você vai ganhar com isso?

                -Não é óbvio? É tão divertido ver essas pessoas comuns sofrendo... E também eu vou ter você para mim – ela explicou com loucura nos olhos. Pressionei o maxilar e fechei as mãos em punho.

                -O que quer que eu faça? – perguntei com ódio reprimido.

                -Depois eu digo, agora tenho umas coisinhas para fazer numa escola... Vou me encontrar com minha futura amiga Sophie – quando ela disse isso eu tentei avançar e enfiar a faca naquela boca nojenta, no entanto cinco homens me seguraram impedindo-me de prosseguir. Debrah foi até mim com um sorriso estampado no rosto e me beijou – Que essa atitude não aconteça novamente, pois se acontecer ou se você me matar... Os meus homens já receberam ordens estritas do que fazer com aquela garota.

                -Se você tocar ao menos num fio de cabelo dela, eu juro, Debrah, minha sanidade perto de você não vai mais existir – cuspi as palavras, mas mesmo assim Debrah mantinha o sorriso irritante estampado no rosto.

                -Combinado – foi o que disse antes de ir.

               

                POV.Sophie

 

                Estávamos todos reunidos no pátio da escola, ou quase todos já que Melissa, Kentin e Castiel não estavam presentes. Eu comia em silêncio enquanto todos os demais conversavam e riam. Somente prestei atenção quando começaram a falar sobre uma tal de viagem.

                -Ei, Lysandre, a Rosalya me disse que a sua família e a dela vão viajar nessa semana – Alexy comentou – Para onde vocês vão?

                -Eu não vou, mas eles vão para o nosso terreno no interior – Lys respondeu se concentrando mais na coxinha que comia – Alguns sócios dos meus pais também vão, inclusive a família da noiva do meu irmão. Vai ser igual a uma viajem de negócios e eu não quero me meter nisso.

                -Entendi... Mas deve ser legal perder aula de qualquer forma – Alexy falou dando de ombros.

                -Vendo por esse ângulo... – Lysandre sorriu e todos os outros também acharam graça, inclusive eu.

                -Por acaso lá tem internet? Porque toda a vez que viajo para o interior fico sem meus jogos – Armin perguntou.

                -Que eu me lembre tem sim – Lysandre respondeu.

                -Opa! Me convida, cara, sou muito seu amigo, você sabe! – Armin fingiu ser interesseiro e bateu amigavelmente no ombro de Lys. Novamente todos gargalharam.

                -Então podemos usar a sua casa para ensaiar a peça? – Rafaela perguntou para Lys e ele respondeu com um sorriso.

                -A varanda com certeza vai estar a seus serviços – os olhos coloridos dele encararam Rafaela serenamente e a garota corou, foi uma visão bastante fofa.

-O que foi, Sophie? Você está tão silenciosa... – Rafaela me perguntou baixinho depois de ter se recuperado do olhar do namorado.

                -Não é nada... Só estou concentrada na comida – respondi tentando fugir do assunto.

                -É por causa do Castiel? – ela perguntou.

                -Não é nada, eu juro – menti.

                Nesse momento uma professora veio até mim e me disse que alguém precisava falar comigo urgentemente, ela me guiou até fora da escola e lá avistei uma garota encostada numa parede. Depois que a professora foi embora, a garota se aproximou com um sorriso estampado no rosto, ela parecia amigável, mas aquelas feições... Era a garota da foto! Eu recuei inconscientemente e engoli o ar.

                -O que você quer? – perguntei cautelosa.

                -Só queria te conhecer melhor, Sophie, e vim te avisar também sobre o Castiel – ela falou com um olhar solidário.

                -O que tem ele? O que você tem a ver com ele? – perguntei.

                -Éramos namorados, quase levamos tudo mais adiante já que os pais dele gostam de mim – senti uma pontada – mas Castiel sempre foi o tipo de garoto que tem medo de levar as coisas a sério. Ele demora um pouco para amadurecer – ela revirou os olhos – O que eu quero dizer é que, por mais que você saiba que tipo de pessoa ele é, você jamais vai entender cem por cento do problema. O nosso mundo é complexo demais...

                -Está falando da máfia...?

                -Claro que sim – ela respondeu com um risinho. “Ela faz parte da máfia?” – Castiel não queria se responsabilizar naquela época, foi por isso que ele deixou tudo e veio para cá. Estou te avisando, Sophie, essa vida que ele está levando e as pessoas com quem ele está se envolvendo não passam de coisas falsas que ele quis inventar para irritar os pais. Ele só está te usando.

                -Sabe... Você está parecendo aquelas garotas que foram abandonadas pelos namorados – retruquei. Os olhos de Debrah se incendiaram e seu sorriso foi como navalha, mas ela logo se recompôs e soltou o ar.

                -Muito bem, só não chore quando ele finalmente acordar e se dar conta de que a vida dele não tem nada a ver com o seu mundo – ela se virou dando um último sorriso “amigável” e foi embora. Quando o carro que ela entrou saiu da minha vista, eu me apoiei na parede mais próxima e segurei um soluço, abracei o meu tronco e senti um frio pelo corpo.

               

                Depois que as aulas acabaram, esperei Kim terminar com algumas coisas na enfermaria, parece que os meninos do clube de futebol haviam se esbarrado com muita força. Eu escutava os gritos dos garotos que recebiam o tratamento de Kim e lamentava por eles. “A Kim é tão delicada...”. Sorri para Priya quando ela se aproximou.

                -A Kim ainda está lá dentro? – ela perguntou para mim.

                -Está sim – respondi – Você quer que eu a chame?

                -N-não! – Priya corou um pouco e eu fiquei sem entender essa reação – Não precisa avisar que eu estive aqui, eu... Falo com ela depois. Tchau Sophie!

                -Tchau – falei quando ela se afastou.

                Minutos mais tarde os garotos do futebol saíram da enfermaria com os braços envoltos em panos brancos e, depois do último sair, Kim apareceu na porta.

                -Vamos, madame? – Kim perguntou levemente sarcástica.

                -Pelo amor, não me chama assim – pedi sorrindo.

                -É o costume – ela deu de ombros e começou a andar para fora da escola. Eu a segui até o estacionamento onde estava seu carro. Entramos no automóvel e seguimos para casa de Castiel.

                O silêncio da viajem foi sufocante para mim, pois meus pensamentos sempre se voltavam para Debrah e a nossa conversa. “Primeiro a foto e agora ela em pessoa...”, meu coração estava apertado e minha cabeça estava prestes a entrar em colapso. Eu tinha muito medo de tudo isso porque eu amava Castiel e temia perdê-lo. “Ele me disse para confiar nele”, sim, tenho que confiar... Tenho que confiar nos seus sentimentos por mim.

                Quando chegarmos em casa vou dizer tudo a ele, vou dizer que o amo e que preciso que ele me conte sobre tudo que está acontecendo, quero que ele confie em mim. Quero conhece-lo melhor.

                Já havíamos adentrado a rua da casa de Castiel e eu já havia pensado em tudo o que eu falaria para ele, no entanto, quando estávamos metros de passar na frente da casa, eu o avistei com ela, os dois se beijavam fervorosamente, agarrados e concentrados um no outro. Ouvi Kim xingar um palavrão ao meu lado, ela não parou o carro para entrar em casa, apenas passou direto e se distanciou do lugar.

                -Eu vou te levar para longe daqui – Kim falou enquanto apertava o volante com raiva.

                Eu não falei nada nem expressei nada, meu corpo estava congelado, eu estava em choque. Senti inicialmente meu coração desmoronar e se transformar em cacos de vidro, eu sentia um soluço vindo. Kim parou o carro no estacionamento de uma lanchonete e soltou o ar devagar, depois em encarou.

                -Sophie... Sinto muito – ela falou baixinho enquanto me abraçava, eu me acomodei entre seus braços e comecei a soluçar, depois as lágrimas começaram a cair em cascatas.

                -K-Kim... O-o que está acontecendo? – perguntei mais como se fosse uma súplica. Era tanta dor, tanta! Meu peito doía e minha cabeça estava um caos.

                “O que está acontecendo, Castiel?”.

 

                POV.Rafaela

 

                -Esta é a sua... Casa? – perguntei com o queixo quase no chão enquanto encarava a propriedade de Lysandre. Não era uma casa e nem mesmo um casarão, era literalmente uma mansão que ocupava o que poderia ser toda uma quadra. Havia um chafariz na frente, o estacionamento ficava do lado esquerdo ao fundo e tinha a metade das vagas ocupadas por carros pretos bem no estilo carro de guarda-costas.

                -É... – Lys respondeu constrangido e coçou a nuca – Vamos entrar, estou morto de fome.

                -Por acaso o serviço de comida daqui também é igual ao dos restaurantes cinco estrelas por aí? – perguntei sarcástica.

                -Prefiro restaurantes normais, eles não têm frescuras – Lysandre respondeu dando de ombros.

                Fomos recebidos por duas empregadas que carregaram minha mochila para longe, depois disso elas nos guiaram até a sala de jantar e nos serviram um almoço farto e delicioso. Olhei ao redor e percebi que, além dos empregados, somente eu e Lysandre estávamos na mansão.

                -Então toda a sua família viajou? – perguntei curiosa.

                -Sim – Lys respondeu concentrado na comida.

                -Inclusive aquela sua prima? – Lysandre parou de comer e me encarou quando perguntei. Eu esperei paciente a sua resposta. Ele desviou o olhar – Você por acaso... Tem vergonha de me apresentar para sua família...?

                -Não! – ele bateu as mãos na mesa e me encarou com convicção – Eu quero muito te apresentar para eles, Rafa... – ele encarou as mãos e encurvou o corpo – Eu quero muito mesmo.

                -Então por que me trouxe aqui somente quando eles foram viajar? – perguntei ainda sem entender. Ele flexionou o maxilar.

                -Porque... Porque eu queria te trazer aqui de uma forma ou de outra – Lys mordeu o lábio inferior e encurvou ainda mais o corpo – E também porque... Eu preciso que você venha comigo – Lysandre se levantou da cadeira e começou a andar até as escadas, eu fui atrás dele.

                Atravessamos um amplo corredor cheio de portas e com uma variada decoração pelas paredes. Andamos até uma sala ao fundo, parecia uma mini galeria de artes, cheia de esculturas e pinturas espalhadas pelo cômodo, vários eram de pintores profissionais e conhecidos mundo a fora, eu reconheci o nome de dois. Num canto do lugar me deparei com pinturas com traços peculiares que reconheci imediatamente, Lysandre tinha um jeito próprio de unir as cores numa tela, ele fazia tudo criar vida e brilhar e, assim como o pôr do Sol naquela tela para o clube de artes, eu via um arco-íris naquelas telas.

                No entanto, em sua maioria, as telas retratavam pessoas andando, conversando, nadando, dançando e correndo, e em boa parte delas via-se uma garotinha de longos cabelos loiros com mechas coloridas saltitando.

                -Essa é a sua prima? – perguntei encarando uma das telas – Ela falou sério quando disse que era sua musa...

                Suspirei fundo e passei a mão sobre o revelo da tinta na tela, eu conseguia sentir em que pontos Lysandre havia colocado mais força, em quais locais havia uma mistura mais complexa de tonalidades... Por mais que aquela pintura me traga um ciúmes bobo, eu tinha que admitir que era uma das coisas mais bonitas que já havia visto em toda a minha vida.

                Lysandre se aproximou de mim e colocou a palma da mão sobre a minha ainda erguida na tela – Eu gostava de pintar Nina correndo, ela era bem espontânea e sorridente quando éramos crianças e por isso retratá-la num quadro era quase que natural para mim – Lys engoliu em seco e segurou a minha mão – Você perguntou o por quê de eu não ter te trago aqui antes. Não tem nada a ver com vergonha, sou apaixonado por você, nada mais importa – ele falou com tanta convicção que meu coração deu um salto – O problema maior é a Nina.

                Ele suspirou fundo como se estivesse cansado e se sentou numa cadeira próxima, então começou a falar – Você sabe que a minha família cuida de uma indústria grande e por isso meus pais sempre tiveram grandes expectativas em mim e no meu irmão. Porém eu nunca quis me prender a um escritório, eu nunca quis ir para uma sala de reunião e mandar em uma companhia. Eu queria fazer isso – ele ergueu a mão para as telas – No dia que falei sobre isso com os meus pais, eles ficaram furiosos e desapontados, meu irmão já sabia o que eu queria e por isso tentou amenizar a situação dizendo que ia cuidar de tudo sozinho. No entanto não foi o suficiente, eu via que meus pais estavam tristes comigo e eu não suportava aqueles olhares em mim – Lysandre engoliu em seco – Saí correndo de casa e peguei o meu carro sem pensar duas vezes, queria ir embora deste lugar o mais rápido possível, foi quando a Nina correu atrás de mim para tentar me impedir de fazer alguma loucura na estrada. Eu... – ele reprimiu um soluço e colocou as mãos no rosto – Eu não a vi, ela sempre foi tão pequena... É minha culpa por ela estar naquela cadeira, é minha culpa também por ela ter te tratado daquele jeito naquele dia. A Nina mudou muito depois que sofreu o acidente, ficou fria, nunca mais sorriu e é extremamente complicada.

                Me aproximei dele e coloquei minha mão sobre seu ombro, como resposta, ele enlaçou um braço na minha cintura e apoiou sua cabeça na minha barriga.

                -Todas as vezes que alguém a nega alguma coisa ou discute com ela a garota ameaça se jogar da escada – ele prosseguiu falando – Nina já tentou se matar várias vezes e é por isso que tenho medo. Rafaela, por mais que ela seja assim a garota ainda é minha prima e sou eu o culpado de ter feito isso com a vida dela, é por esse motivo que não te trouxe antes, eu tenho medo da Nina fazer alguma besteira. Me desculpa... Eu vou resolver de uma forma ou de outra.

                -Tudo bem, Lys, eu já entendi – me agachei perto dele e segurei seu rosto com as mãos – Eu que deveria me desculpar, fiquei com ciúmes besta enquanto que você estava preocupado com a sua prima...

                -Ciúmes? – Lysandre perguntou atordoado e bobo. Eu corei e desviei o olhar.

                -N-não ria de mim, eu só me senti estranha quando ela disse que era sua musa – expliquei rapidamente, mas me arrependi imediatamente depois quando Lysandre achou graça.

                -Na verdade eu deixei de pintar pessoas depois desse acidente, nunca consegui fazê-lo novamente, mesmo quando eu tentava. Era como se um bloqueio houvesse sido colocado em mim. Até que você apareceu – ele pôs os olhos coloridos em mim, serenos e profundos. Nesse momento o chão não existia para mim – Acho que você é a minha musa.

                Me engasguei com não sei o quê. Lysandre passou os dedos sobre o meu cabelo e enrolou os dedos nas minhas mechas loiras. “Você tem que falar alguma coisa, ou vai ficar parecendo uma retardada”.

                -A-antes de ensaiarmos você quer pintar? – “Bom... Foi criativo”.

                Lysandre ergueu as sobrancelhas e sorriu – Eu quero sim. Posso pitá-la?

                Engoli em seco e meu rosto esquentou – P-pode...

                Lys se levantou e olhou ao redor, pensativo – Você quer posar em algum lugar? Segurando alguma coisa...?

                Uma ideia muito louca e absurda me veio à cabeça, reprimi um tremido de nervosismo e respondi – Pode ser num lugar um pouco reservado? Já tenho muita vergonha de ficar sendo observada por você, vai ser bem difícil permanecer parada diante dos seus empregados.

                -Entendi... – Lysandre falou achando graça – Pode ser num dos quartos de frente para a varanda, a essa hora a luz estaria num ponto bem legal...

                -Ok... Pode ser então – respondi.

                Ele me guiou até uma porta do corredor e entramos num quarto enorme e decorado de forma um tanto medieval, parecia o cenário de um filme da idade média. Lysandre pegou o sofá de dois lugares decorado artesanalmente e o colocou de costas para a entrada para a varanda, o Sol refletia bem as cores do objeto, até eu conseguia ver que aquilo daria uma linda tela.

                -Você pode se sentar agora – Lysandre falou quando terminou de organizar os instrumentos de pintura.

                -E-eu vou me arrumar primeiro, já volto – corri para o banheiro do quarto e me tranquei lá dentro. Fiquei encostada na porta encarando o enorme espelho na parede, meu rosto estava uma mistura de terror e nervosismo. “Você está prestes a fazer uma loucura”, eu queria que Lysandre pintasse algo que fosse marcante de todas as formas e por isso a minha ideia era boa... Eu acho. “Não vou conseguir fazer isso”, “Vou fazer isso”, “Quero fazer isso”, “Ele é meu namorado, um dia ele vai ver, eu acho”. Enquanto pensava mil coisas, minhas mãos começaram a trabalhar nos botões do meu vestido, tirando cada um devagar, depois rumaram para o sutiã e por fim retiraram todas as peças que me cobriam. Puxei um roupão no armário do banheiro e me cobri com ele. Respirei fundo e saí do banheiro.

                -Eu vesti uma coisa bem... Marcante – falei quando Lysandre me encarou sem entender o que eu estava fazendo. Engoli em seco e continuei a falar – Você já assistiu Titanic?

                -Já... Por quê? – ele estava visivelmente confuso.

                -Então... Eu quero que você me pinte como o Jack pintou a Rose. Por favor não ria – falei apressadamente. Lysandre franziu a testa bastante confuso.

                -Certo... Você pode ficar na mesma pose que a Rose, eu não me importo.

                -Você não está entendendo o que eu quis dizer – suspirei fundo e ignorei o frio na barriga. “Socorro!”. Devagar, minhas mãos começaram a desatar o nó que segurava o roupão, peguei as abas e o abri lentamente, revelando minha pele completamente nua. Observei nervosa a reação de Lysandre, primeiro ele estava confuso, depois o garoto começou a compreender, por último, quando minha nudez já estava exposta, seus olhos se arregalaram surpresos e famintos. Nunca senti tanto o desejo de alguém antes.

                Ele passou a mão pelo rosto tentando se recompor e sorriu discretamente.

                -Agora eu entendi – ele falou. Suas bochechas ficaram levemente coradas, ele apontou nervosamente para o sofá – V-você já pode se sentar, s-se quiser.

                Eu andei até o sofá e me deitei numa pose diferente da de Rose, no início foi muito difícil relaxar, meu corpo ainda estava tremendo por causa do nervosismo, e aqueles olhos coloridos desvendando cada curva minha me deixavam quente e estranha. Lysandre não deixou de ser profissional em nenhum momento, a concentração e as mãos ágeis sobre a tela me surpreendiam, foi só por esse motivo que comecei a ficar mais a vontade.

                Os minutos e as horas foram passando, depois de um longo tempo em silêncio decidi falar alguma coisa.

                -Sempre tive a curiosidade de saber o que o Jack estava sentindo quando pintou a Rose – comentei como se estivesse fazendo uma pergunta.

                Lysandre me encarou e, por uma fração de segundos, todo o seu profissionalismo evaporou.

                -O que eu posso dizer é que foi bem difícil para ele se controlar. Não posso falar o que ele estava pensando... – Lysandre respondeu enquanto limpava um dos pincéis, suas bochechas voltaram a corar – Então, o que Rose estava sentindo?

                -Nervosa e com muita vergonha, eu suponho – respondi com um humor leve.

                Lysandre sorriu e se levantou – Eu já acabei, você quer olhar?

                Me levantei devagar porque meu corpo havia se acostumado com a posição da pose, peguei o roupão e me cobri com ele, depois me aproximei da tela. Meus olhos se arregalaram ao ver o resultado, era colorido e vibrante, os meus cachos pareciam ouro, meus olhos eram como dois mares num dia de Sol, minha pele refletia a luz do dia e se destacava no cenário rústico.

                -Você me retratou muito melhor do que eu sou... Está lindo demais – falei ainda abismada.

                -...É assim que eu a vejo – Lysandre engoliu em seco e sussurrou em seguida – Eu senti uma grande vontade de beijá-la assim que você se sentou naquele sofá.

                -E por que não o fez? – perguntei me aproximando ainda mais dele.

                -Porque aí eu não seria profissional. Tenho um nome a zelar, sabia? – ele foi levemente sarcástico. Segurei seu rosto com as mãos e o fiz me encarar.

                -Não pedi para que fosse profissional – retruquei.

                Foi como se Lysandre houvesse se segurado durante muito tempo e agora estivesse liberando tudo, ele pegou minhas duas mãos e as puxou de forma que fui contra o seu tronco, ele começou a me beijar de forma quente e avassaladora, me deixando nas nuvens. Depois suas mãos me ergueram e me jogaram na cama, Lysandre ficou em cima de mim e começou a beijar meu pescoço, descendo cada vez mais. Quanto mais ele descia, mais suas mãos abriam o roupão revelando assim a pele nua dos meus seios. Senti um calor entre minhas pernas.

                -E-espera – coloquei minhas mãos no seu peitoral, Lysandre me encarou e eu senti meu rosto queimar – E-eu nunca... – Lys compreendeu imediatamente e recuou com medo.

                -Desculpa, eu te assustei, não foi? – Lysandre pareceu realmente preocupado. Segurei a bainha da sua camisa e o puxei.

                -Não é isso... – desviei o olhar, constrangida ao extremo – Só estou avisando para você ser um pouco cuidadoso...

                O garoto compreendeu e sorriu carinhosamente para mim. Ele ergueu a mão e começou a me acariciar mais devagar, todos os seus movimentos agora eram cuidadosos, como se temesse que eu fosse quebrar. Ele me deitou e me beijou romanticamente, suas mãos abriram todo o roupão e circularam pelas minhas pernas abertas, Lys tirou a camisa e a calça e as jogou longe. Depois ele envolveu os braços ao redor do meu tronco e me puxou até que eu ficasse sentada contra a cabeceira da cama. Ele me encarou enquanto colocava minhas pernas envoltas no seu quadril e esperou.

                -Eu vou... – ele sussurrou, em resposta eu o agarrei num abraço e gemi baixinho quando entrou. Foi como um pequeno rasgo, a dor era tolerável, mas ardia, meu corpo tremeu e eu gemi novamente de dor. Lysandre acariciou meus cachos e me abraçou – Eu te amo, Ella...

                Beijei sua bochecha e aguardei o movimento do corpo dele contra o meu. A dor prevaleceu no início, mas então começou a ser substituída por algo bom, meus gemidos não eram mais doloridos e o vai e vem de Lys já não estava mais tão devagar. Ele me prensava contra a cabeceira e ofegava em meus cabelos.

                Foi tudo tão intenso que fiquei atordoada quando ele soltou um som baixo de prazer e parou de se mover, suas costas tremiam e suavam sob as minhas mãos, os seus braços se seguravam em mim e ele respirava como se tivesse acabado de correr quilômetros, eu também estava ofegante.

                Lysandre apoiou a cabeça sobre o pé da minha barriga e abraçou meu quadril, minhas mãos vagavam em seus cabelos brancos como a neve.

                -Você sangrou. Eu te machuquei muito? – ele perguntou num sussurro.

                -Só doeu um pouco... – respondi e corei – Mas foi bom...

                -Eu posso dormir desse jeito? – ele perguntou.

                -P-pode – respondi sentindo meu rosto incendiar. Não demorou muito para Lys começar a cochilar, sua respiração calma e relaxada contra a minha pele nua e a expressão serena em seu rosto adormecido me promoviam uma bela visão de Lysandre.

                -Eu também te amo – sussurrei para não acordá-lo.

 

                POV.Sophie

 

                Já havia anoitecido, Kim me levou de volta para a casa de Castiel depois de termos passado a tarde inteira na lanchonete. Eu já tinha conseguido me recompor e por isso decidi voltar. Quando abri a porta da casa eu o encontrei sentado no sofá da sala com um copo de bebida na mão, Castiel me encarou de soslaio quando fiquei de pé e em silêncio num canto da sala.

                -Você finalmente chegou – sua voz era cortante e fria – Preciso resolver algumas... Coisas.

                -Você disse me disse para confiar em você – lembrei a ele e engoli em seco – Eu devo continuar confiando?

                Castiel soltou uma gargalhada zombeteira – Que tipo de idiota confia num criminoso, Sophie?

                -Você não é um criminoso.

                -Na sua cabecinha ingênua eu sou um cara romântico que te ama e que sempre te protegeu. Mas tudo isso não passa de um pequeno teatrinho meu – ele esbanjou um sorriso cortante e maldoso. Segurei outro soluço quando ele se levantou do sofá e se aproximou de mim – Sophie, Sophie, Sophie. Nossas aventuras foram realmente bastante interessantes, mas já chega, não quero mais abrigar uma coitada na minha casa. Decidi algumas coisas e não quero ninguém atrapalhando.

                -Você está falando da Debrah? – perguntei flexionando o maxilar. Por um nanosegundo ele hesitou, mas logo em seguida seu sorriso voltou.

                -Parece que já conheceu minha namorada de verdade. Ela é forte e habilidosa – sua voz era mais mortal que um milhão de lanças – Na Máfia você não passaria de um alvo fácil. Agradeça por eu não te matar nesse exato momento, pois é isso que eu deveria estar fazendo – abaixei a cabeça e mordi o lábio inferior com força – Vamos lá, Sophie... Não vai me dizer que se apaixonou por mim... – ele zombou.

                As lágrimas começaram a cair, mordi meu lábio com mais força e fechei as mãos em punhos nas laterais do corpo – Eu realmente cheguei a te amar, Castiel – falei num sussurro. Limpei as lágrimas com uma mão e o encarei com raiva e dor – Não se preocupe, não vou falar sobre o monstro que você é para ninguém. Também não precisa dar o trabalho de me expulsar deste lugar, eu já estou indo embora. Só vim pegar minhas coisas.

                Corri até as escadas e fui até o quarto que uma vez já fora meu, peguei minha mochila e nela meti meus pertences. Depois desci e o encarei uma última vez, puxei o anel de águia do meu dedo e joguei no chão.

                -Não faça a Kim me seguir novamente, é só o que peço. Não quero ter mais nada a ver com você – falei o mais firme que consegui e saí correndo porta a fora.

                Passei correndo por Kim e, quando já estava fora da casa, desmoronei no chão, eu soluçava e chorava. Castiel havia me machucado muito, meu peito era dor, meu coração estava totalmente destruído, o jeito que ele falou comigo, a forma como aqueles olhos me olharam num desprezo horrível... Abracei meus joelhos com força e pedi para qualquer ser do além que estivesse me escutando me ajudar a tirar essa dor.

 

                POV.Castiel

 

                Eu ainda estava em choque com tudo que havia acabado de acontecer, com tudo que eu disse e como que conseguia ser nojento e desprezível. Fiquei congelado no meu lugar encarando minhas mãos e pensando em Sophie. Eu a machuquei horrivelmente. “Ela disse que me amava”, soquei a parede mais próxima e mordi o lábio tão forte que sangrou.

                Ouvi alguns passos pesados e a porta da entrada sendo aberta de forma violenta, encarei Kim de soslaio e vi em câmera lenta seu punho seguir em direção ao meu rosto. Eu caí para trás e bati contra a parede com a força de Kim.

                -Você acabou com aquela garota – Kim falou friamente – E foi você quem a trouxe para o nosso mundo. Eu te odeio, Castiel.

                Eu encarei minhas mãos e senti o gosto do sangue na minha boca. Então coloquei minhas mãos na minha cabeça e comecei a chorar e a soluçar alto.

                “Eu a machuquei”

                “Eu a perdi”

                -Eu também me odeio – falei entre soluços.


Notas Finais


Então, o que acharam? Me contem nos comentários, estou realmente curiosa *.*
Trilha sonora
~Cena Rafaela: https://www.youtube.com/watch?v=PbSZhGONRBg&list=RDPbSZhGONRBg
~Duas últimas cenas: https://www.youtube.com/watch?v=VMGh3Ts5-WQ
Kissus de Dandelion <3


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