História Dark Sky ( TaeJin ) - Memórias Escuras.

O tempo é cruel. A cada dia que passa, isso vem se tornando, para mim, uma certeza cada vez maior. Quanto mais crescemos, mais vamos esquecendo o começo de nossas vidas. É inevitável.

 

Esse fato se inicia com nossas memórias de quando éramos apenas bebês, depois as da infância. Eu, com dezessete anos, mal me lembro dos meus colegas do ensino fundamental. Se não fosse a foto de formatura, tenho certeza que esqueceria de todos aqueles rostos.

 

As memórias mais raras que eu ainda guardo em minha mente são as por volta dos meus 14-15 anos. Há uma em particular que não está só como imagem, mas em sensações. O dia que conheci meu melhor amigo, Kim Taehyung.

 

Era verão e o som das cigarras preenchia toda a cidade. Para muitos é um som insuportável, mas para mim traz uma sensação boa, como se elas nos avisassem sobre o começo da estação. Eu me lembro de estar na frente da casa de Taehyung, com minha mãe e pai atrás de mim. Minha mãe, com um pequeno bolo em mãos que eu a ajudei a fazer, me dizia para tocar a campainha.

 

Esse antigo amigo com sua família haviam acabado de se mudar e nós decidimos dar as boas vindas. Além deles e de nós, a rua era composta apenas por idosos ou famílias sem filhos e quando soubemos que um garoto um pouco mais novo que eu havia chegado foi uma alegria imensa. Talvez meus pais estivessem até mais animados que eu, possívelmente cansados de ver o filho deles sem amigos e enfiado em casa o dia todo.

 

Com minhas trêmulas mãos toquei a campainha da grande casa branca e não demorou muito até uma moça com um sorriso gentil atender, ela direcionou seu olhar para mim e tive a impressão de seu sorriso se abrir um pouco mais.

 

- Bom dia! - Minha mãe disse e deu um pequeno empurrãozinho em mim.

 

- Nós moramos aqui na frente e… - Minha fala se embaraçava um pouco a medida que as palavras iam saindo. - Viemos dar as boas vindas.

 

- É muito gentil da parte de vocês, por favor, entrem um pouco.

 

A mulher em nossa frente foi com o corpo mais para o lado, deixando espaço para nós entrarmos e assim fizemos. Ela nos guiou até a cozinha e logo um homem com média estatura apareceu, nos cumprimentando educadamente e se sentando como todos nós.

 

Eu balançava as pernas na cadeira agitadamente ouvindo os passos descendo a escada do garoto que a mãe acabara de chamar. Ele desceu tão rapidamente que quase caiu no final dos degraus, levando uma advertência com risadas de sua mãe.

 

- Taehyung, você tem que ter cuidado - Ela ria balançando a cabeça - Venha, cumprimente nossos vizinhos.

 

- Oi, eu sou Kim Taehyung - O garoto mais baixo que eu sorria para nós até pousar seu olhar em mim - Wahh! Você é mais velho? Podemos ser amigos?

 

Taehyung com seus cabelos castanhos e bagunçados falava rapidamente enquanto segurava minha mão e se inclinava. Ouvi uma pequena risada de minha mãe dizendo “fofo” e “vá brincar com ele, Jin”.

 

E assim foi feito. À partir daquele dia, eu e Taehyung nos víamos todos os dias das férias e quando começaram as aulas, ele foi para a escola que eu estudava e podíamos nos ver todos os intervalos. Ele era mil vezes mais sociável que eu então fez vários amigos rapidamente, mas mesmo com vários companheiros, sempre passava os tempos entre as aulas comigo...e apenas comigo.

 

Nossos pais se davam muito bem então era raro o final de semana que não passávamos juntos, eles até me levavam para viajar. Quando eu estava com Tae, tudo parecia estar melhor, nunca ficávamos sem assunto ou sem o que fazer. Quando o vídeo game não funcionava nós mesmos inventávamos brincadeiras, se não podíamos sair, era só ir para nossos quartos e contar histórias ou piadas. Tudo se ajeitava com ele ao meu lado.

 

O verão era minha estação favorita, porque eu podia passar todos os dias com Taehyung. Foi em um desses dias que uma ação mudou todos meus pensamentos de criança para, quase, adolescente.

Combinamos de eu ir dormir naquele dia em sua casa e eu fui. Brincamos o dia inteiro de guerra de água e depois fomos tomar banho juntos. Não veja por outro lado, Kim SeokJin de 15 anos não via maldade nisso, além de ser algo comum entre nós. Porém..naquele dia Taehyung parecia pensativo. Meu melhor amigo era avoado, mas dessa vez algo parecia não sair de sua mente. E eu havia notado isso.

 

- TaeTae, você tá bem? - Eu perguntei enquanto lavava meu corpo. - Depois que a gente terminou de brincar você ficou quieto. Eu fiz alguma coisa? Olha, eu ganhei de você, mas isso é porque eu sou um super incrível hyung. - Eu ri alegre para ele, era normal comentários assim entre nós. Ele riu para mim e me deu um pequeno empurrão.

 

- Jin-Hyung é o criador do amor próprio! - Ele colocava as mãos em volta da boca, fingindo que gritava para o mundo. Depois disso ele sorriu para mim, mas logo soltou um suspiro. - É que os meu amigos da sala…eles estavam falando de umas certas coisas.

 

- Hum? Sobre o que, exatamente?

 

- Sobre beijos... - Eu parei de me lavar e olhei surpreso para ele - Aish, não me olhe assim, Hyung! Foram eles que falaram…

 

- Eu não disse nada - Ousei sorrir de canto - Mas se eram eles que estavam falando sobre isso, por que tá tão incomodado assim?

 

- Eu não sei, só é meio estranho, não é? Beijar outra pessoa… - Nesse momento, ele começou a me observar. - Hyung, você já beijou alguma menina?

 

- Eu mal falo com meninas, Tae! Os únicos que eu falo na minha sala são o Yoongi e o Hobi, que são meninos.

 

- E o que tem? Não seria até melhor!?

 

- Que ?

 

- Hyung, imagina seu primeiro beijo com uma menina for ruim! Você precisa praticar e...não tem nada de mal treinar com amigos, não é?

 

- Seus amigos que te falaram isso?

 

- Nãooo, sou eu que estou falando, Hyung! - Ele suspirou e se virou para o lado - Foi só uma ideia.

 

- Desculpa te chatear, Tae - Cutuquei suas costas. - Você tem medo de beijar mal? Acho que isso é normal, eu tenho também.

 

- E por que a gente não tenta? - Senti meu rosto se esquentar, por mais que naquele dia não tenha entendido o porquê.

 

Ficamos em silêncio por um tempo, que na minha mente parece ter durado horas. Taehyung me encarava e foi aí que eu percebi o castanho escuro e profundo de seus olhos. Profundo o bastante para eu não poder me mexer ou falar algo. Só lembro de sentir os lábios molhados do meu melhor amigo sobre os meus, enquanto meu coração explodia sobre o peito.

 

- Meninos! Que demora, a janta vai esfriar - A mãe de Taehyung entrou no quarto, que ficava ao lado do banheiro e arrumou nossas roupas sobre a cama. Senti Tae se afastar e só aí consegui abrir meus olhos. Ele pegou a toalha e saiu do box do chuveiro apressadamente.

 

Eu fiquei ali, tentando acalmar meu corpo e mente, enquanto ele conversava com a mãe como se nada tivesse acontecido. Depois desse momento eu não pude olhar para Taehyung do mesmo jeito, pois meu coração pulava a cada vez que ele se aproximava.

Em minha cabeça confusa de pré adolescente eu não pude entender o que eu estava sentindo pelo meu melhor amigo e quando me dei conta era tarde demais...

 

Era uma quarta-feira chuvosa. Aquela típica chuva quente das tardes de verão. Eu estava em meu quarto estudando para um teste que eu teria no dia seguinte quando senti a garganta seca, implorando por água. Me levantei e fui até a cozinha, enchi um copo com água e já ia subindo as escadas quando ouvi minha mãe conversando com alguém. Era uma voz feminina que logo reconheci. A mãe de Taehyung.

 

- Mas já? Só faz um ano que vocês vieram…-  A voz de minha mãe parecia triste.

 

- Ah, eu queria poder ficar. Tae ama esse lugar e principalmente o Jin, mas agora que estou grávida de gêmeos, precisamos nos sustentar. A sorte é que meu marido conseguiu essa promoção, mas é outro país Dara...não sei como vamos nos adaptar.

 

- Pense que vai poder criar bem seus filhos, Sunmi. E ainda podemos fazer ligações, certo? - Minha mãe limpava as lágrimas da amiga, por mais que as próprias lágrimas não se controlavam. - Quando vocês vão?

 

- Amanhã…

 

Derrepente meu mundo escureceu. Senti minhas lágrimas quentes escorrerem pelo rosto, assim como a chuva escorre no asfalto no fim das tarde. Deixei o copo cair ao chão, quebrando e fazendo um alto barulho. Um aperto em meu peito se tornou forte e por um momento, parecia que eu iria desmaiar.

 

- Jin! meu filho…- Minha mãe levantou assustada assim como sua amiga, ela tentou vir até mim, mas eu já havia saído de casa.

 

Atravessei a rua rapidamente e entrei pelo fundo da casa, procurei Taehyung por toda casa e nada. Respirei fundo e lembrei onde ele ficava quando brigava com os pais ou mesmo comigo. Entrei no bosque que ficava no fim na rua e o atravessei inteiro até chegar no fim dele, onde havia um banco azul. Nele, um garoto com seus cabelos castanhos estava deitado, com as mãos sobre os olhos.

 

- Kim Taehyung! - Gritei alto seu nome, isso o fez sentar no banco me olhando com os olhos vermelhos e arregalados.

 

Corri até ele e o empurrei para o chão, segurando-o pela camisa e balançando seu corpo, com raiva. Repeti várias vezes “idiota” “por que não me avisou? Eu não sou seu melhor amigo?” e “Você não pode ir assim…” em meio ao meu choro. Taehyung não conseguia dizer nada, apenas chorar junto a mim, enquanto a chuva caía sobre nós. Chegou um momento que eu não pude falar mais nada, só chorar.

 

- Hyung...me perdoa - Ele segurava em meu rosto e tirava os fios de cabelo grudados na pele pela chuva. Seus olhos negros fitavam todos os meus detalhes, como se quisesse guardar cada um deles para si.

 

Olhei com tristeza e certa raiva para ele, mas a única coisa que pude fazer foi juntar nossas bocas. De maneira desajeitada, movemos nossos lábios por alguns poucos minutos. Separei e olhei rapidamente para Tae, que mantinha um sorriso quadrado, porém eu conseguia ver suas lágrimas escorrendo junto com as gotas da tempestade.

 

Foi a última vez que nos vimos. A família de Taehyung saiu cedo e nós dois decidimos não nos ver, provavelmente, ambos em seus conscientes sabendo que seria melhor assim. Eu fiquei em meu quarto, não fui a escola e perdi meu teste, se bem que eu não iria conseguir fazê-lo de qualquer modo. Depois que meu melhor amigo se mudou, o mundo se tornou escuro e tudo que eu possuía começou a desmoronar.

 

Taehyung não tinha tempo para meus SMS, ele dizia que era por conta do fuso horário, mas tenho grandes dúvidas disso, já que ele sempre se encontrava online. O medo de realmente sentir algo além de amizade pelo meu amigo cresceu dentro de mim. Decidi me afastar das amizades que eu fiz na escola, os únicos que ainda insistiram em mim eram meus dois colegas de sala.

Dias após meu aniversário, a tragédia. Meu pai sofreu um acidente de carro e faleceu. Foi a pior época em casa, eu e minha mãe tentávamos nos confortar, mas nada podia preencher a falta que papai fazia. Eu estava destruído psicologicamente e até tentei falar com Tae sobre isso, mas ele já não me respondia. As contas também estavam pesando então fomos morar com meu tio, sua esposa e seu filho adotivo, Jimin. Mamãe conseguiu um bom emprego, mas ainda não conseguiríamos nos virar sozinhos com aquele salário, ainda mais com todos os seus esforços para bancar meu ensino médio. Foi então, em uma noite fria de dezembro, que minha mãe veio conversar comigo.

 

- Jin, querido? - Ela bateu na porta e abriu em seguida. - Posso conversar com você?

 

- Por que está perguntando, você ainda é minha mãe, não é? - Eu ri e sentei na cama, logo sendo acompanhado por ela, que se sentou ao meu lado. - O que houve?

 

- Sobre a faculdade, você já escolheu alguma? - Ela apertava o pano da própria calça.

 

- Não pensei sobre, para falar a verdade - A olhei com curiosidade. - Por que pergunta sobre isso?

 

- Ah, Jin. Você é muito inteligente meu filho, poderia passar em quais quisesse - Ela tira um papel de seu bolso - Mas, eu queria que considerasse essa, em especial.

 

Eu seguro o papel e antes que eu pudesse abrir, mamãe já havia saído do quarto. Levantei da cama de beliche, que eu dividia com Jimin, e fui até a escrivaninha. Abri as gavetas procurando algo que cortasse o papel, até que Jimin entra no cômodo.

 

- Hyung, o que sua mãe veio falar com você? - O menor se apoia em mim para ler. - Isso é sobre a faculdade?

 

- É sim - Sorri para o mais novo - Ei, onde que está as tesouras? Não me diga que andou cortando seu cabelo de novo com elas - Ri olhando o corte todo torto na cabeça de Jimin.

 

- Não precisa reparar tanto, sabia? - Ele fazia um bico enquanto falava e abria um estojo na gaveta - Aqui está!

 

- Obrigado - Acariciei seus cabelos e em seguida cortei o envelope, lendo o convite de “Faculdade Pública com república para garotos” - República?

 

E foi assim que entrei para a faculdade, quase prisão, em Seul. As regras eram simples e dolorosas para um adolescente que acabara de sair do ensino médio.

 

1- Não é permitido qualquer uso de aparelhos eletrônicos que não sejam os de uso coletivo, na biblioteca da escola.

2- Não é permitido sair da República sem uma autorização.

3- Os horários para o início e final das aulas devem ser respeitados, assim como os horários para os dormitórios.

4- O uso do uniforme é obrigatório, sendo que este deve estar em boas condições.

 

ETC ETC...Ou seja, voltando a minha afirmação, é uma prisão. Uma prisão que eu sobrevivi durante três anos e, graças a alguma força divina, só precisava sobreviver mais um. Acontece que em nosso quarto e último ano, nós devemos ser conselheiros dos alunos que acabam de entrar. Devemos ajudá-los e assim eles nos recompensam. Sim, eles devem fazer tudo o que mandamos, tudo mesmo. Uma outra hora irei contar a vocês a minha experiência sobre ter que fazer tudo para alguém e como esse alguém fudeu minha vida naquele ano.

 

Os dormitórios eram em duplas ou trios e eu tive a sorte de poder dividir com Yoongi. Hobi também entrou na faculdade, mas não ficou junto de nós, infelizmente. Yoongi era um bom companheiro e se preocupava comigo, por mais que não quisesse mostrar isso.

 

A escola ainda continha grupos complementares para você participar. Eu, por exemplo, entrei no clube de culinária, onde as pessoas eram realmente gentis e me tratavam bem.

 

O ano que vivi junto de Jimin e meus tios foi realmente bom. Jimin me tornou alguém mais alegre e falante, eu devo agradecer ele por toda minha vida. Você pode ter pensado se eu e ele tínhamos alguma coisa? Bem, não vou negar que tivemos alguma relação amorosa, mas não era paixão ou algo parecido, era apenas desejo. Desistimos depois de um tempo, acho que estamos melhor como amigos que algo diferente disso. Esse acontecimento foi muito importante para eu realmente entender que eu me sinto atraído por garotos. E que eu amava Taehyung.

 

Eu não queria pensar em Kim Taehyung, mas às vezes eu me pegava imaginando como seria se ele não tivesse desistido de mim. Bem, não importa mais...

Ultimamente venho melhorado minhas notas e comecei a ajudar Hoseok a estudar um pouco mais. Yoongi sempre dava seu jeito de fugir das aulas que ele não gostava e ir para sei-lá-deus-onde. Por isso, eu e Hobi ficamos realmente surpresos por ele aparecer na quadra para o sorteio de novatos para veteranos.

 

- Seria um milagre!? Min Yoongi se interessou por algo pela primeira vez na vida que não seja seu mp3 com raps - Eu batia palmas junto com Hoseok, ambos fingindo ver algo impossível em frente aos nossos olhos.

 

- Deve ser por isso que o tempo fechou hoje!

 

- Na previsão de hoje, temos Yoongi em pé pela primeira vez na vida, alerta de nevasca fora de época - Imitei um meteorologista famoso da TV aberta, arrancando escandalosas risadas de Hobi e até um pequeno riso de meu companheiro de quarto.

 

- Ha Ha, palhações vocês dois, hein? - O mais baixo cruza os braços e olha para frente - Agora parem de rir alto, nem o som do microfone supera isso aí. Prestem atenção, quero saber quem vai ser meu novato.

 

- Ah, agora entendo o motivo desse interesse todo - Eu disse enquanto abraçava por trás Yoongi e Hoseok agarrava seu pequeno braço.

 

- Espero que o meu seja gentil - Hoseok dizia, animado.

 

- Boa sorte em achando uma pessoa assim - Yoongi parecia analisar aquela multidão de primeiro ano. - Eu quero que o meu me sirva muito - Ele ri e finge colocar frutas imaginárias na boca de Hobi.

 

Os nomes eram anunciados por salas e quando chegou em nossa, ficamos mais agitados, assim como os outros na nossa classe. Ouvimos “Jung Hoseok, quarto ano C”, Hobi deu um passo a frente, e logo em seguida ouvimos “Jeon Jungkook, primeiro ano C”. Nosso amigo achou o seu mais novo ajudante dando um passo a frente e abriu seu sorriso radiante, enquanto o novato andava nervosamente até seu lado, se cumprimentando rapidamente.

Em seguida foi a vez de Yoongi, que me trouxe uma grande surpresa e coincidência: “Min Yoongi, quarto ano C” “Park Jimin, primeiro ano C”

 

- Jimin? Não é seu primo, Jin? - Hoseok perguntou curioso, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele mesmo se confirmou ao ver um pequeno menino atravessando a quadra alegremente até nossa direção.

 

- Yoongi-Hyung, Hoseokie-Hyung, Jin-hyung! - Seu sorriso fazendo os olhinhos virarem pequenos riscos fez nosso colega rir.

 

- Ah, Jimin. É bom te ver de novo - Jimin nos abraçou carinhosamente como sempre fazia e começou a falar bastante com Hobi e os dois não paravam um segundo, assustando de certa forma Yoongi e Jungkook, o novato.

 

Meu nome estava chegando e isso fez meu estômago embrulhar, lembrando de meu primeiro ano e de como tudo aquilo desencadeou o ano escolar mais bosta de Kim SeokJin.

 

- Eu espero que o meu não dependa tanto de mim, que seja quieto, que ame minhas piadas, sei lá - O nervosismo era evidente ainda mais pelos tiques que eu tinha pelo corpo, como o piscar de meus olhos. Tique este que eu aderi depois na morte de meu pai.

 

- Calma, Jin. Isso não é nada demais - Yoongi colocou a mão em meu ombro e eu pude relaxar um pouco.

 

Mas eu estava errado. Yoongi estava errado. Eu nunca poderia imaginar no que vinha a seguir.

Meu nome foi anunciado e eu dei um passo a frente, olhando para o chão, tentando me acalmar de certa forma. Em seguida a voz anunciou meu novato, mas eu paralizei. Não, não podia ser certo ? Era impossível…

“Kim Taehyung, primeiro ano C”

Não. Não era impossível. Ao levantar minha cabeça, a figura esguia já estava perto de mim, com aquele maldito sorriso no rosto e os olhos negros fitando os meus. Os malditos olhos que me paralizaram novamente.

 

- Oi, Hyung.

 

Preto. Tudo ficou preto a partir disso. Eu preferia que fosse mais um de meus sonhos, mas era real. Kim Taehyung estava em minha frente novamente, trazendo consigo toda a escuridão de seu olhar e de minhas memórias.

 

A escuridão em meu coração entrou em ascensão.