Capítulo 2 - O Demônio De Londres
1915- 11 De Maio- 19:24- Londres, Inglaterra
A neblina da capital inglesa estava espessa nessa noite, os postes de luz formavam ilhas de luz que permitia que se visse um pouco nessa área mais afastada da cidade, chovia e trovejava com a lua se mostrando no céu da noite, poças de água se formavam calmamente no chão de tijolos de pedra, mas uma bota negra em corrida desenfreada destrói a calmaria do beco e espalha a água das poças por todos os lados, vozes gritando ‘‘Queimem o demônio!’’ vinham logo atrás dele e em seguida como uma manada em disparada passaram pelo beco correndo com tochas, e armas desde facas e bastões até armas de fogo e cruzes da Santa Igreja.
O homem perseguido pela multidão pegava latas de lixo e caixas de madeira e jogava no caminho de seus perseguidores para atrasa-los, ele tinha medo das consequencias se pegassem-no, a sujeira das latas de lixo e das caixas caiam no chão do beco exalando um fedor que ficava estagnado nas ruas, lixo, comida estragada e animais como gatos que dormiam nas latas de lixo e ratos que procuravam seu jantar lá dentro eram atirados para fora das caixas e latas, os gatos corriam e gritavam com medo da chuva e assustados pensando quem tirou-lhes de seus abrigos de forma tão brutal e repentina. De uma das latas que foi jogada sai correndo um gato preto como a noite, sem nenhuma mancha olhos amarelos inquisidores como se ainda se perguntasse oque aconteceu e atravessa correndo o caminho da mutidão enfurecida. Uma das pessoas na multidão viu o vulto do gato preto passando e pensou consigo mesma - Isto é um mau presságio…- Essa pessoa logo se esquece do gato e continua sua perseguição junto ao resto da multidão para pegar esse homem, ou melhor dizendo demônio.- Não deixe que sua aparência o engane!- Assim disse o padre- Cuidado com suas artimanhas tragam-no de volta à mim para que eu possa manda-lo de volta ao reino de seu mestre, pois armas forjadas pela mão do homem nada farão à uma cria do inferno.- Continuou o padre advertindo o povo com a fúria e adrenalina subindo pelas paredes, o demônio já habitava Londres à algum tempo agora, roubava mercados geralmente, mas agora havia tomado o ‘‘próximo passo’’, segundo dizia o padre Montgomery, ele atacou e incendiou uma igreja matando a todos dentro dela. Essa foi a ultima gota, as pessoas se organizavam em uma caçada ao demônio pelos arredores se formou e terminaram por achar o demônio afinal voltando à forma de um humano.
O demônio se transformou em um jovem ruivo com algo em volta de 18 anos com sangue em suas roupas. O jovem usava um sobretudo negro com as mangas dobradas até os cotovelos e voava logo atras dele enquanto corria, seus longos cabelos ruivos, longos e lisos mas um pouco ondulado nas pontas também voavam como seu sobretudo enquanto corria por Londres à noite com o gracejar do vento acariciando-lhe e girando ao redor da cabeça do jovem, suas calças também negras fazia contraste com sua camisa branca roda manchada de sangue fresco, seus olhos cor-de-mel, dourados como ouro reluzindo, estavam confusos enquanto percorria correndo os becos londrinos tomados pela neblina.- Essa cidade parece uma sopa!- Pensava o jovem ruivo.-Em todos lugares neblina assim como em uma sopa quente que acaba de ser servida.- Ele vira para a direita e continua a seguir pelos estreitos becos tentando fugir de seus perseguidores, as botas faziam barulhos de passos nas pedras, o jovem ainda não entendia porque estava sendo perseguido mas sabia que nomomento que fosse pego algo horrivel ia acontecer.
A multidão sedenta por sangue parecia à seus olhos um enorme cão de caça proferindo promessas de morte enquanto seus olhos vermelhos fitavam-o com ódio mortal e mostrando dentes amarelos e afiados como navalhas. Os becos pareciam se fechar ao seu redor como se estivesse tendo vida própria, como se logo as paredes se fechariam ao redor dele e o deixariam preso para que a besta-cão de caça viesse logo devorasse sua alma e a aprisionasse em seu estomago onde só exisate escuridão.
Ele continuou percorrendo os becos sem parar para olhar par trás, as casas velhas do lugar tinham as luzes acesas e viam o jovem de camisa ensanguentada correndo e uma multidão logo atrás dele perseguindo-o com armas de todos os tipos, alguns juntavam-se pelo forte senso comunitario em fazer parte de algo e pela necessidade humano de se encaixar em algum grupo mesmo sem saber o que caçavam e porque caçavam, outros fingiam que nada viam e voltavam à suas pacatas vidas e alguns outros até saiam para ver melhor isso como se fosse um capítulo interessante no curto livro de suas vidas. Voltando à perseguição…
O jovem ruivo seguiu por mais um beco e dessa vez para seu azar um sem saída, um beco sem saída. Ele viu uma escada de incêndio que leva ao topo de uma fábrica abandonada, no momento sua unica opção. Ele subiu e chegou ao topo do prédio, logo depois chegou lá a multidã e não achavam o demônio.
- A escada de incêndio!- Gritou um deles.
E a multidão começou a subir a escada de incêncio que era pintada de vermelho, mas a ferrugem e a pintura mal acabada à davam uma aparência perigosa como se fosse cair a qualquer momento. Eles subiram as escadas da fábrica abandonada, dentro dela ainda se podia ver o maquinário empoeirado e a placa com o nome da fábrica estava muito suja para se ler… Znilhcon…Parecia estar escrito na placa ou algo parecido, mas era praticamente impossível se dizer isso com certeza com pouca iluminação e uma placa enferrujada e empoeirada. Enquanto a multidão subia rapidamente para o topo da fábrica o jovem procura uma saída ou um esconderijo, ele viu a porta que levava para dentro da fábrica e tentou arrombar a porta mas parecia que algo à segurava do outro lado como se pilhas de entulho bloqueassem o caminho.- Eu…Não tenho escolha.- Pensou o jovem que se curvou para trás e soltou um grito que aterrorizou alguns de seus perseguidores e eles voltaram correndo para suas casas.
- Eu não vou ficar aqui!!!- Gritou um deles correndo escada abaixo.
- Cuidar de demônios é trabalho divino e nós somos apenas humanos!
E assim se vai mais um….
- Não os culpe, meus filhos. São poucos os humanos que conseguem enfrentar uma cria do Senhor das Trevas
O padre Montgomery soava sereno mesmo com toda situação o que dava um vigor renovado à aqueles que ficaram.
Alguns dos que ouviram o grito em suas casas pensaram- Parece que pegaram o rapaz.- A multidão subiu as escadas e chegou ao telhado e do outro lado enxergaram o demônio, alguns correram de medo, outros mal podiam encarar aquilo diretamente sem tremer. Os poucos que lá se mantiveram sem choque foi aqueles com uma coragem ou fé inabaláveis. Apenas 3 pessoas no total continuaram ali numa caçada de mais de 30 pessoas. O padre Montgomery, que foi quem organizou toda caçada depois que o demônio queimou sua igreja, uma oficial do exercito alemão que foi transferida para a Inglaterra para uma missão confidencial para o governo alemão, seu nome era Karin Kostnikof, e um açougueiro de fé extremamente fervorosa, William Ward.
O jovem ruivo de 1,83m havia sumido e agora parado lá e olhando para eles de braços cruzados estava um demônio com asas negras como piche, corpo preto como as asas mas em todo seu corpo linhas vermelhas como tatuagens de guerra, nas asas ainda havia algumas dessas linhas vermelhas, seus olhos eram totalmente brancos sem apresentarem absolutamente nada, o rosto do dêmonio permanecia o mesmo que o do jovem que seguiam assim como o mesmo cabelo ruivo. O padre toma um passo à frente encara-o diretamente nos olhos.
- Prepare-se para voltar à seu mestre, ó cria de Lúcifer!
O velho padre Montgomery ostentava a cruz de sua Santa Igreja em direção ao demônio.
- Cruzes e objetos de sua igreja não surtem efeito algum em mim, padre. Agora Afaste-se…Não tenho nada contra vocês!
A voz dele saiu como um trovão proferindo uma ordem à terra abaixo dele. O padre recuou um passo mas voltou a se dirigir na direção do demônio.
- William, defenda o nome de Deus!- Ordenou o padre ao açougueiro armado de duas enormes facas de cortar carne.
- Eu sangrarei pelo nome de meu Senhor!- Gritou William correndo na direção do demônio girando seus facões.
- Eu já disse que não desejo lutar com você!- Vociferou mais uma vez o demônio desviando dos golpes de furia e fé cegas de Ward.- Pare!- Ordenou ele à William.
- Fique parado para que eu possa corta-lo!- Dizia o açougueiro de 45 anos sem cessar os golpes.
Ele era um homem de cabelos negros e olhos castanho escuros, calvo até o meio de sua cabeça, alto e gordo, porem muito forte, uma cara fechada que as pessoas achavam estranha. Segundo elas corria um boato que ele é um assassino e que a carne em seu açougue é humana. Possuia uma barba cerrada e estava usando seu avental branco que sempre usava quando ia trabalhar.
- Vá você também, capitã Kostnikof!- Ordenou Montgomery
Karin observava os movimentos rápidos do demônio e não acreditava como ele se esquivava facilmente de cada golpe de Ward, ela foi despertada de seu assombro pelo padre Montgomery, cujo não restava um fio de cabelo em sua cabeça e seus olhos azuis normalmente serenos agora a fitavam com ansiedade para que ela fosse logo à batalha, ela correu para a batalha e seus cabelos castanhos claros, quase loiros, voavam soltos enquanto sentia as gotas de chuva batendo em seu rosto como uma constante afirmação- Não, isto não é um sonho- a cada gota isso era reafirmado pelo frio da noite londrina ainda mais enfaticamente.
- Você também não se aproxime!- Disse o dêmonio para ela em alemão.
Por um instante ela parou e pensou -Como ele sabe que sou alemã?- Karin consseguiu reassumir o controle e coloca-se a correr para combater o demônio como antes.
- Não me diga o que fazer!- Gritou ela de volta para o demônio em alemão e tirando seu sabre da bainha.
Karin e William atacaram o demônio sem dar trégua e ele ainda desviava dos golpes, William escorregou em uma poça de água e caiu no chão, uma de suas facas caiu em seu braço esquerdo e lhe cortou fora o braço no meio do caminho entre o cotovelo e a mão. O chão de cimento ficou vermelho com o sangue que escorria e jorrava do lugar onde um dia já havia estado o braço de Ward, ele gritava como uma banshee proclamando o fim da vida de alguem, lágrimas de dor e ódio lhe corriam pelo rosto e passando por seus cabelos cabelos negros que já começavam a ficar grisalhos. Ele agonizava no chão, sangrando e gemendo, seu braço soltando o liquido da vida como uma bomba de água. O demônio passou reto por Karin que estava em estado de choque, ela nunca havia entrado em um combate e muito menos visto um homem dessa idade chorar no chão encolhido enquanto sangrava sem parar, o demônio se ajoelhou ao lado de William e tentou acalma-lo.
- Calma! Calma! Eu posso ajudar!- Dizia ele
- Afaste-se! Afaste-se de mim demônio!- gritava William tomado pelo medo e indefeso como um recem nascido agora.
- Você não entende! Eu posso aliviar a dor! Tudo que deve fazer é se acalmar!- O demônio falava com William tentando acalma-lo e convence-lo que não iria fazer mal à ele.
- Para traz demônio!- O padre segurando o crucifixo na direção dele se aproximou deles.
- Você de novo? Eu já disse que essas cruzes não…
Antes de poder falar qualquer coisa o padre Montgomery gritou com todo ar em seus velhos e cansados pulmões.
- Crux Divinum!
E um raio de luz branca da um golpe certeiro no peito do demônio.
- Você fez isso à William Ward, demônio! Usou seus poderes e o fez cair!- Gritava o padre.
- Ele escorregou na poça de água, você é cego?!- Gritou ele de volta ao Padre vestido em seu hábito branco com uma enorme cruz dourada bordada na frente e atras dele.
- Eu sou o único aqui que realmente vê! Como ousa me chamar de cego, cria de Lúcifer?
E mais uma vez ele envia outro raio de luz da cruz que carregava.
- Vá em paz, meu filho.- Disse o padre serenamente para William no chão e em seguida corta o pescoço dele com a própria faca de William.
- Obrigado…Padre…- Balbuciou o açougueiro.
Seu rosto estava morbidamente pálido, o sangue em seu pescoço parecia sair calmamente para fora e ele já não sentia dor…Apenas frio. Um frio intenso que nada não podia ser aquecido por nada.
- Não!!! Eu poderia salva-lo! Quem sabe ainda possa, mas precisa sair da minha frente!!!- Gritou o demônio cheio de raiva que sentia pelo padre.- Não!!! Manter o controle…Manter o controle…Não posso perder o controle…Não aqui!!!
- Vendendo a alma dele para seu mestre? Assim foi melhor!
E o padre usou mais uma vez o raio que sai de sua cruz mas dessa vez ele usa um raio continuo que paralisa o demônio.- Acabe com isso agora, capitã!- Grita o padre Montgomery segurando a cruz que impedia que o demônio se movesse com seus misteriosos raios brancos que o padre alegava ser a força de Deus.
Os trovões no céu faziam parecer que todo o mundo dava uma sentença de morte ao demônio mas Karin não conseguia se mexer com o choque de ver os olhos castanhos de William Ward sem vida e mesmo assim injetados de dor e ódio.
- Capitã!!!- Mais uma vez gritou o padre.
Ela conseguiu se recuperar de seu choque ouvindo a voz do padre e olhou na direção de onde veio a voz, e viu o padre dominando o demônio com uma espécie de luz que saia de sua cruz, ela correu para apoiar o padre na luta e um pensamento lhe passou pela cabeça- E se morrer assim como o açougueiro? Talvez se eu não tivesse ido atacar ele…-
- Mate-o!- Gritou o padre novamente com o raio manteno o demônio preso até agora.
- Manter o controle…Manter o controle…Manter o controle…
O demônio estava apenas pensando em se controlar e não parava de repetir para ele mesmo se controlar. Karin por um segundo analisou a frase com seus pensamentos mas logo entendeu que falava do demônio.
- Mas é para leva-lo de volta ao padre Longbridge vivo!- Questionou ela as ordens que o padre acabou de lhe dar.
- Apenas obedeça!-Vociferou o padre com os dentes cerradis,
- Mas…- Karin questionou ele mais uma vez mas antes que termine ele grita.
- Traidora!!! Seguidora de Satã!!!
E nisso ele desviou o raio de luz que atingia o demônio para ela lançando-a do topo da fábrica.
Karin caiu sem emitir nenhum som , o demônio viu a cena e empurrou o padre para fora do caminho dele e saltou para tentar impedir Karin de cair, ele fechou suas grandes asas negras ganhando mais aerodinâmica e caindo mais rápido até chegar na mesma velocidade que ela. Ele estende seu braço para o dela , ela podia sentir que estava sangrando por causa da luz que o padre Montgomery lançou contra ela mas ainda estava consciente e estendeu a mão dela para o demônio que vinha rapidamente caindo em direção à ela. Ele conseguiu pegar a mão de Karin e abriu suas asas, a resistência do ar dificultava ele conseguir abrir as asas rapidamente mas assim que ele conseguiu eles voaram para longe da fábrica, o padre os viu voando e começou a atirar seus raios com a cruz contra eles. Eles conseguiram escapar e em seguida logo atras dele surge uma sombra que pareceu se enrolar ao redor dele como uma cobra.
- Você além de querer ter tentado exterminar a porta ainda deixou-a fugir Montgomery?
A sombra falava como se fosse uma cobra falando na lingua dos homens mas sem duvida trava-se de uma criatura masculina pela voz, seja lá o que fosse.
- Não! Não! Piedade por favor!
O padre orgulhoso que parecia não temer à nada estava agora de joelhosdesatando em lágrimas.
- Piedade? O Impiedoso sentir…piedade?!
E nisso O Impiedoso algo semelhante à uma garra atravessou o padre como uma sombra, um segundo depois a cabeça do padre caiu fatiada em pedaço no chão como se uma enorme garra à tivesse fatiado como faca na manteiga quente.nas sombras.
- A porta escapou.-Disse O Impiedoso para si mesmo.- Sim…Sim…Estou a caminho.
O Impiedoso estalou os dedos e um clarão enorme e brilhante como o sol envolveu o telhado da fábrica, em seguida o clarão toma conta de toda fábrica e acordou várias pessoas da região que olhavam pela janela querendo ver que tipo de luz é essa tão branca e intesa à essa hora da noite. O clarão começou a ficar mais fraco e some, O Impiedoso havia desaparecido, a fábrica, assim como os corpos de Ward e Montgomery…havia sido destruida misteriosamente pelo clarão sem deixar vestigios.