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História Alucard - Darkness In The Light - Compense-me


Escrita por: LadyFear

Notas do Autor


Olá, tudo bem com vocês? Há quanto tempo né? ♥
♦ - Gostaria primeiro de pedir desculpas a vocês que estavam acompanhando. Estou num período muito complicado. Não superei ainda a perda da minha mainha (mãe-avó) e portanto, ainda estou de luto e tudo ainda me dói tanto que às vezes nem consigo fazer nada direito. Porém, estou de volta, e espero que tudo continue dando certo por aqui! ♥
♦ - Neste capítulo (revisadinho com todo amor e carinho que conservo), trago para vocês uma reação no mínimo inesperada do nosso querido Alucard, talvez vocês gostem asuahsau'
♦ - Estou escrevendo e postando com diferença de dois capítulos a frente daqui. Caso eu demore demais a atualizar, é pq estou tentando manter isso. ♥
E é isso, amo vocês! ♥

Capítulo 6 - Compense-me


Fanfic / Fanfiction Alucard - Darkness In The Light - Compense-me

“Amante do inconsciente obscuro
Sereia do mar lunar
Filha das grandes maravilhas
Irmã do garoto dentro de mim.”

Devaneios incapacitantes lhe assaltavam de maneira irascível.

Por mais que os tentasse reprimir com toda a sua força de vontade ainda remanescente, depois de tanto resistir contra si próprio o dia inteiro e ainda conservar-se o fazendo de maneira obstinada, era impossível não os tê-los a agredir sua parca paz de espírito conseguida a muito custo. Sua cabeça anteriormente conformada com os fatos a serem sucedidos em sua linha vital digladiava-se naquela hora morta em um anseio premente de libertação. Aquela agonia que crescia exponencialmente o maltratava, causando um mal-estar que nunca antes lhe fora dada a chance de teste. Seu descanso tornava-se cada vez mais insípido e a cada nova rodada de axiomas não resolvidos em seu âmago e que dispendiam de alteradas formas para tentar ganhar espaço, mais sentia-se moribundo e por muito pouco leviano com tudo o que estava em seu redor.

Quisera com todo fervor dar por finalizada todas as questões que submergiam sua implacável e fria raiva, a revolta em ter sido ingênuo e não ter podido ver que o mal, que não julgava chegar tão perto de si, se avizinhava em forma de sorrisos e pedidos falsos em uma dupla mesquinha e ambiciosa. Que a dor da perca de seus pais e o parricídio a molhar suas mãos de sangue o deixassem seguir em frente ao invés de o massacrar a cada segundo em que se punha a arrazoar sobre. Que todo aquele medo de permanecer em um isolamento eterno do resto do mundo se findasse a aceitasse de vez a sua sina. Ansiou por ver aquele tormento, que se dividia entre lados argumentativos que nunca poderia chegar a ignorar sob pena da culpa e da sensação de estar sendo ingrato, terminasse.

Mas não o conseguia.

Elevou suas mãos pálidas e de dedos longos até as suas têmporas, massageando-as com certa apatia, sentindo a dor aguda irradiar agourenta pelo seu rosto e pescoço, sintomas vívidos de que passara tempo demais sentado na mesma posição a se machucar por horas a fio após o jantar, naquela escuridão frígida e sem vida do laboratório, sequer se dando conta de que muito em breve a sua visitante passageira ali adentraria para mais uma madrugada onde seus esforços deveriam ser de valia ao seu intento cujo tempo era irrisório, mas que deveria servi-la.

Suspirou fatigado, pela última vez arriscando alcançar alguma nulidade mental para que pudesse serenar, fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás de modo que o teto arqueado se tornasse o único testemunho de sua aflição.

Houve resistência de início, mas algo naquela atmosfera abstrusa se modificara quase que por magia e aos poucos tudo pareceu menos pesado, a leveza ganha abrindo espaço para que se sentisse menos oprimido em sua redoma. Respirou com menos força e em sua inspiração suavizada se pôs a perceber as notas de uma fragrância nova e que nada se comparava ao cheiro dos livros ou dos reagentes químicos presentes no recinto e que sempre lhe davam a impressão de estar perdendo o olfato. Não era acrimonioso como uma página a oxidar com o tempo e a poeira, muito menos acerbo como um produto de ordem alquímica a exalar seus humores pelo ar. O semelhava sugestivamente com o perfume de uma flor estritamente rara, de nascimento complexo e de duração mínima vinda de longe, ao largo do mar mediterrâneo. O aroma frio e afetuoso beirava ao misticismo historicamente relegado a ela, levando-o com torpor para o estado de melancolia que principiava a lhe trazer um alento no mínimo convidativo.

A Flor Íris.

Lembrava-se de ter apreciado aquele aroma somente uma vez, quando seu progenitor trouxera de suas viagens uma pequena e iridescente flor de cor violeta dentro de um minúsculo terrário e que durara apenas o suficiente para que pudesse experimentar sua fragrância e vê-la viva.

Em um ímpeto momentâneo de curiosidade abrira os olhos vendo o fulgor da lua em seu ápice na abóbada celeste adentrar pelas claraboias do teto e espalhar seu brilho prateado por todo o ambiente, fenômeno que apenas acontecia em luas cheias, incidindo quase que por vontade e langor sobre aquela figura a caminhar espectralmente pelos corredores de bancadas absolutamente alheia a sua presença. Preto e branco moldavam-se perfeitamente naquela visão que aos poucos adquiria contornos etéreos e de sensível composição.

Seus cabelos negros sempre presos em tranças e coques apertados a lhe tolherem o movimento, naquele momento flutuavam longos e livres pelo ar, em uma sedosidade tentadora a escorregar pelos seus ombros estreitos e ganhar suas costas parando quase que convidativamente na curva onde seus joelhos mostravam-se abaixo das vestes, essas que quebravam um padrão conhecidamente usual para a época. A camisola branca de algodão não cessava sobre seus joelhos, estendendo-se para bem abaixo de seus pequenos pés resvalando ao chão quase como a cauda de um vestido a tremular. As mangas longas abraçavam seus braços criando ondas, estas que se mostravam ainda mais acetinadas quando erguia as mãos a sua própria frente. Mas era a sua silhueta gerada pela luminosidade que ressaltava a aqueles olhos visivelmente entorpecidos pelo abalo tudo aquilo que as pesadas camadas de roupas escondiam durante o dia.

A jovem banhada pela lua detinha um corpo não menos do que impressionante. As vestes largas de dormir geravam a curiosidade indolente que incitava-o a uma busca detalhada a cada mínimo movimento pelas curvas magníficas que se insinuavam em seu tronco, pernas, e costas, delineando talvez uma escultura de nobre e excitante feminilidade capaz de facilmente ensandecer o mais fraco dos homens se estes fossem contemplados a ver o que estava a fitar. No entanto, apesar do espetáculo noturno angariar contornos indecentes, vestígios de uma luxúria latente e reprimida não satisfeita, eram aqueles olhos estranhamente claros e o sorriso distraído que o espantavam de modo cativante, quebrando assim aquela alucinação sensorial ao qual se expôs.

A figura etérea de luz fulgurante era Loana, que em seu retorno vertiginoso a realidade observara-a sentar-se à bancada com um dos pesados livros a ser depositado sobre a superfície. Suas mãos livres abrindo-o com desvelo conhecido, pondo-se a procura pelo index no que precisava. Era como um anjo de porcelana a cuidar dos seus estudos sem de fato notar que estava sendo observada e indiretamente admirada por seu anfitrião visivelmente confuso.

Alucard rosnara baixinho cobrindo o rosto com as mãos de maneira frustrada. Como pudera ter aquele desvio de senso e se deixar enlear por tais caminhos criando para si um tumulto de despudor indevido? Seria somente o perfume dela que o deixara desvairado ou havia uma repressão sumária de sua parte em reconhecer que ela detinha um encanto ímpar? Estaria por tanto tempo se martirizando que precisava de um escape alucinatório tal como um bálsamo para se recompor mentalmente? Ou ainda havia dentro de si uma voz a lhe pedir por aquilo que decidira sumariamente odiar? Todas aquelas interrogações não tardaram por lhe fechar a expressão que outrora havia tido contentamento e suavidade. Não podia se enganar.

Com o passar do tempo, a lua deixara de incidir pontualmente acima dos céus trazendo de volta ao recinto a gélida penumbra que permitia que o brilho amarelado das velas aos poucos principiasse a ter maior destaque, granjeando espaço pela escuridão noturna. A magia temporária sendo levada para além, deslocando seus sentidos alterados para a realidade tangível. A jovem humana sentada ao longe como uma boneca ainda continuava sendo inoportuna para si, com suas respostas cheias de uma benevolência visceral e com suas obras de totalizada clareza. Se por um lado desejava rechaçar-lhe em todas as suas tentativas sutis de fazê-lo ver outras situações, por outro não se sentia apto a demonstrar tamanha indignação que ela provavelmente não merecia em sua sentença.

Observou-a com certo desdém, vendo-a parar de transcrever de súbito e apoiar sua mão em seu queixo como se pudesse ver algo por trás de suas pálpebras que ele não conseguia. A deixa que almejava se fez.

Ergueu-se de onde jazia ocultado por uma estante levemente torta para um dos lados o que lhe permitia ver sem ser incomodado. Viandou a passos lentos para mais próximo da bancada onde ela permanecia, estendendo a mão com languidez no ar de modo que ao passar seus dedos pelo encosto da poltrona em seu caminho pudesse puxar a pesada manta que ali se mantinha a postos para perto de si.  Contemplou, pelos últimos segundos que lhe restavam até estar frente a frente com ela, a forma como o seu rosto milimetricamente se movia. Ora entrevendo um pequeno sorriso, ora um vinco de dúvida, vendo-a abrir os olhos ao mesmo tempo em que parava, entretanto dessa vez com uma vivacidade diferenciada em seus orbes obscurecidos que semelhavam ter achado a solução para o seu óbice escondido.

Ela só não aguardava vê-lo tão próximo.

– Está a dar ares de ter achado uma resposta. – Murmurou olhando-a com veemência.

Seus olhos de cílios fartos arregalaram-se, o rubor que seria imperceptível naquele breu não acontecendo despercebido por ele que acompanhou as manchas escarlates formarem-se em sua pele pálida e assustada pelo seu aparecimento repentino. O fechar de braços por sobre os seios evidenciando uma vergonha incomensurável por ter sido pega no flagra a estar a andar por aí em suas vestes de repouso.

– E-e-eu e-estimei que já tinha se recolhido para dormir... Perdoe-me pelo meu deslize... – A afobação era tão viva a se demonstrar em seu gaguejar tremulo, que a consternação visível em seu pedido de desculpas por muito pouco não o fizera rir. Reação reprimida com irritação.

– A etiqueta deste tempo não lhe parece fazer falta. – Insinuara levemente mal humorado, estendendo-a a manta que de pronto fora segurada e passada por sobre seus ombros em movimentos desconcertados, cobrindo seu tronco esguio em um alívio virginal.

– A-almejo que possa me desculpar por tal ato por mais que não tenha sido intencional de minha parte, mas ficarei em silêncio quanto a sua afirmação sob pena de acabar me fazendo semelhar errônea ou impudica. – Deu de ombros em um estremecimento retraído da mesma forma que alguém culpado o faz, segurando as pontas da manta com uma das mãos ao mesmo tempo em que a outra recomeçava a labuta sobre a página. Não houvera menção de que tivesse se sentido agravada, e o tom da contraposição deixava claro que era muito adverso.

– De fato, todavia prefiro que me revele. – Redarguira sentando-se do outro lado da bancada, seus braços a se apoiarem firmemente na superfície dando suporte para que suas mãos segurassem o seu rosto em uma expressão de desafio. – Detesto omissões e para alguém que sempre tem uma resposta a ser dada, me desanima piamente que por um mero acaso seu constrangimento não a deixe redarguir à altura, milady.

Loana se estarrecera por alguns segundos, olhando-o como se estivesse escutando palavras erradas ou distorcidas, mas recuperou-se de sua hesitação e da ideia vergonhosa de lhe falar sobre tais assuntos. Se deveria ser franca, permaneceria em tudo. O leve suspirar advertindo ao meio-vampiro que a resposta viria de maneira adequada.

– Não... Na verdade, me observo tolhida pela etiqueta pregada atualmente. Não o que de fato é necessário e se precisa em outras ocasiões que se espera haver comportamentos e relações civilizadas. Mas...

A jovem parara de escrever. O rubor crescente em sua face denotando que a sentença que ajuizara se contornaria talvez esquisita se pronunciada em voz alta, e tão logo se viu naquele embaraço, calara-se. A questão não era natural para o andar da carruagem. Não desejava parecer algo da qual não era, mesmo já tendo noções claras de que os pré-juízos do loiro não eram os mesmos vistos no mundo fora daquele castelo.

– Diga. – Alucard segredara. – Não há outros ouvidos além dos meus.

– Talvez não seja proveitoso discorrer sobre isso... – Arriscou esquivar-se.

– Tente.

– Como desejar... – Inspirara bucólica. – Por favor não me entenda mal neste quesito..., no entanto às vezes tenho certas dúvidas sobre o verdadeiro desígnio de fazer com que os corpos alheios se tornem tão inconvenientes ou inaceitáveis apenas por estarem à mostra. Percebo a acuidade da questão de ser pudico e ter respeito pelos outros que não precisam ver principalmente a luz do dia e para aqueles com algum compromisso firmado perante outros e que precisam desta prova se for levada como tal, mas, por que até na hora de dormir? É algo aprendido e reaprendido por tantas gerações que me indago se tudo isso é para manter um costume ou só para reprimir o livre-arbítrio até de repousar como se quer... Ou eu aparentemente esteja aceitando aforismos desviantes do que a Igreja quer... Por fim...

– Interessante. – O loiro arqueara as sobrancelhas perturbado pela maneira direta como o apotegma dela se distanciava de tudo o que já havia visto e de todo preconceito e preceitos errôneos e enodoados que a Igreja utilizava para persuasão de seus fiéis. Havia um senso crítico admirável em suas expressões. – Mas o que ilustraria a sua reação se assim reflete?

– É algo simples... O que atinaria se me visse aparecer do nada a sua frente somente com as vestes noturnas sabendo de sua presença? – Indagara parecendo ainda mais rubra. – Que visivelmente eu estaria a apostar em uma tentativa esdrúxula de seduzi-lo... E claro... É o primeiro a me ver desta maneira...

Oh!

– Acontece, eu creio...

Ela dera de ombros depois de um olhar no ínfimo compreensível para ambos pondo um ponto final imaginário a conversação que prosseguia acertando seus alvos em algum nível daquele silêncio. O colóquio que cessara por um longo momento, dera espaço para que ela apenas anotasse o que achava ser de útil em seu livro de estudos, sendo acompanhada de perto pelo loiro a sua frente em uma observação prática de tudo aquilo que transcrevia com uma vontade ávida de colher o que pudesse no que lhe restava da noite. Fosse elementos totais ou parciais dos parágrafos difíceis e rebuscados ou escólios próprios com suas compreensões pormenorizadas e quase bem mais aceitáveis do que todas aquelas tentativas dos autores de erudir ainda mais o escrito.

Todavia pressentia que talvez necessitasse instruí-la a um nível mais alto do que apenas o que os livros teorizavam sobre a sua pesquisa, por mais relutante que pudesse parecer no que dizia a respeito de ajuda a humanos, ela precisaria. Detinha ciência satisfatória para que a jovem aprendesse rápido e pudesse desempenhar seu intento tão logo retornasse. Ainda era cedo demais para confiá-la a tudo o que sabia, mas seria útil conforme pudesse. Não repetiria o mesmo erro.

– Somente a teoria não irá lhe servir sobre o curso desse mineral. Requer prática e um pouco de técnica em destilação. – Ponderara assinalando com o dedo a margem do livro para que ela notasse a pequena figura indicativa. – É possível criar a base do que busca pelo meio da Aquae Vitae.

– Ah... – Murmurara um tanto quanto desnorteada. – ... Perdoe-me pela ignorância, mas não sei para onde irei a princípio.

– Venha.  Lhe mostrarei como fazê-lo.

Erguera-se do lugar que havia ficado andando lentamente para a bancada a esquerda onde jaziam todos os elementos fossem materiais ou instrumentais que precisaria para que a produção de tão afamada substância medieval fosse possível. Separou com cuidado e nomeou os objetos de um por um para que ela os conhecesse e pudesse identifica-los quando tomasse para si o hábito de testar suas próprias dúvidas alquímicas sem que ele estivesse presente. Explicou-lhe sobre a operação daquele tipo de substância e como havia sido batizada anteriormente, e preparando-se sem mais demoras, discorreu com leveza e excepcionalidade sobre as fases do preparo ao qual seria observado, esperando logo após que a jovem Loana se acomodasse a uma distância segura, de maneira atenta para que não perdesse nem mesmo a arranjo dos líquidos em seus outros recipientes.

Dentre os vapores característicos a tremeluzirem pelo ar e as reações coloríficas que muitas vezes derivavam em pequeníssimas explosões sob controle, Loana maravilhava-se a cada instante pela forma como se conduzia tais mudanças, tentando como lhe era devido guardar tudo o que via e ouvira com detalhes para serem usados como exemplo em outra ocasião. Seguia as mãos de seu anfitrião como se estas fossem um sinal divino a lhe mostrar o passo a passo de uma cura – que o era o início de fato – concreta para o que acometia sua avó, agradecendo internamente por poder ter recebido a oportunidade de instruir-se e usar disso para fazer o bem a quem lhe fosse de encontro.

Nas idas e vindas do que era feito, Alucard apreendera pela primeira vez o quanto aquelas pequenas coisas que para ele pareciam naturais, o eram de grande reluzir como diamantes sob os olhos dela, faiscando em uma esperança que julgava nunca mais ver.


Notas Finais




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