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História Das Cinzas. - Grite!


Escrita por: StarBoy_

Notas do Autor


Adrian.

Capítulo 3 - Grite!


– Após o que aconteceu, eu apenas voltei para meu apartamento, tremendo em choque. Entrando nele, fui diretamente para meu quarto, onde me deitei e fechei os olhos, torcendo para acordar no dia seguinte e perceber que tudo foi um sonho, mas eu não consegui dormir. Algo dentro de mim continuava ardendo em fogo, me dizendo o que fazer, me dizendo para fugir. De quem eu deveria fugir exatamente? Com essa dúvida, voltei a me levantar. Me olhar no espelho foi uma péssima ideia, ver minha roupa rasgada pelo asfalto e meu rosto sujo de sangue não foi a melhor imagem que poderia ver. Eu comecei a me tocar em cada lugar, principalmente no rosto. Eu não sentia nada, não sentia a dor dos cortes em minha pele feitas pelo asfalto, ou os ossos quebrados pelo impacto do caminhão, tudo parecia estar novinho em folha, apesar do sangue e da roupa.


– Era minha calça favorita! – Reclamo ao notar o enorme rasgo na coxa que havia nela.


Apesar de tudo, eu comecei a rir. Pela primeira vez tudo estava diferente, mas ainda assim continuava não fazendo sentido, como sempre. Porém algo ainda estava ali, eu sentia algo novo agora. Não era como uma piada, mas era um sentimento bom, algo que não sentia há anos. Eu não sabia ou entendia o que estava havendo, mas sabia que alguma parte de mim sim, e se algo dentro de mim sabe o que está acontecendo, eu iria buscar essa resposta.


Troquei de roupa e comecei a fazer as malas, pois eu teria uma longa jornada para me entender melhor. Quando digo malas, eu apenas coloquei duas trocas de roupa na mochila junto de meu laptop e fui embora, sem saber para onde. Eu tinha dinheiro para sobreviver por um tempo, já que eu não gastava muito com o apartamento, ou com roupas ou com nada, então sempre ficava uma quantidade relativa de dinheiro sobrando para fazer qualquer coisa, algo que nunca fazia. Eu não sabia como iria ser quando tudo acabasse, mas algo me chamava no horizonte, eu precisava saber o que eu era. Antes de sair de casa, dei uma boa e última olhada no espelho, sorrindo e indo em direção a porta e saindo após abri-la.


Com a mochila nas costas e um sorriso, comecei a caminhar. Meu sorriso se desfez quando eu passei em frente ao local onde morri, e levei outras vidas junto da minha. O local não estava monótono, já estava formando uma multidão de pessoas aparecendo, sem entender o porquê de ter carros queimados no meio da rua e provavelmente alguém iria checar as câmeras do trânsito, vendo a suposta explosão que ocorreu junto da minha morte e ressurreição.


Enquanto andava, pude ouvir uma música bem alta vindo de algum lugar.


– Provavelmente é uma boate. – Pensei comigo mesmo.


Como eu disse, eventualmente passei perto de uma boate, que estava com uma fila e um movimento bem grande. Eu não pensei em entrar nela, seria divertido festejar, mas festejar sozinho parece uma ideia bem mais deprimente.


Num beco próximo à boate, do outro lado da rua, pude ouvir um riso  másculo e malicioso, seguido por uma voz feminina que soava com um tom de raiva. Minha curiosidade e preocupação falaram bem mais alto no momento e eu tentei enxergar o que estava havendo. Era um homem por volta de quarenta anos, encoxando uma jovem. Ela estava tentando empurrar ele para longe dela e pedindo que ele parasse. Eu podia imaginar o que iria acontecer, ou poderia acabar ainda pior. Eu sabia que tinha que fazer algo.

   Atravessei a rua, chegando no beco e chamando a atenção do homem, que olhou para mim assim que me aproximei.

   – Solta ela! – Ordenei-o num tom sério.

   – Cai fora, garoto! – Ele responde. – Se você quer uma, vai achar a sua. – Ele ri num tom de deboche e volta a olhar para ela, tentando tocá-la.

   – Mas o que? – Pergunto para ele, sem entender o que ele estava insinuando.

   Foi inevitável não ficar com raiva, as coisas que ele dizia, o tom de embriaguez e as risadas maliciosas juntas dos olhares de terror da mulher, que por mais que tentasse se manter forte, sabia que ela não seria mais forte do que um bêbado descontrolado. Ela tentava empurrar suas mãos que insistiam em tocá-la onde não deveriam.

   – Eu disse para soltar a moça! – Insisti, fechando meus punhos e encarando o homem, que a soltou e caminhou até mim, me segurando pela gola.

   – E o que você vai fazer, uh?

   Naquele momento ele estava certo, eu não sabia o que fazer. Eu não era dotado de músculos, tampouco um prodígio em artes marciais, não sabia lutar e provavelmente morreria. Antes que pudesse falar algo, eu tive uma sensação estranha, aquela mesma sensação que antes havia me dito o nome "Fênix", agora voltou bem mais forte, como se alguém estivesse falando atrás de mim, perto de minha orelha.

   – Grite! – A voz misteriosa sussurra.

   – Uh? – Questionei, sem entender.

   – Eu perguntei o que você vai fazer, seu imbecil! – O homem volta a falar.

   Sem muita escolha, fecho meus olhos, puxo um bocado de ar, estufando o peito e logo soltando o ar em todo o grito que saiu de mim. Através de seus olhos, pude ver uma luz amarelada, que sabia que vinha de minhas pupilas, que haviam mudado de cor e, por algum motivo, brilhavam. Sua expressão de malícia se transformou em medo e meu grito, que antes era apenas som, se tornou uma forte rajada de energia, que empurrou o homem para trás, bem longe. Meu grito foi capaz de lançar um homem há no mínimo dez metros de distância de mim.

   Ao perder o fôlego, toda a energia se foi e eu voltei a respirar, parando o grito. O homem se levantou, horrorizado e então saiu correndo, sem entender nada. A mulher, que antes temia seu fim, agora estava com muito mais medo de mim, mas claramente aliviada.

   – Sabe, você não deveria andar nessas ruas tão tarde, principalmente sozinha. – Disse para a mulher, que estava com um vestido curto e avermelhado, com algumas flores na ponta.

   – Eu… – Ela murmura. – Não é como se eu precisasse de um homem para me proteger! Eu sei me defender.

   – Bom, tecnicamente precisa, se não quiser ser a próxima garota a aparecer nos jornais, encontrada morta num beco.

   Voltei a caminhar, porém agora não estava sozinho, a mulher começou a me acompanhar.

   – O-O que foi aquilo? Como você fez isso? – Ela começa a questionar.

   – Eu também não sei. De qualquer forma, aquele homem não vai te incomodar mais!



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