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História Dasein - Capítulo 4


Escrita por: ladylocksley

Notas do Autor


Olá, gente!
Trouxe mais um capítulo. Espero que estejam gostando. 💜

Capítulo 4 - Capítulo 4


“O que será dele quando você morrer?” Robin finalmente se manifestou, depois de passar alguns minutos apenas encarando Regina, que estava sentada no chão da sua sala, enquanto alimentava o seu bichinho de estimação.

“Sério que está usando ele para tentar me convencer a viver?” Ela sabia que esse não era o ponto, mas não queria discutir com Robin a respeito disso. Queria tanto provocá-lo que não pensou que logo não estaria mais entre eles para cuidar do seu bichinho.

“Ele tem sentimentos, você sabia?” Mills resmungou. Ela ergueu seu olhar e encarou o homem. “Acredito que ele é seu único herdeiro.” A morena até tentou, mas não conseguiu segurar o riso. O macaco se agitou no colo dela, mas ela o segurou, impedindo que ele fugisse. Não queria ter que correr atrás dele novamente. Quer dizer, não foi exatamente ela, tinha sido Robin. Ele saiu correndo pela casa e só parou quando Robin usou algum truque de magia para pará-lo.

“Sim, ele é! Só lamento por não ter muito o que deixar.” Compartilharam um sorriso. “Antes de morrer, procurarei um lar decente para ele. Ou você pode ficar com ele.” O encarou com os olhos pidões. Era quase impossível resistir àquele olhar pidão, mas teria que dizer não. Criar um macaco estava fora de cogitação.

“Não!”

“Por favor!”

“Sinto muito, Regina. O máximo que posso fazer é ajudá-la a encontrar um lar para ele.” Ela suspirou, assentindo com a cabeça. “Você vai desejar uma acompanhante? Partiremos em uma semana.”

“Não preciso, Robin. Não sou uma moça ingênua. Sou imortal e nunca me casei. Não acho que as pessoas pensem que ainda sou uma moça intocada.”

“Por que nunca se casou?” Ela deu de ombros.

“Nunca quis me envolver com ninguém romanticamente, por mais que alguns tenha balançado meu coração. Aí, seu danadinho.” Robin riu quando o macaco acabou mordendo o dedo dela ao invés da banana. “Quando eu era mortal, meus pais estavam desesperados para me casar com alguém do vilarejo. Aceitaria, porque não tinha muita escolha.” Robin saiu do seu lugar, andando até ela e sentando-se no sofá próximo da morena. “Quando eu virei imortal, decidi pensar mais em mim. Não queria me casar e disse isso para eles. Expliquei todos os meus pontos e eles acabaram aceitando.”

“Vejo que a imortalidade te serviu para algo.” Ela lhe deu um sorriso. Robin estava realmente engajado em fazê-la mudar de ideia. Por que ele se importava tanto com ela? Regina se perguntava isso desde quando ele pediu para que ela passasse um tempo com ele.

“Não posso negar, mas isso não anula o fato de ter me prendido a uma vida chata.” Ela descascou mais uma banana, entregando ao animal. “Bem... depois disso eu nunca quis me casar. Conheci alguns rapazes e só. Foi o suficiente, eu acho.” Ela franziu o cenho de forma engraçada. Robin entrelaçou aos mãos, tentando controlar a vontade que sentiu de tocar a testa dela e desfazer a ruga que apareceu no lugar.

“Acho que você acabou deixando muitos rapazes de coração partido ao longo dessa jornada.”

“Acho que sim!” Eles sorriram novamente. Os momentos de trégua que compartilhavam era sempre bom. Apesar de conhecer ela a pouco tempo, Locksley gostava da sua presença. O assunto com ela parecia fluir com muita facilidade. Claro, quando ela queria que acontecesse e não estava tentando irritá-lo.

“O que você fazia no castelo?” Com uma sobrancelha arqueada, ela o encarou. “Desculpa, não quis ser invasivo.”

“Tudo bem, estava apenas me divertindo as suas custas.” Seus olhos brilharam em diversão. “Eu era tipo um escudo para a coroa. Resolvia qualquer tipo de conflito que pudesse acabar em derramamento de sangue.” Robin percebeu a tristeza que tomou conta do olhar dela.

“Você não gostava?”

“Me sentia usada e sem importância. Não somos imunes a dor. Me machuquei em muitas missões.” Buscou o olhar dele para ter certeza que Robin estava ouvindo-a. Quando notou o interesse nas íris azuis, continuou. “Continuei servindo a coroa porque as missões me proporcionavam um pouquinho de diversão e perigo. Não consigo explicar o que me fez permitir que eles me usassem dessa forma.”

“Você se sentia útil.” Ela assentiu. “Fazemos qualquer coisa para garantir um pouco de utilidade.”

“Não deveria ser assim!”

“Não, não deveria. Essa cicatriz no seu lábio foi em uma missão?”

“Sim!” Ela tocou o lábio. Locksley apertou as mãos, ainda entrelaçadas, impedindo sua mão de se mover e tocar o lábio dela. Ele queria beijá-la ali, naquele mesmo lugar e dizer para ela que apesar das lembranças que aquela pequena marca trazia, acabou deixando-a ainda mais encantadora. Mas ele não disse nada, permaneceu calado e esperou que ela lhe contasse a história por trás da cicatriz.

“Não foi nada heroico, nada nesse trabalho tem um toque de heroísmo.” Ela sorriu sem jeito. Robin percebeu que ela estava mudando de assunto, talvez não quisesse lhe contar. Seria lembranças dolorosas?

“Você já deu um nome para ele?” Ela ficou atordoada com a mudança de assunto, mas logo sorriu agradecida por ele ter respeitado o seu silêncio.

“Macaquinho?” Robin gargalhou.

“Quanta originalidade, senhorita Mills.”

“Escolha você, então, senhor criatividade.” Robin encarou o bichinho, que se agarrava a Regina como se ela fosse a sua mãe. Ele era tão pequeno e indefeso, os olhos escuros como a noite, assim como o pelo. “Pode ser Lilo?”

“Lilo?” Ela encarou o macaco. “Você gosta de Lilo, macaquinho?” O animal levantou a cabeça quando ouviu a voz dela, encarando-a com os olhos arregalados. “Isso é um sim? É um sim, não é? Então seu nome será Lilo.”

“Ah, Regina! Você não poderá levá-lo para o baile.”

“Por que não?” O tom de voz era ressentido. Robin suspirou.

“Você não terá tempo de cuidar dele.”

“Ele irá me fazer companhia, um baile não dura um dia todo. Não quero ficar sozinha no meio de um bocado de estranho.”

“Eu estarei lá, Regina.”

“Você ainda é estranho para mim.” Apertou os lábios. “Nem sequer me disse do que se trata esse baile e porque você tem que ir acompanhado.” Ela sentiu o corpo dele enrijecer e não gostou da sua reação. Independente dos motivos, Regina sabia que não estava indo para um lugar tranquilo, e que aquilo ia além de um simples baile. “Robin?”

“Sim?” Ela bufou. Ele estava ignorando sua pergunta. “Na hora certa você saberá! Enquanto isso, se divirta com o seu macaco.” Ele levantou. Antes mesmo que ela pudesse protestar, Robin já havia desaparecido.

Um grito a fez levantar um pouco atordoada. Nunca teve o sono leve, estava sempre em modo de alerta. Regina tateou a cama, atrás de Lilo, mas ele não estava ao seu lado. Pulou da cama, tentou se adaptar a escuridão do quarto e andou tropeçando até a porta. Assim que abriu, ela saiu para o corredor. Esperou por qualquer outro grito, mas a mansão estava em silêncio. Droga, onde estaria aquele danadinho que ela resolveu comprar só para aborrecer Robin? Já estava se arrependendo. Lilo dava mais trabalho do que ela imaginava. Regina deu alguns passou para longe da porta do seu quarto e pode ouvir a voz de Robin. O quarto dele era no finalzinho do corredor. Ao passo que ela se aproximava, podia ouvi-lo praguejando.

“O que você estava fazendo aqui, seu... seu... Droga, Regina!” Ela encolheu os ombros. Péssimo lugar para Lilo resolver se enfiar tarde da noite. Ela conseguia ver a luminosidade por baixo da porta, Robin deveria ter acendido os candelabros, após ter seu sono interrompido. O macaco fazia barulhos infernais, parecia estar se divertindo as custas de Robin. Regina reprimiu um sorriso e bateu à porta. Não obteve resposta. Bateu novamente. Nada.

“Que se dane!” Ela girou a maçaneta e entrou de supetão, sendo surpreendida por um Robin seminu correndo atrás de Lilo.

“Vou matá-lo, seu pequeno demônio.” Mills começou a rir. Robin notou sua presença. “Vou matá-la também. Esse bicho infernal invadiu o meu quarto.” Ele bufou. “Você deveria mantê-lo longe de mim, esse foi o combinado.”

“Não combinamos nada.” Assim que ouviu a voz de Regina, Lilo correu para ela, escalando seu corpo até que estivesse aconchegado nos braços dela. “Estou aqui meu bebezinho.” Robin soltou um grunhido irritado.

“Leve-o daqui!” Buscou seu olhar e ele estava visivelmente transtornado.

“Você realmente não gosta de macacos?” Tombou a cabeça de lado, encarando o homem.

“Não!” Disse ríspido. “Eles são bagunceiros. Odeio bagunça!” Passeou com o olhar por todo o seu quarto, estava uma zona. Ainda sim, conseguiu notar o quanto aquele lugar era um pouco intimidador. Tinha uma enorme cama de casal no meio. Uma escrivaninha do lado oposto da janela. Uma enorme estante de livros. Uma porta que certamente levava até o lavabo, outra que dava para a varanda. Um enorme guarda-roupa preto. Aliás, tudo ali era em tons escuros. Mills encarou Robin e só então percebeu que ele a analisava em silêncio. Seu olhar desceu pelo seu peitoral nu e ele pigarreou, fazendo-a olhar nos seus olhos. “Você pode, por favor...”

“Ah, claro!” Sentiu suas bochechas esquentarem. “Sinto muito pela bagunça. Posso arrumar se quiser.”

“Não precisa! Mantenha esse monstrinho longe de mim.” Sorriu, acariciando o pelo de Lilo.

“Está bem! Lembre-se que ele pode ser bem pior se você me irritar.” Ele bufou. “Boa noite, Robin!”

“Boa noite, Regina!” Ela deu um sorrisinho e virou as costas, mas ainda pôde ver uma faísca de diversão tomar conta dos olhos azuis. Ele era um homem que carregava uma tensão nos ombros, mas se deixava relaxar quando estava perto de Regina. Ela parecia uma criança, e com aquele macaco ao lado... Céus, ela era divertida e, estranhamente, ele gostava de como a alegria dela o contagiava.

Depois de uma longa e exaustiva viagem, finalmente haviam chegado ao destino desejado. Locksley estava tranquilo durante o caminho todo. Brigaram durante as primeiras horas de viagem. Regina reclamava da falta que Lilo faria a ela. Robin apenas respirava fundo e se mantinha em silêncio, cansado do falatório da mulher. Eles também conversaram muito, se conheceram um pouco mais e Regina dormiu na maior parte do caminho. O mago se perguntava como ela conseguia dormir com tantos solavancos que a carruagem dava. Ele desejou ser como ela, mas não conseguia pregar o olho. Enquanto ela dormia, ele refletia sobre a sua visita até o Templo Dos Magos. Não seria fácil, mas ele era obrigado a participar daquilo ano após ano. Dessa vez tinha que manter uma atenção redobrada, Regina era sua protegida e teria que ter cuidado para que eles não a usassem de forma deliberada. Talvez ela descobrisse um jeito de matá-lo quando descobrisse qual o seu papel assim que eles descessem da carruagem.

Mills notou a mudança de postura de Robin assim que ele mostrou para ela a imensa construção. De um lado, tinha uma mansão enorme, parecia um castelo. Do outro, um templo, que Robin informou que pertencia aos magos. Ela não conhecia o lugar e estava feliz por ter o que fazer durante a sua estadia. Exploraria cada canto daquele lugar, enquanto Robin resolvia os seus problemas.

Quando eles desceram da carruagem e se encaminharam até o homem posto em frente a porta, certamente para receber todos os convidados, a mulher sentiu todo o corpo de Robin enrijecer. Ele mantinha seu braço bem grudado ao dela, como se tivesse medo que ela fugisse. No entanto, ambos sabiam que ela não fugiria. Robin estava a protegendo do homem parado na porta. Ela sentiu um calafrio percorrer por todo o seu corpo. Em que diabos ela estava se metendo?

“Locksley!” Ele cumprimentou. O homem tinha cabelos pretos e bem sedosos. Os olhos azuis, iguais os de Robin, e o sorriso que ele dava era deveras assustador. Era um homem bonito, mas Regina logo soube que a beleza não se estendia ao caráter.

“Colter!” A rispidez na voz do loiro não passou despercebida por Regina. A morena acompanhava a batalha que eles travavam apenas com o olhar e suspirou com toda aquela demonstração exagerada de testosterona. Ela pigarreou, chamando a atenção de Robin e ele a encarou, sorrindo de forma encantadora. Ela franziu o cenho, confusa com toda a mudança de humor daquele homem. “Regina, esse é Daniel Colter, o mago responsável pela manutenção do templo.”

“Prazer em conhecê-lo!” O homem buscou a mão dela e depositou um beijo no dorso.

“O prazer é todo meu!” Ele tinha um sorriso sujo nos lábios e Regina teve que se segurar para não revirar os olhos. Robin precisava estar naquele lugar, ela não podia dificultar a sua estadia. Nem a dela. Iria se manter cordial, talvez no último dia naquele lugar, pudesse dar um soco naquele sorrisinho convencido que Daniel mantinha nos lábios, como se fosse o próprio Zeus. “Ela é sua...”

“Se não for incomodo, gostaria de levá-la para descansar.” Cortou Robin. “A viagem foi longa.”

“É claro!” O seu quarto é o de sempre, Robin. Assim que deu passagem para o casal, eles passaram por ele. “Mandarei entregarem suas bagagens em dois minutos.” Robin não respondeu, apenas continuou andando com Regina.

A morena aproveitou para observar a casa. Era bastante luxuosa e parecia ter mais cômodos do que o necessário. Robin teria que fazer uma tour com ela assim que descansasse ou ela iria sozinha. Eles subiram uma imensa escadaria, que dava até o segundo andar. Depois subiram mais outra, até o terceiro andar e entraram no último quarto do corredor. Robin fez o caminho todo em silêncio. Apesar de ter inúmeras perguntas na cabeça, Regina resolveu respeitar o silêncio do mago. Ele tinha uma história conturbada com o tal Daniel, ficou notório.

“Só tem uma cama?” Foi a primeira coisa que ela percebeu assim que entraram no quarto. Era um lindo quarto, mas toda a beleza não adiantava quando tinha apenas uma cama. Onde ela dormiria? Locksley suspirou, soltando o braço dela e andando até a janela do cômodo. Pela janela ele podia ver mais carruagens chegando. Seria um longo dia. Se trancaria no quarto até o jantar. Não precisava encarar todas aquelas pessoas antes. Eles sabiam que sua presença ali era apenas pelo templo. Era um mago e tinha suas obrigações. Todavia, socializar com um bando de mago que queria apenas seus livros antigos, não era seu programa favorito. “Robin?”

“Você pode ficar com a cama!” Respondeu, sua atenção ainda voltada para a janela.

“Onde você vai dormir? Não podemos pegar outro quarto?” Ele suspirou, girando o corpo para encará-la. Estava na hora de dizer qual o papel dela em toda aquela festa. Ele a encarou por alguns segundos, buscando uma maneira melhor de iniciar o assunto. Ela ficaria possessa, mas entenderia. Teria que entender. Ele estava ajudando-a. Mills podia fazer o mesmo, certo? Robin esperava que sim. A mulher esperou, impaciente, e quando a voz dele ressoou pelo ambiente, ela imaginou não ter ouvido direito. Mas sua audição era perfeita, ela tinha ouvido perfeitamente bem.

“Eles pensam que você é a minha esposa.”

Parado a alguns centímetros de distância dela, Robin esperou que ela lhe golpeasse o nariz mais uma vez. Temeu que ela descesse até o salão e dissesse para todos que não era esposa dele, que estava ali praticamente forçada, porque precisava dos serviços de mago dele. No entanto, Regina soltou um bocejo de indiferença, andou até a cama e se enrolou no lençol. O semblante dela era de puro cansaço. A morena dispensara até mesmo o banho. Ele a entendia bem, estava bastante cansado também. Quando pensou em questionar se ela não diria nada a respeito, Locksley percebeu que Regina já estava rendida ao sono. Ainda confuso, ele desabou na primeira poltrona que encontrou e dormiu, não tão confortável quanto ela, mas foi o suficiente para descansar o seu corpo para o jantar que lhe esperava logo mais a noite.

Quando despertou horas depois, seu olhar foi diretamente para a cama. Apesar da penumbra, conseguiu enxergar o corpo de Regina em cima da cama. Ela ainda dormia tranquilamente. Ele levantou, se espreguiçou e decidiu tomar um banho em outro cômodo. Apesar de a companhia dela ser indispensável no jantar, não queria acordá-la. A viagem tinha sido longa. Pararam apenas algumas horas em uma estalagem de beira de estrada para trocar os cavalos e alimentar Regina. Jamais interromperia o sono dela e a obrigaria a socializar com seus velhos conhecidos. Existia apenas uma pessoa que Robin desejava apresentá-la e essa mesma pessoa emprestaria o seu lavabo para que o barulho não atrapalhasse o sono da sua... amiga? Sim, ele sentia como se ela fosse uma amiga, mesmo que a aproximação deles tivesse acontecido de outra maneira.

Horas mais tarde, ele estava andando em direção a sala de estar, onde se reuniriam antes do jantar. Ainda era cedo, muitos magos estavam nos seus respectivos quartos. Regina também. Ele passou pelo quarto e ela ainda estava dormindo tranquilamente. Os 4 dias de viagem acabaram com a energia da mulher. De qualquer forma, ele ainda estava receoso da reação dela em mentir sobre ser sua esposa. Robin não sabia o que esperar dela e talvez fosse melhor que ele revelasse toda a verdade para os outros magos. Ele não sustentaria a mentira para sempre, ainda mais quando Regina morresse.

“Robin!” A voz de Colter o fez revirar os olhos. Locksley suspirou, cessou seus passos e virou o corpo para encarar o homem. Ele vinha na sua direção, afastando-se dos demais. “Tem um minuto?”

“Se eu dissesse que não, você falaria da mesma forma.” Resmungou. Daniel lhe lançou um sorriso cínico. Robin enfiou as mãos nos bolsos, esperando que o homem dissesse o que queria. “Você pensou na proposta?”

“Não sei de que proposta está falando.” Robin sabia exatamente do que se tratava. Era sempre a mesma proposta e ele sempre recusava.

“Ah, vamos lá, Locksley! Você está apenas retardando o inevitável!”

“Não estou retardando nada. Não tenho intenção de morar nesse lugar, muito menos assumir o templo e compartilhar tudo que é meu.” Ele arqueou uma sobrancelha. Daniel suspirou impaciente. Tinha sempre que manter o controle para não se atracar com aquele homem irredutível. Ele não se importaria de arrancar um sim de Robin à força. Tentaria persuadi-lo durante os dias que estivesse ali, mas se não obtivesse resultado, mudaria para uma abordagem mais agressiva. E ele sabia exatamente a quem recorrer.

“Darei tempo para que pense.” Antes que Robin retrucasse, o homem continuou: “Cadê a sua bela esposa?” Robin tentou relaxar com a pergunta, mas era impossível. Droga, Regina não era sua esposa. Ele sempre fora péssimo mentiroso. Por que se submeteu a isso? A resposta era óbvia, mas, mesmo assim, Locksley se arrependia pela mentira que ficava cada vez mais difícil sustentar. Ele varreu com o olhar pelo salão, desviando do olhar acusatório de Daniel. O mago a sua frente logo descobriria que ele estava mentindo, era melhor esclarecer tudo de uma vez. Voltando seu olhar para Daniel, Robin percebeu que ele encarava alguma coisa por cima dos seus ombros, um tanto embasbacado. Locksley girou o corpo e se sentiu tão embasbacado quanto Daniel. Regina andava na sua direção, com um lindo sorriso no rosto. Usando um vestido vermelho, que lhe caia perfeitamente bem, ela chamava a atenção de todos na sala. Os cabelos estavam soltos e Robin sorriu. Teria que providenciar uma criada para ajudá-la a arrumar o cabelo. Apesar que ele preferia solto. Mas pelo pouco que conhecia sobre Regina, ela seguiria todas as regras do decoro, era uma mulher da corte, e preferia o penteado digno de uma senhora.

“Desculpa a demora, querido!” Ela tocou o braço de Robin, sem desfazer o sorriso no rosto. O homem franziu o cenho, olhando intrigado para ela. Regina fingiu ajeitar o colarinho dele e depois desviou seu olhar para o homem a sua frente. “Boa noite, senhor Colter! Espero não ter me atrasado. Acabei dormindo além da conta e meu marido...” Desviou o olhar para Robin. “Preferiu me deixar descansando.” Regina ouviu Robin suspirar aliviado.

“O jantar ainda não foi posto.”

“Que alívio!” Regina sorriu. “Gostaria de uma bebida, amor, você me acompanha?”

“É claro! Com licença, Daniel.” Regina segurou no braço de Robin e os dois se afastaram de Colter.

“Droga, Robin! Preciso de uma criada para me ajudar com o cabelo. Foi um sacrifício me vestir sozinha. Espero que meu adorado marido não se importe com o meu penteado.” Ele sorriu com o sarcasmo dela.

“Você está linda!” Ela corou, evitando o olhar dele. “Não me importo com o seu cabelo, está lindo assim.”

“Obrigada!” Disse, assim que chegaram na mesa de bebida. Robin agradeceu por finalmente poder olhar nos olhos dela. “Eu preciso saber o que está acontecendo.”

“Explicarei, mas não aqui. Irei levá-la para passear amanhã e conto tudo que quiser.”

“Tudo bem!” Ela pegou a taça de vinho que ele lhe ofereceu. “Não gosto do seu amigo.”

“Ele não é meu amigo.” Rosnou. “Fico feliz que a minha querida esposa não goste dele assim como eu.” Mills sorriu.

“Espero que a partir de agora você seja mais transparente comigo. Poderia ter me dito antes.”

“Não imaginei que ia reagir tão bem, esperei que me desse outro soco.” Ela lhe deu um sorriso tão lindo que Robin sentiu seu coração bater acelerado.

“Bem, eu gosto de brincar as vezes.” Ela agarrou o braço dele novamente. A camada de roupa que cobria seu braço, não impediu dela sentir o calor que irradiava dele. Robin era tão forte que ela desejou por um segundo visualizá-lo sem aquelas roupas incômodas. “Agora, meu marido.” Sussurrou próximo ao ouvido dele, ciente de que estavam sendo observados o tempo todo. “Leve-me até a mesa de jantar. Estou faminta.” Locksley sorriu com a atuação dela. Ela sentiu sua pele arrepiar com o olhar que ele lhe dera. Enquanto andavam até a mesa de jantar, ela só conseguia repetir mentalmente que aquilo não passava de fingimento.

Uma coisa que Regina aprendeu, com tantos anos de existência, foi observar as pessoas e o clima do ambiente que frequentava. E bastou apenas um segundo ao lado daquelas pessoas para ela perceber que Robin era alvo de interesse coletivo. Apesar de tentar se manter sereno, Regina conseguia perceber a tensão no seu corpo. Ele não participava das conversas, não fazia questão de ser gentil com ninguém. As vezes, enquanto comiam, ele olhava para ela e sorria, perguntava alguma coisa ou outra sobre a refeição e fingia ser um marido devoto da falsa esposa. Cada gesto dele era monitorado, e sendo a esposa dele, seus gestos recebiam o mesmo tratamento. Mills estava curiosa, queria que Robin matasse a sua curiosidade e dissesse o que aqueles magos queriam dele.

Quando Daniel levou Robin para longe dela, junto com os outros convidados, Regina quis segurar na mão de Robin e arrastá-lo para outro lugar onde ele poderia voltar a ser o homem que ela conheceu dias atrás. Ele ficava diferente naquele lugar, vestia uma armadura impenetrável. Ela não gostava daquele Robin acuado, preferia o que lhe desafiava, que se mostrava muito bem confiante. Desejava aliviar a tensão dos ombros dele, no entanto, o que poderia fazer? Não o conhecia bem, era apenas a maldita esposa dele. A falsa esposa. E se fingir era sua única forma de ajudá-lo, faria isso com o maior prazer.

Regina suspirou, tomando um gole do seu vinho, enquanto fingia não notar os olhares das senhoras na sua direção. Robin era o único mago que não era casado. Bem, ele e Daniel. Queria poder voltar para o seu quarto e descansar, mas não podia. Quando o jantar acabou, as senhoras se separaram dos seus maridos e se reuniram na sala azul. Ela percebeu a aflição de Robin quando teve que deixá-la e agora, ouvindo elas sussurrando a respeito dos dois, Regina soube do que ele tentara protegê-la. Apreciou o gesto do loiro, todavia, não se deixaria intimidar por um bando de mulheres curiosas.

“Regina?” Os olhos castanhos se ergueram e ela viu uma mulher de estatura baixa, os olhos azuis como o céu, cabelos loiros e uma expressão tão angelical que Regina por um instante imaginou que estivesse diante de um anjo. “Ou você prefere senhora Locksley?” A moça piscou divertida e Mills não conseguiu não sorrir. “Sou Diana. Diana Bishop.”

“Pode me chamar de Regina.” A morena sorriu. “Gostaria de me acompanhar?”

“Adoraria.” Ela se acomodou ao lado de Regina. “Robin pediu que eu viesse.” Mills ficou em silêncio, esperando que ela explicasse com mais clareza a sua presença. “Ele é... meu irmão!”

“O quê?” Regina se arrependeu na mesma hora de suas palavras. Não deveria estar espantada com o parentesco. Como companheira de Robin, era esperado que ela soubesse que tinha uma cunhada. “Quer dizer, eu sabia, apenas não... imaginei que fosse você.” Diana se divertiu com o embaraço dela.

“Eu sei de tudo, Regina. Meu irmão me contou quando esteve no meu quarto mais cedo para usar o lavabo.” Mills suspirou aliviada. “Somos irmãos, mas eu uso o Bishop da minha mãe e não o Locksley do meu pai.”

“Entendi!”

“Não acredito que você queira saber sobre a árvore genealógica da família. Robin lhe contará tudo que precisa saber, meu dever aqui é apenas mantê-la longe daquelas cobras peçonhentas.” Ela olhou para as mulheres do outro lado da sala e fechou a cara. Regina tinha conhecido algumas delas no jantar. Rose era esposa de Killian, um mago com aspecto arruaceiro. Mary era a esposa de David, apesar de ser um casal silencioso, Regina não se deixou levar pelo ar inocente dos dois. Aurora era uma moça muito bonita, era impossível não notar, mas a forma desprezível que ela olhou para Regina fez todo o corpo da morena arrepiar. Não chegou a conhecer o marido dela, Locksley não permitiu e instruiu para que ela ficasse longe dele e de Daniel. Como se fosse possível, a menos que ela vivesse acompanhada por um guarda-costas ou por Diana. E bem, tinha outros magos que ela sequer recordava o nome.

“Você também é uma maga?”

“Não, sou uma tecelã.” Mills franziu o cenho, não fazia a mínima ideia do que significava ser uma tecelã. “Crio meus próprios feitiços. É um pouco complicado, você não iria querer se aprofundar no assunto.” Ela jogou os cabelos loiros para trás. “Robin me fez desmanchar meu penteado por sua causa.” Diana sorriu. “Mandarei uma criada para você assim que possível.”

“Obrigada! Não precisava se incomodar.”

“Bobagem!” Ela abanou a mão no ar. “Amo meu irmão e faço tudo que estiver ao meu alcance por ele. Queria que fosse a esposa dele de verdade.” Ela disse a última frase em um sussurro.

“Tenho certeza que ele encontrará alguém que o amará de verdade.” Diana olhou para Regina com um lindo sorriso no rosto. A insinuação no olhar não passou despercebido por Mills.

“Ah, tenho certeza que ele irá.” Regina preferiu não comentar. As duas continuaram a conversar e Diana fez um ótima trabalho em mantê-la longe das outras senhoras. Ela contou diversas histórias sobre o irmão mais velho e Regina acabou descobrindo que Robin fazia o papel de irmão perfeitamente bem. Ela só não entendeu porque Diana morava tão longe do irmão e só o via quando ele era solicitado no templo. Isso a Bishop não explicou, mas certamente Robin mataria sua curiosidade quando eles fossem passear a sós. “Vou levá-la para meu irmão, ele já deve ter escapado da reunião dos cavalheiros.” A moça riu. Ela levantou e Regina fez o mesmo. Diana enroscou seu braço no de Regina e as duas saíram da sala, mas antes ouviram as mulheres comemorar a saída de ambas. Droga, a estadia ali não seria nada fácil, pensou Regina. As duas pararam de andar quando esbarraram com Daniel que estava indo em direção a sala que elas acabaram de sair.

“Senhora Locksley, estava indo encontrá-la.” Regina notou o corpo tenso de Diana e a pressão que ela fez em seu braço, como se sinalizasse que ela não soltaria a sua mão. “Me daria a honra de sua companhia para um passeio no jardim?”

“Não!” Diana respondeu entre dentes. “Você não tem permissão.”

“Não seja boba, irmãzinha.” A mente de Regina deu um estalo. Ela era irmã dele? Depois daquela descoberta ela queria mais que tudo entender a árvore genealógica da família. Robin também seria irmão dele? “Podemos ir, senhora?”

“Não!” Mills sentiu sua pele arrepiar ao som daquela voz. Locksley soara tão primitivo impondo a sua autoridade diante daquele homem. Ele estava defendendo ela e aquilo fez o estômago de Regina revirar como se borboletas estivessem fazendo uma festa nele. Uma pequena confusão estava prestes a se formar e a morena só conseguia pensar em como Robin estava incrivelmente bonito por trás das sombras dos candelabros, parecendo um predador pronto para atacar o seu adversário. “Fique longe da minha esposa!” Ele passou por Daniel, beijou o topo da cabeça de Diana, murmurando um agradecimento e tomou o braço de Regina.

“Ah, Robin, você acha que seria capaz de fazer algum mal para a minha cunhada?” Colter sorriu com cinismo. “Apenas queria conhecer um pouco mais a mulher que ganhou o coração do meu irmão.” Daniel não deixou de notar a expressão de surpresa que tomou conta do rosto de Regina. “Ele não lhe contou que é meu irmão? Robin costuma esconder esse lado da família.”

“Sim, ele contou!” Disse ela, tentando esconder seu olhar de espanto. “No entanto, se o meu marido faz questão de esconder esse lado da família, não serei eu que reconhecerei.” Ela sorriu com desdém, apreciando a forma que suas palavras afetaram o mago. “Podemos ir, amor?”

“Claro!” Robin olhou para Diana. “Deixarei você no seu quarto.” Os três deram passos para longe de Daniel.

“Robin?” Chamou. Os três cessaram os passos, mas não viraram o corpo para encarar Daniel. “Já contou a ela o que aconteceu com a sua primeira esposa?” Mills olhou para Robin e o que viu no seu olhar fez seu coração se partir em pedacinhos. Ele tinha os olhos fechados, como se quisesse controlar a fúria que implorava por libertação, mas também tinha uma expressão de dor, como se as palavras de Daniel fossem uma faca afiada que perfurava o seu coração aos poucos. Diana disse algo numa língua antiga que Regina não entendeu, mas agradeceu porque isso fez Robin suavizar sua expressão e voltar a andar com elas, como se nada tivesse acontecido. Mas ele se fechou para ela novamente, como tinha feito quando ela mexeu nos seus livros, e despareceu a noite toda. Quando Regina acordou no outro dia, ele ainda não tinha voltado e coube a Diana fazer a sua guarda a noite toda.


Notas Finais


Vou deixar uma foto da Diana lá no twitter.
Até mais!


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