— Obrigada pela flor.
Havia vinte minutos que Jungkook tinha entrado na cafeteira, já tinha pedido dois cafés e nada da Sol.
— Aqui esta seu café, senhor — a ruiva sorriu.
Diferente do dia anterior, Jeon não foi atendido pelo moreno. Uma garota o havia atendido.
— Obrigado — o garoto puxou seu café para mais próximo de si e bebericou um pouco do mesmo.
— Me perdoe por ter usado seu gravador ontem — o moreno, que limpava a mesa a sua frente, sussurrou em um tom que Jungkook pudesse ouvir.
— Foi você? — Kook levantou seu olhar para fitar o moreno a sua frente. — Não tem problema.
— Mas e... — Jeon o interrompeu.
— Obrigada por me dizer — depois de ouvir o áudio no dia seguinte, Jeon foi pesquisar o que aquele nome significava e havia percebido que eram as flores que estavam em sua mesa. — Elas são, realmente, lindas — Jungkook tocou as pétalas da flor.
— Por nada — o moreno sorriu sem graça.
— Jeon — a morena caminhou rapidamente até a mesa a qual Jungkook estava. — Me perdoe pelo atraso. Eu tentei chegar mais rápido, mas teve um pequeno tumulto no caminho.
A mulher beijou a bochecha de Jeon e se sentou a sua frente.
O moreno, que até então estava limpando a mesa, retirou uns copos que estavam em cima da mesma e caminhou para se retirar do ambiente do qual estava.
— Oi! — a mulher gritou chamando a atenção do moreno, que se virou. — Poderia me trazer uma xícara de café.
— Só um minuto — o mesmo sorriu e se virou, voltando a caminhar para trás do balcão.
— Então, Jeon — a mulher se virou para o moreno.
— Ele é bem bonito — Jungkook disse ainda olhando o moreno, que agora limpava concentradamente o balcão a sua frente.
— Realmente, ele é muito lindo — Sol olhou para o moreno. — Está gostando dele?
— Ah? — Jeon fitou a mulher. — Não! Nós só conversamos duas vezes. Nada de mais.
— Isso não é nenhuma desculpa. Eu me apaixonei à primeira vista. Beijei o Soky na segunda vez que o vi e estou com ele até hoje. E, com isso, vai fazer onze anos que estamos juntos.
— Eu sei, Sol — o moreno sorriu. — Mas você sabe que eu não posso ter um relacionamento, não posso ter um casamento de onze anos.
— Claro que você pode, Jeon. Você não esta morto — Sol o fitou seriamente.
— Não posso, Sol. Por causa dessa maldita doença, toda vez que eu acordo eu esqueço tudo que fiz no dia anterior, lembra? — o moreno sussurrou baixo, para que só a mulher pudesse ouvir.
— Jungkook, você estava fazendo um tratamento com o doutor Kim. Já pensou que ele pode achar uma solução para essa doença? — antes que Jungkook pudesse acrescentar alguma coisa, a mulher completou. — Você pode gravar as coisas como sempre fez.
— Mas, Sol.... — parou para pensar por leves segundos. — Eu nã...
— Aqui esta seu café, senhorita Lee — o moreno se curvou para, então, poder se retirar dali.
— Minne, você tem algo para fazer agora a noite? — perguntou. Sol e Jimin já se conheciam há um tempo. A mulher adorava as bebidas da cafeteira Aqua.
— Estou quase terminado aqui, depois vou para casa — o moreno fitou-a.
— Ok, estarei te esperando. Podemos tomar um sorvete?
A mulher sabia muito bem que o moreno adorava sorvete, afinal, sempre que podia, a mesma "arrastava" Jimin para tomar sorvete com ela. O moreno sorriu sapeca e tratou de ir arrumar o que faltava.
— Lee Sol? — resmungou o mais novo. — Não era para você ter feito isso.
— Por que não? — ela continuou, sem ao menos esperar uma resposta. Ela já sabia o que viria. — Sempre que posso eu vou até a sorveteira com o Minne. Ele é uma gracinha, Jeon.
— Você me chamou aqui para conversar. Sobre o livro.
— Em outro momento. Isso é mais importante do que o livro no momento.
Jungkook nem pôde questionar — novamente — sobre o fato de estar doente e não querer um relacionamento com alguém, pois o moreno havia chegado. Sol pagou pelos cafés — apesar de Jungkook insistir em pagar — e saíram da cafeteira.
A sorveteira não era tão longe de onde estavam anteriormente, e o moreno se surpreendeu quando viu que a mesma ainda estava aberta. Eram quase de horas. Jeon não costumava sair muito a noite, ele preferia ficar em casa e ler um bom livro acompanhado de uma xícara de café.
Jeon Jungkook era, literalmente, um viciado em cafeína.
— Vou querer o de sempre — Sol se virou para a garçonete. — Para você também, Minne? — o moreno assentiu e ela se virou. — Jeon?
— Chocolate, por favor — apesar de não querer estar ali, fazia tanto tempo que o moreno não provava um sorvete, que seria uma tentação se ele ficasse ali e não saboreasse pelo menos um pouquinho.
A moça anotou algo em um pequeno papel e se retirou.
Jeon estava calado observado o ambiente. A sorveteira era demasiadamente pequena, algumas mesas com forros nas organizações vermelha, cadeiras brancas, e paredes divididas com uma metade branca e a outra vermelha. Não havia muitas pessoas pelo fato de estar tarde, mas, próximo à, janela tinha um casal que ria de algo aparentemente engraçado.
O ambiente era bem agradável e aconchegante, concluiu Jeon depois da vistoria.
— Acho que vocês não foram devidamente apresentados, certo? — a mulher sorriu sapeca. — Park Jimin — apontou para o moreno ao seu lado esquerdo. — Ele é um grande amigo meu.
— Não exagere, Sol. Saímos apenas alguma vezes — o moreno sorriu envergonhado.
— Há quase dois anos, e você me ajuda muito. Em tudo — e não era mentira. Após conversar com Jimin, a mulher se apaixonou por ele. Quase todos os dias eles iam na sorveteira ou saíam para outro lugar. Sol adorava a companhia do moreno. — E Jeon Jungkook. Você já sabe sobre ele.
— Sabe? — Jeon arqueou uma sobrancelha em forma de questionamento. Desde quando ele sabia sobre ele? E o quanto sabia?
— Sol me falou que vocês são grandes amigos — sorriu. — Ela me disse que você é escritor. Já li seus livros, são ótimos.
— Ah, obrigado.
— Me perdoem, mas vou ter que ir embora — Sol se pronunciou assim que a garçonete trouxe seus sorvetes. — Esqueci que tinha marcado de jantar com o Soky — Lee Sol se levantou, pegou seu sorvete e retirou algumas notas de sua carteira. — Me perdoem mesmo por isso. Até mais.
Jeon ainda estava tentando processar o que havia acontecido. Esse era o plano dela? Deixá-los sozinhos?
O moreno havia pensado em possíveis planos que a mulher iria fazer, mas nunca passou pela sua cabeça que ela iria embora. Ela havia se retirado às presas e ido embora. O moreno mal conseguiu questionar algo com a ruiva, pois a mesma já estava longe.
O silêncio tinha reinado entre os dois. Como a sorveteira — exceto por ele e o casal próximo à janela — estava vazia, o silêncio só se intensificava entre ele. Até chegar em um nível constrangedor.
— Você já leu meu livro? — era uma pergunta meio idiota, mas o silêncio estava em um nível tão constrangedor que o moreno não aguentou mais esperar. — Qual deles?
—Todos — Jimin colocou um pouco mais de sorvete em sua boca. — São todos tão viciantes e apaixonantes. Quando comecei a ler, eu me apaixonei pelo seu livro e, quando terminei, eu senti a necessidade de mais um. Quando vi já tinha lido todos.
— Não sei nem o que dizer — Jeon sorriu envergonhado. — Obrigado?
— Só não entendi uma coisa — Jimin o fitou por alguns segundos e completou. — Ouvi falar que você estava escrevendo um outro livro, mas isso faz mais de três anos. Você não pretende publicá-lo?
Jimin pôde observar bem cada expressão em seu rosto, por seu olhar estar fixo no moreno a sua frente. Jungkook não tinha publicado, nem tinha chegado à terça metade do livro. Depois do acidente, Jeon não conseguia escrever e ele se odiava por isso. Por ter feito fãs — como Jimin — o odiarem e por ter decepcionado a si mesmo.
As expressões em seu rosto eram de desgosto e decepção depois daquele acidente, Jeon havia parado de acreditar em si mesmo, parado de acreditar que ainda tinha talento e podia continuar seu livro.
— Me perdoe — o moreno acrescentou assim que notou as expressões faciais de Jungkook. Ele notou que não deveria ter perguntado. — Eu sou meio intrometido, às vezes — Sussurrou. — Na maioria das vezes, para ser mais exato.
— Eu já vou indo, já está bem tarde.
O moreno anúncio e se levantou devagar, enquanto retirava o pequeno copo — o qual havia tomado o sorvete — da mesa e colocou sua mochila sobre seus ombros.
— Vamos — Jeon se levantou, trazendo seu copo consigo, e caminharam para fora da sorveteira. — Me espera aqui, só vou buscar meu carro.
— Minha casa não fica muito longe daqui, eu posso ir a pé — Jimin ajeitou sua mochila nas costas e começou a arrumar seu cachecol em volta do pescoço.
— Você acha mesmo que deixarei você ir a pé, sozinho, às onze horas da noite? — Jungkook se virou indignado, fitando o moreno. Jeon nem mesmo esperou por uma resposta e se virou, caminhando em direção à pequena garagem que ficava o lado da sorveteira. — Só me dê um minuto.
Park sorriu sem graça consigo mesmo, quando um pensamento bobo passou por sua mente.
Ainda existe cavalheiros nessa vida!
Havia acabado de conhecer seu escritor favorito e o mesmo estava disposto a levá-lo para casa.
Jeon estacionou seu carro na frente do moreno e abriu a porta do mesmo. Jungkook apontou a frente, para que Jimin começasse a andar, mas, quando percebeu que o moreno não havia se movido, Jeon colocou sua mão um pouco em baixo da mochila, tocando as costas de Jimin e o girou até a porta do carro. Jungkook abriu a mesma e, dessa vez, o moreno adentrou o carro sem a ajuda de Jeon.
O único momento de fala que houve foi quando Jeon começou a dirigir e pediu para que Jimin lhe falasse qual seu endereço. Jimin lhe falou o caminho e o silêncio voltou a reinar naquele caro, porém, não era nada constrangedor. Eles estavam em um silêncio até que confortável.
Jeon estacionou o carro na frente da casa do moreno e destravou o carro para que o mesmo pudesse descer.
Jimin estava um tanto quanto constrangido pelo fato de Jungkook ter tocado em suas costas, mesmo que para o guiar para dentro do carro.
O moreno sorriu envergonhado, mas não pelo ocorrido e, sim, pelo que viria a seguir. Jimin não queria parecer ousado, muito menos oferecido, mas esse era seu jeito.
— Obrigado pela carona — o moreno se aproximou rapidamente de Jungkook, depositou um pequeno selar em sua bochecha e se afastou rapidamente, abrindo a porta. — Boa noite, Jeon Jungkook — o moreno se virou ainda meio sem graça.
— Boa noite, Park Jimin — mesmo um pouco afastado, o moreno pôde ouvir a voz de Jungkook ecoar em um tom um pouco mais alto, por esta dentro do carro.
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