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História Day after day, year after year. - Único.


Escrita por: kunpimoose

Notas do Autor


Eu não sei em que categoria isso se encaixa, mas eu sinto que eu precisa descartar isso em algum lugar pra pelo menos ver se essa sensação de vazio que eu sinto nesse momento, vai embora.

Eu não espero conselhos, não espero que comentem, não espero que me digam nada... Acho que no momento só preciso relaxar.

Mas ao final, eu espero que vocês gostem. E não sei, gostem, apesar de tudo.

PS: Peço perdão por qualquer erro, dessa vez não houve correção que não fosse a minha...

Capítulo 1 - Único.


 

Kunpimook sentou-se na beirada da cadeira da escrivaninha um pouco perdido como em todos os momentos que teve de reflexão ali sentado, abusando de uma caneta que ia e vinha atrevida de sua bota para a ponta do papel que tinha um rabisco cá e lá. Desenhos amigáveis, traços, bolinhas. Qualquer coisa que tratasse da sua enfermidade.

Não que fosse tédio, não tinha nome. Costumava tratar mais como vazio. Era isso o que sentia.

E por mais que ainda tratasse disso como um tabu dentro de sua cabeça, sabia que era hora de deixar as coisas acontecerem de novo, mesmo que diversas vezes tivesse ocorrido e aquela não fosse nem de longe a primeira vez.

Tão suavemente suas mãos declinaram no papel e mal perdeu seu tempo parando, sabendo que se parasse, jogaria a folha fora...

Oi...

Eu nunca fui tão bom com inícios, assim como tão pouco fui com a matemática e muito menos com horários. Nem sempre fui bom em conscientizar o sentido das coisas, que creio eu ser algo que no momento, eu pouco faça. Ou nunca faça.

Depende do ponto de vista de quem se atreva a ver o pouco que ainda tento fazer, mesmo que meio errado, mesmo que quase nunca certo.

Eu contei minutos no relógio, mas como horas nunca foram meu forte, eu descobri que faz dias que estou sentado aqui fingindo que os papéis não saem das árvores, rasurando cada pedaço em branco, enchendo o lixo de nada e mais nada e mais nada, algo que eu tentei manter minha cabeça foçada, mas parece que eu consigo mais quando não quero do que quando quero.

Eu não sei quanto tempo faz agora.

Confesso que nos primeiros quinze minutos de toda coisa que correu pela minha cabeça, eu pensei que nunca mais fosse reviver certa parte de mim, repetindo que aquilo era tudo mentira. Mas eu menti pra mim, como sempre tive de mentir desde que aprendi a força da palavra comigo. Quinze minutos depois – ou talvez três horas, como disse... Ponto de vista. – Eu achei que pelo menos aquela cachoeira que pareceu se apossar de mim fosse embora e eu fosse ficar quieto, só quieto. Isolado, um pouco longe.

Não foi bem assim, principalmente depois de me tocar que eu ainda tinha ela ali, um pouco menos de quantidade, mas com uma frequência que eu guardei na memória ser a maior tortura. Principalmente nos momentos onde eu precisei guardar cada pedaço que caia e fingir que não era nada demais, que mais uma vez, era só um pequeno pesadelo que minha vida se alimentou.

Eu tentei então falar com alguém. Comentei, desabafei. Não me lembro quantas vezes, mas talvez seguidas e pra pessoas diferentes com talvez os mesmo pensamentos positivos ou talvez aquele pouco “Vai tudo ficar bem” que eu não sei você, mas eu detesto ouvir, porque meu egoísmo não quer que eu ouça que vai tudo ficar bem. Você sabe que não vai. E eu sabia.

No segundo dia eu me lembro de respirar fundo. Pensar que seria diferente, por mais que de longe eu ainda admirasse cada paisagem sua que ainda decidisse brotar diante da minha visão, especificamente hiperventilando enquanto me segurava.

“Você vai ser mais forte”

Eu repeti. Eu repeti tantas, mas eu sou péssimo de matemática, como bem lembrei no início e acho que na segunda vez que fiz a prece, me esqueci.

No terceiro eu ainda continuei contando as horas das quais deixei de falar com você, olhando o horário e contando nos dedos. Eu não cheguei a setenta e duas, mas eu fingi que sim, porque de alguma forma aquilo fez eu me sentir bem, sabendo que o que viria depois disso, seria três vezes pior.

Não era segredo que eu passava todo esse tempo escolhendo o que poderia dizer, corroendo no pensamento o que viria à seguir.

Antecipação também nunca foi um tipo de qualidade minha e talvez eu consolide ele como um defeito que eu queia me desfazer com mais rapidez do que arranjei.

Eu amaldiçoei muito os céus por escolherem me castigar, mas em primeiro lugar, eu me lembrei de fazer isso comigo. Porque eu quem havia tomado cada decisão detalhada até o devido momento, me esperançando de alguma coisa que veio lá do fundo do peito, o que serviu pra me deixar pior.

O quinto dia talvez fora o mais tranquilo. Mas no final da noite eu tomei nota de que era só outra pequena ilusão e aquilo tudo ainda me deixava com a mesma sensação. Eu fui mais uma vez pedir conselhos, pedir súplicas e pela primeira vez na vida, eu decidi conversar com algo que eu achei que existia dentro de mim. Não deu certo.

Mamãe quando soube, disse que imaginava. Também disse que eu deveria conversar mais. Mas eu não tinha coragem. Eu já havia gasto a da semana inteira pra um dia.

Eu me lembro dela dizer que os sintomas só ficariam por sete dias e que depois passariam como se nunca algo houvesse existido. E sabe que eu pensei que era verdade? E eu sei que ela não mentiu. Eu procurei dizer que ela não mentiu.

Então porque não fazer as coisas ficarem bem? E eu tentei. Por um dia.

Mas o efeito colateral do dia seguinte ainda parecia feito ressaca e era tão colateral, que parecia pior do que o primeiro e o segundo.

Eu pesquisei as melhores formas de superação. Encontrei respostas múltiplas. Tentei os doces, mas eles me enjoavam mais do que pensar. Eu vi que beber ajudava também. E tomei isso como a primeira iniciativa. Mas o cheiro parecia tão vivo que eu joguei pela pia tão rápido quanto foi parar no copo.

Quando a segunda semana veio, eu ainda continuei cambaleando, rotineiramente da mesma forma. Porque eram duas semanas que eu me sentia um robô, agindo do mesmo jeito e me sentindo do mesmo jeito. Mesmo que robôs não tivesse sentimentos, óbvio. Mas eu queria me encaixar em um padrão que ninguém nunca tinha tentado entrar e era assim que seria até que eu desistisse porque era detestavelmente impossível.

Eu dei de cara com meu primeiro mês e só Deus sabia que dali, o espelho era o único lugar que me deixaria apto a refletir as coisas da maneira que só eu não queria enxergar. Eu queria voltar até você e dizer cada súplica que ainda parecia acesa na minha garganta, gritar e espernear, mas eu continuaria sendo errado, como fui desde o ínicio e de tolices e burradas eu já tinha uma coleção que deixou de caber nos bolsos, bolsas, sacolas e todo o resto que comportasse a bagagem.

E nada me impedia de ainda sentir aquele aperto, principalmente quando eu resolvi contar para o papel tudo aquilo que eu ainda sentia. Tudo aquilo que havia deixado de ser meu poema.

Sempre foi óbvio que eu fiz de você o meu jardim mais exótico, contando cada flor que eu tinha preferida e que florescia das minhas palavras, porque não existe sentimento mais bonito do que aquele que a gente faz nascer coisas que a gente gosta. Eu tranquei ele direitinho, porque eu tinha medo e meu primeiro erro, foi sentir insegurança demais.

Das mais diversas coisas dolorosas que eu tive de fazer, foi ter me desfazer de todos os versos que eu fazia ao ouvir sua voz e que um dia eu te entregaria com uma letra embaralhada, pelo nervoso de não saber ou quando escrevi olhando você, porque você foi uma das coisas mais bonitas que eu tive afeição até hoje.

Eu nunca fui de poemas, mas eu fiz isso acontecer por você.

Porque eu queria um jeito de fazer as coisas darem certo e tudo ser mais bonito e mais real. Mesmo que depois de reler tudo, eu só sentisse a dor de tudo ter se acabado tão rápido quanto veio e eu me questionasse.

Três meses ainda pareciam doer como no primeiro e no sexto eu já tinha desistido de tentar tirar isso de mim. E tentar tirar tudo que me remetesse ao fato de enxergar você saindo pela porta, junto com o cheiro, os trejeitos.

Eu absolutamente quis quebrar tudo que eu tinha de você. Porque ninguém nunca iria saber a dor de olhar e pensar que não parecia tão mais meu e tão mais cheio de sentimento quando eu tinha pensado da primeira vez que pus as mãos.

Faz um ano agora e eu acho que nesse meio tempo eu não perdi as contas de tudo.

Eu ainda não sei como me sinto sobre o fato do meu jardim ter perdido todas as cores que eu gostava e principalmente, não sei não me culpar de algo que aconteceu assim, antes mesmo que eu piscasse. Pode parecer estranho, mas você ainda é mais vivo em mim do que de inicio.

E se talvez em um ano isso ainda está aqui, talvez com dois eu só tenha começado a reabilitação, porque a franquia do meu tratamento por consumo excessivo das drogas que eu usei enquanto estava com você, foi revertida em abstinência e sofrimento e eu acho que agora sei o que as pessoas passam quando perdem aquilo que mais presam.

E um diamante quando se perde, perde valor também.

Talvez no terceiro ano eu ainda não tenha achado a cura e no quarto eu tenha apagado parte do mal estar com um coquetel de lágrimas na metade dele. Ou no quinto o tratamento comece a dar resultado e no sexto eu desista, porque meu forte nunca foi completar as coisas que começo.

Infelizmente, o para sempre nunca foi e nem será algo pra mim. E não seria em meio a esse tratamento que eu acharia a solução dele...”

Ainda teve tempo de pontuar algumas vezes, suspirando e sabendo que era tarde demais para escrever coisas daquele tipo naquele momento. Aquela seria mais uma daquelas coisas sem sentido que guardaria na última gaveta do seu armário e se arrependeria ao abrir, porque era perigoso demais.

Mas que de vez em quando, gostava de abrir os envelopes só pra ver se a cura estava próxima.

Odiava ter de sempre confirmar que não, ela não estava.

E nem estaria tão cedo... 


Notas Finais


...


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