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História Daydream - Hope World


Escrita por: _Andreadis

Capítulo 4 - Hope World


Fanfic / Fanfiction Daydream - Hope World

Até o momento, nada do que ele esperava tinha acontecido. Tinha criado certa expectativa depois de viajar assistindo todos os trabalhos de Tatiana disponíveis na internet, mas conhecê-la pessoalmente começava a se mostrar um desafio. Até agora tudo o que tinha era a prova de que ela não sabia lidar com a adversidade de não ter um intérprete e por isso acabava descontando no pobre assistente. Agora que estavam finalmente sozinhos, ia poder descobrir se sua primeira impressão tinha sido correta ou se essa nova versão dela era a verdadeira.

Saíram para conhecer o estúdio e discutir qual conceito usariam para combinar a música com o video, mas Tatiana ficava a todo momento brigando com o aplicativo de tradução, trocando sempre que podia porque não confiava totalmente neles. Nisso ele estava de acordo. Não tinha sido uma boa ideia vir sem a certeza de que conseguiriam se comunicar.

— Por favor, aplicativo, funcione. Minha carreira depende disso. — ela murmurou para o celular, instalando o que provavelmente era o quinto aplicativo do tipo. Hoseok riu discretamente, desviando o olhar para o lugar para que ela não percebesse. — Certo, vamos lá.

— Vamos começar. — anunciou o aplicativo novo. Dessa vez a voz era feminina e um pouco menos robótica, mas falava um coreano devagar e muito mais formal do que o normal, o que fez ele rir de novo.

Tati o levou para conhecer o local onde passariam grande parte do tempo livre deles. Parou primeiro no refeitório porque ela ainda não se conformava com o trabalho que tivera para montar um café-da-manhã que foi completamente ignorado. Tinha certeza de que eles chegariam com fome, esquecendo completamente que geralmente há comida sendo servida em vôos – principalmente na primeira classe – e que eles provavelmente estavam enfrentando jet lag. Parou a porta da cozinha e acenou para Guadalupe, a cozinheira principal do lugar.

— Tati!!! Gostou do café da manhã que mandei? — perguntou a mulher em espanhol, se aproximando com um pano de prato secando as mãos. Usava um uniforme impecavelmente limpo e um avental que chegava a provocar dor nos olhos de tão branco. Sorriu para Hoseok assim que viu que ele acompanhava a diretora.

— Lupe, esse é o J-Hope, o moço coreano que vai gravar com a gente essa semana. — respondeu na mesma língua.

— Você disse que ele era bonito, mas minha Nossa Senhora que coisa mais linda! — respondeu a mulher abrindo um sorriso amplo para Hoseok e o medindo da cabeça aos pés.

Tati sorriu para ele e ficou esperando ele responder. Ficaram os três se encarando com sorrisos congelados no rosto por dois minutos até a diretora se tocar que se ele não falava inglês, provavelmente também não falava espanhol. Sentiu-se a pessoa mais burra do mundo, sentindo o rosto arder de vergonha enquanto tirava o próprio celular do bolso e ligava o aplicativo de tradução.

— J-Hope, essa é Guadalupe, a chefe da cozinha do estúdio. Peça qualquer coisa e ela vai fazer. — falou.

— Esse é J-Hope, dono da cozinha. Qualquer Guadalupe que quiser, pode comer. — informou a voz feminina em seu coreano formal e sem sentido.

Ele começou a rir alto com o que ouviu, cobrindo a boca com a mão e se inclinando ao mesmo tempo para cumprimentar a mulher. Guadalupe ficou encantada com a risada dele e piscou um olho para Tatiana, entendendo o nervosismo dela.

— Ai Tati, por favor, case-se com esse! Olha essa risada que perfeita! — falou em espanhol sem se importar se a diretora traduziria ou não. — Os filhos de vocês vão ser a coisa mais linda do mundo!

Tati sentiu o rosto arder pela segunda vez, mas fingiu que não tinha entendido o que a mulher havia dito. Não teve tempo, na verdade, porque Hoseok puxava sua mão para perto da boca e usou o celular para traduzir o que diria.

— Muito prazer. Eu sou o J-Hope. Espero que possamos nos dar bem. — falou.

— Meu nome é J-Hope e vamos nos dar bem. Muito prazer. — repetiu o tradutor em inglês.

— Eu gosto dele, Tati. Ele é legal. Melhor que o último que você trouxe para trabalhar. — falou a mulher em inglês também, surpreendendo Hoseok.

— Ok, Lupe, vou continuar com o tour antes que você começa a falar coreano antes de mim e peça para ele me levar para Seul. — brincou Tati passando a mão carinhosamente nas costas da latina e saindo com J-Hope sem se dar ao trabalho de traduzir essa última parte.

Andaram alguns metros, em meio a cenários móveis, araras de roupas, difusores enormes entre outros equipamentos levados de um lado ao outro pelos funcionários do estudio. Hobi aproveitava o silêncio para observar Tatiana de perto. Era uma outra pessoa agora que estavam sozinhos. Enquanto com o assistente ela era toda prática e um pouco grossa demais, com as pessoas que passavam por eles, era atenciosa e solícita. Ele ficou surpreso em perceber que ela falava em espanhol com os funcionários de origem latina e em inglês com o restante da equipe. Tinha certeza que se soubesse coreano, estariam tendo outro tipo de conversa.

— Não sabia que falava espanhol. Quantas línguas sabe falar? — ele perguntou pegando o próprio celular e usando o tradutor pré-instalado no aparelho.

— Você sabe falar várias línguas. Como aprendeu espanhol? — repetiu o tradutor em inglês.

Tati sorriu, confortável pela primeira vez naquele dia. Apresentar Lupe tinha sido uma boa sacada. Todo mundo precisa saber onde a comida fica, assim o trabalho flui mais fácil porque em algum momento vai ser recompensado depois.

— Aprendi com a Guadalupe mesmo. Ela era cozinheira na casa dos meus pais, quando eu era criança. Depois que me formei e assinei contrato com o estúdio, trouxe ela para cá. Mas passei a vida discutindo com ela na cozinha de casa. Fui obrigada a aprender o espanhol, apesar de a safada saber inglês melhor que eu. — respondeu com um brilho saudoso no olhar.

— Guadalupe me ensinou. — começou o tradutor lentamente. — Ela trabalhava para os meus pais quando eu era criança e agora trabalha comigo aqui porque eu gosto de brigar com ela todo dia. Até mesmo em inglês. — completou em coreano. A voz voltou a irritar Tatiana e pela cara que Hoseok exibia cada vez que ela apertava o botão, imaginou que ele também estivesse incomodado.

A resposta do tradutor deixou o rapper confuso. Não combinava em nada com a expressão e o carinho que ele havia visto Tatiana demonstrar pela mulher encorpada e de sorriso fácil que ele havia conhecido há pouco. Muito menos com os sorrisos e cuidados que a diretora tomava sempre que encontrava algum funcionário trabalhando.

Pararam finalmente na sala de dança, onde Hoseok passaria uma parte do tempo ensaiando a coreografia que tinha preparado para o mv. Ainda não tinha recebido a ideia dela para o conceito, mas esperava que encaixasse no que havia preparado ou então não teriam como gravar aquele vídeo clipe em uma semana nem que Tatiana fosse uma super-heroína.

— Aqui você e eu vamos passar a maior parte do nosso tempo livre. Quero acompanhar de perto qualquer mudança que quiser fazer na coreografia. Mas primeiro preciso vê-la. Pode me mostrar? — perguntou ligando todas as luzes de uma sala muito bem equipada e quase idêntica a uma sala de balé que havia em Seul, na sede da empresa. Havia barras de alongamento, um espelho que ia de lado a lado na maior parede da sala, além de janelas amplas que permitiam a entrada de bastante luz natural.

— Aqui é onde vai dançar para mim. Pode me mostrar sua coreografia agora? — repetiu o tradutor.

— Tem o arquivo da música que te mandei um tempo atrás? — perguntou concordando com a cabeça, ainda olhando a sala com atenção e forçando-a a usar o próprio celular para traduzir o que havia dito.

— Cade a música? — repetiu o aparelho.

Era uma resposta seca para a quantidade de palavras que ele havia usado em coreano e ela sentiu o próprio rosto a traindo com a careta que fez. Mesmo assim ela foi ao aparelho de som tentando dar seu melhor sorriso sem surtar e soltar os cachorros em cima do rapaz, começava a se irritar com o jeito que as respostas eram traduzidas de forma atravessada, tendo a impressão de que ele respondia apenas por obrigação, como se não quisesse estar ali. Apertou todos os botões de uma caixa de som grande e soltou o ar frustrada. Esse tipo de coisa era Agustín que tinha o habito de fazer, mas até o momento o assistente ainda não havia dado as caras. Ela desconfiava que ia ser assim o dia todo, por vingança por ela nunca acertar seu nome.

— Deixe-me ajudá-la. — pediu Hoseok sem precisar do tradutor pela primeira vez. Ela parou em choque, olhando para aquele garoto como se o visse pela primeira vez. Estavam tão próximos que ela podia sentir o cheiro suave do perfume que ele usava e ver com precisão todas as nuances usadas nas luzes impecáveis do cabelo dele.

— Você fala inglês? — perguntou atônita, ignorando as mãos grandes dele afastando as suas do aparelho.

— Não. — respondeu ele com simplicidade.

— Mas consegue me entender? — continuou ela olhando-o de perto.

— Não.

— Como…?

— Prontinho. — anunciou ele em coreano com um sorriso grande, que fazia com que fechasse os olhos. O aparelho soltou o som de estática, aguardando a conexão de algum aparelho que reproduzisse o arquivo da música. Mas ela estava distraída reparando em cada detalhe do rosto dele.

— O que disse? — perguntou estupefata.

— O aparelho já está funcionando. — repetiu ele para o próprio celular e apertando o botão para a tradução.

— Já pode ligar. — repetiu a voz.

Ela não sabia se ficava brava com a resposta direta ou se continuava ali e se entregava a todas as sensações físicas que a proximidade daquele homem lhe provocava. Tentou a todo custo lembrar-se da vozinha esganiçada de Agustín lhe dizendo que ele namorava um dos outros membros do BTS, mas quanto mais pensava nisso e observava aquele sorriso e aquele olhar penetrante, mais achava essa informação absurda. 

— Interrompo alguma coisa? — perguntou a voz de Agustín da porta da sala de dança. Olhava para os dois com um meio sorriso, como se tivesse visto tudo desde o começo. — Posso voltar depois, se quiserem… — sugeriu sem olhar diretamente para a chefe. 



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