1. Spirit Fanfics >
  2. De Carta em Carta >
  3. O noivo

História De Carta em Carta - O noivo


Escrita por: Jubemcursi

Notas do Autor


Olha só quem voltou!!! Desculpa pela demora, mas trouxe mais um capítulo fresquinho pra vcs!!

Essa semana eu terminei de ler aquele livro que recomendei aqui, então vou pegar algumas coisas de lá como inspiração e talvez algumas coisas fiquem parecidas. Mas recomendo essa leitura, vale muito a pena!!

Bom, espero que gostem desse :)
Boa leitura!

Capítulo 3 - O noivo


Eu passei as últimas semanas escrevendo cartas para nenhum destino, apenas para serem esquecidas no correio, ou até mesmo para serem jogadas no lixo. Peguei gosto pela escrita e me vi realmente envolvida com essa história. Em cada uma das cartas, escrevia um pouco sobre mim, como se Vicenzo estivesse me conhecendo, imaginava como ele seria, quais seriam seus gostos e como seria se ele fosse real. Eu só podia estar enlouquecendo por ficar pensando em uma pessoa que nem existe, é maluquice! Em nenhuma das vezes escrevi uma carta inteiramente apaixonada, afinal, não era preciso, mas sempre sou muito carinhosa e sempre termino com uma frase clichê. Mas ultimamente, eu venho escrevendo com mais cautela e sendo mais amável, não sei dizer bem o porquê.

Me esquivei das perguntas de dona Júlia e da proposta de Joaquim. Como? Não sei, mas deu certo. A única coisa que ainda me incomoda é a vontade da minha mãe conhecer o Vicenzo. Minha faculdade vai acabar e nada de Vicenzo aparecer e conhecer a minha mãe. Será que consigo me safar?

Deixei mais uma carta no correio, perdi as contas de quantas tinha escrito, mas com certeza estava quase no 100. É... enganar a dona Júlia não é tão fácil quanto parece, principalmente se ela estiver em sua cola com a ideia de um casamento fajuto! Encontrei Nicolás no caminho e fomos conversando até chegar na faculdade.


N- Como vai a história das cartas?

B- Ainda está funcionando.

N- É um milagre, isso sim!

B- Deixa disso Nico, tudo o que estou fazendo é para evitar me casar com o Joaquim.

N- E falando nele, o que aconteceu depois do pedido?

B- Bom, minha mãe ficou em cima me pressionando a aceitar e...

N- Como sempre! – ele me interrompeu.

B- Sim. – revirei os olhos – O Joaquim saiu da cidade por alguns dias para resolver não sei o que do hotel, por isso estou em paz.

N- Por enquanto.

B- Vira essa boca pra lá! Que aquele velho me deixe em paz de uma vez por todas! Não aguento mais ele no meu pé, Nico!

N- Então arrume um jeito do tal Vicenzo criar vida e aparecer antes da sua mãe dar a sentença final!

B- Mas como eu vou fazer isso? Eu inventei ele! Escrevo cartas e não coloco nenhum endereço no envelope. Todas as minhas cartas devem ter caído em algum arquivo morto dos correios!

N- Olha, não sei como você vai fazer isso. Mas espero que seja rápido, porque estamos em nossas últimas semanas de aula. E não quero ver minha amiga casada com um velho babão! – ele ri.

B- Não ria! O assunto é sério! Também não sei como vou fazer isso.


O restante da semana passou igual às outras, a única diferença era que o prazo de entrega dos meus trabalhos estavam cada vez mais curtos, não me sobrava muito tempo para as minha outras tarefas, como tocar violino e cantar, hobbies que eu amava fazer no meu tempo livre. Mas eu encaixava um tempinho na minha lotada rotina para escrever para Vicenzo, e normalmente era durante a noite, antes de eu dormir.

Hoje, terminei de ler Romeu e Julieta, de Shakespeare. Estava me sentindo muito romântica com aquela história de amor e me inspirei ao escrever a carta para o meu suposto noivo.



“Querido Vicenzo,

Terminei de ler Romeu e Julieta e ahh... como eu amo um romance! Como eu queria viver um. Como eu queria você aqui comigo para vivermos um. Você me fez muitas promessas quando nos conhecemos e por mais tentadoras, eu estava relutante em aceitá-las, sabendo como nosso amor tão recente seria testado pela distância, mas você me garantiu que seu coração é sincero, então eu...

Você é apenas uma invenção, mas durante essas semanas, meses, talvez, você se tornou tão real para mim, eu senti segurança e consegui acreditar que existiam sim portos seguros. Eu que não tinha encontrado o meu porto ainda.

E aí está você, que me aninha nos braços, mesmo inexistentes, como se eles tivessem sido moldados só para me abrigar. Eu me escondo no teu abraço imaginário, esqueço do mundo e acredito que sou capaz de ir mais longe, que você é capaz de me levar mais longe, de me fazer melhor e feliz, muito mais feliz. E é daquelas felicidades que dá vontade de chorar, confesso. Uma lágrima boba que cai, como se quisesse dizer "que bom que você está aqui. Eu te esperei desde sempre".

Para sempre sua,

Beatriz”



Essa certamente foi a carta mais romântica que eu já escrevi em toda a minha vida. E foi para alguém imaginário! Como pode uma coisa dessa? Coloquei apenas minha assinatura, sem nenhum endereço, a guardei em minha bolsa, pois amanhã mesmo tratarei de levá-la ao correio. Deitei, apaguei o abajur e logo meu sono chegou para me levar aos meus belíssimos sonhos.

Eu tinha ouvido por aí, não que eu seja uma fofoqueira, é que minhas vizinhas falam muito alto, mas o príncipe da Inglaterra estava em busca de uma noiva. Irônico, não? E todas as damas solteiras do nosso reino poderiam se candidatar para a vaga, através de uma carta. Muito irônico, não é mesmo? Eu devo ter esquecido de mencionar, mas eu moro na Inglaterra, com um rei, uma rainha e um príncipe, o qual ninguém nunca viu, ele foi mantido em anonimato até a agora. O país é dividido em províncias, eu moro na de Jackson e o Palácio fica na de York. Nunca estive lá, mas me contaram que é enorme!

Cada dia que passava, eu tentava me mostrar a mais apaixonada possível para a minha mãe, mas às vezes eu ficava um pouco triste também, afinal, quem gosta de passar tanto tempo longe do próprio noivo? Joaquim diminuiu quase que completamente suas visitas aqui em casa, julgava estar muito ocupado com o hotel, era alta temporada, então havia muito serviço para o dono. Porém, isso não o impedia de passar aqui rapidamente e era nessas horas que eu fingia estar fazendo algo de útil.

Dona Júlia sempre me perguntava sobre Vicenzo, como ele era, o que ele fazia e por que raios ele não tinha vindo aqui ainda conhecê-la? Todas essas perguntas me deixaram completamente nervosa, afinal eu não tinha parado para pensar em suas características físicas. Mas como ela queria uma resposta rápida, disse que meu noivo era moreno de olhos claros, trabalhava com o pai em seus negócios de vendas e como ele morava longe, ficava muito difícil de vir para Jackson, além de estar sempre ocupado. Ela acreditou, por hora, mas tinha certeza que mais para frente viriam mais perguntas.

Minha formatura chegou. Por um lado estava completamente feliz, mas por outro, estava com medo de que viesse o ultimato de dona Júlia. Não pensei muito nesse assunto e aproveitei esse dia, afinal, estava formada!


N- ESTAMOS FORMADOS BETTY!! – Nico me dizia com entusiasmo.

B- Finalmente né? – ri.

N- E já pensou como vai seguir a carreira?

B- Ainda não. Primeiro tenho que resolver o acordo da minha mãe né?

N- Puts... é mesmo! Esqueci desse maldito acordo. E ela já falou alguma coisa?

B- Nem tive a chance de falar com ela ainda.

N- Vai dar tudo certo!

J- Betty! – minha mãe nos interrompe.

B- Oi mãe. – a abracei.

J- Meus parabéns minha querida, sabia que conseguiria. – disse ainda abraçada comigo.

B- Obrigada.

N- Bom, eu já vou. Nos vemos no parque mais tarde?

B- Claro! – Nico foi embora.

J- Minha filha formada, que alegria! – seus olhos estavam marejados – Agora só falta se casar para estar completo!

B- De novo essa história, mãe?

J- Betty, querida, você fez faculdade, cumpri minha parte do acordo deixando. Agora é sua vez de cumprir e se casar!

B- Mas eu já te disse que o Vicenzo não pode vir.

J- Se ele não pode vir, então acabe tudo que tenha com ele e se case com Joaquim.

B- Mas mãe...

J- Mas nada. Eu já te dei muito tempo. Cumpra o seu lado do acordo! Eu te dou 48 horas para ter uma resposta do Vicenzo, caso ele não venha, vai se casar com o Joaquim sim e ponto final. – ela nem me deu chance de responder e já foi embora.


O ultimato veio aí e eu estou completamente ferrada.



Aqui em Jackson tem um parque maravilhoso e ele passou a ser meu lugar e do Nicolás quando queríamos conversar em paz. E hoje foi um dia desses.


B- Que saudades que eu estava de vir caminhar. – disse fechando os olhos e sentindo o sol em meu rosto.

N- Eu também! Fazia tempo que não vínhamos.

B- Faz mesmo!

N- Me conta o que aconteceu entre você e sua mãe. Ela deu o ultimato?

B- O que você acha? – olhei pra ele.

N- Eu não acredito! E aí, o que você vai fazer?

B- Eu ainda não sei. Ela me deu 48 horas para o Vicenzo me responder se consegue vir até aqui ou não. Caso não, o que é óbvio, vou ter que me casar com o velho do Joaquim!

N- E agora? Porque o Vicenzo não vai simplesmente aparecer. Caso tenha esquecido, ele não existe, Betty!

B- E você acha que eu me esqueci desse pequeno detalhe? Claro que não. Não sei mais o que fazer! – escorei minha cabeça em seu ombro.

N- Betty, não querendo ser chato, mas eu te avisei que isso ia dar errado. – levantei a cabeça para olhá-lo.

B- Eu sei que uma hora não ia conseguir mais enrolar a dona Júlia, mas não precisava ser agora! Não sei como fazer o Vicenzo aparecer.

N- Sinto em lhe dizer isso, mas ele não vai.


Caminhamos mais um pouco e decidi voltar pra casa, estava cansada e precisava desabafar. Quando cheguei, minha mãe não estava, para a minha sorte, deve estar no mercado ou fofocando com as vizinhas, não sei, então subi rapidamente para o quarto, me trancando lá dentro.



“Querido,

Não sei mais o que fazer para postergar esse casamento fajuto! Tentei de todas as formas enrolar dona Júlia e o seboso do Joaquim, mas hoje ela me deu um ultimato. Como combinado, eu faria faculdade, me formaria e logo depois me casaria, hoje me formei e ela quer que eu cumpra a minha parte do acordo.

Eu tenho 48 horas para ter uma resposta sua se você vem ou não para Jackson conhecê-la e só assim ela aprovar ou não nosso noivado. Eu sei muito bem que você não vai vir, tenho consciência disso, e por isso vou ter que aguentar o Joaquim pelo resto de minha vida!

Sinto que posso dizer tudo a você, que é meu porto seguro desde o dia que supostamente nos conhecemos na faculdade e te escrevi a primeira carta. Nunca fui uma romântica, mas lhe escrever cartas me transformou em outra pessoa e agradeço por isso! Quero que saiba que gostaria muito em ter você aqui comigo, você se tornou parte de minha vida e dessa forma, posso me livrar do casamento arranjado e poder algum dia me casar por amor.

Parece que a cada dia que passa, eu descubro um novo motivo para me apaixonar mais ainda por você.

Com amor,

Beatriz"



No dia seguinte, tomei meu café e fui direto para o correio, dizendo para minha mãe que escrevi para Vicenzo vir urgentemente para Jackson e assim, esperaria sua resposta. Pedi mais que 48 horas, alegando que não daria tempo dele receber a carta e me enviar a resposta. Pela minha surpresa, mamãe cedeu esse tempo, mas que não seria muito.

Logo depois do almoço, ela disse que iria ao mercado e saiu. Eu aproveitava esses momentos em que ficava em casa sozinha, porque a casa ficava tranquila e silenciosa sem suas reclamações e pressões do casamento. Mas essa tranquilidade durou pouco quando bateram na porta e meio contrariada fui abrir. Já não tinha um sorriso no rosto por me incomodarem e ele diminuiu mais ainda quando eu vi quem era.


B- Senhor De Queiroz, o que faz aqui? – abri parcialmente a porta.

Jo- Betty, já disse para me chamar apenas de Joaquim.

B- Tudo bem, mas ainda não respondeu minha pergunta.

Jo- Ah você sabe, vim te ver. Está bem?

B- Estou bem obrigada. – respondi seca.

Jo- Não vai me convidar para entrar?

B- Me desculpe, estou ocupada no momento. O que realmente quer?

Jo- Certo. Consegui um tempo no hotel e vim até aqui porque eu queria saber sua resposta para a minha proposta. – Ah era isso.

B- Acho que já deixei claro minha resposta, não?

Jo- Qual é Betty, realmente pensa em dizer não? Pense bem, sou um bom partido, tenho dinheiro, um hotel famoso... posso ficar listando todas as minha qualidades.

B- Sinto muito senhor De Queiroz, mas minha resposta ainda é não. – tentei fechar a porta, mas ele se colocou na frente, impedindo tal ação – O que está fazendo?

Jo- Só quero conversar.

B- Senhor De Queiroz, por favor vai embora. Não é prudente o senhor ficar aqui! – já estava nervosa.

Jo- Calma Betty, não vou fazer nada. Só me deixe tentar te convencer de que eu sou o homem certo para você! – tocou no meu ombro.

B- Por favor, vai embora. – tentei empurrá-lo, mas foi em vão. Por mais velho que seja, ele ainda era mais forte que eu.

Jo- Não vou embora até você aceitar meu pedido.

B- Então espere sentado! – me virei segui para o meu quarto, mas ele segurou meu braço.

Jo- Não me deixe falando sozinho. Volta aqui! – me soltei, corri para quarto e vi que ele me seguiu

B- Vai embora daqui! – me tranquei e esperei que ele fosse embora.

Jo- Beatriz, abre a porta! Vamos conversar! – batia incessante na porta de madeira – Anda Betty! Não vou sair daqui até ter a resposta que eu quero. – e de uma hora pra outra ele parou. Estranhei e com calma fui até a porta, escutei a voz da minha mãe se aproximando e supus que estava falando com o Joaquim. Escutei ainda uma movimentação na rua, mas nem dei importância, queria que aquele velho saísse o mais rápido possível da minha casa.

J- Minha filha, Betty está aí? Abre a porta!

B- O Joaquim ainda está aí? – disse atrás da porta.

J- Sim, ele está.

B- Manda ele ir embora, só então eu saio.

J- Betty, você tem uma visita lá embaixo. É de seu interesse.

B- Manda o Nicolás subir!

J- Não é o Nicolás.

B- Então quem é ?

J- É o seu noivo.

B- Meu noivo... – ri baixinho. É impossível!

J- Sim, seu noivo, Vicenzo. Quem mais seria? Ele veio de longe só para te ver!

B- Noivo... – continuei rindo.

J- Anda Beatriz, ele está lá na sala. Você não quer deixar seu NOIVO esperando, não é mesmo? – e só agora minha ficha caiu.


— MEU O QUE?


Abri a porta devagar tentando processar a informação recebida. Como o meu noivo Vicenzo estava aqui? ELE NÃO EXISTE!


J- Ele está lá embaixo, filha.


Desci correndo as escadas seguido por minha mãe e Joaquim, que não estava gostando nadinha. Mas quem estava? Parei imediatamente ao ver um homem alto parado de costas para mim, parecia estar olhando uns porta-retratos na estante, ele tinha ombros largos e cabelo castanho escuro. Limpei a garganta e ele se virou sorrindo. Ele tinha um sorriso lindo, aliás, ele era um homem bem atraente, principalmente seus olhos verdes tão penetrantes. Me vi perdida neles até que ele se aproximou mais, ainda sorrindo.




V- Olá Beatriz, sou eu, Vicenzo. Seu noivo.



Notas Finais




Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...