Capítulo 3 - 3. Bebida e Tempestade
Depois do incidente, digamos assim né, que aconteceu no mercado, eu não havia visto o Sasuke, quando eu saía com a Ino e com os meus novos amigos, ele nem sequer dava as caras por lá.
E mesmo sabendo que não devia sentir isso, Afinal, eu ia me casar, e não devia sentir falta de outro cara, que não fosse meu noivo, o fato de Sasuke não aparecer me incomodava.
O que eu mais estranhei é não estar com saudades do Sai. Afinal, nós estamos juntos há algum tempo.
Ah, esquece. Eu não estou sentindo mais falta do Sasuke do que do Sai, ponto final. Talvez, se eu continuar repetindo isso pra mim mesma, eu consiga acreditar que seja verdade.
Faltavam mais ou menos duas semanas e alguns dias pra o meu casamento com o SAI. E eu não tinha a mínima vontade de voltar pra Tóquio. E isso não era normal.
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Bem, deixando isso de lado, hoje eu ia sair de novo com o pessoal – toda noite era assim a partir do dia em que os conheci – e o Naruto – que mesmo sendo um idiota já havia se tornado um grande amigo meu – me garantiu que o Sasuke iria. Mas não pense que eu me importo ok? Não é nada disso, eu só... Ah! Deixa pra lá. Nem eu sei por que isso mexe comigo.
Ino: Anda Sakura! Deixa de ficar aí olhando pro nada. Você precisa se arrumar logo, senão eles vão ir sem a gente. E isso NÃO pode acontecer ok?
Sakura: Hã? Ah, desculpe Ino, eu estava meio desligada sabe, estou terminando aqui, e então a gente pode descer. – disse sorrindo.
Nós iríamos no carro do Naruto pra sei lá aonde, o que me interessava mesmo era ir com eles, ou com ele. Ah, não! De novo não. Esquece esse cara Sakura. O que é que esta acontecendo comigo? Droga!
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EU AMO O SAI! EU AMO O SAI!
É, eu estou repetindo isso pra mim mesma a mais de meia hora, e adivinhe o motivo? Ele chegou, e mais lindo do que nunca. Sério! Como ele consegue? Não que me interesse. O fato é eu estou tentando parar de olhar pra ele como uma adolescente apaixonada e me convencer que eu vou me casar e estou noiva do Sai, não dele.
Naquela noite eu consegui falar com ele, mesmo depois do incidente do beijo e talz, e descobri umas coisinhas muito interessantes. Como por exemplo, ele era rico; dono de uma super mega empresa; lindo de morrer – tá, disso eu já sabia – tinha terminado com a namorada no dia em que eu o conheci; nunca se apaixonou de verdade por alguém; - diferente de mim, eu acho – seus pais e toda a família dele morreram em um acidente de avião – e depois não sabem por que eu detesto aviões, tá vendo só? – e ele só me beijou pra mandar aquela vadia ruiva quatro olhos ir embora. Ao menos foi isso que ele me disse né.
Se bem que, eu até que gostaria que ele me beija-se de novo pra mandar aquelas piranhas que não tiravam o olho dele pra bem longe dali.
Ah, não! Eu não pensei isso. Controle-se Sakura, controle-se! Você esta noiva e não pode pensar esse tipo de coisa de outro cara a não ser o Sai! Chega, eu não agüento mais essa confusão toda na minha cabeça, o que esta acontecendo comigo? Não sei, só sei que... Nunca senti nada parecido antes em toda a minha vida. E, como diria o Shikamaru, isso é problemático.
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Resultado dessa nossa festinha entre amigos: Naruto fazendo escândalo e Hinata – que eu descobri ser a namorada dele – tentando inutilmente controlar o loiro; Shikamaru, o único que não encheu a cara até cair, levando a namorada Temari, o cunhadinho Gaara, e a Ino pra casa. Neji e Tenten haviam sumido, e eu até fazia ideia de pra onde eles haviam ido. - ei, eu não sou pervertida, mas aqueles dois, bom, dava pra perceber de longe que não demorariam nada pra desaparecer misteriosamente, provavelmente pra algum motel.
E adivinhem o que sobrou? É, o Sasuke ficou encarregado de me levar pra casa da tia Tsunade – onde o pessoal já havia se acostumado a lidar com bêbados, já que a titia é uma – e eu estava, digamos, um pouco "exaltada", e ele ainda podia ao menos dirigir, já que não tinha bebido muito - mal sabia eu que ele também era fraco com bebidas - diferente de mim que me entupi de alcool.
Primeiro, eu implorei pra voltar com o Shikamaru, ou mesmo pra ir no carro do Naruto, porque não era nada saudável para o pouco de sanidade que me restava ir SOZINHA com o Sasuke. Mas por fim, eu tive que concordar já que o Naruto não tinha condições de dirigir e ia de a pé com a Hinata, e iria deixar o carro com um parente. Então não me restou escolha a não ser ir até a casa da minha tia – era onde eu pretendia ir né – com o cara mais lindo que já vi na vida. Ôh! Tentação.
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O Sasuke praticamente me carregou até o carro, quer dizer, carrão dele, já que eu mal conseguia parar em pé. Admiro que ele não tenha se mijado de rir das coisas ridículas que eu dizia o tempo todo, acho que fazia parte da personalidade dele. O homem de gelo. Duvidava que ele tivesse hormônios ou coisa assim. Ele era muito fechado, e frio também, mas ao contrario do que pensei da primeira vez que eu falei com ele, definitivamente, não era chato.
A viagem foi meio barulhenta - ou quase isso - eu falando sem parar e ele apenas ouvindo tudo em silêncio. Acho que nunca disse tantas coisas sobre mim pra ninguém, quanto disse pra ele nesse pouco tempo á sós. Não demorou muito pra chegarmos á casa da minha tia, que para minha infelicidade – ou não – não estava em casa. Espiei pela janela, mas estava completamento deserto, não havia ninguém naquele apartamento, eu tinha certeza, e pra variar eu não tinha a cópia da chave nem do apartamento da titia, nem do da Ino – ela ia dormir na casa do namorado por sinal - Perfeito. Eu estava bêbada e sem onde dormir. Que ótimo não?
Sasuke: Qual é? Não vai me dizer que você não tem a chave? – ele me perguntou com uma sombrancelha arqueada, provavelmente não acreditando em tamanha burrice.
Sakura: É, eu não tenho. Nem do da minha tia, nem da Ino. E como ela vai dormir na casa do Gaara, e aposto que ainda não chegaram, eu estou fora hoje. Que ótimo! - falei com o cenho franzido.
Sasuke: Muito bom mesmo Sakura, eu te trago até aqui pra nada. – ele parecia irritado. Parabéns Sakura! Conseguiu estragar o pouquíssimo bom humor que ele tinha.
Sakura: Você não esta ajudando nada desse jeito sabe. – disse emburrada.
Sasuke: Certo, e o que pretende fazer agora?
Sakura: Eu não sei, talvez algum hotel ou coisa assim. – disse pensativa.
Sasuke: Acho difícil que você vá conseguir vaga em algum hotel hoje, ainda mais á essa hora da noite. Com a quantidade de turistas que vem nessa época do ano, devem estar todos lotados. Isso sempre acontece. – ele disse com aquele sorrisinho de canto irritante.
Era quase páscoa, mas eu não tinha me lembrado disso. Qual é? Eu tava alcoolizada.
Sakura: Certo, senhor sabe-tudo, o que você sugere que eu faça? – perguntei de forma irônica.
Sasuke: Acho que vai ter que ficar na minha casa esta noite. – ele disse isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Como é que é? Ficar na casa dele? Kami-sama! O que diabos ele esta pensando? Não, não mesmo. Eu não posso passar a noite na casa dele. Não que eu esteja com medo de que ele tente alguma coisa, ele não faria isso - eu acho – mesmo tendo bebido, acho que ele ainda tem um pouco de bom senso. Eu temia por mim, não sabia o que EU seria capaz de fazer, só de pensar no fato de estar sob o mesmo teto que ele.
Sasuke: Ora Sakura, você não esta pensando que eu faria alguma coisa com você está? – Qual é? Ele lê pensamentos e esqueceu de me contar?
Sakura: Não é isso que me preocupa, o fato é que eu não posso dormir na casa de alguém que eu conheço a tão pouco tempo, sabe.
Ele parou pra pensar um pouco, com toda certeza pensando que eu era um idiota por dizer uma coisa dessas, não estamos mais no século XX ou coisa assim. Esse tipo de coisa chega a ser careta. Porém, não quando você tem plena certeza de que nada de bom pode sair disso.
Sasuke: Venha, vamos, eu vou te levar pra minha casa e você pode escolher o quarto ok? O mais longe possível, que tal? Não precisa ficar com medo de mim. Eu não vou fazer nada. – falou sarcasticamente e com aquele sorrisinho, de novo. e sussurou a ultima parte - pelo menos enquanto você não estiver sã.
Pervertido. então ele queria fazer alguma coisa, mas só quando eu estivesse sã.
Hum, será que dá pra chamar isso de cavalheirismo?
Sakura: Eu não estou com medo de você, só acho que isso não é certo.
Sasuke: Esqueça essas bobagens e anda logo Sakura.
Certo, eu vou passar a noite na casa dele. Kami-sama! Isso é demais pra um noite.
Ele me beija no supermercado – tudo bem que aquilo foi meio que, impulso e não um beijo de verdade – e agora ele me chama, ou melhor ordena, que eu vá dormir na casa dele. Isso não vai prestar.
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Chegando na casa, ou melhor mansão do Sasuke, ele me levou para o andar de cima - já que eu não conseguiria subir as escadas nem com reza brava – e me mostrou um quarto, de hóspedes eu acho, muito grande e bonito, todo decorado, puro luxo. Nunca imaginei que dormiria em um lugar assim. Ele me ajudou a sentar na cama e a tirar os meus calçados, já que eu não conseguiria sozinha. E disse que qualquer coisa que precisa-se, bastava chamar algum dos empregados.
Sakura: Hey Sasuke, porque está ... porque fez isso tudo por mim? – eu realmente precisava perguntar antes que ele saísse do quarto. Bêbada eu viro cara-de-pau.
Sasuke: Isso não importa Sakura, agora duma ok? – ele disse, pronto pra sair do quarto, de novo.
Sakura: Mas, porque simplesmente não me deixou na frente da casa da minha tia e foi embora? – era isso que a maioria dos caras que eu conheci fariam, ou até me levariam pra casa, mas com segundas intenções.
Sasuke: Mesmo que tenha dado vontade de fazer isso – sorriso de canto, de novo – não é algo muito educado a se fazer não é? Boa Noite.
Sakura: Hum... Sasuke? – ele olhou novamente na minha direção – Obrigada! – eu sorri – Você não é igual a todos aqueles idiotas que existem por ai, sabe. Você é legal! – eu ri.
Sasuke: De nada, eu acho. Agora vai dormir Sakura – respondi com um aceno de cabeça, e então ele saiu.
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Eu acordei no meio da noite com o barulho dos trovões e o clarão dos raios refletido pela janela. Ah não! Qualquer coisa menos uma tempestade! Eu admito, morro de medo de tempestades. É tipo um trauma de infância, já que meus pais morreram em um dia de tempestade quando eu era criança. E dali em diante eu passei a temer esse tipo de coisa, porque toda noite de tempestade, as lembranças da morte deles retornam a minha mente.
Eu me sentei na cama com medo e me encolhi o máximo que pude, eu sabia que não conseguiria dormir, não sozinha. Eu ia chamar os empregados, mas não conseguiria descer as escadas, porque ainda estava sob efeito do álcool. Eu precisava encontrar alguma coisa que me fizesse dormir de novo. Em Tóquio, quando isso acontecia, eu me abraçava ao meu noivo, e então com muito custo, - já que não me sentia segura assim - conseguia dormir.
Mas ele não estava ali. Eu estava sozinha agora. Então eu me lembrei que não estava na minha casa – ou melhor, apartamento da Ino - e sim na casa do Sasuke.
Fui em direção a porta, saí e procurei por todas as portas á frente tentando descobrir qual seria o quarto dele. Sei que não devia estar fazendo isso, mas eu realmente tinha medo, muito medo. Eu encontrei o quarto dele, e entrei rápido, procurei a cama e depois ele, e então eu o chacoalhei até que ele acordou.
Sasuke: Hã? Sakura? O que você faz aqui? – ele me perguntou em um misto de sono e susto.
Sakura: Sasuke, eu sei que pode parecer infantil, mas é que eu tenho medo de tempestade. Eu não consigo dormir. – falei desesperada.
Ele me olhou por algum tempo e depois fez o que não pensava que ele fosse fazer. Deu espaço, para que eu me senta-se - ou deita-se, tanto faz - na sua cama.
Sasuke: Ah! Certo, fique aqui, mas fique quieta sim? E me deixe dormir. O que não vai ser nada fácil - ele sussurrou essa ultima parte, mas eu ouvi.
Eu sorri e me deitei na cama dele. Nem ligava mais pra merda que eu estava fazendo, eu precisava fazer com que esse desespero provocado pelo tempo ruim lá fora passasse.
Eu me encolhi na cama dele, e ele virou-se pra o outro lado, parecia se controlar pra permanecer lá. Mas ainda assim, eu não conseguia dormir. Que droga! O que é que eu preciso fazer pra esse maldito medo infantil passar?
Sakura: Sasuke? – nada – Sasuke? – nada de novo – Sasuke? SASUKE?
Ele acordou e se virou na minha direção.
Sasuke: Droga Sakura! O que diabos você quer agora? – ele estava irritado, muito irritado.
Sakura: Eu não consigo dormir – falei de cabeça baixa.
Sasuke: E o que quer que eu faça? Te dê sonífero – ele disse seco – Argh! – então passou a mão pelos cabelos, já disse como ele fica sexy fazendo isso? Ah, Sakura, foco! - Você tem certeza de que não tem cinco anos de idade? – ele disse de forma um pouca mais calma – Humfp! Vem aqui.
Eu, sem pensar em mais nada, me atirei nos braços dele e o abracei com força. Havia me esquecido de tudo, do casamento, do Sai, de que eu mal o conhecia. Porque abraçando ele, o meu medo desapareceu, foi como se eu tirasse com as mãos, e nada mais me preocupava porque eu me sentia segura. Nunca havia me sentido assim com o Sai, nem com ninguém. Só com ele, e eu tinha quase certeza, de que estava completamente louca por ele.
continua.....