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História De Gwangju ao Havaí - Goyu;


Escrita por: pridedevhope

Notas do Autor


Bom dia, boa tarde e/ou boa noite!
Tudo bem com vocês? Espero mesmo e mesmo que sim! ^^

Pois, bem, antes de tudo quero dizer que esta oneshot é basicamente uma continuação (talvez um extra, não sei) da obra "Pedacinho do Céu", que o @jiwont escreveu. E eu acho que seria muito essencial vocês a lerem antes de começarem a ler esta: https://www.spiritfanfiction.com/historia/pedacinho-do-ceu-10094553
Agradeço de todo o meu coração o @jiwont por ter confiado em mim para escrever um dos plots que ele criou; cara, você é simplesmente maravilhoso, e a minha maior inspiração nesse site (algo que nem surpresa mais é, já que sempre comento sobre isso). Você é tudo pra mim! :((

Perdoem-me por qualquer erro...
Boa leitura, minha gente! ^^

Capítulo 1 - Goyu;


Hoseok ajeitou melhor seu chapéu de praia quando terminou de passar cuidadosamente o protetor solar pelos braços, peitoral, pernas e rosto. O sol de Maui era intenso no verão, e ele detestaria qualquer queimadura em sua pele. Garoto da cidade e cuidadoso ao extremo; chegando a ser paranoico com certas coisas, principalmente quando relacionadas aos males do verão. Ele não costumava sair de férias para cidades praianas ou até mesmo outro país, preferia ficar no aconchego de sua casa, ou curtir a piscina do condomínio em que morava quando o calor era de lhe sufocar. Mas se pegou pensando nas férias em que costumava ir para Maui com os pais, considerou que talvez não fosse ruim sentir a areia macia nos seus pés, ou a água gelada lhe envolvendo. Se lembrava bem da última viagem a Maui e de como havia sido divertido, tudo bem que para uma criança tudo é legal e sinônimo de diversão; mas isso não desconsidera o fato de que realmente aquele lugar lhe agradava. As pessoas também, se lembrava de um amiguinho avoado que encontrou durante todos os dias que esteve ali. Era um garotinho incrível, realmente. Hoseok se recordava de como sentiu falta do menino, do triste adeus que deram um ao outro em meio a lágrimas e um abraço forte. Lembranças de sua infância o deixavam nostálgico e um pouco frustrado, não imaginava que um garotinho tão feliz se tornaria naquele bolo de preocupação e manias.  

Hoseok estava em seu último ano da faculdade de administração, sequer sabia se era realmente o que queria para si, mas se dava inteiro para conseguir se manter como um dos melhores alunos do curso. Vivia atarefado e mal tinha uma vida social, tudo que fazia era resumido aos estudos, e ao trabalho de meio período no escritório do pai. Mal respirava, e felicidade era um sentimento que ele desconhecia a bastante tempo. Talvez ele se resumisse à exaustão, nada mais que isso.  

Seus pais estranharam a atitude tão repentina de ir para o Havaí sozinho, sem convidar nenhum amigo ou parente, mas Hoseok só queria um tempo livre de tudo, de todos, e da vida que tinha. Achou melhor ir sozinho, deste modo tinha mais liberdade para fazer o que bem entendesse a hora que bem quisesse, e aquela independência era um sentimento bastante aprazível para o garoto. Também lhe trazia um sentimento doce e fugaz de alívio, não era como se tivesse carregando o mundo em suas costas, ele realmente se sentia bem, leve e preenchido por uma paz consumidora. Até porque faz dois dias que estava ali e o primeiro dia ele pode fazer aquilo que mais desejou em meses: dormir e comer, comer e dormir.  

Só tomou coragem para levantar da cama no segundo dia; e ali estava, por volta das dez da manhã, sentado em uma cadeira de praia, banhado em protetor solar ganhando a aparência de um palmito, enquanto ouvia uma música lenta nos fones de ouvido, observando as ondas do mar serenas, e as pessoas indo e vindo daquele pedacinho do céu na terra.  

Riu meio bobo consigo mesmo por lembrar-se daquela frase. Crianças realmente tinham as melhores ideias, era engraçado de se observar. Se perguntava onde havia ido parar as suas ideias e criatividade para as coisas, lembra-se de ser tão agitado e criativo. Por que de repente ele não conseguia pensar em nada além daquilo que tinha na cidade? Além do futuro prometido por seus pais que nem mesmo desejava?  

Flagrou-se pensando naquele amigo avoado com ideias e pensamentos tão diferentes, mas ainda assim de uma criança espontânea e sonhadora. Ele também se encontrava na mesma situação? Era uma questão tão boba, não fazia sentido ficar pensando em alguém que definitivamente nunca mais veria em toda a sua vida. Como costumava dizer e pensar, o mundo era grande demais, enorme, as pessoas poderiam se perder nele, então Taehyung era apenas um amigo perdido nesse mundo gigantesco o qual não giraria ao seu favor para que se encontrassem novamente. E se, se encontrassem, nada aconteceria. Afinal, talvez nem reconhecessem um ao outro.  

— Boa tarde, senhor, com licença, você estaria interessado nas aulas de surf oferecidas pela companhia de turismo interligada ao Maui Coast Resort? — Um rapaz alto se agachou ao lado da cadeira de Jung. Era um moreno alto e esguio, com aquele tom de pele queimado de sol de um modo bonito e natural, os fios de cabelo eram platinados e o rapaz possuía um tom de voz grave apesar de trazer consigo uma aura doce acompanhada de suas bochechas rechonchudas. — Também temos aulas de stand up, e canoagem. Mas se não for do seu agrado nenhuma dessas opções, a nossa equipe está organizando uma visita às cachoeiras da ilha; começando por uma trilha.

Hoseok retirou os óculos de sol que usava e ajeitou outra vez o chapéu branco, devido ao ventinho leve que fazia. Pensava realmente no assunto, mas estava com tanta preguiça para uma trilha, e só em pensar em todos os insetos e animais que encontraria pelo caminho já sentia calafrios por sua espinha.  

— Essas são as únicas opções?

— Também temos o passeio de lancha, e de Jet ski. Já experimentou uma banana? É um programa divertido para a família, mas como está sozinho precisaria esperar que montássemos um grupo.

— Hm… — Hoseok torceu o lábio pensando bem no assunto, riria de si mesmo se perguntasse se eles realizavam alguma competição para entreter os turistas, como por exemplo, para fazer castelos de areia. Se lembrava dos enormes castelos feitos pelos vendedores de arte naquela praia e sempre desejou fazer algo como aquilo, mas sempre foi aquele que moldava os castelinhos no balde e ainda assim desmanchavam. Talvez tivesse alguma aula relacionada a isso.  

— Realmente não há nada que me interesse tanto. — Ele respondeu timidamente, por fim, sorrindo sem jeito. 

— As aulas de Surf são bem divertidas, tem certeza que não quer experimentar? É sem compromisso, apenas entretenimento e diversão. — Insistiu o rapaz.  

Hoseok ficou em silêncio por um tempo, pensando sobre o assunto. Era um grande questionamento entre passar metade do dia deitado aproveitando o sol e a liberdade de não fazer nada, e tentar se divertir com aquelas aulas. Realmente não sabia o que fazer, mas como tinha tempo, e já havia descansado um pouco no dia anterior, considerou ser uma boa ideia fazer as aulas.  

— Certo, vou fazer a aula. — Sorriu agitando a cabeça, e o rapaz sorriu satisfeito com a resposta. 

— Muito bem, senhor. — Respondeu ao se levantar, em seguida estendeu sua mão, Hoseok a segurou mantendo o sorriso. — Me chamo Kim Namjoon e se estiver interessado em participar das aulas agora, é só me acompanhar até o quiosque.

— Ah, okay.

Hoseok se levantou da cadeira, logo pegando suas coisas e colocando dentro da mochilinha de praia que sua mãe lhe dera antes que partisse. Acompanhava o rapaz loiro e esguio e se concentrava no que ele dizia sobre os programas noturnos propostos pela companhia, considerava que não seria nada mal ir a um luau naquela praia, ou a um festival de culinária tradicional. Estava curioso para conhecer o que não conheceu quando visitava a cidade com seus pais.  

— Ei, ei! — O rapaz falou de repente, alto, assustando Hoseok por um momento, e o fazendo parar de andar. Ele acompanhou os movimentos do loiro e também para onde olhava, buscando saber por que daquela gritaria repentina. Pode ver um homem a alguns metros dali, perto de umas rochas, sentado na areia ao lado de um enorme castelo de areia, quatro quadros ou mais - estes que ficavam sobre um pano colorido, para não manter contato com a areia -, e dedilhava o violão como se o afinasse. Tinha longos cabelos cor de cobre, caindo sobre os ombros, mas uma tiara impedia que estes caíssem para o seu rosto, deixando aquela beleza praiana exposta. O rapaz era realmente bonito, dourado de sol, com os olhos negros e grandes, sobrancelhas grossas, traços marcantes, com o peitoral livre de qualquer peça de roupa, podia se notar as tatuagens coloridas, e no seu pescoço, um cordão que parecia ter sido feito à mão, com uma pedrinha ao meio. Era um rapaz realmente bonito.  

E Hoseok sentiu-se em um déjà vu, como se já tivesse passado por aquilo antes, ou só já tivesse visto alguém como ele em algum lugar.  

— O que você está fazendo? Esqueceu que não pode mais vender esses quadros aqui? Ande, suma, vá para outra praia.

Hoseok ficou um pouco perplexo pela forma como o rapaz estava tratando o indivíduo que provavelmente só estava vendendo seu trabalho, e certamente ele tinha noção do quão antiético era aquele tipo de situação em frente a clientes. Mas por alguma razão o platinado estava tão irritado que não se importou consigo parado logo atrás.  

— Então quer dizer que você quem manda agora? Me dê um tempo, eu só quero vender minhas coisas e cantar um pouco. Não é como se eu fosse atrapalhar alguém, amigo. — Por mais grossa que fosse aquela voz indo até para o assustador, ele falava calmo e sereno, tanto quanto as ondas daquele mar.  

— Você não tem autorização para estar aqui, então até o fim da manhã eu te quero fora. — Rude e seco, deu seu decreto, e o homem do violão sentado, por sua vez, apenas murmurou um “paz” e assentiu, fazendo com que Hoseok risse da sua forma de debochar da situação.  

O outro bufou e voltou a caminhar em direção ao quiosque, e Hoseok por alguns segundos, se manteve focado naquele ser humano tão belo e taciturno. Como era ser assim? Viver tão tranquilo e leve? Estava bastante curioso. Mas nada o despertava mais a curiosidade do que aquela sensação de já ter visto aquele homem pela vida, mas era estranho, porque realmente não o conhecia. As vezes costumava se confundir. Sentiu-se um pouco desconfortável e constrangido quando aqueles olhos pararam sobre si, e o encararam, também murmurando um “aloha” gentil.  

— Que engraçado, achei que estávamos um pouco mais perto do sol hoje, mas parece que aqui está ele diante de mim! — Se pronunciou sincero e sem filtrar os pensamentos, Hoseok olhou para os lados só para ter certeza de que não tinha mais ninguém por ali, e ao ter a confirmação corou vergonhosamente.  

— Está falando comigo? — Questionou sem jeito.  

— Sim. — Sorriu pequeno. — Você irradia luz, bonito cabelo. 

Aquela era a primeira vez que ouvia algo como aquilo e não sabia como reagir, estava envergonhado e atônito. Como alguém podia falar aquele tipo de coisa para um estranho?  

— Tem interesse em levar alguma lembrança daqui? Meus quadros não são a melhor lembrança, mas, se quiser dar uma olhada, senhor Sol. — Aquele tom grave e calmo continuou falando.  

Hoseok automaticamente levou uma das mãos até a bochecha, sentindo aquela quentura nada habitual. Mas no fim ele acabou rindo do “senhor Sol”, e de repente pensou naquele homem como uma criança.  

— Me desculpe, eu não posso comprar agora, porque vou fazer uma aula, mas, quem sabe mais tarde. — Hoseok deu seu melhor sorriso, apesar de ainda se sentir tímido.  

E por um momento o homem não o respondeu, apenas o olhou, olhou seu sorriso, de uma maneira diferente. Mas, logo ele voltou a sorrir pequeno e sereno, ao que agitava a cabeça assentindo.  

— Tenha um bom dia, senhor Sol. Só tome cuidado para não brilhar demais.   

Por não saber como responder, Hoseok apenas soltou um risinho e murmurou um “tchau” bem baixinho. Realmente pessoas como aquelas eram estranhas e peculiares, mas não podia dizer que havia sido um encontro ruim. Não era todo dia que o comparavam com o maior astro da constelação. 

Depois de se despedido do homem estranhamente agradável, Hoseok manteve o olhar no chão enquanto andava por sentir suas bochechas quentes, mas, diferente do que as pessoas que caminhavam a sua volta pensavam, não era por causa do sol. Mordendo o lábio inferior, com aquele sentimento de já ter visto o rapaz tão bonito e praiano, o Jung procurou em sua memória de onde ele vinha, de onde poderia tê-lo conhecido. Talvez redes sociais? Aquela era a única opção, apesar, Hoseok não o conhecia, realmente. 

Conseguindo avistar NamJoon não muito longe lhe chamando com um abanar de mãos de frente para uma pequena fila de pessoas, Hoseok suspirou fundo, e em passos rápidos caminhou em direção ao rapaz, parando ao seu lado e assentindo com a cabeça quando o mesmo lhe indicou que agora era só esperar, porque a aula iria começar a qualquer momento. 

Passando a mão por suas madeixas, olhando para os lados, Hoseok parou sua atenção no rapaz que praticamente fora expulso por NamJoon, começando a observá-lo atentamente sem nem ao menos se dar conta; ele recolhia com calma seus materiais, uma hora olhando para o mar com ternura, e outra parecendo conversar com os próprios botões. Seus lábios constantemente ficavam úmidos por rápidas passadas de língua nos mesmos; e seus fios se mexiam conforme a brisa nem muito quente e nem muito fria vinha e voltava. 

Saindo de seus pensamentos quando alguém tocou em seu ombro, o balançando calmamente, Hoseok abaixou seu olhar para uma mulher havaiana de mais ou menos trinta anos, que tinha uma flor rosa em sua orelha e trajava um colar também de flores coloridas. Em seu rosto estava estampado um sorriso simples, e suas bochechas eram rechonchudas. Ditando seu nome para que a mulher pudesse escrever em uma prancheta, Hoseok murmurou um “aloha” quando a mesma se despediu, indo marcar e conferir outros nomes em seus papéis. 

Dando alguns passos adiante, o Jung notou que tinham apenas quatro pessoas em sua frente que já estavam sendo preparadas para a aula. Ansioso, Hoseok notou que eles primeiro treinariam em uma prancha posta no chão, e que logo iriam para o equipamento artificial. “Aigoo”, ele pensou, olhando interessado para como a aula estava funcionando. 

Depois que seu nome fora chamado por um dos professores, Hoseok não notou o horário passar. Foram uma, duas, três e quatro horas até que o Jung percebesse que sua manhã acabara fazia um tempo, somente com ele ali, tentando ficar em pé em uma prancha após várias dicas e treinamento. E quando se cansou de todo aquele trabalho, Hoseok sentiu-se o próprio surfista, saindo da água salgada como se fosse um profissional: a prancha ao seu lado, um sorriso pequeno nos lábios e os fios secos, implorando por arrego e por um pouco de hidratação. 

Despedindo-se de alguns amigos que fizera, às vezes quando reclamava que seu tombo tentando surfar doeu mais do que o necessário — arrancando risadas de todos —, e às vezes quando dizia que teria que passar mais protetor e depois hidratar seu cabelo — sendo totalmente compreendido por algumas senhoras —, Hoseok falou empolgado para eles que queria vê-los novamente, e logo gritou um “aloha”, animado como nunca esteve nos últimos anos. O Jung sentiu falta daquilo, daquela diversão que tinha apenas quando era criança e até mesmo adolescente. Era bom estar completo, sem preocupações e sem várias pessoas lhe comunicando sobre trabalho e estudos. 

Decidindo que voltaria para o seu quarto, a fim de tomar um banho, descansar e depois ir visitar a cidade, Hoseok não se aguentou quando passou perto das rochas onde esteve pela manhã, querendo saber se avistaria o rapaz que lhe deu o apelido de “senhor Sol”. Frustrado, Hoseok negou com a cabeça, rindo baixo por sua própria infantilidade de achar mesmo que o moço estaria ali. Oras, ele fora expulso sem nem um pingo de educação! Certamente não estaria ali.  

— Vida bela, vida difícil... — Hoseok cantarolou, apanhando a chave de seu quarto e destrancando a maçaneta. 

Adentrando no dormitório, logo o Jung pôde avistar sua cama de casal no centro do cômodo, de frente para uma grande televisão, e para um imenso frigobar, cheio de doces, água e bebidas alcoólicas. Fechando as janelas, Hoseok se despiu e colocou as roupas molhadas em uma cadeira, separado de tudo para secar com o vento que hora ou outra passava. Caminhando a suíte, ele ligou o registro do chuveiro e deixou na temperatura morna para começar a se banhar e não ganhar um resfriado, o que seria horrível.  

Depois de se lavado, Hoseok apanhou uma toalha esbranquiçada e a amarrou em sua cintura, saindo do banheiro e caminhando ao guarda-roupa de madeira no qual tinha grande parte das suas roupas, a maioria sendo praianas, como camisetas floridas, bermudas mais floridas ainda e chapéus coloridos. Apanhando um traje como quem não queria nada, o Jung o vestiu rapidamente e calçou um chinelo simples, de tons de palha e com alguns enfeites nas alças.  

Sentando-se na cama, deixando um suspiro baixo escapar de seus lábios, Hoseok segurou a toalha que estava usando para secar o seu tronco e começou a passá-lo em suas madeixas com calma, olhando para a parede branca do dormitório, como se pudesse conversar silenciosamente com ela, perdendo-se por segundos ali.  

O barulho das pessoas conversando se misturando com o ruído das ondas do mar se chocando deixavam Hoseok sereno. Seu peito subia e descia com tranquilidade, igualmente a sua respiração baixa e um tanto quente. Seus pensamentos embarcavam em várias perguntas e afirmações de que aquele resort era ótimo, e que viajar também fora uma ideia plausível para o seu bem-estar, já que outrora se sentia sobrecarregado demais e com a cabeça prestes a explodir. 

Hoseok suspirou. 

— O que será que tem de mais nesse resort? — O Jung perguntou-se, ficando em pé e caminhando à uma pequena mesa perto da porta, onde tinham algumas comidas salgadas, panfletos de restaurantes, e bilhetes de recreações feitos pela hospedaria. — Vamos ver... — Ele passou os olhos com atenção no folheto, segurando-o com delicadeza. — Palestra, passeio na montanha, almoço, brincadeira na piscina... jet-ski... lanchas novamente... oh, aigoo, isso parece bom! — Exclamou, observando a viagem que fariam logo pelas dezessete e cinquenta da tarde para um restaurante não muito longe, tendo um valor bem acessível e compreensível. — Isso pode ser legal... — Hoseok pensou alto, colocando o papel outra vez na mesinha, e andando para trás, jogando-se na cama incrivelmente macia e acolhedora do quarto mil cento e cinco. 

Relaxando os músculos sobre o colchão, o Jung fechou os olhos e ficou quieto, não notando que aos poucos os minutos foram passando e tornando-se horas atrás de horas; que o céu fora se escurecendo e que muito menos as pessoas voltavam para os seus devidos quartos, a fim de descansar de um dia que passou como uma brisa gelada, que ia tão rápido como chegava. Hoseok tinha adormecido em um sono profundo, igual a de sua primeira noite no resort, que fora apenas um pregar de olhos que se resultou em um descanso de quase doze horas. 

Porém, o Jung merecia aquilo, ele sabia que sim... 

Após o tempo ter passado, e a escuridão da noite ter caído completamente sobre o céu, deixando com que apenas as estrelas o iluminassem, às vezes sendo interrompidas por imensas nuvens acinzentadas e às vezes não, Hoseok acordou. Seus fios encontravam-se desgrenhados e seu braço esquerdo doía conforme o mexia, não podendo se esquecer de seu rosto, amassado e com alguns cílios presos em suas bochechas.  

Apanhando seu celular, desejando ver o horário, o Jung amaldiçoou-se por ter dormido a tarde toda. Eram dez para às dezoito. Suspirando fundo, entristecido por ter perdido parte do dia, Hoseok fez uma careta por sentir sua barriga roncar; estava morrendo de fome. Observando ainda em seu aparelho eletrônico que estava fazendo vinte e nove graus, quase trinta, Hoseok agradeceu por ter deixado o ar-condicionado ligado, caso contrário estaria ensopado de suor, apesar, não era acostumado com aquele clima tropical. 

Tomando coragem, se levantando com lentidão, o de madeixas avermelhadas se esticou e fez uma careta no instante em que ouviu e sentiu suas juntas estalarem. Bocejando, e caminhando até o guarda-roupa, desejando se trocar, o Jung apanhou uma bermuda simples e uma camiseta de botões florida, trajando-as e depois calçando um chinelo de tons escuros nos pés, seguido de um chapéu floppy boho preto com um laço da mesma cor em sua cabeça. 

Andando em direção à mesa perto da porta mais uma vez, Hoseok leu e releu o folheto em cima daquela pequena plataforma, e seus olhos pararam em um pequeno cartaz. “Ma waena o nā nalu, inu a me nā kahe moana”, o Jung não fazia a mínima ideia do que o nome daquele lugar significava, contudo, só constatou ser um restaurante por causa das fotos de ilustração, com várias bebidas, comidas e música, esta que parecia ser ao vivo. 

Decidindo-se enfim a ir para tal espaço para jantar alguma coisa, Hoseok apanhou sua bolsa e conferiu se tinha pegado uma boa quantia do dinheiro que levara para aquele passeio. Saindo do quarto, caminhando até o centro do resort, o Jung foi em direção ao mapa do local e buscou o símbolo do restaurante no qual queria frequentar. Ele era o número vinte, com quatro estrelas. Tentando se direcionar, não demorou muito para que Hoseok seguisse o seu caminho, indo até o quiosque. 

O lugar era perto de uma área da praia calma, abordando luzes de led ao seu redor como enfeite, e mesas de tons pastéis dentro e fora do comércio. Tudo parecia ser muito limpo e tranquilo. Adentrando mais um pouco no quiosque, Hoseok sentiu os pelinhos de seu braço se eriçarem pela voz grossa que cantava uma canção junto a um violão. Parando de frente a uma bancada, querendo chamar a atenção de um funcionário, coisa que logo ocorreu, o Jung pegou uma ficha com o valor de quarenta dólares. 

Sendo guiado para uma mesa perto da janela, onde tinha uma visão perfeita para o mar, Hoseok olhou o cardápio e os preços, pedindo alguma coisa segundos depois. Desviando sua atenção da decoração totalmente feita de madeira do lugar, o Jung guiou seu foco para quem cantava ao vivo naquele lugar, com um violão em suas pernas e uma tiara que impedia seus fios de caírem sobre o rosto. Hoseok deixou seus lábios em um perfeito “o”. 

Engolindo em seco, envergonhado sem motivo, Hoseok rapidamente colocou ambas as palmas da mão no rosto, olhando pela fresta de seus dedos o rapaz que desejava vender suas artes e cantar um pouco pela manhã, mas que fora interrompido por um dos empregados do resort. Instantaneamente o apelido de “senhor Sol” que lhe foi dado pelo moço lhe veio à mente, fazendo-o ficar mais constrangido do que outrora. Abrindo os olhos, que foram fechados por breves instantes, Hoseok arqueou as sobrancelhas assim que notou que a música tinha parado e que o homem que estava um pouco mais à frente sua frente tinha sumido. 

— Senhor Sol, eu não sabia que além de brilhar, você poderia estar em todos os lugares. — Assustando-se, escutando uma voz tão perto de onde estava, Hoseok virou o rosto naquela direção quase que imediatamente, dando de cara com o rapaz que tanto pensava. 

Desta vez erguendo as sobrancelhas, tirando as mãos de sua face, o Jung olhou para o homem e sorriu pequeno, constrangido. Arranhando a garganta, querendo pensar no que poderia falar, o ruivo acenou para outrem e logo começou a dizer: 

— O-Olá. — Lamentou-se mentalmente por gaguejar. — Eu... eu... não pense que estou em todos os lugares, só vim aqui porque achei esse quiosque muito agradável; creio que ache o mesmo, já que estava cantando com tanta... euforia. 

— Sim, acertou em cheio. Eu gosto bastante daqui, senhor Sol. 

— Ei, não me chame assim, me deixa constrangido... — Hoseok pediu igualmente horas atrás, com as bochechas tão rubras quanto suas madeixas. Ele escutou o homem rir com sua fala. — Hum... pois, bem, eu não sabia que você cantava aqui. 

— Às vezes eles me chamam. Dizem que a clientela aumenta. — disse, rindo, arrumando o violão em sua devida capa, colocando-a em seu ombro. — Você não é daqui, estou certo? Deste país? 

— Oh, não, não. Vim apenas de passagem. Estou passando as férias aqui. 

O outro concordou. 

— Então, aproveite, senhor Sol. O Havaí é um lugar lindo de se aventurar. Aloha! 

Hoseok riu com a animação do desconhecido, que cantarolava ao mesmo tempo que deixava sair as palavras de sua boca. 

— Ei, ei, ei. Você não quer que eu te pague uma bebida? — O Jung questionou, vendo que o rapaz estava prestes a ir embora. — E, apesar de tudo, eu me chamo Hoseok, Jung Hoseok. — Ofereceu a mão para o maior, este que sorriu, apertando-a com rapidez. 

— Eu... eu sinto que conheço esse nome de algum lugar, mas não me recordo. Nós já nos vimos antes, senhor Sol? — perguntou, soltando a mão de Hoseok, que logo negara com a cabeça, avisando que não se recordava de nada. — Tudo bem, então. Eu me chamo Kim Taehyung, mas, se for melhor pra ti, pode me chamar apenas de Taehyung. 

"Taehyung", o nome ecoou na mente de Hoseok, deixando-lhe de certo modo zonzo. Seus olhos brilharam por alguns poucos segundos, e sua mente pareceu se lembrar cada vez mais do garotinho no qual brincara nos dias em que veio para o Havaí em suas férias. 

— O seu nome também não é estranho para mim, Taehyung. Eu conheci apenas uma pessoa com este nome, mas eu era muito novinho na época. — falou, depois de um tempo, dando de ombros, não acreditando de fato que aquele Taehyung era o Taehyung que conhecia. Oras, existiam vários Taehyungs no mundo! — Vem, senta um pouco. — pediu. — Você bebe? 

— Bebidas alcoólicas? 

— Sim. 

— Bebo. — Concordou. — E tenho alguns drinques pra indicar pra ti. — disse, se sentando de frente para Hoseok e deixando seu violão na cadeira ao lado. 

— Vai ser ótimo, então. 

Após conversas jogadas fora, bebidas, petiscos e risadas, Hoseok teve que olhar o relógio de seu celular e notar que já estava tarde demais, um aviso que já deveria ter voltado para o seu quarto fazia tempo. Querendo se despedir de seu novo amigo, Taehyung, o Jung ficara de certa maneira feliz por ele ir consigo até o dormitório onde estava, dizendo que lhe acompanharia em segurança para ‘casa’. 

Taehyung tinha o porte alto, boa aparência e um sorriso retangular que Hoseok parecia já conhecer. Sua risada era calma como as ondas do mar, seus olhos brilhavam como as estrelas, e seu carisma era especial, causando um conforto sem igual para o Jung; uma calmaria que ele não conseguia dizer como aparecia e nem como sumia. Taehyung era singular, e Hoseok pensava cada vez mais no quão parecido ele era com o garotinho meigo e gentil que conhecera no passado, que fora mar adentro consigo segurando sua mão e dizendo que tudo ficaria bem. 

Hoseok suspirou, tranquilo, parando perto de sua porta, e observando o rosto não tão iluminado do Kim. 

— Chegamos. — falou. — Amanhã você vai estar nestas redondezas? — O Jung perguntou, tocando na maçaneta da porta, ainda olhando para o amigo. 

— Posso dizer que sim. — respondeu. — Costumo vender minhas artes neste resort, mas nem todos os funcionários gostam de mim. — Riu. — Pretende me ver amanhã outra vez, senhor Sol? 

— Sim. — Assentiu, tímido. — Se você não se importar, claro. Para mim, a sua companhia foi muito boa hoje. 

— Digo o mesmo. — Taehyung sorriu. — Estarei no mesmo lugar amanhã: cedo vendendo meus quadros, e a noite cantando. Espero te ver lá; adoraria conversar com você novamente, senhor Sol. 

E foi isto o que ocorreu. Taehyung estava mesmo esperando Hoseok no lugar marcado, do jeito que tinha dito que ficaria. E assim passaram os dias, com o Jung sempre marcando de se encontrar com o Kim, às vezes para apenas conversarem, outras para olharem a paisagem, e outras para desabafarem, contando sobre algumas histórias tristes e felizes que aconteceram no decorrer de suas vidas. 

Observando ao longe Taehyung sentado na areia, Hoseok olhou para os lados e lentamente se aproximou dele, acomodando-se ao seu lado e tocando-lhe gentilmente o ombro. Já estava de noite, umas dezenove horas, e ambos os garotos tinham marcado de se encontrar na praia pela primeira vez. Percebendo o Kim olhar em sua direção, o ruivo deixou um sorriso pequeno aparecer em seus lábios, então logo tratou de sussurrar: 

— Oi. Já está aqui faz tempo? 

— Não muito. — Taehyung respondeu no mesmo tom, escutando o barulho calmo da maré indo e voltando conforme o vento se movimentava da mesma forma. 

— Ainda bem. Eu não queria te deixar esperando. — disse. — Por que me chamou para cá, Tae? 

— A gente nunca veio aqui. — Sussurrou. — Nunca paramos para ver e até mesmo entrar no mar desde que você chegou. Sempre estamos andando por Maui, ou aproveitando alguma coisa do resort escondidos.  

Hoseok assentiu, desviando seu olhar do rosto bonito de Taehyung para as águas azuis não muito distantes. O pequeno pedacinho do céu na Terra. Colocando sua cabeça no ombro do Kim, o Jung relaxou com aquele contato, reparando que Taehyung era quente; confortante. 

— Quando eu era criança, adorava ver o mar. — Hoseok disse, baixo, admirando as ondas indo e voltando com calma. O ar estava úmido, com cheiro típico de areia molhada, e refeições próprias praianas. Hoseok adorava aquilo, adorava mais do que qualquer outra coisa no mundo inteiro. — Ele trazia coisas para mim, e depois ia embora, tão lento, tão sutil. Poderiam ser conchas e até rochas, e eu me sentia muito importante enquanto guardava todas. Era tão legal. — Suspirou. — Mas, mesmo assim, eu nunca gostei de entrar muito na água; quando criança, mamãe me dizia que sempre teria bichos e peixes que morderiam os meus pés. Estranho, não? — Gargalhou sozinho, já que Taehyung parecia estar imerge aos próprios pensamentos. Hoseok continuou a falar: — Eu sei que é difícil de acontecer, algum animal morder a gente, porém acho que peguei trauma. Você tem medo de água, Tae? 

Taehyung olhou para Hoseok. 

— Você me lembra alguém. — Taehyung comunicou, murmurando, ignorando sem desejar a pergunta de outrem. — Você já veio aqui alguma vez quando mais novo? 

— Sim. — Assentiu. — Você também me lembra alguém, Tae. 

— Você... — Taehyung pareceu pensar, mordendo o lábio inferior. — Você acha que o mar é um pedacinho do céu, hyung? — perguntou, sem receio, querendo somente receber sua resposta. 

Hoseok endireitou a postura de sua coluna mais do que depressa, abraçando os próprios joelhos, e sorrindo miúdo. Seu coração tinha começado a bater rápido em seu peito. 

— Claro, bobo. É por isso que a água cai do céu. — disse, lembrando-se das palavras de seu amigo praiano.  

Ambos os garotos desde então ficaram em silêncio por poucos instantes, pensando sobre o que tinha acabado de acontecer. 

— Hoseok, você é o garotinho bochechudo que gosta de castelos de areia? Que veio à praia, mas que não gostava de entrar na água porque tinha medo de se perder? — Taehyung perguntou mais uma vez, só que agora apanhando uma das mãos do Jung, segurando-a com delicadeza. Estava ansioso. 

— Taehyung... — Hoseok olhou para o Kim, aumentando o sorriso em seus lábios. — Oh, meu Deus! Você é ele, Tae! Você é o menino que entrou comigo no mar, que prometeu que seguraria a minha mão, não é!? — Ele passou seus braços pelo pescoço alheio, apertando-o com força, demonstrando que estava deveras agitado e animado. — Me diz que sim, por favor, por favor. 

Enquanto abraçava o mais jovem, Hoseok pôde notar que o mesmo ficou em silêncio, começando só a lhe abraçar de volta segundos após, colocando o rosto no vão de seu pescoço e o cheirando. Percebendo as mãos de Taehyung passeando por suas costas, acariciando-as com gentileza, o Jung sentiu seu coração desesperar-se mais ainda do que outrora quando outrem sussurrou em seu ouvido: 

— Eu nunca pensei que fosse mais te ver... você... você mudou tanto!  

— Você também mudou para caramba, Tae! Nossa, eu nem acredito que nos conhecemos desde crianças. — Hoseok se afastou minimamente, rindo. — Isso é incrível! 

Taehyung também riu. 

— Eu me lembro de quando nos vimos pela primeira vez e quando você teve que ir embora. Parece que foi ontem! — Ele falou, negando com a cabeça, um tanto admirado e surpreso. — Eu fiquei tantas saudades de ti, Hoseok-hyung. — Acrescentou, mirando para o rosto do mais velho. — E, agora, do nada, a gente se encontra. Isso é sim incrível! 

— O mundo é muito pequeno. — Hoseok falou, suspirando fundo, e ainda mantendo o sorriso miúdo em seus lábios rosados. — E você ficou muito bonito, Tae. Cresceu bastante também; é até mais alto do que eu. 

— Eu sempre fui mais alto do que você. — Taehyung se gabou, rindo. 

— Eu não lembro disso! — disse Hoseok, mentindo, porém logo riu também, não dando-se realmente por vencido de que sempre fora o mais baixo entre os dois. — Eu também fiquei com saudades de você, e, aigoo, nós nos tornamos melhores amigos em uma semana! Crianças são extraordinárias, não é!? 

Taehyung concordou, empolgado, dizendo que aquilo era verdade. Crianças eram espontâneas; verdadeiras. Não enrolavam mais do que o necessário para conseguirem uma amizade e brincar, como se aquilo fosse a coisa mais importante de todo o mundo. Elas eram puras. 

Ambos os rapazes começaram a ficar em silêncio a partir daquele instante mais uma vez. O clima estava ótimo, tão bom que eles não se importaram de estarem próximos demais ou quietos por muito tempo. Era aquilo que estava faltando naquela viagem: a verdade. Agora tanto Hoseok, quanto Taehyung sabiam que já tinham se conhecido tempo atrás, e tudo parecia completo

Taehyung suspirou. 

— A gente estava comemorando que nos reencontramos e tudo mais... mas você tem que ir embora, não é? Você não é daqui, apesar de tudo. — O Kim sussurrou, segurando na mão de Hoseok e entrelaçando ambos os dedos novamente. — Você vai ter que ir embora. — "mais uma vez" quis completar, mas calou-se, olhando para o rosto do menor. 

— Oh, sim, eu não tinha pensado nisso. — Hoseok disse, baixo. — Você já tem o meu contato, e eu posso vir aqui mais vezes. Eu vou amar vim aqui mais vezes. Você só não pode parar de falar comigo. 

Taehyung sorriu, tímido, assentindo com a cabeça, e dizendo que não iria parar de falar com o mais velho, que sempre quando pudesse iria mandar uma mensagem e até mesmo fazer uma videochamada com ele. Taehyung queria tanto aquilo. 

Ficando em pé, erguendo os braços e bocejando alto, o Kim almejou rir quando avistou Hoseok lhe olhando torto assim que tirou a sua camiseta, ficando apenas com a bermuda branca de estampas de palmeiras que já trajava. Fazendo o de madeixas avermelhadas ficar em pé também, Taehyung o escutou perguntar acanhado: 

— O que você está fazendo, Tae? Por que tirou a camiseta? 

— Nós falamos sobre despedidas, e isso me lembrou de uma coisa. — disse, sorrindo retangular, mostrando o quão feliz estava. — Você se lembra da última vez em que nos vimos? Como nos despedimos? 

— Nós... entramos no mar. — Hoseok falou, pensativo, lambendo os lábios, estes que por um instante ficaram secos. — Você quer entrar no mar, Tae? 

Taehyung concordou, animado, balançando sua cabeça para cima e para baixo.  

— M-Mas... — Hoseok engoliu em seco, e mesmo que não quisesse, um deja vu apareceu-lhe a mente, fazendo seus pelinhos do braço se arrepiarem. Olhando para o maior, o Jung suspirou, e deixou um suspiro pequeno aparecer em sua face outra vez. — Vai ser apenas um mergulho? Como da outra vez? 

— Sim, só um mergulho, e eu estarei contigo. 

Tirando sua camiseta e ficando da mesma forma que Taehyung, apenas de bermuda, Hoseok agarrou-lhe a mão e entrelaçou ambos os dedos, olhando para outrem confiante, sentindo-se de certa maneira mais tranquilo.  

Percebendo Taehyung começar a lhe guiar em direção ao mar, Hoseok finalmente reparou na aparência dela. As ondas estavam calmas, e a luz da grande lua no céu refletia sobre a água, clareando-a e fazendo-a mostrar grande parte das coisas que escondia. Era tão lindo. Sentindo seus pés pisando na areia, colidindo e se aprofundando contra ela, o Jung deixou-se sorrir ainda mais, contudo, quando chegara realmente no mar, podendo observar e sentir a água gelada e salgada chocando contra as suas canelas, ele até tentou correr, mas Taehyung lhe segurou, rindo alto, prendendo-lhe em seus braços. 

— Taehyung, me solta! Isso está igual gelo! Me solta, por favor! 

— Hyung, não seja exagerado. — disse, gargalhando. — Deve estar uns trinta graus aqui fora, e a água vai nos ajudar a nos refrescar! Vamos, não seja mimado! 

— Eu não sou mimado. — falou, emburrado, dando-se por vencido segundos após e finalmente ficando quieto. — A gente vai ficar só por aqui? — questionou, baixo. 

Taehyung negou. 

— Vem, vamos entrar mais um pouco. 

— Taehyung... — Hoseok choramingou, agora notando a água bater contra as suas coxas. — Ei, não me solta, por favor. — Agarrou-se mais ao mais jovem. 

— Hyung, você não vai se afogar, ainda até consegue ficar de pé… — Taehyung falou, risonho, passando sem nem mesmo perceber os braços pela cintura do menor e ficando de frente a ele. — Consegue ouvir? 

— O-Ouvir o quê? 

— O quão calmo aqui é… — respondeu com melancolia. — O vento batendo contra os arbustos, as pessoas conversando, crianças rindo... a maré nos abraçando, os grilos cantando... nossas respirações... eu gosto tanto daqui. — disse, por fim, deslumbrado. 

A água já batia no peito de ambos os rapazes e eles decidiram parar por aí, não querendo ir mais para o fundo. Com delicadeza, passando seus braços pelo pescoço de Taehyung, Hoseok fechou os olhos, e começou a prestar atenção em todos os ruídos que o mais novo lhe dissera anteriormente. Aquele lugar parecia sim o paraíso, e o que o Jung mais queria naquele momento era nunca sair dali. 

Hoseok suspirou. 

Aproximando-se mais de Taehyung, sentindo-o acariciar suas costas, Hoseok encostou a bochecha em seu ombro e olhou para frente, vendo os quartos do resort ao longe e mais um pouco do mar, que parecia acabar perto de uma ilha particular. Percebendo o mais jovem lhe afastar minimamente, voltando a fitá-lo nos olhos, o Jung sorriu para o mesmo, nostálgico. 

— Eu vou sentir falta de ti. — Taehyung sussurrou, aveludado, contra o rosto alheio. 

— Eu também vou sentir a sua falta. — Murmurou, tão baixo quanto o Kim.  

Eles continuaram a se olhar, mais serenos do que outrora, nem notando que já estavam se encarando há minutos. 

Hoseok, para Taehyung, tinha se tornado um homem belo, mais belo ainda de quando era criança; e Taehyung, para Hoseok, estava mais bonito do que sempre, parecia ter amadurecido conforme o tempo passou e ficado mais gentil do que antes. 

Impulsionando sua cabeça um pouco para frente, selando seus lábios contra os de Hoseok, Taehyung o reparou ficar rígido por um pequeno e curto instante, porém logo retribuir o selo, surpreso. Ficando segundos naquela mesma posição, eles logo se separaram, olhando um para o outro constrangidos. 

— Você... Tae... v-você... — Hoseok podia sentir suas bochechas queimando; o sangue indo todo para elas e as avermelhando. 

— Eu quero que você tenha mais um motivo pra voltar pra cá. — Taehyung beijou Hoseok mais uma vez, deixando sua cabeça cair um pouco para o lado e finalmente movimentando ambas as bocas, apenas em um ósculo calmo, singelo e dócil.  

E ali, em meio a beijos, carícias e brincadeiras naquele pequeno pedacinho do céu, Hoseok constatou que aquela foi a segunda melhor viagem que fizera em toda a sua vida, porque a primeira, decerto foi quando conheceu Taehyung e descobriu o quão especial ele era para si. Então, agora, além de sempre viajar para Maui com frequência para curtir as suas férias, o Jung tinha outra razão para tal passeio, apesar, o amor está no Havaí. 


Notas Finais


Pois, bem, espero que tenham gostado da oneshot! Eu tentei desenvolvê-la ao máximo que pude, e tentei também acompanhar a vibe praiana que ela passa. Espero que tenha dado certo. Ai, ai.
Eu usei algumas referências de "Pedacinho do Céu" para descrever os personagens, e alguns momentos que já ocorreram entre eles, quando ambos eram apenas crianças. Tanto que você conseguirá notá-los se ler as duas oneshots.
E para finalizar, mais uma vez agradeço o @jiwont pela oportunidade, e por ser um escritor tão sensacional e incrível pra mim. <3
A primeira parte foi ele quem escreveu, e depois eu só tentei acompanhar.

Quero agradecer muito, muito e muito o blog @WonderfulDesigns e @anesthesie pela capa da obra. Agradeço de coração por este design tão impecável e glamuroso! <3

Muito obrigada a quem leu a obra! ^^
Até a próxima?
Tchau Tchau! ~


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