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História De Joelhos (Malec) - Eu não me ajoelho para ninguém


Escrita por: coracoesvazios

Notas do Autor


Prontos para o último capítulo?

Eu só quero dizer que essa história já virou meu neném, sério... eu me apeguei tanto a esses personagens 🥺

Espero que gostem ❤️

Capítulo 47 - Eu não me ajoelho para ninguém


Fanfic / Fanfiction De Joelhos (Malec) - Eu não me ajoelho para ninguém

ALEC

Valentim deveria realmente ter atualizado sua segurança quando ele decidiu ir atrás de Magnus.  

O sistema de alarme era muito fácil de contornar e o par de cães de guarda no pátio acabou com o pescoço quebrado.  

A jogada mais inteligente que ele fez foi pular entre suas várias propriedades nos últimos dois dias. Era como um jogo, quando eu chegava lá, ele tinha ido embora, para o próximo, até que finalmente o rastreei até sua casa no subúrbio.

Eu nem tentei ser sutil ou furtivo ao me aproximar da casa.

Abrindo as adoráveis ​​portas francesas da cozinha, invadi o interior, vasculhando cada quarto rapidamente em busca de qualquer um de seus guarda-costas.

O piso térreo estava limpo. Também estava estranhamente quieto. A esta hora da noite, ainda deveria haver pessoas acordadas, pessoas se movimentando. Apesar das luzes estarem acesas, não havia atividade na casa.

A apreensão se instalou no meu estômago enquanto eu subia as escadas.

A porta da suíte master estava entreaberta. Ignorando o instinto de sair, fui em direção a ela. 

Eu tinha vindo aqui para matar aquele filho da puta sem alma e era isso que eu ia fazer.

Empurrando a porta aberta, entrei, minha arma levantada e pronta para disparar.

A luz acendeu e a porta se fechou atrás de mim. Na minha cegueira temporária, algo duro e pesado bateu nas minhas costas. Eu me joguei para frente e caí de cara no tapete macio. A arma caiu fora de alcance. Com o peso ainda nas costas, não consegui recuperá-la.

Piscando para afastar minha visão a preto e branco, Valentim apareceu, parado ao lado de Dimitri.  

Meu sangue gelou, me congelando no lugar.  

Quem quer que estivesse sentado nas minhas costas prendeu um par de algemas em meus pulsos, enquanto outra pessoa prendia grilhões em meus tornozelos. Uma vez que eu efetivamente não conseguia me mover, eles me despojaram de todas as minhas armas.

Valentim zombou em triunfo.  

— Maldito viado.

— Se aproxime e diga isso de novo. — eu rosnei para ele.  

— Chega. — Dimitri retrucou, checando algo em seu celular antes de guardá-lo novamente. — Vamos lá.

Os dois homens atrás de mim colocaram as mãos sob meus braços e me puxaram para cima, me direcionando de volta para a porta. Um deles ergueu um taser e apertou o gatilho. Ele pedalou com um alto 'tick tick tick', feixes brancos e azuis de eletricidade faiscando no final.  

— Nem pense em tentar nada. — disse ele, enfiando o taser na parte de baixo das minhas costas enquanto eles me ajudavam a descer as escadas.

Eles me colocaram em uma van e nós fomos, dois deles na parte de trás comigo enquanto um terceiro dirigia.

De olhos fechados e cabeça inclinada para trás contra o assento da van, repassei o pouco que sabia.

Dimitri estava aqui, o que nunca era bom. Ele era juiz, júri e carrasco do Rhysand. Ele ouvia reclamações e resolvia disputas internas, geralmente com uma bala.

Valentim sabia que eu estava vindo.

Dimitri sabia que eu estava vindo.

Eles estavam juntos, esperando por mim.

Isso significava que não haveria nenhum tipo de “julgamento” – Dimitri já havia decidido.  Assim que chegássemos a qualquer destino que eles tivessem em mente, eu ia morrer.  

Contanto que eu levasse Valentim comigo, não me importava. Aquele filho da puta não estaria respirando por muito tempo.

Exalando uma respiração lenta, mantive meus olhos fechados, tentando mapear onde eu estava com base nas curvas que a van já havia feito.  

Havia tantos lugares para onde eles poderiam me levar. Com base em onde ficava a casa de Valentim, reduzi a algumas das escolhas óbvias. Elas eram todos bastante próximas, o que significava que eu não tinha muito tempo para agir.

Aproximando minhas mãos, respirei fundo e empurrei meu polegar esquerdo o mais forte que pude. Tendo sido quebrado várias vezes ao longo da minha vida, não demorou muito para colocá-lo no lugar. A súbita onda de dor não era agradável, mas era preferível à morte.

Fazendo uma careta, eu abri meus olhos e cuidadosamente puxei minha mão esquerda pela algema, a mantendo na minha direita. Olhando entre os dois homens sentados à minha frente, avaliei cada um rapidamente, tentando decidir quem era a maior ameaça.

O da direita era maior, mas o da esquerda tinha o taser.

Agarrando as algemas, eu pulei para a esquerda. Eu dirigi o único fio de metal sob sua mandíbula, os dentes de aço rasgando sua pele e jorrando sangue antes que ele pudesse gritar.

O cara da direita se jogou em mim, mas era tarde demais para seu parceiro. Eu consegui levantar meus pés a tempo e plantá-los no centro de seu peito, o chutando para trás nas portas duplas.

Agarrando o taser do homem morto, me virei para seu parceiro, pegando uma bota na lateral do meu rosto. Sacudi a dor e apertei a ponta do taser contra sua coxa, puxando o gatilho.  

Ele gritou e agarrou sua perna, dobrando o suficiente para que eu pudesse agarrar seu rosto. Com um movimento rápido, quebrei seu pescoço e joguei seu corpo para fora do caminho.

A van deu um solavanco para o lado e parou bruscamente.

Xingando baixinho, vasculhei os bolsos dos mortos até encontrar a chave de mão. As portas dos fundos se abriram assim que eu destranquei a última barra de ferro.

Eu me lancei para o motorista assim que ele apareceu. Caímos no chão em uma pilha, lutando por sua arma. Ela disparou entre nós, o som ensurdecedor e perigosamente perto do meu rosto.

Uma segunda bala foi disparada, mas não foi da arma do motorista. Nós dois paramos e olhamos para o lado.

O veículo de Dimitri havia parado também. Ele estava ao nosso lado, a arma apontada para mim.  

— Pare de brincar e entre no carro, Alec. — disse ele entre os dentes.

Resignado ao meu destino, larguei o motorista e caminhei na direção que Dimitri apontou.  

Deslizei na parte de trás de seu SUV, ainda segurando a mão ensanguentada como uma faca, só por precaução.  

Uma terceira bala rasgou a noite. Olhei para cima a tempo de ver Dimitri balançar a cabeça e voltar para o carro. O motorista estava deitado na beira da estrada, sangue escorrendo de sua testa.

Dimitri subiu ao meu lado, a arma descansando casualmente em seu colo.  

— Agora vamos.

🌻🌻🌻 

Entrar pela porta dos fundos do Delirium foi como entrar pelas portas do inferno.

A cozinha estava sufocante e a musica do clube ao lado afundou em meus ossos, como a percussão antes de uma execução. 

E eu sabia, sem dúvida, eu estava marchando em direção à minha própria morte. Mas primeiro, eu seria pesado e medido por ninguém menos que o próprio Rhysand Archeron.

Dimitri liderou o caminho para uma sala da cozinha. Fui em seguida, com Valentim e o motorista nos seguindo.

Rhysand estava sentado no meio da sala junto com Magnus.

Magnus!

Avancei, mas dois pares de mãos me agarraram por trás e me seguraram no lugar. Tentando afastá-los com um rosnado, olhei por cima de cada ombro, reconhecendo Azriel e seu motorista.

— Que porra ele está fazendo aqui? — Perguntei a Azriel em russo.

Azriel segurou meu olhar por um segundo aguçado, antes de olhar para Rhysand. Seu chefe se levantou e estava conversando com Dimitri em voz baixa.

Magnus estava de pé também, os braços cruzados sobre o peito, as sobrancelhas inclinadas sobre os olhos preocupados. Ele parecia bem, mas quem diabos sabia o que aconteceu antes de eu chegar aqui e quem sabia o que iria acontecer a seguir.

— Alec. — disse Rhysand, chamando minha atenção para ele. — Eu tenho ouvido muitas coisas sobre você. Um monte de... coisas preocupantes. — Estranhamente, ele estava falando em inglês. Eu inclinei minha cabeça para a escolha do idioma, roubando outro olhar rápido para Magnus. 

Eu não disse nada quando Rhysand se aproximou. Azriel deu um aperto no meu ombro antes de me soltar e me empurrar um passo para frente.

 

— Valentim me disse que você é um viado. — Rhysand me olhou de cima a baixo, seus lábios torcendo sob a barba bem aparada. — Ele me disse que você e seu... — ele gesticulou com desdém para Magnus. — Tanto faz, conspiraram para me roubar. Ele acha que você está tentando derrubá-lo e se estabelecer como capitão.

— Exatamente! — Valentim exclamou, dando um passo à frente. — E ele...

Rhysand levantou um dedo, silenciando o resto das besteiras de Valentim. 

— Então, me diga, Alec. O Lobo de Yakutsk, o terrível açougueiro de homens, é um bicha imundo do caralho?

Eu tinha uma decisão a tomar.  

Se Rhysand soubesse a verdade, ele me mataria. Mas se eu mentisse e ele soubesse que eu estava mentindo, ele me mataria de uma forma muito mais dolorosa. 

Sendo que eu estava destinado a morrer de qualquer maneira, eu esperava que minha sinceridade poupasse Magnus. 

Meu olhar passou por Rhysand e se fixou em Magnus quando respondi.  

— É verdade.

Magnus cobriu a boca com a mão, parecendo que estava a dois segundos de vomitar. Mesmo à distância, eu podia ver a umidade em seus olhos, destacando a cor dourada que eu tanto amava.

Rhysand assentiu, passando a língua pelos dentes, também parecendo que ia vomitar.  

— E vocês dois bichas do caralho roubaram minha propriedade do banco?

— Sim. — eu respondi com firmeza.

Rhysand assentiu novamente.  

— Cadê?

Engoli o nó na minha garganta.  

— Na minha bota.

Azriel imediatamente se agachou. Peguei meu pé esquerdo e ele tirou minha bota. O pendrive caiu no chão. Azriel colocou minha bota de volta e pegou o pendrive do chão, o entregando a Rhysand.

Rhysand o examinou e o enfiou no bolso, aparentemente satisfeito que era o original.  

— O que você ia fazer com isso?

Eu atirei um olhar para Valentim e seu estúpido rosto sorridente.  

 

— Eu ia usar isso para descobrir se esse pedaço de merda realmente armou para mim.

Rhysand seguiu meu olhar.  

— Armou para você? Como?

— Isso. — eu assobiei, gesticulando para o espaço confinado. — Alguém tinha que assumir a culpa pela merda que o sobrinho dele fez. Foi ideia de Jonathan roubar o banco, Jonathan que chamou a polícia e delatou o armazém. Mas era Valentim que estava tentando se estabelecer como o novo chefe, não eu. É a única coisa que faz sentido.

As sobrancelhas de Rhysand se ergueram.  

— É assim mesmo? — Ele se virou para Valentim, a mesma expressão curiosa em seu rosto.

— Ele é um maldito mentiroso! — Valentim disse, seus lábios se curvando. — Você não pode acreditar em uma palavra do que ele diz.

— Sobre o que ele mentiu? — Rhysand perguntou, estendendo as mãos. — Ele confessou ser gay, ter roubado o pendrive. Ele está certo sobre Jonathan ser um X9. Jace encontrou a prova nos registros telefônicos, registros que seu homem Hodge tentou esconder de Azriel.

Valentim empalideceu, disfarçando com uma risada. Quando ninguém riu com ele, ele engoliu em seco.  

— Rhysand. Você não pode estar falando sério. Você acha que eu estou por trás de tudo isso? É com esses dois doentes de merda que você deve se preocupar, espalhando mentiras e doenças e tentando fazer você parecer um tolo.

Rhysand olhou além dele para Dimitri e jogou a cabeça em direção à porta. Os dois homens saíram juntos, fechando a porta atrás deles.

Sem nenhuma mão me restringindo, corri para Magnus e joguei meus braços em volta dele, tomando cuidado para não esmagar suas costelas.  

— Você está bem?

Ele assentiu, tentando me afastar.  

— Eles estão olhando para você.

— Eu não me importo. — Peguei seu rosto entre minhas mãos e o beijei, bem ali na frente de Azriel e dos outros. 

Pode ter havido suspiros e maldições e murmúrios vindo de trás de mim, mas tudo o que me importava era o gemido suave de Magnus contra meus lábios. 

Morrer com a memória de seus lábios nos meus era todo o conforto que eu precisava. Eu o beijaria na frente de Rhysand e felizmente aceitaria o castigo por nós dois se isso significasse poupar a vida de Magnus.

Eu odiava ter que me afastar, mas o fiz, segurando seu rosto suavemente.  

— Eu mantive minha promessa.

— Estão todos mortos?

Eu acenei com a cabeça.

Seu olhar caiu, uma carranca puxando seus lábios.

Meu coração afundou. Ele não parecia feliz. Por que eu continuava falhando com ele? Não podia protegê-lo, não podia dar a ele o que ele queria. Em que porra eu era bom? 

— O que há de errado, Solnyshko?

— Achei que sentiria... alguma coisa. – Ele fez uma careta, seus dedos torcendo na minha camiseta. – Melhor? Aliviado? Eu não sei...

Sem saber o que dizer, beijei sua testa e o envolvi em outro abraço.  

Tentei não pensar em quanto tempo havia passado, quanta deliberação estava ocorrendo do outro lado da porta. Eu apenas segurei Magnus e respirei o cheiro de verão que era tão dele.

Quando a porta se abriu novamente, eu empurrei Magnus atrás de mim e me virei para encarar Rhysand e Dimitri, me tornando tão grande e alto quanto pude, como se estivesse enfrentando um urso na floresta.

— Tomei uma decisão. – disse Rhysand, se aproximando de mim. – Alec, venha aqui. – Quando eu não me mexi, Rhysand franziu a testa. – Eu disse venha aqui. Se ajoelhe diante de mim e peça perdão.

— Eu não me ajoelho perante ninguém. – eu respondi concisamente. As estrelas de oito pontas tatuadas em meus joelhos praticamente queimaram com o comando, o rejeitando.

— Você não vai se ajoelhar para salvar sua vida? – Rhysand perguntou, suas sobrancelhas cinzentas levantadas.

— Por favor, se ajoelhe, Alexander. – Magnus sussurrou atrás de mim, seus dedos apertando minha camisa.

Me virando para Magnus, meus molares se apertaram. Ele não entendia. Como ele poderia?  

Ele não sabia o que ajoelhar significava, o que as estrelas representavam, o que eu estaria dizendo aos homens na sala me ajoelhando diante de Rhysand.  

Eu já era subumano porque era gay. Me ajoelhar só tornaria mil vezes pior. Eu realmente seria um animal aos olhos deles, rebaixado e humilhado.

Eu tinha outra decisão a tomar, e rapidamente.  

Encontrei a resposta nos grandes olhos dourados de Magnus.  

Mantendo meu olhar fixo no dele, eu caí sobre um joelho e depois o outro, encarando ele e ele apenas.  

A posição final de submissão, o sacrifício do meu orgulho e a declaração mais alta dos meus sentimentos pelo garoto na minha frente. Se eu fosse morrer, pelo menos seria nos meus termos.

— Eu não me ajoelho perante ninguém. – eu repeti, olhando para Magnus. – Exceto por aquele que eu amo.

Magnus engasgou, sua respiração rápida e superficial. Com os olhos arregalados, seu olhar disparou para algo atrás de mim, engolindo em seco.

Uma arma engatilhada.

Eu estava de pé em um flash, protegendo Magnus quando o primeiro tiro soou. 

O agarrando junto a mim, eu o segurei com força enquanto mais duas rodadas irrompiam atrás de nós.  

Ele empurrou contra mim com cada um, mas eu não senti o choque do metal me rasgando. Eu tinha muita adrenalina correndo por mim para sentir qualquer coisa.

A sala estava em silêncio.

Magnus estava tremendo quando eu o afastei, olhando para ele. Ele não tinha sangue nele. Seu olhar, no entanto, estava grudado em algo por cima do meu ombro.

Eu girei lentamente, tomando cuidado para mantê-lo atrás de mim, e olhei nos olhos de Rhysand.  

Ele tinha uma arma apontada para o corpo de Valentim, esparramado no concreto, o sangue escorrendo pelo chão inclinado até o ralo no centro.

— Um pedaço de merda. Pensou que poderia se livrar de mim? Na minha cidade? – Rhysand rosnou, cuspindo no corpo morto de Valentim. – Se livre disso. – disse ele a Azriel.

Azriel assentiu e começou a enviar mensagens de texto.

Dimitri olhou para mim do outro lado da sala, sua boca pressionado em uma linha dura. Seu olhar viajou sobre mim com aparente desgosto, antes que ele se virasse e desaparecesse com seu motorista.

— Agora que isso está feito. Me deixe dizer como vai ser. – disse Rhysand, dando um passo em minha direção, gesticulando com a arma.

Eu pressionei de volta em Magnus, o apoiando na parede acolchoada para que eu pudesse cobrir mais dele. Encontrando o olhar de Rhysand de frente, levantei meu queixo, muito consciente da arma em sua mão.

— Nada dessa merda gay em público. – disse Rhysand acenando a arma entre Magnus e eu. – Sim? Se eu assistir isso, vou cortar seu pau. Se eu ouvir sobre isso, vou cortar seu pau. O que você faz em particular é problema seu. Mas bichas são ruins para o meu negócio. Compreende? – Não, eu absolutamente não compreendia, mas assenti mesmo assim, atordoado demais para dizer qualquer coisa. – De agora em diante, você trabalha para Azriel. – Rhysand continuou, lançando um olhar para o homem atrás dele.

Assim que Rhysand se virou novamente, Azriel me deu um pequeno sorriso e voltou a enviar mensagens de texto.

— Sim? Estamos entendidos? – Rhysand estendeu a mão para mim.  

Eu não me movi. Quando ele percebeu que a arma ainda estava na mão dele, ele riu e mudou para a outra mão, como se ele simplesmente tivesse esquecido de tirar a luva e não estivesse balançando uma arma ao redor.

— Sim. Obrigado, senhor. – eu respondi, apertando sua mão tão firmemente quanto pude.  

Eu ainda estava totalmente descrente, mas não estava prestes a falar alguma coisa e arruinar isso.

— Azriel vai te levar para casa. E você... – Rhysand olhou ao meu redor para Magnus. Eu tentei bloqueá-lo, mas Magnus, teimoso como sempre, deslizou para o lado, se tornando mais visível. – Não se esqueça.

— Quinta-feira à uma. Sim, senhor. Obrigado. – respondeu Magnus.  

Rhysand assentiu, girando sobre o pé e se afastando.

Eu empurrei para trás, olhando o sorriso suave de Magnus com suspeita. Eu não precisei perguntar a ele o que diabos tinha acontecido, eu tinha certeza que o olhar no meu rosto dizia tudo.

Ele deu de ombros, a imagem de inocência, apesar do pequeno sorriso que levantava o canto de sua boca.  

— Aparentemente, o sobrinho dele dirige um teatro e está procurando um novo compositor. Graças a todas as suas perseguições, Rhysand viu meu show. Acho que ele ficou impressionado.

Isso estava realmente acontecendo? Não apenas nós dois estávamos vivos, milagrosamente, mas Magnus usou nossa experiência de quase morte para conseguir um trabalho?!

Azriel guardou o telefone e abriu a porta.  

— Ok. Vamos lá. 

Ele não esperou que respondêssemos antes de sair, liderando o caminho pela cozinha até o carro esperando no beco.  

Deixei Magnus subir primeiro antes de deslizar ao lado dele. Minha coxa pressionou contra a dele, a única forma de contato que eu ousava tentar. 

Azriel se sentou à nossa frente, com um sorriso no rosto, mas em silêncio.

— Eu não entendo. – eu finalmente confessei quando partimos para casa. – Rhysand... ele está bem com...? – Apontei para mim mesmo.

— Não. – Azriel respondeu altivamente. – Mas ele se preocupa mais com seu dinheiro do que com quem você fode. Você é muito valioso para perder, Alec. Não são muitos os homens que podem fazer o que fazemos, tão bem quanto nós o fazemos. Contanto que você não morda a mão que te alimenta, você ficará bem.

— E quanto aos outros? Esta não será uma decisão popular. Estou surpreso que Dimitri tenha concordado com isso.

Azriel riu.  

— Depois da bagunça que encontramos no armazém, acho que você não precisa se preocupar com alguém dizendo alguma coisa. Se alguém for estúpido o suficiente para reclamar ou tentar qualquer coisa... – ele gesticulou para Magnus. – Se sinta à vontade para lembrá-los quem você é.

O carro parou em frente a um prédio de apartamentos de luxo que definitivamente não era meu.

— Aqui está. – disse Azriel, se inclinando para frente e me entregando um molho de chaves. – Meus homens não vivem em cima de restaurantes de merda. Anton trouxe suas coisas e você deve encontrar tudo o que precisa. Se não, você tem uma linha de crédito nas lojas lá dentro. – Olhei para as chaves na minha mão como se fossem um objeto alienígena. Minha mente estava um turbilhão, mas Azriel não pareceu notar. – Este é o meu edifício, este é o meu povo. Você está seguro aqui, Alec. Você também. – disse Azriel, direcionando sua atenção para Magnus.

— Obrigado. – disse Magnus, apertando a mão dele. – Por tudo.

Azriel assentiu, olhando para mim.  

— Quando eu ligar, você atende. Vou te dar algum tempo, mas temos trabalho a fazer para limpar a traição de Valentim.

Aceitando o pedido com um aceno de cabeça, abri a porta e saí. Assim que Magnus estava seguro na calçada, eu me virei e me encostei na estrutura do carro. Azriel deslizou para frente, reivindicando o assento em que eu estava, então ficamos mais próximos.

— Estou cansado de jogos. O que você não está me dizendo? – Eu perguntei calmamente.

Azriel mordeu o lábio inferior, apertando os olhos para mim, como se estivesse tentando decidir se ia responder a verdade ou não.  

Um sorriso se espalhou por seu rosto lentamente e ele desviou o olhar.  

— Eu já te disse... eu também sou um lobo. É mais fácil sobreviver quando você tem uma matilha. – Seu olhar brilhante voltou para o meu, parecendo satisfeito consigo mesmo.

Meu queixo quase bateu na calçada.  

— Você está me dizendo que você é...?

Ele piscou e alcançou a maçaneta da porta. Dei um passo para trás, o deixando fechar sua própria porta, atordoado demais para terminar minha pergunta ou até mesmo dizer um adeus adequado.

Assim que o carro se afastou, eu girei e fechei a distância entre mim e Magnus. 

Agarrando seu rosto, eu o beijei com abandono no meio da calçada enquanto as pessoas se aglomeravam ao nosso redor. Seus dedos cavaram em meus lados, torcendo o tecido e me puxando para mais perto até que tivemos que nos separar para respirar.

— Você disse que me amava. – disse Magnus em uma corrida sem fôlego, procurando meu rosto.

— Eu amo. – eu ofeguei, respondendo a pergunta silenciosa em seus olhos.  

E eu o amava. Contra todas as probabilidades, eu amava esse garoto.  

Eu amava sua boca inteligente, sua bravura imprudente, e o jeito que ele me fazia doer para tocá-lo, apenas para estar perto dele.  

Era uma loucura, mas pela primeira vez eu vi algo em meu futuro além da dor e da morte – a vida.  

Por causa dele.  

Para mim, Magnus era o sol, o centro do meu universo, a coisa que me deu vida. Sem isso, sem ele, eu certamente murcharia e morreria.  

— Eu te disse, você é meu, Solnyshko. Eu nunca vou deixar você ir.

— Você está me sequestrando de novo? – ele perguntou com um sorriso irônico.

— Se eu tiver que fazer isso.

Eu sorri e pressionei meus lábios nos dele, derramando cada pedaço de amor e emoção que eu tinha por ele naquele beijo, para que ele soubesse a verdade e nunca questionasse.  

Eu me comprometi com ele naquela sala... daquele momento em diante, apenas a morte me tiraria dele.

Enquanto eu respirasse, ele era meu, e eu era dele.


Notas Finais


E foi isso, gente.. espero que tenham gostado ❤️ Me contem tudo!

Lembrando que a segunda temporada vai sair em breve, e vamos acompanhar o Magnus se recuperando mentalmente de tudo o que aconteceu com ele ❤️

Obrigado por ler, você é especial ❤️🌻


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