1. Spirit Fanfics >
  2. De Joelhos (Malec) >
  3. Se adaptar ou morrer

História De Joelhos (Malec) - Se adaptar ou morrer


Escrita por: coracoesvazios

Notas do Autor


Vamos ao capítulo de hoje ❤️

Capítulo 58 - Se adaptar ou morrer


Fanfic / Fanfiction De Joelhos (Malec) - Se adaptar ou morrer

ALEC

— O que estamos fazendo? — Magnus perguntou, alcançando a gravata com a qual eu o tinha vendado. — Onde estamos? Esta é a garagem?

 

— Eu tenho uma surpresa para você. — eu disse, afastando sua mão com um tapa. — Não tire!

 

— Se estamos na garagem, é melhor não ser o que eu acho que é.

— O que você acha que é?

 

— Você me comprou um carro.

  

— Eu não te comprei um carro. — Eu sorri presunçosamente para mim mesmo, o agarrando pelos dois bíceps e o puxando para parar quando ele estava no lugar perfeito.

 

O Porsche azul escuro de seu pai estava diante de nós, completo com novas placas e uma nova cor, cortesia da loja do primo de Anton. Alcançando sob o volante, peguei a chave do suporte magnético que Jace colocou e voltei para o lado de Magnus.

 

— Ok, agora você pode olhar. — eu disse, cruzando os braços sobre o peito.

 

Ele puxou a gravata e piscou algumas vezes. Uma vez que ele registrou o que estava na frente dele, seus olhos dourados brilhantes quadruplicaram de tamanho. 

— Alexander!

  

— Todo seu. — eu disse com um sorriso, segurando a chave para ele. 

— Você roubou o carro do meu pai?!

 

— Você precisa de um carro e já que eu não pude comprar um para você... o que eu deveria fazer? — Eu dei de ombros indiferente. — Esta parecia ser a solução óbvia.

  

— Esse não é o ponto! — A cor sumiu de seu rosto e ele engoliu em seco. — Ele sabe que foi você? Você sabe que ele vai chamar a polícia. Provavelmente já está no sistema como roubado.

— Eu cuidei disso. — Peguei seu rosto entre minhas mãos e me inclinei, roçando meu nariz contra o dele, na esperança de reprimir o pânico dele antes que chegasse ao auge. 

 

— Mas eu...

 

— Sem "mas”! — Eu fingi uma carranca.

 

O olhar que ele me deu em troca foi bem sério. 

— Você não é engraçado.

 

— Não? — Eu deslizei minhas mãos ao redor de sua cintura e o puxei para mais perto, até que ele estava nivelado com o meu peito. 

Pressionando beijos na lateral de seu pescoço e na lateral de sua mandíbula, tentei absorver o máximo que pude – o cheiro de verão de sua colônia, seu calor corporal, sua proximidade geral. 

Ele esteve distante por tanto tempo... era como experimentá-lo pela primeira vez e eu não conseguia o suficiente.

 

Sua carranca rachou, levantando um lado de sua boca em um sorriso. 

— Eu não posso acreditar que você roubou o carro do meu pai.

 

— Porquê? Não é como se fosse difícil. Você quer que eu te mostre? — Ele me lançou um olhar surpreso, seguido por um exasperado. — O que há com esse olhar? Eu nem sempre fui um assassino, você sabe. Roubar foi como eu comecei.

 

— Sério?

Eu acenei com a cabeça, beijando seu pescoço novamente e roçando meus dentes ao longo de sua pele. 

Desfrutar desse raro momento de felicidade era muito mais importante do que discutir sobre a moralidade de roubar um carro de um homem que fez muito pior.

 

— Então, como você... hum, mudou? Para o que você faz agora?

 

— O que você quer dizer como? Simplesmente comecei a matar pessoas.

Ele se afastou, me dando outra carranca. 

— Mas porquê?

   

— É fácil. Mais fácil do que roubar carros, de qualquer maneira. — A julgar pela forma como seus olhos se arregalaram, eu provavelmente deveria ter encontrado outra maneira de expressar isso, mas era verdade. 

Puxar um gatilho era fácil. Exigia zero pensamento e pouco esforço, ao contrário de outras formas de crime. Além disso, eu era bom nisso. Talvez a única coisa em que eu era bom.

  

— Você alguma vez pararia de fazer isso? — No segundo que ele fez a pergunta, ele engoliu em seco. Seu olhar disparou ao redor do meu rosto, como se estivesse esperando algum tipo de sinal ou reação.

 

Sinceramente não tinha pensado nisso. Muito parecido com o vício do tabaco (apesar da constante reclamação de Magnus sobre quantos cigarros eu fumava em um dia), imaginei que estaria morto antes de ter que lidar com as consequências.

 

Franzindo minhas sobrancelhas, toquei sua bochecha levemente. 

— Você está me pedindo para parar?

  

— Não... — Se sua expressão de culpa era algo para se passar, ele pelo menos refletiu sobre a questão antes. — Eu só... eu não sei. Eu não sei se você pensa um dia em fazer outra coisa.

 

Ambas as minhas sobrancelhas subiram. 

— Como o quê?

 

Ele coçou a nuca, deslocando seu peso para o pé de trás. 

— Eu não sei. Qualquer coisa? Algo que não envolva, sabe... Tanto sangue?

 

— Você prefere que eu me torne um banqueiro, como seu pai? Ou talvez um mineiro, como o meu? Seu trabalho era tão imundo, você sabe. Honesto, mas imundo.

  

— Seu pai era mineiro? — Um sorriso suave se esticou em seu rosto. 

— Até que ele morreu.

 

Como as nuvens cobrindo o sol, o sorriso dele se foi. 

— Oh, me desculpe.

— Porquê? — Pisquei, tentando entender a mudança repentina.  

 

— Você nunca fala sobre sua família. Nunca. Eu não sabia se era um assunto delicado.

 

Dei de ombros. 

 

— Eu não tenho uma família, então não há nada para falar.

 

— Bem, você teve. Em um ponto. — ele disse com um pequeno encolher de ombros. — Você já tentou procurá-los?

— Não.

 

Ele se encolheu com a minha resposta curta. 

— Por que não?

 

Sufocando um suspiro, eu me arrependi seriamente de mencionar qualquer coisa sobre meu pai. Não era um assunto delicado... era um chato. 

— É melhor olhar para frente do que para trás. Além disso, essas pessoas? Se eles ainda estiverem vivos, eles são estranhos.

 

Assentindo, ele mordeu o lábio inferior. Seu olhar desceu para o meu peito enquanto ele traçava a ponta do dedo sobre a sombra de uma das minhas tatuagens, quase invisível sob minha camiseta branca.

 

— Pergunte. — eu suspirei. — Você sabe que você quer.

 

Seu olhar dourado saltou de volta para o meu. 

— Como você acabou separado deles, afinal?

 

— Essa é uma longa história.

— Eu tenho tempo.

 

Soltando um suspiro, desviei o olhar por um momento, mais irritado comigo mesmo por ter trazido isso à tona, do que com ele por fazer perguntas. 

Eu sabia que seria obrigado a surgir na conversa mais cedo ou mais tarde. Eu só esperava que fosse mais tarde. Muito, muito mais tarde. 

— Quando meu pai morreu em Yakutsk, minha mãe levou minha irmã e eu de volta para Moscou. Você não sabe como era a Rússia naquela época. Era perigoso. Instável. Dinheiro não significava nada. Algumas pessoas ganhavam milhões na nova Federação, enquanto outras morriam de fome ou congelavam até à morte. Pessoas eram sequestradas e mortas todos os dias. Você tinha duas opções: se adaptar ou morrer. Você tinha que fazer o que fosse preciso, mesmo que isso significasse esfaquear um homem com o dobro da sua idade por uma lata de sopa. — Eu sorri com o reconhecimento em seus olhos. — Como eu disse, não havia nenhum lobo envolvido nessa história.

— Então, como você chegou à América?

  

— Um homem chamado Kazimir Morgenstein usava o desespero das pessoas para recrutar soldados para sua brigada. Trabalhar para ele significava comida, roupas. Sobrevivência. Não pensei duas vezes em ajudá-lo. Eu entregaria mensagens, roubaria o que ele me pedisse. Quando o irmão dele se mudou para a América para expandir seus negócios, ele exigiu ter uma brigada própria. Kazimir não perguntou dessa vez. Um grupo de nós foi cercado, como gado, e enviado para o exterior. Kazimir continuou controlando as coisas na Rússia, enquanto Valentim cuidava das coisas na América. — Os olhos de Magnus se arregalaram e eu assenti. — Sim. Esse Valentim.

 

— E sua mãe? Sua irmã? — ele perguntou baixinho, quase como se estivesse com medo da resposta. Ele não precisava estar, especialmente porque eu não tinha uma para dar.

 

— Eu não as vejo ou ouço falar delas há mais de vinte anos. Elas provavelmente estão mortas.

 

— Você não quer saber com certeza?

  

— Não. Eu não quero. A resposta não muda nada, então por que vou me dar ao trabalho de tentar encontrá-las?

 

Por um momento, parecia que ele queria dizer alguma coisa. A ruga entre as sobrancelhas se aprofundou e ele mordeu o interior do lábio inferior. Em vez de fazer uma pergunta, ele enfiou os dedos nos meus e caminhou de volta para os elevadores.

 

A quietude de Magnus era compreensível. 

O conhecendo, ele provavelmente estava tentando entender tudo o que acabara de descobrir. 

Diferenças culturais óbvias à parte, eu tinha plena consciência de como minha vida devia parecer estranha para alguém como ele. 

Pelo menos por enquanto, eu esperava que fosse o suficiente para apaziguar sua curiosidade antes de voltar com mais perguntas. Não havia necessidade de ele saber todos os horrores de uma vez.

 

No elevador, apertei o botão do saguão.

Quando chegamos ao térreo, apertei sua mão antes de soltá-la. Por mais seguros que estivéssemos sob a proteção de Azriel, eu ainda não queria abusar da sorte desrespeitando a única regra de Rhysand para mim – descrição. 

Eu tinha carta branca para fazer o que quisesse, exceto reconhecer publicamente que estava apaixonado pelo homem ao meu lado.

 

Quando saímos, Magnus foi para o lado, em seu celular novamente, enquanto eu me dirigia para as caixas de correio. Era uma pilha da merda de sempre, junto com um envelope grande e pesado no fundo.

 

Eu puxei isso primeiro, arqueando uma sobrancelha para a caligrafia rodopiante na frente. Estava endereçado a Magnus.

 

— Algo para você. — eu disse, entregando a ele.

 

Suas sobrancelhas baixaram quando ele pegou o envelope e o virou. Além do selo de cera roxa, não havia nada que indicasse quem o enviou. Ele deslizou um dedo por baixo da aba e abriu, tirando o conteúdo do envelope – um pedaço de papel grosso com ainda mais redemoinhos e floreios.

  

— É um convite. — disse ele enquanto o folheava. Um sorriso tomou conta de todo o seu rosto, apagando qualquer confusão anterior. — Meu Deus! É de Dean Winchester! É para seu baile de máscaras de caridade.

 

Ele ainda estava sorrindo. 

Eu tive que roubar a porra de um Porsche para fazê-lo sorrir e uma mísera carta o fez praticamente pular de alegria?  

— Quem diabos é Dean?

  

— Ah, é complicado. Ele é como um amigo, eu acho. — Ele finalmente olhou para cima, radiante, e deu um tapa no meu braço com o convite elaborado. Até cheirava caro, espalhando uma colônia estrangeira sobre mim com o movimento. 

Eu odiava isso. Eu odiava essa pessoa desconhecida. E eu odiava a porra da festa que ele estava dando.

 

— Isso vai ser incrível. — disse Magnus brilhantemente, lendo novamente. 

Ele praticamente flutuou para dentro do elevador, cantarolando uma música alegre pela primeira vez em semanas. Seu humor contemplativo se foi, simples assim. Tudo graças a Dean Winchester. 

 

Eu deveria estar feliz por ele estar feliz novamente. Eu deveria estar feliz que algo conseguiu romper sua casca endurecida e alcançar o verdadeiro Magnus, meu Magnus. 

Mas esse era o problema. Eu não tive nada a ver com sua reviravolta. Uma carta estúpida aniquilou qualquer sensação de realização que eu tinha sentido dez minutos atrás, e eu a odiei isso.


Notas Finais


Gostaram de saber mais sobre o passado do Alec?

Obrigado por ler, você é especial ❤️🌻


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...