De Ponta-Cabeça
Capítulo Dois - Atraso? Por que não?
— Qual você acha mais bonita, querida? — Mebuki olhou para Sakura, mostrando as duas sandálias prateadas de salto alto.
Ambas bem brilhantes.
— Não sei, as duas são muito bonitas. — a menina respondeu enquanto olhava sapatilhas sem salto para usar na escola.
Estava contando que passaria na prova da OHS.
— Então, vou levar as duas. — Mebuki disse, sorrindo e sentou-se em uma das cadeiras que haviam naquela parte da sapataria, todas destinadas aos clientes.
Ela retirou as duas sandálias do pé e entregou à funcionária da loja, que estava ali para atendê-la.
— Pode embalar para mim, por favor.
A atendente sorriu.
— Claro, senhora Haruno. Mais alguma coisa?
A mulher olhou para a filha.
— Sakura?
— Acho que levarei esses aqui. — entregou o par de sapatos pretos à atendente, que sorriu novamente.
— Ótima escolha, são lindos! Irei embalá-los para vocês. — colocou os sapatos sobre uma das cadeiras e pegou uma caneta e um papel, onde logo começou a escrever. — Enquanto isso, já podem ir no caixa pagar. — entregou o papel com o valor da compra para Mebuki.
— Obrigada. — a senhora Haruno agradeceu e seguiu até o caixa.
— Bom dia, senhora Haruno, senhorita. — a moça do caixa cumprimentou, já estava familiarizada com a presença de Mebuki e Sakura.
Os Haruno eram uma família bem rica e conhecida por todo o país, e viviam comprando sapatos naquela sapataria, uma das mais chiques e caras da cidade.
— Bom dia. — a senhora cumprimentou, entregando o cartão de crédito à moça para pagar a compra.
— Aqui está. — a moça devolveu-lhe o cartão e entregou-lhe as sacolas com as três caixas de sapato. — Obrigada pela preferência.
Mãe e filha sorriram antes de sair da loja e caminharam até o Mustang preto estacionado em uma das vagas naquela rua, onde o motorista, Ibiki Morino, lhes esperava sentado no capô.
— Podemos ir. — Sakura disse ao motorista, que sorriu, assentindo.
Imediatamente, elas entraram na porta de trás do veículo após Ibiki abri-la para as duas. O homem, então, deu a volta no veículo, ocupando o banco em frente ao volante.
— Para casa, Ibiki, por favor. — Mebuki pediu, e o motorista, imediatamente, assentiu.
— Claro, senhora Haruno.
. . .
Sakura e Mebuki se encontravam sentadas à mesa, cuja superfície estava ocupada com algumas comidas e talheres e louças caras. Elas comentavam sobre o dia no shopping e comiam animadamente Sukiyaki — um cozido bem famoso da culinária japonesa.
— Boa noite! — Kizashi adentrou a sala de jantar sorridente e caminhou até a filha, depositando um beijo no topo de sua cabeça. Em seguida, caminhou até a esposa e repetiu o ato. — Como estão as duas mulheres da minha vida?
— Muito bem. — Mebuki respondeu, sorrindo ao ver seu marido sentar-se na ponta da mesa de seis cadeiras, ao lado dela e Sakura.
— Como foi seu dia, pai? — Sakura perguntou, ela sempre gostava de conversar com seu pai.
— Muito bem, um pouco cansativo, mas produtivo. — o homem serviu-se com o cozido e começou a comer. — Como foi o dia de vocês?
— Bom, nós fomos na instituição de caridade que ajudamos, pela manhã, levar alguns brinquedos e, depois, fomos no shopping. — Sakura respondeu.
— Ah, sim. — Kizashi sorriu. — E as aulas de piano? Vai mesmo sair? — perguntou para a filha.
Ele sabia que ela já não gostava mais de tocar, mas achava-a tão fofa o fazendo.
— Sim, ainda mais agora que vou estudar na OHS.
Kizashi a observou.
— O resultado já saiu? — perguntou, e a menina negou com a cabeça.
— Não, sai hoje, daqui a pouco, mas eu sei que consegui.
O Haruno sorriu, assentindo.
— Eu também, afinal, você é muito inteligente e dedicada.
Um sorriso surgiu nos lábios de Sakura, era bom saber que seu pai acreditava em si.
— Sim.
— Minha futura médica! — o homem levantou-se, pois terminou de comer e caminhou até Sakura, bagunçando seus cabelos cor-de-rosa.
A garota sorriu mais e também levantou-se, despedindo dos pais e correu para o andar de cima de sua grande casa. Já no corredor do segundo andar, repleto de quadros dos mais diferentes artistas, caminhou até seu quarto.
O cômodo era relativamente grande, não tanto como o que tinha antes de se mudar para Konoha, mas, ainda assim, era grande. No canto esquerdo, havia uma grande porta de vidro de correr, que dava acesso para a varanda do quarto e deixava o cômodo iluminado. No centro e com a cabeceira escorada na parede oposta à porta de entrada, estava a sua grande cama de madeira clara, toda coberta com uma colcha roxa.
No lado esquerdo, oposto à porta da varanda, seu guarda-roupa ocupava toda a parede, exceto a entrada do banheiro. No quarto, também havia uma penteadeira, na parede cuja porta da entrada ficava, onde havia vários perfumes e maquiagem, além de um tapete felpudo e claro no chão e um quadro de fotos na parede, na direção da cabeceira da cama.
Sakura caminhou até o móvel e pegou o Notebook sobre o colchão, colocando-o sobre o colo. Sem hesitar, ligou-o e entrou no site da Otsutsuki High School, pois já estava na hora do resultado sair.
Nervosa, ela carregou a página.
Havia falado com o pai que passaria com certeza, mas, ali, carregando o resultado, sentiu um pouco de nervosismo. Sabia que era inteligente e estava preparada para a prova, mas será que foi o suficiente.
Respirou fundo ao ver os primeiros nomes que surgiram na tela. Os três primeiros lugares não eram dela.
Fechou os olhos por um instante, descendo um pouco mais a página com os resultados, até ver o seu nome como quinto colocado.
Sorrindo, ela sentiu vontade de gritar, porém controlou-se.
Ela havia conseguido.
Agora, realizaria seus sonhos.
. . .
— O resultado da OHS acabou de sair, Sasuke. — Suigetsu falou.
O garoto de cabelos acinzentados andava em seu skate pela pista cimentada e, vez ou outra, fazia alguma manobra, já Sasuke se encontrava sentado no corrimão da pista junto com Naruto e Juugo, apenas observando o céu noturno e seu amigo.
Ele já havia se cansado de andar de skate naquele dia.
— Hm. — resmungou sem muita animação, o que fez Juugo e Naruto revirarem os olhos.
— Ele está tranquilo assim porque sabe que vai passar, esse idiota sempre passa e no primeiro lugar. — Naruto comentou, emburrado.
— Verdade. Fala sério, Sasuke, como você consegue? Você mal estuda.
O Uchiha deu de ombros.
— Memorizo fácil as coisas e estudo durante a aula, já é o suficiente, não?
— Eu nem com aula particular consigo aprender as matérias. — Suigetsu reclamou, parando ao lado dos amigos e pisando na ponta do skate para pegá-lo com uma das mãos.
— O Sasuke tem é sorte, isso sim e, se não fosse pelas notas e por ser bom no futebol, ele já teria sido expulso da escola há muito tempo.
Sasuke deu um soco fraco no ombro de Naruto, fazendo-o levar a mão ao local e reclamar, e, em seguida, o Uchiha o encarou.
— Não é bem assim.
— Não?
— O Naruto tem razão, Sasuke. — Suigetsu concordou com uma risada.
Sasuke suspirou cansado, dando de ombros e levantou-se do corrimão.
— A propósito, você não estava de castigo? — Juugo perguntou, atraindo a atenção de Sasuke.
— Eu saí.
— Seus pais te liberaram? — Naruto perguntou, as sobrancelhas estavam arqueadas.
— Liberarem o Sasuke? Ele deve é ter fugido pela janela. — Suigetsu disse e riu em seguida.
Conhecia Sasuke e os pais dele o suficiente para saber que o Uchiha saiu sem permissão do castigo, o que não era mentira.
— Cuidem da vida de vocês. — Sasuke bufou, irritado. — Agora, vamos ver a droga do resultado.
— Vamos lá. — Naruto levantou-se também, seguido por Juugo, já Suigetsu apenas continuou andando.
Os quatro garotos seguraram o skate em uma das mãos enquanto caminhavam até uma lan house próxima. Sasuke pediu à atendente que liberasse um computador e seguiu até o local, sentando na cadeira em frente ao monitor enquanto os seus amigos permaneciam ao seu lado e de pé, ambos à espera do resultado.
Não foi novidade que, ao abrir a página do resultado do exame de seleção da Otsutsuki High School, o nome de Sasuke fora o primeiro da lista, eles já estavam acostumados com isso desde o primeiro exame que o Uchiha fez, há cinco anos.
O garoto era muito inteligente, de fato e não precisava revisar a matéria muitas vezes para entender ou memorizar as informações. Era um aluno brilhante apesar de rebelde e problemático, e se tinha uma coisa que os pais de Sasuke não podiam reclamar era quanto às notas do garoto.
— Eu disse, primeiro lugar de novo. — Naruto comentou, e os outros dois amigos concordaram com a cabeça, era sempre assim.
Sasuke desceu a página, encontrando o nome do Naruto como trigésimo quinto lugar, Suigetsu como quadragésimo nono e Juugo como sexagésimo, o último colocado da lista.
O ruivo suspirou aliviado, estava quase morrendo ali enquanto via os colocados passando e nada de seu nome até o último chegar.
— Passamos. — Sasuke comentou e sorriu de canto.
— Ainda bem que nós quatro passamos, ano passado, nem eu e nem o Juugo conseguimos. — Naruto disse, tristonho.
— É, ainda bem. — Juugo concordou.
Sasuke sorriu, feliz pelos amigos e, em seguida, tirou um print da página para imprimir. Após ter feito isso, seguiu até a atendente, pagou pelo computador usado e pela impressão.
— Para que essa folha, Sasuke? — Suigetsu perguntou, curioso.
— Para mostrar para os meus pais. — limitou-se a dizer apenas isso, pegou seu skate encostado no canto e saiu da lan house.
Os três alternaram os olhares entre eles e seguiram o garoto para o lado de fora. Durante o trajeto, os garotos foram se despedindo e indo cada um para um lado, deixando Sasuke continuar sozinho. O Uchiha caminhou pelas ruas desertas e escuras em direção a sua casa, que não demorou mais de dez minutos para aparecer em seu campo de visão.
Sem hesitar, ele abriu a porta e a fechou em seguida assim que passou por ela. Ouviu vozes na cozinha, que logo pararam ao notar a aproximação do garoto.
— Filho, onde estava? — Mikoto perguntou ao levantar-se da mesa, onde o jantar já estava servido.
— Você está de castigo, Sasuke, não pode sair de casa. — o pai esbravejou, irritado, porém o Uchiha mais novo não disse nada para ele, ou para sua mãe e Itachi, apenas jogou a folha de papel com a página do resultado da OHS impressa, onde ele ocupava o primeiro lugar na lista dos aprovados de novo, em cima da mesa e seguiu para o segundo andar.
. . .
Era o primeiro dia de aula.
Primeiro dia, e ela já estava atrasada.
Maldita ansiedade que não a deixava dormir direito, agora, Sakura estava lá, arrumando o mais rápido que podia, pois acordou tarde demais.
A garota nem mesmo teve tempo de tomar café direito e nem a gravata do uniforme ela ajeitou em casa, ela apenas colocou a blusa branca de mangas compridas, a saia preta plissada e as sapatilhas pretas. Deixou os cabelos cor-de-rosa curtos soltos e passou apenas uma base no rosto para disfarçar um pouco as olheiras da noite mal dormida.
Dentro do carro, a menina ajeitou a gravata azulada, arrumou melhor os cabelos e o uniforme, conferiu a mochila pela última vez e sua aparência no espelho, que não era lá das melhores.
Já era sete e meia quando chegou em frente à OHS, atrasada trinta minutos para variar, sorte que ela havia pegado seu horário e a informação de em qual sala ficaria, senão estaria totalmente perdida.
Se bem que ela não sabia onde ficava a sala, então, provavelmente, ficaria muito perdida nos corredores que, certamente, estariam vazios pelo início das aulas.
Quanta sorte, Sakura! — ela ironizava mentalmente, já irritada por ter perdido hora.
Era o primeiro dia em uma escola totalmente nova, o que era pior que chegar atrasada?
Ao ver o carro parado de frente ao portão da Otsutsuki High School, Sakura saiu rapidamente do veículo e despediu-se de Ibiki com um aceno antes de sair correndo em direção à escola, porém, antes que pudesse cruzar os portões, sentiu seu corpo chocando-se contra algo e quase caiu no chão com o impacto.
Quase.
— Desculpe. — ela disse para o garoto em sua frente, que a olhava com o semblante indiferente.
Ele andava devagar para dentro do prédio, nem mesmo ligava para o fato de estar atrasado meia hora. Ela o analisou com os olhos, estranhando o mesmo não estar usando o uniforme e sim uma camisa de uma banda de rock que ela desconhecia e uma calça jeans desbotada e rasgada no joelho.
Os cabelos negros estavam bagunçados, mas não menos bonitos.
— Sem problemas, só olhe por onde anda. — Sasuke disse, ainda um pouco indiferente.
Sakura sorriu sem graça.
— Eu não te vi, estava com pressa…
— Atrasada logo no primeiro dia, novata? — ele perguntou, rindo debochado, e Sakura arqueou as sobrancelhas, observando-o.
— Você também está atrasado no primeiro dia. — retrucou, afinal, ele também estava ali, não estava?
Sasuke riu, fazendo a máscara de indiferença sumir de seu rosto.
— Mas eu já estou acostumado.
Ele começou a andar para dentro dos portões da Otsutsuki High School, e Sakura o seguiu. Se ele já estava acostumado, então, já conhecia o lugar e poderia ajudá-la.
— Espere. — Sakura pediu, indo atrás dele. — Você já estudou aqui, não é? Então, conhece o prédio.
— Sim. — ele respondeu. — O que foi? Está perdida?
— Talvez… — sorriu sem graça, o que só o fez rir.
— Certo. Talvez, eu te mostre a sua sala. — comentou, continuando a andar.
Sakura o acompanhou até dentro do prédio de aulas, que era bem grande.
Era um prédio todo bege por fora, com várias janelas de correr e uma placa enorme com o nome da escola escrito em dourado. Já por dentro, o local era todo acinzentado, e as paredes estavam revestidas com vários armários de metal.
Os dois caminharam pelo corredor, os sons dos sapatos chocando-se contra o chão ecoava nos ouvidos deles.
— Qual a sala? — Sasuke perguntou sem olhar para ela.
— 2B.
— Hm. — resmungou, continuando a andar com a garota em seu encalço.
— O que foi?
Mas Sasuke não respondeu sua pergunta, apenas continuou andando pelo corredor, até parar de frente a uma sala, onde, na porta, havia escrito “2B”.
Ele bateu na porta e a abriu, suspirando cansado ao ver que era Yamato quem estava em sua sala, seu professor de biologia e que, para sua sorte, lhe detestava.
— Podemos entrar? — perguntou, e só então Sakura deu-se conta de que estudariam na mesma sala.
A garota viu o professor colocar a mão no rosto e suspirar cansado, depois, alternou seu olhar para a turma, que não tirava os pares de olhos da porta. Sakura engoliu em seco, odiava chamar atenção, mas ela tinha que perder hora, não é?
— Entre, Uchiha e senhorita…
— Haruno. Sakura Haruno. — a rosada disse, sem graça.
— Senhorita Haruno. — Yamato indicou alguns lugares vagos com o dedo. — Como é o primeiro dia, vou deixar passar, mas, na próxima vez que chegarem atrasados, irão para a sala do diretor.
A garota engoliu em seco, assentindo e logo viu que o garoto em sua frente, o tal Uchiha, não esboçou reação nenhuma.
De fato, ele parecia acostumado com isso, mas ela não. Sakura sempre foi a aluna e filha exemplar e pretendia continuar assim mais do que nunca.
Mas, naquele dia, ela ainda não fazia ideia de que era ali que tudo mudaria.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.