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História De quem você menos espera - Capítulo 20 - Punta!


Escrita por: divergentmars

Notas do Autor


Boa leitura ❤️

Capítulo 21 - Capítulo 20 - Punta!


Fanfic / Fanfiction De quem você menos espera - Capítulo 20 - Punta!

Quando senti o vento fresco da sacada do hotel térreo que estávamos, já tive vontade de correr para o mar e sentir aquela brisa de lá. Paula roncava na sua cama, então tive a liberdade de me arrumar para tomar o café do hotel e ir caminhar na beira mar.

Assim que termino de comer e chego em frente ao mar, tiro uma foto para minha família e prometo a eles que um dia os levarei naquele lugar.

Fico questionando diversas coisas da minha vida. De onde eu vim, onde parei, o que passei, realmente, não é para poucos. Mas também tive muita sorte no meio de tudo isso. Tive um cara que não é meu pai biológico, mas que fez de tudo por mim. Uma irmã e uma mãe que são minha estabilidade, um irmão mais novo que sinto como se fosse meu filho. Tive um marido exemplar, uma sogra maravilhosa, agora tenho o emprego dos sonhos e estou tendo a oportunidade de viajar por onde quis. 

Respiro fundo, segurando meus chinelos com uma mão e o celular com a outra, a água do mar toca em meus pés, me dando uma sensação de tranquilidade.

Meu celular vibra, é Paula me ligando por vídeo.

- E aí. - Digo quando atendo, olhando com dificuldade por conta do sol para a sua cara amassada. 

- Porque você não me acordou?

- Quis deixar você descansar.

- Vadia. - Ela resmunga. - Foi namorar online e não quis me chamar por isso.

- Tem a imaginação tão fértil. - Começo a rir.

- Vou comer algo e encontro você.

- Ok. 

Era nítido que a Paula queria me dizer alguma coisa, ou que estava esperando eu dizer alguma coisa pra ela sobre minha vida amorosa atualmente. 

E não demorou muito para que ela aparecesse ao meu lado com um copo enfeitado de abacaxi nas mãos. 

- Eu não quero parar de tomar esse suco. - Ela dá um gole escasso. - Bom demais!!

- Também achei. - Estendo a mão para pegar um gole, mas ela desvia.

- Cadê o seu?

- Já tomei! Um pouquinho só? - Pisco os olhos e faço cara de cachorro sem dono. Paula resmunga e me entrega o copo, eu rio e tomo apenas um pouquinho para tirar o amargor da boca.

Paula volta para o hotel, larga o copo de plástico e pega seu celular para tirar fotos. Eu a espero e vamos juntas caminhar pela beira da praia.

- Ok, seja sincera. Como você está? - Pergunto no meio do caminho, apertando os olhos por conta do sol.

- Eu estou bem. Bem melhor do que eu acharia que estivesse. 

- Agradeço por estar assim.

- Eu pensei que seria difícil, que não conseguiria me desprender do William, e talvez não conseguisse nada disso se não fosse por você. Você fez muito por mim.

- Paula...

- É sério, pode parecer bobagem, mas você estava comigo todo o tempo e me abrigou quando eu mais precisei. Eu estou morando na sua casa há meses. 

- Você não precisa agradecer por nada disso, te considero minha irmã tanto quanto a Sheron.

- E você não sabe o valor que tenho por isto. - Ela me abraça de lado e encosta sua cabeça no meu ombro.

- Paula, você já fez muito por mim também. Fiquei sem chão quando perdi meu marido, e você esteve lá o tempo todo.

- E vou estar quanto tempo mais precisar. 

Aperto seu abraço tanto que achei que pudéssemos nós fundir em uma só. É inexplicável o que eu sinto por ela, Paula me faz rir apenas ao me olhar, me sinto em casa sempre que estou ao seu lado. Quando ela se afastou por conta daquele cara, no fundo eu sabia que não era ela que estava arquitetando aquilo. Eu sentia que iríamos passar por aquilo e ficarmos bem.

- Mas eu preciso saber de uma coisa, Shelby!

Meu corpo deu uma pequena tremida e ela se desvencilha do nosso abraço. Caminho um pouco mais a frente e ela me acompanha.

- Hm? - Digo, afim de que ela continue com a sua pergunta.

- O que está rolando entre você e o detetive?

- Nada! - Respondo rapidamente, sem nem pensar. 

- Shelby! - Ela aperta seus olhos e franze sua testa. - Você não me engana. Porque está escondendo isso de mim?

- Eu não estou escondendo nada. - Dou de ombros e olho para a imensidão do mar azul cristalino a nossa frente. Eu sei que Paula não faria nada que fosse me prejudicar, mas eu prometi que não contaria nada. Respiro fundo e ela pega na minha mão. Seus olhos falam mais do que qualquer palavra, e eles diziam que eu poderia confiar. - Não era pra acontecer, mas aconteceu. - Dou de ombros.

- Uma vez? 

- Não. Vem acontecendo desde as festas de fim de ano. - Ajeito meus chinelos na areia da praia e sento em cima deles, Paula repete o que eu faço sentando ao meu lado. - Eu estava carente, precisava de alguém, e ele estava ao meu lado, foi solicito em tudo a minha volta, me ajudou com a sua investigação, está dando duro com o trabalho de Chord. 

- E então rolou. 

- Sim. - Balanço a cabeça. - É mais complicado do que a gente possa imaginar. 

- Porque?

- Por que ele está investigando a morte do meu marido e se envolvendo comigo. Se os oficiais descobrem isso, ele perde a sua carteira. Eu não quero que isso aconteça, mas também não sei mais ficar longe dele por muito tempo. 

- Vocês estão apaixonados!

- Não. - Rio. - Só estamos curtindo um ao outro. 

- Isso é paixão, Shelby. - Ela segura minha mão. - Eu estarei ao seu lado, não se preocupe. E pode ficar tranquila que eu só desconfiei porque moro com você, mas de fora não dá pra perceber muitas coisas.

- Mas dá para perceber algo?

- Ah, sim... Mas nada demais. Parece que vocês estão bem amigos. 

- Droga. - Engulo a seco.

- Ele está fazendo você feliz, e isso me deixa feliz. Parece impossível agora, mas as coisas irão tomar um rumo diferente e tudo irá se ajeitar. 

- Obrigada. - Encosto minha cabeça em seu ombro enquanto olho para o horizonte azul cristal a nossa frente. 

De certa forma, não sei se quero que isso vire algo sério, não sei se estou preparada para rotular algo, mas pensando nas coisas que estamos vivendo, só faltou nos falarmos um ao outro que estamos namorando, pois todas as coisas indicam que estamos. 

Quero Bruno ao meu lado a todo instante. Compartilho com ele tudo que acontece comigo. 

Durante o dia fomos passear numa pequena ilha isolada, fomos de escuna até lá. No meio do caminho vimos animais marinhos, já que a água não fazia questão nenhuma de esconder a belíssima natureza que vivia nela e eu só ficava mais encantada. 

Após minha conversa franca com a Paula, ela ficou mais ao meu lado do que já estava, me apoiando em tudo que falávamos. Tenho pra mim que ela só estava esperando eu admitir para que pudesse me mostrar todo seu apoio.

Agora estávamos indo para um bar onde teria alguns shows ao vivo, e minha meta é conseguir fazer Paula flertar novamente, claro, obedecendo as vontades dela.

- Vamos ficar nessa aqui. - Ela diz quando adentramos o estabelecimento.

Entre os garçons que passavam, pedimos nossas bebidas tropicais e alguns petiscos. Paula estava radiante com um vestido vermelho de alças e sandálias. Já eu procurei ficar um pouco mais a vontade, um vestidinho florido com uma sandália preta. 

- Senhoritas. - O garçom com forte sotaque latino largou nossas bebidas. 

- Gracias - Paula responde, dando um sorriso  malicioso ao rapaz.

- Você não presta. - Balanço a cabeça, segurando o copo com a mão esperando que ela brinde comigo. 

- Eu? - Ela ri. - Porquê?

- Dando em cima do garçom. - Rio. Nós batemos as taças. - Saúde e sucesso!

- Amor e espírito. - Minha amiga larga a piscadela.

- Ok. Você não poderá fazer essas insinuações quando voltarmos, uh?

- Essa é melhor parte. - Seus olhos negros reviram. - Não irei fazer nada que lhe prejudique. Nunca!

No meio tempo que conversávamos sobre diversos assuntos e víamos as fotos que tiramos durante o dia, o local foi enchendo. Nosso prato chegou, nós comemos e o show começou. As músicas latinas me faziam ter  vontade de dançar e curtir uma festa, o que há muito tempo não faço. Mas ainda não sei como. Paula me chama pra dançar, mas eu recuso. Não quero levantar por enquanto, mas outro cara a tirou pra dançar. Paula estudou no Harlem quando mais nova, as raízes hispanicas são fortes o suficiente pra ela ter um jingado diferente das garotas americanas. 

No outro lado do salão há mais turistas, feições de tudo quanto é lado do mundo. No canto dois asiáticos arriscam passos com um local. Numa das mesas três garotas com um cara. 

Voltei a observar Paula dançar e incentivo minha amiga com palmas e sorrisos. Atrai a atenção do cara da mesa com as meninas. Ele lançava olhares pra minha mesa, mas não arrisquei olha-lo. Mexi no meu celular para me dispersar.

- Com licença. - Ouço um inglês diferenciado do americano. Voz masculina. - Você me daria a honra de conhecê-la?

Quando fitei seu rosto, meu corpo gelou. Não senti nenhum dos meus membros. Suas feições era idênticas a do Chord. Olhos claros, cabelos castanhos, boca um pouco mais fina carregando um sorriso genuinamente branco.

- Oi? - Pisquei algumas vezes.

Meu Deus, ele deve estar me achando estranha. 

A banda para de tocar na mesma hora anunciando uma pequena pausa. A música que tocou agora foi um pop americano. 

- Qual seu nome?

Antes que eu respondesse, Paula aparece na mesa e senta no lugar dela, logo a minha frente.

- Ola. - Ela diz. Olho para ela enquanto ela analisa as feições do rapaz a nossa frente.

- Nós não somos loucas, mas você é muito parecido com alguém que conhecemos. - Digo, assim que dou um gole na minha bebida. - Meu nome é Shelby. - Lhe dou a mão para um cumprimento e ele a beija levemente no dorso.

- O meu é Paula. - Ela sorri para o rapaz que repete o gesto.

- Eu sou o Mark. Estou a passeio.

- Nós também. - Paula responde. - Quer sentar conosco?

- Claro. - Ele sorri pra mim. 

Mark vira para pegar outra cadeira.

- Você está bem? - Paula me pergunta sem omitir nenhum som.

- Sim. - Assenti positivamente mexendo meus lábios. 

- Vocês são de onde? - Mark já chega sentando, um pouco mais próximo de mim. Aquilo deu arrepios em meu corpo. Olho para suas mãos grandes e alguém parece ter jogado gelo no meu rosto.

- Nova Iorque. - Respondo.

- Eu sou de Sidney, Austrália.

- É um lugar lindo. - Paula diz. Ainda bem, pois eu não sabia o que dizer. Não sabia nem se estava confortável com ele tão próximo de mim.

Tudo o que Paula falava com ele, ele respondia direcionando o olhar pra mim. Eu estava desconfortável e Paula já tinha sacado isso, até eu ouvir ela dizer que nós éramos na verdade um casal e estávamos aproveitando nosso um ano de casadas.

Mark não ficou muito tempo conosco depois disso. 

Respirei fundo quando ele saiu.

Paula segurou minhas mãos por cima da mesa.

- Não precisa dizer nada agora. - Ela fala e eu me sinto confortável novamente e quentinha. 

- Não sei o que aconteceu. 

- Ele estava claramente afim de você. 

- Eu acho que entendi essa parte, mas não sei o que me deu... 

- Talvez por ele ser muito parecido com o Chord? Talvez pelo modo invasivo que ele chegou?

- Você não criou receio de homens depois do William? - Pergunto, terminando com a minha bebida. 

- Sim. Mas minha vida não acabou, eu preciso seguir. 

- Sim...

- Eu não posso ter medo das pessoas acreditando que  todas elas farão o mesmo que ele, mas também fico na cautela. Desde ele, não me envolvi com mais ninguém.

- Já percebi isso.

- É por isso. É porque eu não sei como vai ser depois. Mas não quero falar de mim... Você quer ir para o hotel?

- Daqui a pouco. - Respiro fundo. - Ele é tão parecido com o Chord. Como pode? 

- Parecido não, mas lembra muito. Os traços são bem marcantes.

- Ui. - Me arrepio. Uma nuvem de tristeza para em cima da minha cabeça, mas eu sei que ela precisa ir embora. - Porque fizeram aquilo com ele?

Não consigo terminar minha respiração ofegante e as lágrimas já caem dos meus olhos.

De imediato, Paula senta ao meu lado e me abraça. Ela diz que é pra eu chorar o quanto quiser, que ela está ali comigo. E eu? Só consigo pensar que ele está morto, e não há nada que eu faça que irá reverter isso. Não há viagem que eu faça que irá trazê-lo de volta. Chord era novo. Cheio de vida e saúde. Porque ele? 

Paula faz um sinal para o garçom vir até nós com a conta. Enxugo minhas lágrimas e pego meu cartão para pagar. O encosto na máquina e saímos do bar de mãos dadas. 

- Independente do que aconteceu com ele, vamos descobrir e a pessoa pagará por isso. Eu não sei como é essa dor, mas imagino que seja imensa. - Ela me abraça novamente. 

Choro nos seus ombros. Soluço no seus braços. 

Por mais que as coisas estejam boas pra mim, de certa forma, eu ainda tenho essa dor no meu peito e acredito que ela não passará até o momento de eu descobrir quem foi o filho da mãe que fez isso com ele. 

Nós fomos de táxi até o hotel. Paula ficou quieta o caminho todo, segurando minha mão, enquanto eu olhava pela janela e pensava que aquela era uma viagem que eu tanto queria, e agora eu estava finalizando a primeira noite chorando como um bebê e estragando a noite da minha amiga junto.

Eu sou egoísta demais. 

Coloco minha cabeça no ombro de Paula. 

- Desculpa estragar nossa primeira noite. - Sussurro.

- Você não estragou nada. - Ela beija o topo da minha cabeça. - Vamos assistir um filme e comer uns doces, ok?

- Ok. - Assenti positivamente e fechei meus olhos pesados de choro.

Assim como Paula falou no carro, nós fizemos. Pedimos alguns chocolates para o serviço de quarto do hotel e ficamos navegando nos canais para acharmos algum filme. O catálogo da Netflix parecia extenso demais para conseguirmos assistir algo que as duas queiram. 

Por fim escolhemos na Amazon. 

- Essa atriz, eu conheço de algum lugar. - Aponto para a tela com uma barra de snickers. 

- Ela fazia aquela série da garota do blog. 

- Isso!!

Voltei a prestar atenção. Meu celular vibra ao meu lado diversas vezes. Bruno estava me ligando. Olhei para a Paula e para o celular. 

- Vá pra varanda atender ele, vai fazer bem a você. 

- Ok. 

Dou uma corridinha até a varanda e o atendo, saudando-o. 

- Tudo bem? Como está a viagem? 

- Está tudo ótimo. - Penso em falar para ele o que ocorreu, mas seria no mínimo estranho, já que Bruno e eu temos esse lance, eu falar pra ele que encontrei um cara parecido com meu ex marido morto e fiquei mal por isso. Não ia ser legal. - Agora estamos assistindo um filme. - Olho para a hora no relógio.

- Eu estou atrapalhando vocês?? Senão a gente se fala depois.

- Não está atrapalhando. Você está bem?

- Sim. - Ele parece engolir algo a seco. - É piegas dizer que estou com saudade de você?

- Não. Porque eu também estou. - E então, pelo reflexo do vidro que fecha a varanda, eu me vejo sorrindo como boba por saber que não estou sentindo isso sozinha. 

- Você faz tanta falta aqui comigo, e não passou nem dois dias.

- Sinto sua falta também. - Olho para a água do mar batendo em ondas um pouco mais fortes e altas como as do dia. O céu estrelado estava lindo. Fecho meus olhos e a primeira imagem que vejo é eu e Bruno olhando o céu naquela varanda da cobertura.  - Qual a primeira coisa que você vê quando fecha os olhos? 

- Hm. - Ele murmura sozinho. Ficamos no silêncio. - Imaginei você e eu na sala da minha casa comendo pizza e conversando. E você? 

- Vi nós dois deitados olhando o céu de Nova York naquela cobertura...

- Talvez eu tenha que deixar você aproveitar com a sua amiga.

- Não. - Balanço a cabeça e espio Paula comendo mais um chocolate e olhando atentamente para a televisão. - Ok. Nós nos falamos por mensagem amanhã, ok?

- Ok. Boa noite, Shel.

- Boa noite, Hernandez.

- Eu sou muito sortudo. - Ele ri e desliga o telefone.

Vejo meu reflexo novamente sorrindo como uma boba, nem parece que há uma hora atrás eu estava chorando como um bebê recém nascido. Bruno está mudando algo em mim e está despertando outros sentimentos. Eu não sei o que está acontecendo, mas é algo bom. Eu sinto que sim.


Notas Finais


Heeey, perdão pela demora, mas esse capítulo eu escrevi em outro celular e não estava conseguindo passar ele pro meu 😔 mas agora já tá tudo bem.
Espero que estejam gostando, voltarei em breve!!! Beijinhos. ❤️❤️


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