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História De quem você menos espera - Capítulo 23 - Desconfiança


Escrita por: divergentmars

Notas do Autor


Boa leitura <3

Capítulo 24 - Capítulo 23 - Desconfiança


Fanfic / Fanfiction De quem você menos espera - Capítulo 23 - Desconfiança

Fazia uma semana que havia visto o Bruno, naquela noite do jogo. Após esse dia, ele se afastou. Bruno parou de responder minhas mensagens como me respondia antes, não puxa assunto comigo e muito menos topa em me ver. 

Aquela rejeição sem motivo e repentina estava me matando. Minha ansiedade corroía meu peito, eu acho que fiz algo e não me toquei. Alguma coisa eu fiz de errado pra ele se afastar assim. E eu não consigo saber o que foi. 

Olhava algumas fotos no celular, meio perdida ainda, ficando fora do alerta de muitas coisas. 

Vou ao banheiro, me olho no espelho e lavo o rosto. Preciso voltar para mim mesma. Algo aconteceu, eu sei, mas não devo me martirizar por isso, sem ao menos saber o porquê. E se ele só estiver ocupado? 

Ao chegar em casa, Paula estava saindo do banho, com uma toalha em volta do seu corpo e outra em sua cabeça. Dou um sorriso meia boca e ela me olha, semicerrando seus olhos. 

- Nós já conversamos. – Ela caminha para o seu quarto. 

Eu fecho a porta, abaixo para fazer carinho no meu gato e olho para um dos únicos quadros que ainda deixei exposto com a foto de Chord. Nossa família. Sentimentos inundam minha mente, um mix de coisas, estava confusa. Será que Chord está orgulhoso que eu segui em frente ou ele gostaria que fosse diferente? Será que eu segui em frente cedo demais? 

Meu Deus, como eu queria que ele estivesse aqui, ou que respondesse minhas perguntas. Eu tenho tantas. Às vezes me esqueço que Bruno está investigando o seu caso – junto com vários outros -, e então só o vejo como o cara que estou apaixonada e que ficamos de vez em quando. 

Não era reciproco? No que eu errei? 

Meus problemas psicológicos me deixam tonta, me deixam com o peito apertado. Odeio essa sensação. 

- Você vai sentar no sofá e vamos conversar. 

- Paula... 

- É sério! Bem sério. Você está há dois dias assim, cabisbaixa, e não me fala nada. Oi! Eu ainda sou a sua melhor amiga. – Ela balança os braços em minha frente. Abro um sorriso amarelado e ela estende a mão. Eu a pego e aperto sua mão. 

A sigo para o sofá, ela me abraça antes de falar qualquer coisa, e ali eu sinto que estou a ponto de chorar por essa insegurança, essa sensação. 

- Eu pareço uma adolescente de quinze anos, Paula. Eu fiquei com o Bruno, e acreditei que poderia viver um conto de fadas novamente. 

- O que ele fez? 

- Nada. Ele sumiu. Não me responde, não fala comigo. – Balanço a cabeça e olho em seus olhos. – Nós nos vimos semana passada, depois disso ele está me ignorando violentamente. O vejo online, o vejo ali, mas ele não está ali. E eu estou brava, porque eu me entreguei. 

- Shelby, se acalme. Você já pensou que pode ser apenas a sua ansiedade fazendo isso? Bruno trabalha também, também tem a sua vida, você não pode cobrar isso. 

- Eu não estou cobrando. 

- Está sim. Ele com certeza gosta de você, mas ninguém está bem o tempo todo, você precisa entender que isso que está criando pode ser apenas na sua cabeça e que na verdade não precisa desse alarde todo. 

- Tenho medo. 

- Se você tem medo de se apaixonar novamente, de perder alguém novamente, porque se entregou? – A olhei, sem saber da resposta, pois na verdade nem há resposta. – Olha. – Ela fecha seus olhos e pensa antes de falar. – Entendo que você passou por algo grande, por um trauma que ninguém pode falar por você, só você sentiu. Mas você e Bruno não tem um namoro, vocês não tem um compromisso além da amizade, e Shelby, você entende mais do que ninguém que todos temos tempos difíceis e todos às vezes só queremos um tempo sozinhos. Dê um tempo. Talvez daqui a pouco ele entre em contato e diga que foi apenas um momento ruim e que passou.

Assenti positivamente e a abracei novamente. Isso que eu precisava, levar um choque de realidade. Estou me martirizando por algo que pode ser irreal, estou cobrando responsabilidade afetiva de alguém que nunca prometeu isso. Esse trauma é meu, eu preciso lidar com ele. 

Meu celular toca, é uma mensagem. Ou duas, três... Cinco vezes ele toca. Engulo a seco e Paula me sacode. 

- Vá ver se é ele! 

Eu levanto, rio de mim mesma, uma adolescente apaixonada. A mensagem era dele. Sorrio e ela grita algo como “eu avisei”. 

“Oi, Shelby? Como está?”

“Preciso vê-la.”

“É algo sobre o caso.”

“Umas perguntas.” 

“Se puder vir amanhã de manhã pela delegacia, eu agradeço. Espero que esteja bem.”

Minha cara se fecha na hora, por ele não falar nada a respeito de estar com saudades, de querer me ver fora da delegacia. Não. Apenas essas mensagens secas. Mas melhor que nada. Não devo cobrar responsabilidade afetiva. Não devo cobrar responsabilidade afetiva. Repito em minha mente. 

- É o Bruno. Sobre o caso do Chord. Querem que eu vá até a delegacia. 

- Então, era por isso que ele estava ocupado. Não esquenta. Quer que eu vá com você?

- Não. Eu vou sozinha. – Sorrio e rapidamente o desfaço, esperando o que vem pela frente. 

***

Acordo muito cedo, ansiosa por qualquer coisa que viria naquela manhã. Ansiosa por ver Bruno, por saber o que ocorreu no caso do Chord. Por tudo. 

Me arrumo cedo e fico usando o celular por tempos, até sair de casa, tomar um café num lugar qualquer e ir para a delegacia. 

Sou recepcionada, me identifiquei e subi. Bruno estava logo na entrada conversando com outra pessoa com uma xícara de café em mãos. Ele dá um sorriso amarelado quando me vê. Não devo criar paranoias. 

- Oi, Shelby. Bom dia! 

- Bom dia. – Seu colega se afasta dele para nos dar espaço. 

- Vamos até a minha sala. Quer um café? 

- Não, obrigada. Tomei no caminho...

Sento na cadeira e me ajeito perante a mesa. Ele estava quieto. Não quis atrapalhar e nem ser uma idiota, mas me sinto culpada, parece que eu fiz algo pra ele. Paula disse pra eu não pensar isso, mas tem como não pensar? Meus problemas psicológicos não me deixam fazer diferente. Eu nunca faria algo, principalmente pra ele, agora que estamos nos dando tão bem e estamos mais próximos. 

- Nós estamos percorrendo um caminho de rastros para entender o que estava acontecendo anteriormente ao assassinato. - Bruno abre uma pasta, clica na sua caneta e pega um caderno. - Você morou onde antes de Nova Iorque?

- No Arizona. Tucson. - Respondo rapidamente. 

- Com quem veio para Nova Iorque? 

- Com minha irmã! - Arqueio uma sobrancelha. 

- Porque veio para Nova Iorque? Você era nova. 

- Espera aí. Você está me interrogando? - Espanto-me com a audácia dele. 

- Se importaria? 

- Claro. - Levanto, apoiando as mãos na mesa. - Com que direito? 

- Tem algo pra esconder?

- Não! - Reclamo, podia sentir minhas bochechas pegarem fogo pela raiva que subia no meu corpo. 

- Então me diz, porque veio para Nova Iorque, Shelby? Isso não é um interrogatório. – Ele respira fundo. – São perguntas para uma pessoa de interesse. É procedimento. 

Seu olhar pra mim era de ódio, ele estava com raiva de algo e não dava para entender o porquê. Qual motivo dele querer saber minha vida? Tudo que eu tinha que falar já está nos arquivos. E o restante ele sabia. Ele me conhecia, conhecia meu interior. Porque diabos ele está fazendo isso?

- Achei que já tinha sido interrogada. 

- Quando ia me falar que era dependente química?

- O que? - Balanço a cabeça, desacreditada. Meus olhos ficam esbugalhados. 

- Eu sou um bom detetive, senhora Asbury. 

- Como... - Esbravejo. A raiva toma conta de mim, e como diz meu irmão, o Hulk quer se mostrar. - Ok. Você vai saber. Eu estava no início do ensino médio, não tinha muitos amigos então me aproximei das primeiras pessoas que me acolheram. Infelizmente eles não eram boas pessoas como eu imaginava, e eu era manipulável por não ter muitos amigos. - Respiro fundo. - Me envolvi com um deles, ele tirou minha virgindade me embebedando. - Meus olhos começam a coçar. Não quero chorar. - Então eu comecei a me relacionar com ele e comecei a me injetar. Seu rosto estava intacto, parecia que nada do que eu estava falando tocava ele. - Virei dependente em pouco tempo. Comecei a fumar, não dormia direito, minhas notas caíram e eu comecei a virar má influência. Meus pais são da igreja, meu pai já foi pastor, então imagina como ele se sentiu quando a menina caçula dele estava usando drogas e andando com pessoas que roubavam postos de gasolina? - Respiro fundo, deixando uma lágrima cair. - Uma noite nós estávamos altos, o cara com quem eu me relacionava deu a ideia de roubarmos um mercadinho do bairro. Nós fomos pegos, fichados e eu era a única que ainda estava na responsabilidade dos meus pais. Eles me internaram numa clínica por três meses e após isso, quando sai, mandaram eu e minha irmã morar bem longe para que eu não caísse em tentação novamente. 

Bruno ficou calado, nem moveu os músculos do seu rosto, e aquilo estava me assustando, pois parecia que ele tinha mais alguma coisa sobre mim, mas eu não tenho mais nenhum segredo. 

- É isso. Esse é um passado morto.

- Porque você nunca disse isso a ninguém? 

- Porque não interferiria em nada. - Dou de ombros.

- Todas as coisas podem interferir em algo, Shelby. Não queria transformar você em uma suspeita. 

- Como assim? - Espanto-me.

- Infelizmente você não está cooperando com a investigação. 

- Então acho que um detetive particular seria melhor. - Puxo minha bolsa da mesa.

Como ele ousa suspeitar de mim? Estou dedicando minha vida em achar o verdadeiro culpado por isso, por mais que eu saiba que o Chord não irá voltar se eu o achar, mas pelo menos teria paz de espírito. 

- Você é um idiota. - Balanço a cabeça. - Suspeita? Porque eu não lhe falei que fui uma adolescente rebelde e inconsequente? Essa é muito boa.

- Você omitiu. 

- Você perguntou? - Nos encaramos. - Acho que foi um erro levarmos isso pra fora do profissional. 

Engulo a seco, e se eu pudesse apostar, ele estava fazendo o mesmo. Agora seu rosto se mexeu, por segundos achei que ele estava se importando comigo. 

- Tenho papéis da minha internação, vou procurá-los. - Completo. - E você, Bruno, obrigada por destruir o que eu estava reconstruindo, detetive de merda. Me tornar suspeita? Pode investigar o que quiser, até mesmo meus antepassados, não irá achar nada que me incrimine, pois eu não fiz nada pra ninguém. Otário. E tenho certeza que você não poderia estar falando comigo dessa forma. 

Não quero ouvir nenhuma palavra que sai daquela boca, quero distância. Sinto um ódio correr nas minhas veias e creio que isso não é saudável, sinto meu corpo todo em eletricidade. Era questão de honra mostrar para todos que não há o porquê suspeitar de mim, eu nunca faria mal para uma pessoa que foi tão maravilhosa comigo. E nem faria sentido. Eu e Chord nos casamos com comunhão de bens, mesmo que ele estivesse vivo e nós nos separássemos, eu iria herdar. Isso é bobagem. Esbravejo sozinha, esperando o elevador. Uma mão toca no meu ombro e eu me viro, completamente possuída por uma raiva imensurável. 

- Shelby. - Ele estava com uma cara de arrependimento? Faça-me o favor. 

- Só olhe pra mim e me dirija a palavra quando parar de achar que eu sou a culpada pela morte do meu marido. - Me esquivo do seu toque. - Você é um monstro. 

- Eu não quis dizer...

- Mas disse. - Estou controlando a altura das minhas palavras para não chamar atenção dos outros, mas não sei porque, não deveria me importar se os outros saberiam que um investigador se envolveu com a cliente, ou melhor, suspeita. - Tenha uma boa vida, Hernandez.

O elevador apita e eu me viro para pegá-lo. Conforme a porta fecha, vejo seu rosto de arrependimento e dor do outro lado. Não vou me importar. Não tenho o porquê me importar.


Notas Finais


Heey, perdão pela demora, mas o Word deu uma travada lindíssima aqui e não deixava eu acessar meu arquivo do capítulo D:
Mas estou aqui e quero saber o que acharam... Será que o Bruno vacilou? Será que realmente a Shelby não fez nada?
Volto assim que puder.
Obrigada a quem ainda está acompanhando, vocês são tudo <3


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