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História De quem você menos espera - Capítulo 8 - Washington


Escrita por: divergentmars

Notas do Autor


Bom dia e boa leitura ♥️

Capítulo 9 - Capítulo 8 - Washington


Fanfic / Fanfiction De quem você menos espera - Capítulo 8 - Washington

Apresentei minhas ideias para a mesa do governo americano. Eu estava em êxtase. Eles prestaram atenção ao máximo no que estávamos falando e eu senti que não era só mais uma apresentação, aquilo poderia ser o ápice de uma grande decolagem para a empresa. Amanhã teremos mais um encontro para então depois de amanhã termos a resposta. Os advogados da empresa estavam juntos e estavam cuidando de processos burocráticos e eu iria aproveitar para conhecer a cidade. 

Desde que o Chord faleceu eu senti poucos êxtases na minha vida, e em todos eles quando eu saí caminhando, era como se fosse encontrar com ele. Também não é como se não fosse recente, ele morreu há cinco meses atrás, é recente sim! É recente para o seu corpo sete palmos abaixo da terra, é recente para memórias, é recente para conhecer uma nova pessoa, é recente pra dizer que não é necessário chorar de saudades. 

É necessário, infelizmente, eu reviver a morte dele quase todos os dias, porque eu tenho certeza que meu corpo e minha mente não descansarão até que eu ache o culpado pela morte do Chord. Eu aguardo ansiosamente por isso. 

Enquanto estou caminhando pelo Jefferson Memorial, meu celular toca. Angeline me ligava. 

- Bom dia. - Respondo animada.

- Um ótimo dia! Espero que tenha boas notícias? 

- Ainda não sei, mas ao que tudo indica eles adoraram o projeto. - Sorrio, mesmo que ela não pudesse ver. 

- Eu sempre soube que você era a pessoa certa! Esse projeto é nosso. 

- Com toda a certeza. - Comemoro. 

- Onde está? 

- No Jefferson Memorial. - Olho para minha volta com alguns turistas por ali. Nem todos acordam de manhã para ir nos monumentos. Pelo menos eu não acordaria. Sono pesado sempre vence.

- Você precisa conhecer o monumento dos estados. 

- Quero ir a tarde lá, não fica longe, mas quero explorar os pequenos detalhes. Andar e pensar. 

- Não quero te atrapalhar, meu amor. 

- Nunca! - Rio. - A senhora é um anjo. Poderia ter vindo comigo. 

- Eu sempre estou cheia de coisas para fazer. 

- Você com seus afazeres. 

- Sou velha. Não tenho mais pique para sair, viajar... 

- Isso não é desculpa e a senhora não é velha.

- Sou sim. 

- Não vou dar corda para suas besteiras. - Rimos juntas. - Angel, eu sinto saudades dele. - Olho para uma parede com algumas coisas escritas. Suspiro fundo. 

- Eu também. - Fecho meus olhos. 

Por algum tempo conversei com ela por telefone. Desde que Chord faleceu, Angeline não entra muito no assunto, eu acho que isso é uma auto proteção que ela desenvolveu, não pensando no sofrimento para não sofrer. É mais ou menos o que eu deveria fazer, ou então encarar de vez que eu preciso de ajuda. 

Compro um sorvete numa barraquinha e saio andando por tudo, olhando cada detalhe e tirando fotos para registrar momentos. Não vou dizer que se não fosse pelo Chord eu não conheceria essa cidade, até porque todas as minhas escolhas me trouxeram até aqui hoje. Minha família teria condições de me manter e eu trabalharia para ter as minhas próprias coisas, mas como Washington é bem longe do Arizona, provável que eu não viria para esses lados nunca. 

Mandei algumas fotos no grupo da nossa família e meu irmão manda uma foto dele provando roupas. 

"Estou provando a roupa da apresentação... Você vai vir?"

Jaspen, meu irmão mais novo, participa do coral da igreja que meus pais fazem parte, daqui três semanas ele terá uma apresentação na escola sobre talentos, e ele irá cantar. Ele está ansioso e eu imagino como deve estar se sentindo, mas não quero estragar dizendo que não irei. Vou fazer meu máximo para estar lá. 

"Como está lindo! Juro que irei tentar ir. JURO" 

Ainda tem muita coisa pela frente. Não posso prometer. 

Depois de andar muito e fazer uma refeição num restaurante, vou para o hotel descansar. Precisava de alguns minutinhos descansando para então poder revisar nossos planos de amanhã e enfim poder descansar de vez. 

Ao acordar com um barulho, me encolhi na cama, pegando o controle do ar condicionado que estava ao meu lado e apontando para o corredor de onde vem a porta de entrada. 

Meu coração bate rapidamente, não poderia ter um ataque ali. Não agora. 

- Opa. - Aparece uma moça vestida com uniforme, a camareira. Como eu não pensei nisso. Ela sorri e da uns passos para trás. - Moça, me perdoe!! Eu não sabia que tinha alguém aqui. A porta estava destrancada. 

- Oi! - Digo, esbaforida. - Não precisa pedir desculpas. Eu esqueci da porta.

- É. Aqui quando as portas estão com a luz verde é porque podemos fazer a limpeza. 

- Me desculpa.... Como é o seu nome? 

- Cassid. - Ouço ela dizer, sem ainda lhe ver direito. Levanto da cama.

- Cassid, me desculpa. - A vejo, escorada na parede com uma cara atrapalhada, parecia estar nervosa demais para conseguir fazer algo. - Não se preocupe, eu não irei reportar isso.

- Meus patrões me matariam. - Era notável o seu sotaque forte, um inglês um pouco mais forçado. O mesmo que minha avó usava quando estava viva. Inglês de quem não é daqui. 

- Você quer um copo de água?  Não tenho nada demais para lhe oferecer. - Sorrio. - Mas pode ficar tranquila, não irei reportar. O erro foi meu, não seu. 

- Obrigada, senhora. 

- Me chame de Shelby. Senhora me envelhece, pelo menos, uns vinte anos. - Rio. - Sente aqui. 

Ela me acompanha e senta na poltrona. Sirvo um copo de água para ela e a observo, se eu fiquei nervosa porque tenho traumas, imagino que ela deve ter ficado nervosa por conta do seu emprego. Deve ser muito complicado ser imigrante. 

- Quanto tempo você está na América? - Questiono e ela me observa bem antes de responder. Talvez tenha ficado um pouco confusa tentando saber o porquê estava perguntando aquilo. 

- Estou aqui há quase cinco anos. Venho do Haiti. 

- Espero que a América tenha sido boa com você. Aqui pode ter muitas pessoas ruins, mas também tem muitas pessoas boas. - Sorrio, tentando ao máximo ser receptiva. 

- Obrigada. - Ela também sorri pra mim. 

- Não quero que você se atrase para os seus serviços. - Pego minha bolsa. - Se precisar de alguma coisa, entre em contato comigo. Não sou daqui, mas será uma honra te ajudar. 

Ela agradeceu por diversas vezes, uma simpatia de pessoa, com uma aura incrivelmente leve e linda. Geralmente os imigrantes tem esse espírito genuíno, e é tão legal ver o quanto eles se importam com a América, o quanto eles sentem esse lugar como a sua casa, mesmo que as vezes as pessoas daqui não façam eles se sentirem em casa. 

Como fui criada numa família religiosa, minha mãe sempre nos ensinou princípios aos quais deveríamos seguir, um deles era: fazer o bem sem olhar a quem.

Tomo um copo d'água também para amenizar o susto que havia tomado, encaro a janela e penso que minha irmã tem razão, eu preciso de um psicólogo. Preciso tratar essas crises de pânico, de ansiedade e nervosismo que eu tenho, antes que elas façam desencadear novas doenças. E, além de desencadear outras coisas, pode ser que eu nunca consiga me envolver com outras pessoas fora do meu meio. Isso é horrível. 

Conforme a noite foi caindo, meu sono novamente foi vindo. Peço comida no meu quarto e em seguida pego no sono enquanto na televisão passava Drag Race. 

No outro dia estávamos na reunião novamente. Os representantes da logística do governo e das bases militares estavam ali. Conversamos bastante sobre. Basicamente nós íamos fazer o transporte marítimo de mantimentos para as bases militares, a princípio, após isso poderíamos ver novos projetos futuros. 

- Nós avaliamos a proposta ontem mesmo, Senhorita. - Um deles coloca a pasta na mesa. - Acreditamos que vocês serão de grande utilidade para nós. Além de possuírem boas referências. 

- Somos o que somos, Senhor. Fazemos o melhor em busca do perfeito. - Sorrio e vejo um dos militares sorrir pra mim. 

Após tratarmos detalhes, eles nos dispensam com a ótima notícia de que havíamos conseguido a oportunidade. Comemorei bastante com o pessoal que foi comigo, mandei mensagem para todos que sabiam o que estava rolando. Agora há muito mais em jogo. 

- Com licença. - Ouço uma voz masculina atrás de mim. - Parabéns, os seus projetos são incríveis. 

- Ah, obrigada. - Sorrio, analisando o rosto do mesmo militar que estava sorrindo pra mim na sala de reuniões. 

- Shelby, certo?

- Isso. - Estendo minha mão. - E você? 

- Matthew. - Ele beija o dorso da minha mão suavemente.

Desmontei com o seu sorriso, mas montei na mesma hora que vi uma grande e brilhante aliança dourada em sua mão. Grande canalha. Peço licença para encontrar meus colegas e saio da cilada. 

No elevador, mando uma mensagem para o Bruno. 

"Olá, sumido. Gostaria de dizer que eu consegui e estou bem contente. Se prepare para drinques, pois quando eu voltar quero beber para comemorar."


Notas Finais


Espero que estejam gostando. Obrigada por lerem ♥️ Até mais.


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