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História De rascunhos e pétalas - Mada hajimatta bakari


Escrita por: bleedingrainbow

Capítulo 19 - Mada hajimatta bakari


"Se Bakugou-san e Midoriya-san já estavam inconscientes, por que permaneceu lá, Masayume? Queria que te capturassem?” Tsukauchi perguntou, inclinando a cabeça. Sua individualidade impedia Masayume de mentir, mas não pareceu que esta era sua intenção. Era feito de uma aura de tranquilidade sinistra. Seu braço estava quebrado e queimado, por um ataque de Bakugou, mas permanecia como se aquilo nunca tivesse incomodado o mínimo.

“Eles eram mais fortes do que eu previa. Os mais fortes que já enfrentei. Precisei lutar para mantê-los inconscientes até que o fio vermelho do destino se encurtasse o suficiente, tive até que ir até lá e interferir. Mas eu fiquei por lá essencialmente porque eu estava gostando muito de acompanhar. É meu mal. Eu me divirto demais com isso.”

Os dedos lívidos, das mãos presas em algemas especiais contra a mesa, estavam entrelaçados, e Masayume jogou a cabeça para o lado como se imitasse Tsukauchi de um jeito exagerado. Os cabelos caíram em cascata para sobre seu ombro como se fossem líquidos.

“Mas talvez eu quisesse que me capturassem. É isso que está passando pela sua cabeça, não é?”

Em todo seu tempo como detetive de polícia, Naomasa Tsukauchi tinha interrogado muitos vilões. Muitos deles especialmente perigosos, capazes de matar no tempo de um suspiro. Ainda assim, existia alguma coisa na presença de Masayume que era especialmente arrepiante. Não podia saber se eram os olhos brancos, ilegíveis, inexpressivos; ou mesmo a mortal palidez fantasmagórica, como a de um cadáver estivesse submerso por muito tempo que adquirisse uma superfície instável, quase transparente. Também pareciam surreais os cabelos igualmente níveos, longos e lisos, e era completamente impossível lhe definir o gênero ou supor mesmo vagamente sua idade. Ainda, para completar, tinha uma voz baixa, que vibrava de forma que parecia se manifestar em muitos outros tons inaudíveis. Era como se o corpo fosse etéreo, a um piscar de olhos de desaparecer de sua frente. E os lábios lívidos sempre sorriam de leve.

Verdade seja dita, mesmo que sua vida não estivesse em risco imediato como estaria perante um vilão fatal, talvez estivesse mesmo diante de um perigo sem nenhum precedente.

Akai Ito, seu parceiro de crime, estava sendo trazido, depois que foi capturado tentando atacar Kaminari Denki dentro do próprio hospital, sob os olhos de Shinsou Hitoshi. Um erro ridículo, pretensioso em níveis absurdos. Era como se ele estivesse implorando para ser capturado.

Era inevitável pensar que estava fácil demais, mas não sabia se deveria pensar nisso ou afastar esse tipo de impressão. Sabia que não existia isso no mundo real. Sabia que pessoas cometiam erros bobos, que vilões cujos planos funcionam bem demais começam a ficar pretensiosos e acham que jamais serão capturados. Assim funciona o padrão. Assim que todos caíam.

“Foi fácil demais, não foi?”, Masayume piscou devagar, a voz vibrando arrepiante.

Uma individualidade capaz de fazer alguém navegar na mente das pessoas com aquela facilidade com certeza faria qualquer um virar um megalomaníaco. Com certeza Masayume teria um complexo de divindade, que acreditava ter todos em suas mãos, ao estalar de seus dedos.

O problema era que talvez realmente tivesse. Uma pessoa como Masayume poderia botar um país de joelhos, bastando que quisesse.

Sua única vantagem era que esses tipos, em geral, querem plateia. De que adianta ser um rei sem súditos, um deus sem crentes? Planos muito perfeitos são resultados magníficos, mas o perfil que ele observava era de pessoas que queriam ser admiradas, temidas e veneradas, e, para isso, agiam com um determinado modus operandi, que comece a ser verificado em sua análise.

Brincando, em algumas semanas eles simplesmente eliminaram seis heróis dos top vinte e seus respectivos parceiros ou interesses amorosos, dois deles também heróis. E agora capturaram três dos top cinco, em uma manobra bagunçada, mas efetiva o suficiente para que fosse quase impossível localizá-los.

“Nós temos o clássico perfil do serial killer, certo? Seja identificado por seu estilo e, quando até matar tiver ficado tedioso demais, deixe-se ser preso para que conheçam seu trabalho, talvez até angariar fãs.” A voz surreal continuou, como se ecoasse os pensamentos de Tsukauchi. “Mas vocês fizeram um processo tão rápido de ontem para hoje, a mídia mal vai ficar sabendo... o que será que Masayume e seu comparsa estão pensando?, não é?"

De fato, Shouto Todoroki e Kirishima Eijirou acordaram em seus apartamentos, mas heróis haviam procurado lá por eles antes, obviamente. Kaminari Denki foi encontrado em um galpão para onde não tinha ido.

Havia mais gente por trás disso, sem sombra de dúvida, e Masayume queria desestabilizá-lo.

O detetive deu de ombros, recostando-se na mesa.

“Você acha que me assusta brincando de ler meus pensamentos, não acha? Você com certeza conhece psicologia, não é mesmo? Com uma individualidade como a sua...”

“Um pouco, sim.” Masayume deu uma risada fraca, condescendente. "E você, conhece neurologia, Tsukauchi-san?"

"Não."

"Então não vai entender como minha individualidade funciona, parem de perguntar. Chame Eraserhead aqui e experimente por um ou dois segundos a minha individualidade antes de ele a apagar, que tal? Vai ser bem melhor do que eu tentar explicar."

"As pessoas costumam cair nessa conversa?"

"Mais frequentemente do que você imagina, por certo." Masayume se escorou na cadeira, dando uma risada fraca. "O que eu faço pode ser extremamente atraente para aquele que é alvo." 

"Por favor, me ilumine a respeito dos motivos."

Masayume mordeu o lábio. 

"Sua individualidade é bastante desagradável, Tsukauchi-san, obrigando as pessoas a serem honestas. Não estou com vontade de falar tudo aqui, mas eu tenho a péssima mania de sempre responder às questões das pessoas."

"Então me responda. Por que você decidiu pelos heróis? Para mostrá-los como escolheram um  estilo de vida deturpado, por um orgulho estúpido disfarçado de justiça, sendo que são apenas banais? Ou porque eles são um perigo com suas individualidades e devem ser neutralizados, levados a um estado em que não ofereçam esse tipo de embate?"

Masayume sorriu, dessa vez como se a conversa lhe interessasse, insinuando-se para a mesa de volta. 

"Respectivamente Stain e Overhaul, né? Eu adorei o discurso deles, foi uma das coisas mais legais que eu vi na consciência de Midoriya. Brega demais, que nem o próprio Deku, mas, ah." Deu de ombros e suspirou. "Eu adoro clichê."

"Heróis e seus interesses amorosos impossíveis te interessam? Por isso criou histórias de amor para eles?"

Balançou a cabeça com um suspiro de quem havia sido profundamente incompreendido.

"Eu não invento ilusões, Tsukauchi-san. São apenas probabilidades que se mostram para mim, como um... cardápio. Agora que eu dominei a técnica, eu consigo ver dessa forma, com clareza. Só que meu domínio apenas atinge probabilidades que possuem aspectos bem semelhantes aos que a pessoa já tem. É uma realidade onde alguma das coisas essenciais é distinta, mas a família é quase a mesma, os amigos só mudam de emprego, você ainda tem o mesmo animal de estimação... Eu posso escolher um universo que se mostre especialmente agradável e que dê ao meu alvo uma vida pacífica e bonita.”

Masayume estava sob a individualidade que impedia o alvo de produzir uma mentira. A questão era: ou aquilo era real, ou era o que Masayume acreditava; ele realmente achava que funcionava assim. De qualquer modo, era extremamente complicado.

“É como se você desse uma segunda chance a uma pessoa?”

“É uma forma de se ver, sim. Mais uma chance para que ela faça seus sonhos e anseios virarem realidade. Que pessoa com uma vida de merda não gostaria de ter uma chance de viver de novo, em algum lugar em que seus pais não tenham morrido, em que ele não tenha perdido aquele grande amor, em que ele tenha escolhido o emprego de seus sonhos?

“Você já fez isso mais vezes.”

“Parei de contar depois da centésima. A maioria eu só largava lá. Não vou me dar ao trabalho de acompanhar, mesmo que sejam só três dias para eu assistir a vida toda. Não ligo."

“Você confessa ter matado mais de cem pessoas, então.”

Matado? Elas viveram uma vida muito mais longa e feliz do que jamais teriam aqui. Eu salvei diversas pessoas da beira do suicídio, e esses que eu quis ajudar chegaram ao final de suas vidas paralelas sem arrependimentos, morrendo bem velhinhos.”

“Ah." Tsukauchi deu uma risada de desprezo, calculada. "Então foi pura caridade?”

“Também. Eu precisava treinar, então resolvi unir o útil ao agradável. Você deve imaginar, viver demais fica bastante tedioso em certo tempo. Eu precisava de novas diversões, e gosto de assistir a vida das pessoas. Quando eu às levo lá, é como ver um filme extremamente rápido que eu posso relembrar quando quiser. Eu gosto das partes românticas e do que isso faz com os personagens."

“Treinar para quando fosse usar isso em algum inimigo?”

Masayume deu uma risadinha, a cabeça inclinando para o outro lado, mais uma cascata de cabelos fluidos.

“Ah, não. Usar em inimigos eu sempre usei. É divertido no começo, eu dou bastante risada do quanto eles se dão mal, mas deixar alguém em uma vida arruinada perde a graça rápido. Pessoas deprimidas não servem pra mais nada, não realizam nada, só repetem erros idiotas e choram no seu canto até definharem. Eu acho bonitinho quando as pessoas estão felizes. Elas fazem mais coisas, viajam, transam, fazem amigos, realizam objetivos, ajudam pessoas, ficam tão alegrinhas com suas coisinhas idiotas.”

“Felizes vivendo na 'Matrix' que você criou, sem nenhuma realidade nisso, nenhuma efetividade. Você faz isso pra se divertir, porque isso faz com que você se sinta uma divindade.”

Masayume suspirou tão longamente que parecia murchar. Fez até um bico.

“Vocês vão insistir que não é real, tudo bem." Deu de ombros. "Podemos começar uma imensa conversa filosófica aqui, eu vou adorar. Estudei vários filósofos. A cada cerca de três dias que uma pessoa está inconsciente, ela é capaz de viver uma vida inteira em outro universo. Então, a cada mês, se eu me transferir com sucesso, eu posso viver o equivalente a dez vidas. Ou mais, se eu me der por satisfeito naquela existência e migrar para outra. Imagine quanto de livro eu não li, e quantas coisas eu sei. Mas melhor ainda, se quer mesmo testar, peça a Kirishima-kun que desenhe uma flor para você. Verá sobre real ou não."

Tsukauchi sorriu, erguendo uma sobrancelha. 

"Prefiro perguntar para você. Por que não me esclarece?"

"Tudo bem. Como achar melhor. Mas use bem o seu tempo, Tsukauchi-san. Vocês não vão me prender por muito tempo, não se engane com isso. Nem a mim, nem a Akai Ito."

 ***

O céu se tingia de arroxeado ao que a última hora da madrugada terminava. Bakugou ouvia os pássaros trinarem, encarando diretamente o horizonte.

Estava no terraço da delegacia, respirando pesado, sentado no chão com os braços sobre as pernas dobradas, incapaz de soltar os punhos cerrados com força. Suas manoplas e os apetrechos de seu uniforme descansavam contra um muro a alguns passos de distância.

Tinham capturado Masayume e aquela criatura desgraçada estava sendo interrogada naquele mesmo momento. O comparsa, Akai Ito, logo chegaria, se já não estivesse lá.

O dia começava a despontar e ele não conseguia deixar de pensar em voltar lá e explodir os dois nem que fosse preso.

Ele estava fervendo por dentro, incapaz de aceitar que ele fosse fraco a ponto de ter sido subjugado com um único toque. Que ele tivesse sido peça de uma brincadeira maldita, que seus sentimentos mais íntimos tivessem sido expostos, desentranhados e usados inescrupulosamente para deixá-lo frágil. 

Doía.

Doía feito o inferno.

Se estivesse com as duas pernas quebradas seria mais fácil levantar.

Ele sempre soube que amar poderia ser uma fraqueza inaceitável para um herói. Quando uma pessoa é mais especial, ela tem prioridade sobre tudo. Sobre salvamentos, sobre vitórias. Era por isso que durante os anos que passou na U.A., mesmo sabendo que Kirishima não era para ele como nenhum dos outros, jamais deixou-o chegar perto demais. Perto o suficiente para começar a cogitar o que aconteceria se ele só inclinasse o rosto... qual era a verdadeira textura dos cabelos pintados de vermelho, será que aquelas mechas pontudas se desfariam macias entre seus dedos...?

Enterrou o rosto nas mãos enluvadas. 

Agora sabia. Sabia perfeitamente, quase conseguia sentir ali, a sensação da surpreendente delicadeza dos cabelos dele, o cheiro, a sensação de sua pele.

Ou não. Talvez ele não soubesse coisa alguma, e nada daquilo correspondia à realidade; foi satisfeito apenas pelas individualidade e imaginação doentia de um monstro.

Ouviu passos nas escadas, de alguém subindo rápido, antes de a porta se abrir.

De súbito, o loiro ficou de pé, e ver Kirishima ali fê-lo trancar a respiração. 

"Katsuki!" 

Talvez se ele estivesse de uniforme de herói, talvez se visse Unbreakable Red Riot ali na sua frente, fosse mais fácil manter a sanidade. Mas o Kirishima de cabelos baixos e roupas casuais acenando pra ele tinha sido informação demais, imbatível, incomparável. Tanto que quando ele se aproximou rápido, Bakugou foi incapaz de reagir, deixando que este jogasse seus braços em torno de seus ombros e o abraçasse.

Bakugou cerrou os punhos com força, braços ao longo do corpo. Inspirou truncado, tentando com todas as suas forças se manter parado, mas o calor da pele de Kirishima era como se suas estruturas explodissem por dentro. Acabou por enterrar seu rosto na curva do pescoço de Kirishima por um instante.

"Eu precisava tanto te ver." Kirishima murmurou, ao lado da cabeça do loiro, que cerrava os olhos com força. "Desde que eu acordei, eu... eu precisava muito te ver."

Então Bakugou apertou os olhos fechados com ainda mais força, tomou fôlego como se fosse arrancar um espinho e empurrou Kirishima para quebrar o abraço, fazendo-o cambalear para longe dele.

"Idiota! Não te informaram do que aconteceu aqui? Nós fomos manipulados por vilões de merda, é por isso que você está se sentindo assim. Qualquer porcaria que você esteja sentindo agora, é tudo efeito deles!"

"Katsuki, eu não-..."

"O que eles te fizeram ver?" Bakugou rugiu. "Qual foi a droga da ilusão que eles enfiaram na sua cabeça? Tinha a ver comigo?"

Kirishima não costumava se sentir intimidado por Bakugou; não havia nada que ele falasse ou fizesse que costumeiramente pudesse afetá-lo. Era como se o visse através disso, de palavras que não queriam dizer nada realmente. 

Ali, talvez... 

Talvez fosse um pouco demais para ele se lembrar de que... 

Seus lábios tremeram.

O homem com quem ele trocara todas aquelas experiências, quem ele beijara, amara e casara não era o mesmo que o olhava ali, com fúria e desconsolo no olhar. Engoliu em seco, tentando conter o nó na garganta, e assentiu.

"Eu... é bizarro, não fique irritado, mas eu era um tatuador e eu resolvi ir até uma floricultura..."

Interrompendo-o, Bakugou rosnou para si como uma fera e socou uma parede lateral, urrando, fazendo-a tremer e rachar. Kirishima se aproximou, segurando os braços dele e virando-o para si.

"É o mesmo que você? A gente viveu isso ao mesmo tempo?" Kirishima procurou o outro par de olhos vermelhos com os seus. "Foi uma coisa bem confusa, porque é como se eu tivesse vivido toda uma vida lá, daí fica meio confuso, meio que pra um futuro onde nós tínhamos-"

"Dois filhos." Bakugou chiou baixo como um gato bravo.

"É." A resposta de Kirishima tinha pesar.

"A merda de dois filhos. É como se eu não tivesse realmente vivido com eles, não é uma falta real, mas eu sinto uma perda mesmo assim. De algo que nunca existiu nesse caralho. Eles brincaram conosco do jeito mais covarde possível, porque não podiam cair na porrada feito gente. Eu nunca estive tão puto na minha vida, Eijirou. Você não faz ideia."

Kirishima concordou, cruzando os braços.

"É um golpe baixo demais, pegar alguém assim, sem a menor chance de defesa, em algo tão íntimo e particular, fazer isso com seres humanos como se fôssemos só marionetes. Nunca vi algo tão desonrado e covarde. Eu não entendi o que está acontecendo, eu tô, eu tô muito confuso. Mas estou feliz que você está bem, Bakugou."

"Bem eu vou estar quando esses desgraçados estiverem bem fundo na porra do Tártaro pra apodrecer."

"Eu não desejo isso a ninguém, mas eles precisam, sim, ser afastados." Kirishima pôs as mãos na cintura. "E sobre ser afastado. Eraserhead-san nos disse que seremos afastados do nosso serviço até que nossa avaliação psicológica passe."

Bakugou grunhiu.

"Meu cu que eles vão me dar afastamento. Eu mesmo explodo a mesa do engravatadinho de merda que assinar essa ordem."

"Bakugou, pense bem. Nós não estamos em nosso juízo perfeito, um afastamento de alguns dias pode-"

"Conversa de bundão isso, fique à vontade pra choramingar, eu não vou ficar parado! Eu não sei como a gente foi parar naquele prédio e todas as vítimas foram encontradas em lugares inesperados. Tem mais gente aí pra ser presa, essa porra não acabou, e eu vou caçar até o último filho da puta envolvido nisso!" 

"Você não está pensando direito, eu sei que você é muito mais racional do que-"

"Eu preciso disso, Kirishima!" Ele vituperou, golpeando o braço dele. "Eu preciso- ser um herói! Fazer o que eu sei fazer, fazer o que eu sou o melhor fazendo! Que não é cuidar de umas porras de planta e flor nesse caralho! Não é ser um marido, um pai, não é ser seu amante!"

Como uma reação incontrolável, que independia de sua vontade e era mais forte que qualquer capacidade sua de refrear, os olhos de Kirishima brilharam, lágrimas que transbordaram até enchê-los. Era cedo demais. Ele era mesmo um covarde, ele precisava de um tempo para processar o fato de que não estivera mesmo jantando com sua família e depois dormindo nos braços de Bakugou há uma hora. 

Então pressionou os lábios, trancando a respiração, e tampou os olhos com sua mão esquerda, pressionando-os.

"Eu...", sua voz falhou. "Eu vou visitar o Kaminari. O que você vai fazer agora? Quer ir comigo?"

Mas Bakugou estava prestando atenção em outra coisa.

"Que porra é essa na sua mão?"

Kirishima olhou para suas mãos sem ver nada em especial nelas.

"Do que você está falando?"

Ele se aproximou, segurando o pulso esquerdo de Kirishima.

"Desse caralho dessa marca vermelha no seu dedo mínimo, porra, do que mais? Desde quando isso tá aí?"

"Que marca? Não tô vendo nada! É só minha mão!"

Bakugou examinou a mão de Kirishima por alguns momentos até que se lembrou. Então tirou suas luvas e jogou-as no chão, olhando para suas próprias mãos, escrutinando em busca de algo.

"Ei!" Kirishima apontou para a mão do outro, segurando-a, acariciando o dedo mínimo onde havia uma marca escarlate, como um anel sem detalhes tatuado.

"Você vê?" Bakugou perguntou, mesmo que não visse nada em suas próprias mãos.

"Isso é...?"

"O fio vermelho do destino. A porra da individualidade do Akai Ito." Bakugou puxou Kirishima pela mão, porque, afinal, era a coisa mais natural e instintiva do mundo. "Vem comigo. A gente tem um cupido escroto pra lidar."



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