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História De repente - Capítulo um - Garoto dos cabelos cor de fogo.


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Olá, estrelinhas! Como vocês estão?

Hoje é um dia muito especial porque é o aniversário de uma das minhas pessoas favoritas no mundo e que qualquer ser humano que conviva 1% comigo sabe o quanto eu sou fangirl dela e o quanto eu amo essa guria desde 2014, quando a conheci ainda pelas fanfics, sem nunca ter falado com ela antes. Hoje é aniversário da minha princesinha mais linda, a jayuussi e eu queria trazer algo bacana pra ela como presente <3

Por isso, Yuu, feliz aniversário mais uma vez e obrigada por estar comigo durante todos esses anos sendo essa pessoa super iluminada que você é a quem amo tanto! Você vai ser sempre a senpai <3

De repente é uma fanfic que eu queria muito escrever faz algum tempo porque eu adoro a música e tenho essa ideia desde que Shape of you foi lançada, então, como a Yuu também era bem fãzinha de Eduardinho, eu resolvi entregar-lhe como presente. A ideia é que ela fosse uma one-shot porém ia ficar muiiito grande, então dividi em dois capítulos onde vocês vão conseguir enxergar as diferentes nuances do relacionamento desses dois.

A fanfic foi betada pela indelikaido, essa linda, muito obrigada, Gio! A capa, como sempre, foi feita pela Bomma, e tá maravilhosa do jeitinho que eu imaginava!! <3 Ela também faz parte dos meus biscoitinhos, atendendo por Songfic de um artista que eu gosto muito, que todo mundo sabe que é Ed Sheeran com Shape of you!

Espero que vocês gostem dessa história; é um pouco diferente do que eu costumo fazer porque ela não começa toda fluffyzinha e tudo mais (e ainda é estranho marcar o insinuação de sexo nos avisos, mas seguimos o baile) e eu to um pouco nervosa com isso, mas qualquer coisa, estou sempre aberta ao feedback de vocês. Uma boa leitura e nos vemos lá embaixo~!

Capítulo 1 - Capítulo um - Garoto dos cabelos cor de fogo.


DE REPENTE

Capítulo um - Garoto dos cabelos cor de fogo.

 

A música ambiente que tocava era a favorita de Chanyeol.

 

Costumava ir ao mesmo bar todas as sextas feiras com os amigos para aliviar o estresse da semana de trabalho e para matar as saudades dos tempos de faculdade. Após se formarem, todos sabiam o quanto seria difícil que voltassem a se ver com a rotina exaustiva de trabalho, mas estavam todos felizes demais para se preocupar com isso. Jongin deixou a carreira como economista de lado quando o chamaram para representar uma agência de modelos, onde conheceu sua atual namorada, Soojung; Sehun era um ótimo cozinheiro em ascensão em um restaurante conceituado e Chanyeol estava satisfeito com seu trabalho de editor-chefe.

 

Apesar da correria diária e de algumas vezes se desencontrarem por suas agendas corridas, todos estavam felizes com sua vida atual em todos os aspectos: Soojung era a garota perfeita para Jongin e Sehun gostava de reafirmar que possui amor demais para dar a uma pessoa só e por isso todos os sábados de manhã está fazendo ovos e bacon para alguém diferente. Chanyeol, por sua vez, encontrava o amor em livros e manuscritos rejeitados, nunca ao seu lado e estava tudo bem assim. Não precisava de ninguém para completá-lo, sempre teve horror a esse conceito.

 

“Nós devíamos ter ido para a casa do Sehun”, Jongin comentou. “Ao menos teríamos comida e inventaríamos nossos próprios drinks.”

 

“Soojung matou o Jongin que amava festas?”, Chanyeol riu, bebericando do que havia em seu copo.

 

“E pare de achar que sou cozinheiro de vocês”, Sehun resmungou dando um tapa em Jongin, que murmurou sobre não ter feito nada. “Não passei esse tempo todo na faculdade para te salvar de macarrão instantâneo.”

 

“Você é o pior melhor amigo do ano”, Jongin revirou os olhos. “Soojung está tomando conta da minha dieta, não posso arriscar ter que voltar aos números.”

 

“Às vezes questiono aquele diploma com todos os méritos do Jongin”, Chanyeol provocou, “ele nem deve lembrar mais o que economistas fazem.”

 

Sehun ecoou sua risada enquanto Jongin se mantinha emburrado, murmurando sobre seu antigo curso para provar que ainda sabia muito bem o que se propôs a trabalhar, três anos antes na formatura. A troca drástica de profissões de Jongin era sempre o assunto principal entre os três quando queriam rir sobre alguém e o moreno não levava mais do que alguns instantes para começar a rir com os amigos sobre si mesmo.

 

“Pelo menos, me tornar modelo me trouxe a Soojung”, Jongin zombou, “diferente de vocês, sozinhos na vida.”

 

“Me respeita que eu já avistei o meu amor dessa semana”, Sehun disse, apontando discretamente para o rapaz moreno que ria com alguns amigos do outro lado do bar.

 

“Sehun nunca vai tomar jeito”, Chanyeol rolou os olhos para o amigo que ainda olhava para o alvo do dia, esperando ser notado. “Vai fazer o que? Mandar um drink anônimo?”

 

“Não seria má ideia”, concordou.

 

Resolveu que não tinha salvação para Sehun e voltou a conversar com os amigos sobre a correria do dia a dia, ouvindo as histórias de Jongin sobre as surpresas que Soojung preparava e sobre os novos pratos que Sehun criou e que todos os clientes tinham adorado, aumentando o status do cozinheiro no restaurante. Contou aos amigos sobre os livros mais recentes em que estava trabalhando e de seu preferido, de um autor anônimo e iniciante.

 

Chanyeol estava encantado pelo livro em que estava trabalhando e com qual autor sequer conseguia contato. Seu personagem principal era carismático e misterioso buscando o amor e o sentido de seus dias em lugares e pessoas diferentes, sempre voltando a si no final da noite, pronto para reiniciar sua busca.

 

O editor se perguntava até onde não era exatamente igual ao personagem.

 

Depois de mais alguns drinks e discursos de “é necessário ter coragem para se conseguir o que quer na vida, Chanyeol” vindos de Sehun, Chanyeol e Jongin observaram o amigo ir atrás do rapaz que estava interessado. Utilizou-se da ideia do editor e estudou as reações de seu alvo, mas Sehun não sabia ficar esperando; ao menor sinal de procura por parte do moreno e o cozinheiro sumiu atrás dele.

 

Apostou com Jongin quanto tempo levaria para que Sehun ganhasse um fora, já que o rapaz sequer sabia se os sinais dados pelo garoto na outra mesa eram realmente positivos. O modelo disse que precisava ligar para Soojung e Chanyeol ficou encarregado de narrar todo o pseudo encontro de Sehun; seria dessa vez que Sehun encontraria sua companhia perfeita ou na próxima semana passariam por isso novamente?

 

Sozinho na mesa que escolheram, Chanyeol desviou o olhar de Sehun por um momento e passou a observar o local. Era o mesmo bar que frequentavam na faculdade devido a nostalgia, e nada mudou com o passar dos anos; havia um pequeno palco onde cantores amadores tentavam a sorte e diversas mesas espalhadas pelo salão, ocupadas por grupos de amigos ou casais silenciosos. Era um dos lugares preferidos de Chanyeol devido a calmaria oferecida sem perder o ambiente de diversão; nunca conseguiu acostumar-se a ambientes como baladas ou qualquer lugar onde nem seus pensamentos escutasse e não seria agora, aos vinte e seis anos, que iria.

 

Sua atenção foi tomada por um rapaz ruivo que se sentou à sua mesa de repente. Havia maquiagem levemente esfumaçada em seus olhos delineados e um sorriso ladino em seus lábios, embora Chanyeol não entendesse os motivos. Quem era aquele garoto e o que queria em sua mesa? Tinha certeza que o reconheceria se o conhecesse, aqueles cabelos cor de fogo não se perderiam tão facilmente.

 

Parecendo notar sua confusão, o rapaz voltou a sorrir de lado antes de falar. “Um cara me disse que se você não me pagasse uma bebida, eu deveria fazer isso por você.”

 

Chanyeol acompanhou a direção apontada pelo rapaz, encontrando Sehun agarrado ao garoto que observou a noite inteira. Praguejou baixinho, sabendo que aquilo era a cara de seu amigo, presumir que desejava companhia quando nunca pediu por uma.

 

“Sehun faz isso às vezes, o maldito intrometido”, Chanyeol respondeu. “Aquele, eu suponho, é o amigo que te trocou também.”

 

“Aparentemente não é só Sehun que estava nos observando”, o garoto provocou. “E afinal de contas, qual o nome do cara para quem devo uma bebida?”

 

O editor pensou que não havia mal em ceder à conversa do rapaz à sua frente; ele era bonito, parecia interessado em si ou não teria vindo ao seu encontro e tinha uma boa conversa. Chanyeol estava realmente sozinho, não tinha nada a perder.

 

“Meu nome é Park Chanyeol”, Chanyeol apresentou-se. “E quem é o que vai me pagar uma bebida?”

 

Chanyeol pensou ter visto vislumbres de reconhecimento nos olhos delineados, mas imaginou que ele fosse dos que leem as informações técnicas dos livros e Chanyeol era o editor de livros bastante famosos até. Da mesma forma que o vislumbre de reconhecimento veio, ele também foi embora, com a aura de mistério e sedução ainda rondando os dois. O editor nunca se sentiu tão curioso sobre alguém e era estranho sentir-se assim com alguém que conheceu há poucos minutos.

 

“Pode me chamar de Baekhyun. Byun Baekhyun”, respondeu. Em seguida, fez sinal ao barman atento no balcão que rapidamente trouxe dos copos à mesa. Baekhyun o agradeceu, apanhando o seu próprio drink.

 

“Não achei que seria tão literal”, Chanyeol comentou risonho e apanhando o copo restante.

 

“Eu sou uma pessoa bastante literal”, Baekhyun retorquiu, mantendo o mesmo sorriso nos lábios. “Faz parte da minha profissão.”

 

“E você trabalha com o quê?”

 

“Não vamos expor todos nossos segredos de uma vez, não é?”

 

Foi a vez de Chanyeol sorrir, adorando o quanto aquele garoto instigava sua curiosidade. Há muito sentia-se apático em relação a tudo na vida, mantendo seu trabalho em primeiro lugar e dedicando suas sextas feiras aos dois melhores amigos, ciente de que não sabia como conhecer pessoas novas e, por isso, estaria sempre estagnado em seu atual círculo social. Até aquele momento estava tudo bem em manter-se dessa forma, mas agora, em frente ao ruivo, Chanyeol se perguntou quantos Byun Baekhyun deixou de conhecer.

 

Jongin lhe despertou de suas ideias novamente ao enviar uma mensagem avisando-o de que precisava ir embora mais cedo porque Soojung passou mal e que pagaria pelo consumo a um dos dois amigos. Ciente de que Sehun muito provavelmente nem estava mais entre eles, respondeu a Jongin que não se preocupasse e desejando melhoras a Soojung. Sem os dois melhores amigos, Chanyeol agora estava sozinho com o recém-conhecido.

 

Não percebeu o momento em que Baekhyun começou a observá-lo, sentindo-se envergonhado ao captar seus olhares; não se sentia envergonhado há muito tempo, mas a intensidade dos olhares de Baekhyun o desconcertava. Talvez estivesse desacostumado a paquerar alguém ou talvez tudo com Baekhyun era mais intenso, desde sua curiosidade até suas reações.

 

“Estou te envergonhando?”, Baekhyun perguntou em tom de zombaria.

 

Chanyeol percebeu que aquela era a intenção do ruivo e resolveu não dar a ele o que queria. “Precisa de muito mais para me envergonhar.”

 

Baekhyun riu baixinho. “Farei meu melhor”, prometeu. “Talvez eu devesse te pagar mais alguns drinks.”

 

“Está tentando me embebedar, Baekhyun?”, Chanyeol ergueu a sobrancelha.

 

“Dizem que quanto mais álcool você ingere mais fácil é falar de si”, Baekhyun deu de ombros. “Só quero conhecê-lo melhor.”

 

“Teremos uma troca justa? Você não parece inclinado a falar de si mesmo.”

 

“Quero ouvir suas conclusões sobre mim”, Baekhyun esclareceu. “Depois eu confirmo ou nego tudo.”

 

O maior começou a analisar Baekhyun pelo que tinha a vista e o pouco que conversaram nesse tempo. O silêncio não parecia incomodá-lo, estava bem à vontade cantarolando a música que tocava ao fundo e que Chanyeol não reconhecia mais. O sorriso de quem tem todas as cartas na manga era uma constante em seu rosto e seus olhos negavam qualquer pedido por informação. Baekhyun parecia um forte que zomba dos demais por não conseguirem acessá-lo.

 

Baekhyun permaneceu aguardando o que Chanyeol diria sobre si. Estava curioso sobre o que tinha passado a Chanyeol, era um cara interessante como há muito tempo não conhecia alguém. Quando Yifan o abandonou para ficar com Oh Sehun, imaginou que terminaria a noite com alguém que sequer teria interesse real sobre si antes de beijá-lo, mas Chanyeol tinha e Baekhyun percebeu que talvez não fosse uma noite tão perdida assim. Adoraria confirmar ou negar as conjecturas de Chanyeol com o passar dos tempos, porque uma única noite não parecia suficiente para sua curiosidade ser saciada. Esse sempre fora seu defeito, afinal.

 

E, mesmo que tão pouco tempo tenha se passado com Chanyeol, algo dizia a Baekhyun que não iria se arrepender.

 

“Há tanto para falar sobre o que eu imaginei a seu respeito que não sei quais palavras utilizar”, Chanyeol disse depois de um tempo em silêncio. “Você me parece meu mais recente personagem favorito, estando à procura de alguma coisa que só você sabe, mas seus olhos atraem as pessoas para o seu jogo; a aura de mistério que esconde atrás de cada um desses sorrisos é a parte mais aliciante da situação, porque não dá para negar a si mesmo o que se quer e você faz com que queiram te conhecer.”

 

Após a fala de Chanyeol, Baekhyun experimentou mais algum tempo em silêncio, segundos necessários para que absorvesse tais palavras. Gostava de perguntar as pessoas a primeira impressão que tiveram de si, mas nunca ninguém o respondeu como Chanyeol que o conhecia há tão pouco tempo. O ruivo realmente não imaginava a resposta que teria, mas agora sentia-se mais à vontade para ir além do flerte. Queria realmente conhecer quem era Park Chanyeol, ao menos durante aquela noite.

 

“Nos conhecemos há tão pouco tempo e você me comparou a seu personagem favorito?”, Baekhyun brincou. “Sinto-me lisonjeado.”

 

Chanyeol se permitiu rir. “Tempo é relativo. Ele é realmente o mais importante na criação de um laço?”

 

“Costuma criar muitos laços com desconhecidos?”, Baekhyun perguntou, inclinando-se sobre a mesa.

 

O editor devolvia o olhar na mesma intensidade. “Só com os que eu gosto muito.”

 

A tensão existente entre ambos era óbvia e Chanyeol agradeceu a Sehun por ter acertado dessa vez enviando-lhe Baekhyun. Apesar do desejo pelo descompromisso e que não esperava em ter nada sério com o rapaz, Chanyeol estava cansado de relações vazias e que não lhe acrescentavam em nada. Deixava-o entediado saber que teria que passar pela etapa do flerte – e duvidava que ainda soubesse fazer isso – para ganhar uma noite de beijos e o lado gelado da cama na manhã seguinte. Com Baekhyun, sentia que alguma conexão era estabelecida, algo naqueles olhos o prendia e sabia que teria uma boa conversa já que Baekhyun parecia diferente de todos que conhecia.

 

Byun Baekhyun era um achado, assim como seu manuscrito favorito.

 

Observou-o terminar o conteúdo que havia em seu copo, o seu próprio vazio há algum tempo. Esperou ansioso por seu próximo passo, ansioso pelo próximo lado que conheceria do rapaz. Recebeu um olhar de volta e o sustentou, esquecendo-se do que acontecia ao redor. Tudo que importava naquela noite estava naquela mesa e há quanto tempo não se sentia dessa maneira? Nunca saberia dizer porque tudo soava como uma primeira vez.

 

“Quer sair daqui?”, Baekhyun perguntou. “Nesse momento, seu amigo deve estar no apartamento do Yifan, então nada nos prende aqui. E ouvi falar que as sextas feiras à noite são as melhores em uma praça não muito longe daqui.”

 

Chanyeol pensou por um tempo. Sair daquele bar com Baekhyun deixava implícito que estavam seguindo por outros caminhos, que não deixaria o estabelecimento sozinho. Normalmente isso apavoraria Chanyeol pelo medo do desconhecido, mas não agora. Agora era só Baekhyun e por isso respondeu apenas um “tudo bem”.

 

Pagaram suas comandas antes de abandonar o local, sendo recebidos pelo gélido ar noturno. Não estava tarde o suficiente para que não houvesse mais pessoas nas ruas, mas também não estavam movimentadas. O fluxo de pessoas era agradável e todos pareciam estar buscando algum lugar para se divertir, como esperado de noites de sextas-feiras. Ambos caminhavam em um silêncio cômodo, aproveitando a brisa noturna contra seus rostos.

 

Era extremamente bizarro para os dois que se sentissem tão confortáveis um com o outro, considerando o pouco tempo que se conheciam e menos ainda que sabiam a respeito um do outro. Nem Baekhyun tampouco Chanyeol costumavam se sentir à vontade com novas pessoas como se sentiam juntos e era exatamente esse o pensamento de cada um. Por que dessa vez Baekhyun foi à mesa de alguém sendo que na maior parte das vezes só estava ali obrigado por Kris? Por que dessa vez Chanyeol manteve a conversa, por mínima que fosse, e não o dispensou como fazia com todo mundo que Sehun o enviava?

 

Talvez realmente precisassem se conhecer. Talvez o destino realmente escrevesse certo por linhas tortas.

 

O parque onde Baekhyun o levou estava um pouco vazio, apesar das atrações ali. Chanyeol passava por ali várias vezes, mas nunca tinha percebido a existência daquele parque antes. Assim como todos os outros, era bastante arborizado e com diversos bancos espalhados em áreas de descanso, o que o tornava diferente é que, segundo Baekhyun, todas as sextas-feiras tinha uma atração diferente com intuito de atrair mais pessoas para zonas públicas.

 

Nessa sexta, a atração era cinema ao ar livre.

 

O filme já havia começado quando chegaram e Baekhyun o puxou para que se sentassem em um bom lugar. Algumas pessoas já assistiam ao filme, algumas concentradas na história, outras conversando e alguns ignorando o filme para aproveitar seus companheiros. Chanyeol reconheceu o filme assim que se sentou ao lado de Baekhyun, encostando-se a uma árvore.

 

“Você me trouxe para assistir Um amor para recordar?”, perguntou com uma sobrancelha erguida. “Qual o próximo passo? Jantar à luz de velas?”

 

Baekhyun deixou-se rir. “Em minha defesa, eu achava que hoje que tinha alguns artistas de rua aqui. Devo ter me enganado com o dia.”

 

“Pode me trazer aqui de novo quando acertar o dia, não há problema nenhum.”

 

“Veja só quem quer um segundo encontro agora”, Baekhyun riu.

 

“Eu nunca neguei o jantar, se quer saber”, Chanyeol sorriu.

 

“Vou me recordar disso para nosso próximo encontro”, Baekhyun prometeu com um sorriso.

 

Já que estavam ali, concordaram em continuar assistindo o filme porque não tinham mais o que fazer. Embora a história corresse no telão improvisado à frente, os olhos de Chanyeol se mantinham em Baekhyun, perguntando-se como se sentia tão confortável com alguém que sequer sabia a respeito. Tudo que sabia é que Baekhyun tinha um sorriso bonito e a incrível capacidade de manter o clima confortável com poucas palavras e brincadeiras.

 

Chanyeol se pegou pensando que um segundo encontro seria realmente ótimo, mesmo com a ideia clichê sobre jantar.

 

Baekhyun, por sua vez, evitava encarar Chanyeol para não encarar seu próprio desconforto. Detestava a ideia de ter algo com alguém por uma noite e na manhã seguinte não ter sequer um telefone para o qual ligar e ter que seguir com sua vida como se, por uma noite, não estivesse conectado a alguém. Por vezes não se importava por muito tempo com as pessoas que conhecia, mas Chanyeol parecia incrível e queria ter mais do que só uma noite ao seu lado. Porém, sabia que as chances de revê-lo eram baixas e isso o deixava frustrado.

 

Por isso, evitava olhá-lo para desapegar da ideia de um futuro inexistente e focava nos outros casais do lugar. Filmes românticos são imãs para casais em qualquer situação.

 

“Você também não acha desrespeitoso que usem de cinemas para se pegar com alguém?”, Chanyeol perguntou, assistindo Landon pedir Jamie em casamento. “Você está ignorando meses do trabalho de alguém por algo que pode fazer em qualquer outra situação.”

 

“É de graça dessa vez”, Baekhyun disse. “Vai ver não se importam quando não precisam pagar.”

 

“Continua sendo desrespeitoso”, Chanyeol insistiu. “Há tantos lugares para se beijar.”

 

“Isso é uma pena realmente”, Baekhyun se lamentou, atraindo a atenção de Chanyeol, “porque eu queria muito te beijar agora.”

 

Talvez fosse o álcool em seu sangue, embora não tenha bebido muito, talvez fosse a atração magnética natural do rapaz à sua frente, mas agora Chanyeol não conseguia tirar os olhos dos lábios que sorriam para si. O filme parecia tão distante enquanto caía na teia de Baekhyun novamente...

 

“Então beije”, disse, sentindo-se imbecil em não dizer nada melhor.

 

“E todo o papo sobre desrespeito de minutos atrás?”, Baekhyun perguntou se divertindo com a situação.

 

“Mudei de ideia.” Chanyeol respondeu. “Faço isso com frequência.”

 

“Talvez eu devesse beijá-lo antes que você mude de ideia novamente”, o ruivo comentou.

 

“Eu acho que você deveria”, o editor concordou, arrancando um sorriso de canto do ruivo.

 

Jamie e Landon não importavam mais naquele momento, tampouco os casais e pessoas sozinhas ao redor. Quando seus lábios se tocaram, ambos sentiam que não importava nada além da urgência de ter mais, de sentir mais. As mãos de Chanyeol estavam bem presas ao pescoço do ruivo, enquanto sentia os dedos de Baekhyun marcando sua cintura, mesmo por cima da camisa que usava Chanyeol sentia como se sua pele estivesse em fogo vivo.

 

Os cabelos cor de fogo de Baekhyun o incendiavam por inteiro, levando Chanyeol em sua combustão consigo. Sentiam-se cada vez mais próximos um do outro, como se apenas um beijo não fosse suficiente, como se fosse a fagulha que faltava para explodi-los.

 

Baekhyun não se recordava da última vez que um beijo o deixou dessa forma, tão urgente como se sentia; as mãos de Chanyeol que agora pareciam fundir-se em seus cabelos o deixavam extasiado, faziam-no querer que aquele momento nunca se findasse. Sentia como se agora que tinha provado de Chanyeol não pudesse ficar sem por muito tempo, ainda que achasse bizarro como se sentia como alguém tão recém-conhecido, mas isso era a última coisa em sua mente naquele momento.

 

“Consegui fazê-lo mudar de ideia?”, Baekhyun perguntou quando se separaram.

 

Havia um sorriso nos lábios avermelhados de Chanyeol e Baekhyun o achou lindo. “Talvez eu precise de mais algumas provas.”

 

“Não posso deixá-lo pensando assim, então.”

 

Os beijos retornaram como era esperado que acontecesse e não havia mais nada que pudesse soltá-los um do outro. Aos poucos, o parque começou a esvaziar, o filme já havia acabado e não se importaram em ver qual era o próximo que estava começando porque um convite feito por Chanyeol parecia ainda mais interessante. Era um passo arriscado para alguém que sequer conhecia, mas Baekhyun se sentia tão entregue que sua resposta não poderia ser outra.

 

No apartamento do maior, seus corpos se conheceram e suas mãos reconheciam território, tocando e deixando marcas em qualquer parte visível que encontrassem. Suas vozes soavam juntas em uma sinfonia que demorariam a se esquecer, enquanto seus corpos moviam-se em conjunto. Já não passava por suas mentes que aquela poderia ser a primeira e única noite que teriam, sequer se recordavam do bar onde se conheceram e onde teriam terminado suas noites, porque, naquele momento, enquanto deitavam lado a lado e encaravam o teto no quarto escuro, ainda com suas mãos buscando a semelhante para manter viva a sensação do toque, nada importava de fato.

 

. . .

 

Na manhã seguinte, Baekhyun não estava lá.

 

É claro que Chanyeol sabia que isso poderia acontecer e que o ruivo não lhe devia nada, mas não podia deixar de se sentir frustrado. A presença de Baekhyun tornou-se tão agradável em tão pouco tempo, aproveitaram tão bem do tempo que tiveram juntos noite passada, que Chanyeol imaginou que o rapaz também queria estar consigo ao menos mais um pouco, assim como desejou estar com ele.

 

Secretamente, esperava encontrar os cabelos ruivos espalhados em seu travesseiro e Baekhyun ainda adormecido, para que pudesse gravar em sua memória como, mesmo tão bagunçado, Baekhyun ainda era lindo.

 

Caminhou pelo apartamento, sentindo as dores de cabeça pelo álcool ingerido noite passada, mas não se arrependendo completamente como fazia todos os sábados de manhã, porque dessa vez foi diferente. Dessa vez, Baekhyun veio para sua casa consigo e isso mudava tudo, mudava a rotina que estabeleceu para si e mudava a forma como se sentia. Cada canto daquele corredor em direção a seu quarto o recordava de quando Baekhyun esteve ali, de quando suas mãos buscavam pelo corpo alheio e dos risos compartilhados por estarem apressados demais para encontrar o quarto.

 

Chanyeol detestava ser o cara que se apega.

 

Apanhou seu celular enquanto engolia um comprimido para dor de cabeça, lendo as mensagens ignoradas de seus amigos. Jongin o perguntava se chegou bem em casa, enquanto Sehun narrava com detalhes sua noite com o moreno da outra mesa e de como ele gostou de suas panquecas. Não pôde deixar de sentir um pouco invejoso, afinal, pelo menos Kris ficou para o café da manhã.

 

Respondeu aos amigos com poucas palavras, dizendo que estava em casa como todos os sábados. Pensou um pouco sobre contá-los a respeito de Baekhyun; não era algo a se preocupar, certo? Sequer tinha seu telefone ou como encontrá-lo novamente e não é como se tivessem estabelecido que voltariam a se ver. Apenas uma noite com uma pessoa legal, como Chanyeol não tinha há muito tempo.

 

[08:38, 20/8/2016] Oh Sehun: E como foi a noite com o garoto da mesa do Kris? Kris disse que ele estava de olho em você também

 

[08:39, 20/8/2016] Park Chanyeol: O que quer dizer com também? Eu nem o tinha visto!

 

[08:39, 20/8/2016] Kim Jongin: Devo alertá-lo de sua mentira porque volta e meia você olhava para aquela mesa, Chan, e não era de olho no rapaz do Sehun

 

Tudo bem, talvez Chanyeol tivesse o notado uma vez ou outra enquanto olhava para a mesa que ocupava com o amigo, mas como não o ver quando Sehun não parava de olhar também? Era instintivo que também olhasse de volta e reparasse no rapaz com cabelo chamativo. Sabendo que seus amigos não voltariam a deixá-lo em paz agora que Sehun contou sobre Baekhyun, resolveu compartilhar com os amigos os ocorridos de menos de vinte e quatro horas atrás.

 

[08:42, 20/8/2016] Park Chanyeol: A gente conversou um pouco, ele é um cara muito legal e estranhamente me senti confortável do lado dele

 

[08:43, 20/8/2016] Park Chanyeol: Ele me chamou pra ir em um parque porque achava que tinha uns artistas lá ou sei lá o que, mas acabamos vendo uns filmes

 

[08:43, 20/8/2016] Park Chanyeol: Acho que o deixei entediado quando falei sobre casais se pegando no cinema e acabou que foi o que a gente fez também

 

[08:44, 20/8/2016] Park Chanyeol: Ele meio que terminou a noite, bom, aqui

 

 

Deixou o celular na bancada, servindo-se do café que estava preparando enquanto digitava as mensagens para seus amigos. Sabendo de quanto tempo Sehun estava tentando fazê-lo ficar com alguém, sabia que receberia inúmeras mensagens seguidas e não estava à vontade para lê-las, não ainda. Contar sobre Baekhyun valida ainda mais a noite passada, quando Chanyeol deveria esquecê-la. Acabou.

 

Não há nada que saiba sobre Byun Baekhyun além de seu nome, nem uma dica sobre seu passado ou sobre sua profissão. Chanyeol deveria entender que algumas pessoas não chegam para ficar.

 

Seu café ajudou um pouco a livrá-lo da dor de cabeça que se instalava, ao menos não teria um sábado improdutivo e poderia voltar a analisar o livro em que estava trabalhando. Sabia que não deveria levar trabalho para casa, e sabia também que provavelmente Jongin e Sehun invadiriam seu apartamento em breve alegando que “você tem a melhor televisão entre nós, Chanyeol, larga de ser chato e vem ver Supernatural com a gente!”, mas mergulhar em seu trabalho o ajudaria a livrar-se das memórias.

 

Quando seu celular finalmente parou de vibrar, apanhou-o a caminho de seu quarto para apanhar o notebook e voltar ao trabalho. A maioria das mensagens eram de Sehun perguntando sobre como foi a noite, mas Chanyeol definitivamente não entraria em detalhes com nenhum dos dois. Há certos limites para a intimidade. Jongin, por outro lado, deixou algumas mensagens perguntando se o rapaz ao menos tinha deixado algum contato.

 

[08:55, 20/8/2016] Park Chanyeol: Não tenho nada sobre Byun Baekhyun além de seu nome

 

[08:55, 20/8/2016] Park Chanyeol: E acho que é melhor assim; se acontecer da gente se esbarrar novamente, vamos saber que era pra acontecer

 

[08:56, 20/8/2016] Oh Sehun: Desde quando você se tornou tão piegas? Deveria ao menos ter pego o número dele!

 

[08:57, 20/8/2016] Park Chanyeol: Lido com romances diariamente, Sehun. Ser piegas faz parte do meu contrato

 

[08:57, 20/8/2016] Park Chanyeol: Inclusive eu preciso voltar ao manuscrito que estava revendo. Se forem vir pra cá como sei que virão, ao menos tragam comida

 

Recebeu mais algumas mensagens reclamando sobre sua falta de comida em casa, mas ignorou-as e voltou a se focar no manuscrito que deveria analisar. Estava trabalhando em seu mais recente favorito e perdia-se nas páginas que deveria analisar porque adorava a narração utilizada e por vezes mergulhava na história que lhe era contada. Porém, seu principal motivo para focar em seu trabalho tão cedo no sábado não estava funcionando; as escolhas feitas pelo personagem principal recordavam-no de Baekhyun e dos motivos de tê-lo comparado ao personagem.

 

Talvez não fosse conseguir esquecer tão fácil Byun Baekhyun como imaginava. Talvez fosse apenas coisa de um dia, nada que não pudesse superar e seguir a vida como se não tivesse seguido aquele garoto com cabelos cor de fogo para fora de um bar nostálgico. Sehun e Jongin chegariam em breve e os demônios o fariam esquecer-se de Baekhyun, tinha certeza.

 

Em breve não seria nada além de um caso de sexta-feira.

 

. . .

 

Baekhyun ainda pensava no dia anterior quando chegou ao apartamento que dividia com Yifan.

 

Seu apartamento estava uma bagunça, mas sabia que era pedir demais que Yifan o arrumasse, se ele estivesse em casa, Baekhyun não sabia se o amigo fora para casa de Sehun ou se o trouxe para casa. O ruivo sempre passou sermão sobre não ir para casa de um desconhecido no primeiro encontro – “e se ele te matar, Yifan?” –, mas agora já não tinha mais moral para isso. Yifan com certeza o lembraria disso.

 

Ouviu o barulho do chuveiro ligado, indicando que seu roommate estava em casa, e foi a cozinha preparar seu café; Yifan sempre reclamava que não acertava a quantidade de pó adequado para Baekhyun, então concordaram que o ruivo o faria todas as manhãs. Enquanto ainda estava sozinho na cozinha, não conseguiu se impedir de pensar em o que Chanyeol estava fazendo agora.

 

O que teria pensado ao não o encontrar em sua cama ao acordar? Teria ficado confuso ou agradecido por não protagonizar uma nova cena? Baekhyun ainda passou alguns minutos o olhando antes de se levantar e se vestir, indo embora com o sentimento de que uma noite não fora suficiente, que ainda havia muito a desvendar de Chanyeol. Porém, sabia encarar quando seus desejos eram unilaterais e inviáveis, sua relação com Chanyeol baseou-se no interesse mútuo em ter uma noite de diversão e se divertiram juntos. Agora ambos seguiam em frente.

 

Apanhou seu café ainda pensando nisso, sabendo que Yifan viria interrogá-lo em breve e o chuveiro já tinha parado. Por algum motivo, Baekhyun não sabia qual, não queria dividir suas memórias com Yifan, embora costumassem falar qualquer coisa um para o outro, dessa vez parecia diferente. Baekhyun nunca tinha se sentido diferente ao deixar alguém, e agora tudo mudou.

 

“Apareceu a margarida”, Yifan o saudou, uma das mãos ainda secando os cabelos escuros com uma toalha.

 

Baekhyun deu de ombros; sabia que já devia estar em casa. “Passei no parque antes de vir para cá”, respondeu. “E na padaria.”

 

Yifan sentou-se ao lado do amigo, servindo-se do café e apanhando um dos pães doces que Baekhyun trouxe. O ruivo via nos olhos de seu amigo a curiosidade explícita, mas iria torturá-lo um pouco até que desviasse do assunto e não o contasse realmente. Baekhyun era mestre em desviar conversas.

 

“Me diz de uma vez como foi sua noite!”, Yifan disse. “Você está há tanto tempo focado no seu livro que você não ter voltado para casa é um feito e tanto.”

 

Baekhyun rolou os olhos. “Faz parecer que é meu pai e é a primeira vez que durmo fora.”

 

“É a primeira vez em muito tempo, então sim, é quase isso.” Kris riu. “Você sabe que eu sou curioso, Baek.”

 

“Você sabe que eu adoro torturá-lo, Fan”, Baekhyun disse, ainda rindo da cara de desespero de seu amigo. “Mas noite passada... Não foi nada.”

 

“Como se eu acreditasse em uma palavra disso”, Yifan rolou os olhos dessa vez. “Te conheço desde o ensino médio, Baekhyun, tenha decência de mentir só para quem não te conhece.”

 

Sabia que seria difícil contornar Yifan. Conheceram-se quando o chinês chegou em sua escola por intercâmbio e Baekhyun foi responsável por mostrar a escola ao aluno novo. Seus laços se estreitaram quando descobriram que ambos gostavam de basquete e Yifan ter prometido que ensinaria ao ruivo a jogar. Desde então, conheciam tudo sobre o outro, suas manias e o que detestavam, mantendo a amizade viva mesmo após faculdades diferentes.

 

Acabaram dividindo apartamento por comodidade, já que ficava perto de suas faculdades e do atual escritório onde Yifan atua como advogado. Estavam tão acostumados a presença um do outro que nunca passou por suas mentes o momento que algum deles fosse se mudar. Por esse motivo, Baekhyun sabia que se não falasse naquele momento, ouviria por dias a insistente curiosidade do chinês.

 

“Eu passei a noite com o amigo daquele cara com você ficou, o Chanyeol.” Disse tentando parecer como se não importasse muito. “É um cara bacana, conversamos pela noite toda e fomos ao apartamento dele.”

 

Yifan abriu um sorriso malicioso. “E como foi?”

 

“O que você é? O melhor amigo de uma garotinha virgem?”, Baekhyun bufou. “Não vou te falar sobre isso, tudo que você deve saber é que foi uma noite divertida.”

 

“Então você foi embora antes dele acordar quebrando o coração do cara.”

 

Baekhyun evitou a imagem mental de Chanyeol desapontado em não vê-lo. “Não há apego de nenhum dos lados, Fan. Sabíamos que tínhamos uma noite e nada mais.”

 

“Nada que não possa virar mais duas ou três”, Yifan propôs. “Está na sua cara que você queria mais do que só uma noite.”

 

“Tudo que sabemos um do outro é o nome”, Baekhyun explicou, levantando-se para colocar as xícaras na pia, Yifan lavaria uma outra hora. “Nenhum contato.”

 

“Você está falando com o melhor advogado de Seul”, Yifan exclamou, levantando-se também para seguir Baekhyun pelo corredor até o quarto dele. “Me dê uma semana e eu te dou até a árvore genealógica dele.”

 

O ruivo não se impediu de rir com o exagero de seu amigo. “Deixe como está, Fan. Talvez um encontro a mais estrague a magia desse. Às vezes, precisamos aceitar que só temos as coisas uma vez e aproveitá-las.”

 

Baekhyun ainda viu o amigo resmungar deitado em sua cama e achou graça de como Yifan imaginava que estava apaixonado por um desconhecido. Chanyeol era uma ótima pessoa e Baekhyun não negaria de ter mais tempo com o rapaz, mas era só isso. O rapaz legal de um bar sexta feira à noite.

 

Apanhou uma muda de roupa limpa para tomar um banho, já que saiu da casa de Chanyeol exatamente como dormiu e estava se sentindo pegajoso. Yifan não se moveu um centímetro em sua cama, mas Baekhyun já não se importava com nudez e seu melhor amigo. Há um momento onde intimidade é o que você tem e não mais vergonha.

 

“E você e o amigo do Chanyeol?”, perguntou, caminhando até o banheiro em seu quarto, que conseguiu após muita luta com Yifan. “Foram para onde?”

 

“Fomos ao apartamento dele”, Yifan falou alto o bastante para se sobrepor ao barulho do chuveiro. “Seus gemidos são os meus favoritos agora.”

 

“Você não presta, Wu Yifan!”, Baekhyun exclamou, rindo de seu amigo. “Será dessa vez que te vejo sossegar com alguém?”

 

“Nah, Sehun gosta de ovos e bacon pela manhã e eu prefiro panquecas”, negou. “Foi bom enquanto durou.”

 

Baekhyun sabia que Yifan dificilmente se ligava a alguém e gostava da casualidade de não dever satisfação a ninguém, então nem manteve tanta esperança em relação ao amigo. Devia se acostumar que sempre haveria uma pessoa diferente para Yifan, um espectro inteiro para conhecer e que não encontraria isso em uma única pessoa. Yifan prezava demais sua liberdade para se ver preso a alguém.

 

Houve um momento em que o ruivo também era assim, mas talvez uma noite mude muita coisa.

 

Quando saiu de seu banho, completamente revigorado e pronto para voltar ao trabalho – é sábado, mas essa é a sina de se trabalhar em casa, afinal –, Yifan já não estava mais em sua cama. Ouviu a televisão ligada, presumindo que o rapaz iria passar mais um sábado assistindo séries e reclamando no dia seguinte sobre não ter feito nada de útil, como avaliar os processos em sua cabeceira (não era incomum que Yifan trouxesse trabalho para casa). Estava sozinho, pronto para mergulhar em seu livro.

 

Baekhyun era um escritor desconhecido, prestes a lançar seu primeiro manuscrito e a editora o disse que havia muito futuro para a história. Por esse motivo, começou a trabalhar em uma possível continuação onde estenderia os dilemas de seu personagem principal, onde havia colocado tanto de si. O primeiro livro sequer fora publicado ainda, mas Baekhyun já se sentia animado demais para ficar parado sem produzir nada. Devia aproveitar enquanto ainda tinha tempo para respirar em paz.

 

Sua mente viajou para dentro de seu universo, digitando furiosamente as palavras que ditariam o futuro de seu personagem, montando sua linha de tempo sem nenhum problema. Escrever sempre fora algo fácil e divertido para si, algo que usava para fugir dos seus problemas enquanto adolescente e que agora era seu trabalho oficial, mas agora, enquanto seus dedos se movem sozinhos, Baekhyun tinha a mente livre para vagar e sua mente voltou a parar em Chanyeol.

 

Meneou a cabeça, voltando a focar-se no que escrevia. Talvez demorasse um pouco para esquecer-se das sensações, mas não deixaria de ser mais um caso de sexta-feira.

 

. . .

 

Os dias voltaram a passar rapidamente e aquela sexta feira aos poucos foi esquecida.

 

Sehun e Jongin o encheram por tempo demais para que buscasse Baekhyun na internet, onde pudesse ter o mínimo de contato com o rapaz, mas Chanyeol se negou. Baekhyun nunca tinha prometido nada e sequer estava lá quando acordou no dia seguinte, Chanyeol se recusava a parecer o stalker atrás de seu caso de uma noite só. Parecera fácil para o ruivo deixar que as coisas entre os dois ficassem para trás, então era isso que Chanyeol também deveria fazer.

 

O mais novo entre os três claramente desobedeceu a Chanyeol e encontrou o perfil de Baekhyun em uma rede social, o que rendeu um bom tempo de discussão onde o Park falava sobre privacidade e que não precisava de alguém buscando por seus interesses românticos quando não havia interesse real. Sabia muito bem o que queria e não precisava de seus amigos buscando por si.

 

Depois desse incidente, Baekhyun se tornou um assunto esquecido entre os amigos e as coisas voltaram à normalidade. Jongin estampava uma nova revista, mais bonito que o permitido pela humanidade, Sehun continuava a irritá-lo dizendo que precisava encontrar alguém – quando o próprio Oh não se recordava mais de seu último amor de uma noite só – e Chanyeol terminava seu trabalho com o manuscrito. O prazo estava apertando e precisava enviá-lo para a revisão final.

 

O editor amaldiçoou o autor favorito e desconhecido pelo final em aberto, bom o suficiente para um final e que, ainda assim, encaixaria em uma continuação perfeitamente. Chanyeol detestava ser curioso.

 

Os três resolveram dar um tempo das noites de sexta passadas no bar e dessa vez, para comemorar o sucesso de Jongin, ficariam em casa assistindo os filmes que Jongin gostava, o que ia desde O Rei Leão a filmes franceses desconhecidos. Soojung também estaria com eles e gostava dos filmes desconhecidos tanto quanto o namorado. Eles realmente se mereciam, era o que Chanyeol pensava.

 

O apartamento de Chanyeol foi novamente a escolha de todos, mas não havia mantimentos em sua casa, como em todas as vezes. Sehun estava responsável por fazer os pratos da noite (“Você tem que alimentar a gente, Sehun, de que adiantou sua faculdade?”), mas para isso Chanyeol precisava ir cedo ao mercado para comprar o necessário para a noite; se perguntava quando iria ao mercado comprar comida decente ao invés de hambúrgueres ou o necessário para cachorro quente.

 

“Chanyeol, se você não for agora eu vou servir carne crua para vocês”, Sehun o ameaçou, deitado em seu sofá.

 

O mais velho, deitado no outro sofá, sequer levantou a cabeça para responder. “O Jongin ainda nem chegou, por que ele não passa no mercado?”

 

“Porque ele vai buscar a Soojung, quando chegarem preciso estar na cozinha já”, respondeu, jogando uma almofada no amigo. “Então levanta!”

 

Chanyeol se levantou resmungando que estava com preguiça, jogando a almofada de volta em Sehun. O mercado não era longe de sua casa, poderia ir andando se quisesse, mas tudo em si gritava preguiça e a vontade de não sair de casa era maior que sua fome. Contudo, a vontade de não enfrentar um Sehun furioso o fez desistir da ideia de ficar no sofá ignorando-o e aceitar que precisava ir ao mercado uma hora ou outra.

 

Trancou Sehun dentro de casa o ouvindo gritar para não esquecer de comprar o que Soojung indicou para seu hambúrguer vegetariano. A noite já havia caído e as pessoas começavam a voltar para suas casas depois de um dia de trabalho, o que o fez perceber que se não apressasse o passo talvez não pegasse o mercado aberto e seus amigos o matariam por servir apenas macarrão instantâneo. Sehun com certeza o mataria por ferir sua honra como cozinheiro por não lhe dar sequer ingredientes básicos para se sobreviver em uma cozinha.

 

O mercado não era tão distante de sua casa, o que Chanyeol agradeceu. Sehun já parecia enviado por satanás naturalmente, não queria enfrentar os gritos raivosos por ter demorado demais e ele ter pouco tempo para cozinhar (“A cobrança vem em mim, não é em você e seu passo de lesma!”). Apressou o passo, ignorando as pessoas ao redor. Quanto mais rápido apanhasse tudo que era necessário, mais rápido retornaria a seu amado sofá.

 

Quando chegou ao estabelecimento, recuperou em sua mente o que devia comprar - Sehun tinha feito uma lista que repousa atualmente em sua bancada -, pegando os ingredientes e colocando-os em sua cesta. O mercado não estava tão cheio, o que facilitava para Chanyeol; detestava fazer compras, sempre parecia uma criança desgarrada de sua mãe e olhando perdido para as prateleiras.

 

Olhou em sua cesta, verificando que só faltava o necessário para o hambúrguer de Soojung. Essa era sempre a pior parte para Chanyeol: já ficava perdido procurando as coisas que gostava, imagine os ingredientes de algo que sequer comia! Soojung não facilitava em nada sua vida sendo vegetariana, mas adorava a garota o suficiente para não se importar em sofrer um pouquinho mais para encontrar os ingredientes solicitados.

 

Pensou em ligar para Sehun e perguntar, mas assim o Oh saberia que havia esquecido sua lista. Chanyeol caminhou para a área de verduras e grãos, se recordava de Soojung falando a respeito de uma nova receita de linhaça que sua colega de trabalho indicou. Se Chanyeol desse sorte - e geralmente ele não dava -, daria para fazer hambúrguer disso. Do que, afinal de contas, não se pode fazer hambúrgueres?

 

O problema é que Chanyeol não tinha ideia do que seria linhaça.

 

“O que diabos é linhaça?”, Chanyeol resmungou consigo mesmo olhando as prateleiras ao redor. “Por que Soojung não abastece meu armário com sua comida e me poupa disso?”

 

Chanyeol ainda estava resmungando quando alguém passou o braço à sua frente e apanhou um dos pacotes de sementes. Pensou em se afastar e se desculpar por estar atrapalhando, mas sua voz morreu quando viu quem era a pessoa que estava ao seu lado. Não estava esperando encontrá-lo novamente, ainda mais de forma tão casual quanto dentro de um supermercado; semanas desde o primeiro e único encontro e Chanyeol ainda se sentia queimar naqueles cabelos vermelhos.

 

Baekhyun sorriu. “Não pude deixar de reparar que estava procurando por isso.”

 

Chanyeol apanhou o pacote de sementes de linhaça das mãos de Baekhyun, sem evitar de sorrir de volta. Qual era a chance de encontrá-lo no supermercado dias depois de aceitar que nunca mais iriam se ver? Estava começando a acreditar em destino.

 

“Você acabou de salvar o jantar”, Chanyeol riu.

 

“Não sabia que você era vegetariano”, Baekhyun pontuou. “Sua casa não tinha muita comida assim.”

 

“Não são para mim”, Chanyeol negou. “São de Soojung, a namorada do Jongin, o garoto que estava comigo no bar.”

 

“Faz todo o sentido”, Baekhyun concordou, apanhando outro pacote igual ao de Chanyeol e colocando-o em seu carrinho.

 

“Você também não me parece vegetariano.”

 

“Porque não sou”, Baekhyun riu. “É minha vez de fazer supermercado e Yifan insistiu que vai começar uma dieta, então aqui estou eu. Yifan é meu roommate, o cara que ficou com seu amigo, lembra-se?”

 

Baekhyun não sabia porque estava se justificando, Chanyeol não havia dito nada, mas não queria que o Park pensasse que tinha algo com Yifan de alguma forma. Tinha ciência de que seu breve interesse em Chanyeol não havia cessado, mas não tinha ideia de como o próprio Park se sentia a seu respeito. Se ele ainda tivesse algum interesse, Baekhyun não deixaria Yifan no meio.

 

“O garoto do Sehun, lembro-me dele”, Chanyeol concordou. “Não sabia que moravam juntos.”

 

“Desde a época da faculdade”, suspirou. “Nós nos acostumamos.”

 

“Acho que te salvei aquele dia de chegar em casa e ver o que não queria, certo?”, Chanyeol riu.

 

Baekhyun devolveu seu riso. “Você não tem ideia do quanto”, concordou. “Yifan não tem muitos pudores. No máximo me diria para trancar a porta.”

 

“Ele e Sehun realmente se mereciam, então”, Chanyeol disse, se recordando de toda a situação embaraçosa que já passou com Sehun. “Ele nem se preocuparia em avisar alguma coisa.”

 

Baekhyun preferia não responder porque falar da vida sexual de seus amigos não era exatamente o assunto que gostaria de tratar com Chanyeol. Queria poder falar sobre a noite que passaram juntos e de como passou o dia seguinte pensando em como teria sido se tivesse ficado para o café da manhã. Perguntava-se se ainda o encontraria pelo acaso no supermercado ou se teriam um outro encontro. Quantas possibilidades teria perdido?

 

Para Chanyeol, as coisas não soavam diferentes. Reencontrar Baekhyun era como se transportar para a sexta feira passada juntos e de suas dúvidas sem respostas quando Baekhyun não esteve lá pela manhã seguinte. Reencontrar Baekhyun era se recordar do quão bonito ele era e ser novamente hipnotizado pelos cabelos chamativos e o sorriso aberto. Era como voltar a se perguntar e questionar seus conceitos sobre casos de uma noite só porque levou dias para esquecer Baekhyun e agora aqui está ele, estragando todos seus esforços.

 

Talvez estivesse muito imerso na literatura, mas talvez fosse o acaso do destino que voltassem a se encontrar. Se nenhum dos dois procurou o outro e entre todos os supermercados acabaram se esbarrando no mesmo, isso deveria significar algo.

 

“É realmente engraçado que tenhamos nos encontrado”, Baekhyun comentou, adivinhando seus pensamentos. “De todas as pessoas, logo você.”

 

“Desculpe desapontá-lo”, Chanyeol brincou. “Eu estava pensando o mesmo. Isso é o que chamam de destino?”

 

“Acho que isso se chama a vida me dando uma segunda chance de pegar seu número.”

 

Chanyeol sorriu porque Baekhyun mantinha seu jeito como o conheceu; o Park pensaria dez vezes antes de pedir o número do mais velho, por mais que quisesse, apenas pelo medo de ser rejeitado e trocar a memória com Baekhyun em sua mente. O Byun, por outro lado, não apresentava qualquer receio, como se estivesse confiante que o interesse era recíproco, o que de fato era. A confiança que exalava de Baekhyun quase era suficiente para fazer com que Chanyeol também pensasse que aquela era uma oportunidade a se agarrar e não para pensar em tudo que poderia dar errado.

 

Porém, Baekhyun estava tremendo por dentro. É claro que costumava ser confiante e sabia reconhecer quando havia interesse em si, mas de alguma forma, com Chanyeol era diferente e o silêncio do rapaz estava incomodando-o.

 

“Eu acho que a vida nunca erra”, Chanyeol disse por fim, estendendo a mão para apanhar o celular de Baekhyun. “Quem sabe qual será o próximo recado dela?”

 

“Acho que teremos que aguardar para saber”, Baekhyun disse. “Preciso ir agora, mas foi ótimo revê-lo, Chanyeol.”

 

“A gente se vê por aí, Baekhyun”, Chanyeol respondeu, observando-o se afastar e percebendo quanto tempo esteve ali. Sehun iria matá-lo.

 

Apanhou todas as compras correndo até o caixa mais próximo, antes que Sehun começasse a bombardeá-lo sobre seu atraso. Segundo seu celular, estava quase na hora combinada com Jongin e Soojung, o que só contribuiu para seu recente desespero. O tempo parecia ter parado ao lado de Baekhyun, exatamente como na sexta-feira que compartilharam juntos. O efeito que Baekhyun causava em si parecia o suficiente para tirá-lo de órbita por algum tempo e Chanyeol ainda não tinha certeza se isso era bom ou ruim.

 

Assim que pagou por tudo, recolheu suas sacolas e caminhou o mais rápido possível para casa. Poderia inventar novas desculpas para Sehun no meio do caminho e, com sorte, o mais novo não deixaria seu hambúrguer cru. Sempre tinha que ter em mente que seu amigo era temperamental, mesmo que nunca expressasse nada. Estava pensando se era possível comprá-lo com o encontro acidental com Baekhyun, se Sehun engoliria a história depois de ouvi-lo dizer por tanto tempo que não queria saber dos rastros de Baekhyun mais. Seu amigo era a pessoa que mais apoiava que reencontrasse o ruivo, poderia usar isso a seu favor.

 

Quando seu celular tocou, Chanyeol pensou que estava mesmo encrencado. Oh Sehun nunca liga para ninguém se não estiver terrivelmente irritado.

 

“Eu sei que eu estou atrasado, mas eu já estou chegando, Sehun, deixa para dar chilique quando eu chegar”, Chanyeol atendeu, equilibrando o celular no ombro para segurar as compras.

 

“Não sou Sehun, mas boa sorte com ele”, a pessoa do outro lado da linha riu. “Eu só queria verificar se não me passou o número errado.”

 

“E ignorar o recado da vida?”, Chanyeol retorquiu, mais aliviado por ser Baekhyun. “Eu jamais faria isso.”

 

“A vida realmente sabe o que faz”, Baekhyun concordou. “Boa noite, Chanyeol.”

 

“Boa noite, Baekhyun”, Chanyeol se despediu, chegando em frente a seu prédio.

 

Chanyeol realmente esperava que a vida soubesse o que estava fazendo.

 

. . .

 

Chanyeol só conseguiu sobreviver aos gritos de Sehun ao explicar que seu atraso foi decorrente ao encontro inesperado com Baekhyun, exatamente como planejara que as coisas acontecessem. Sendo o maior entusiasta de Chanyeol e o garoto do bar, Sehun se mostrou realmente curioso sobre os detalhes, a ponto de se esquecer que estava bravo com Chanyeol, o que o Park agradeceu. Sehun era horrível quando estava irritado.

 

Jongin não teve uma reação muito mais calorosa, apenas perguntou o que Chanyeol estava pensando com esse reencontro, ao que o Park não soube responder. Não estava criando expectativas e tampouco poderia, sabia disso, mas era inevitável que não pensasse nas possibilidades sobre Baekhyun ter seu número. Poderiam sair para um novo encontro? Conversariam mais antes de se encontrar novamente, para que seu reencontro não fosse puramente físico? O leque de opções se abria na mente de Chanyeol, mas nada soava como uma resposta definitiva.

 

A noite com os amigos foi divertida, mas Chanyeol não conseguia deixar de pensar em Baekhyun, em partes graças a pergunta de Jongin. Sentia-se estranho em relação ao ruivo, como se precisasse voltar a falar com ele, mas estava esperando pelo próximo passo de Baekhyun, afinal, fora ele quem pediu seu número. Porém, Chanyeol não sabia esconder sobre estar ansioso: não tinha sequer seu trabalho para entretê-lo, já que tinha enviado o manuscrito para revisão final antes de ser publicado. Ainda estava encucado com o final em aberto dado ao livro e, assim que pudesse, daria um jeito de confrontar seu autor favorito e desconhecido, mas nem isso era suficiente para manter sua mente ocupada.

 

Os dias se passaram sem sinal de Baekhyun e Chanyeol pensou que criou expectativas demais em algo que não sabia se aconteceria, mesmo quando disse a si mesmo que não deveria criar expectativas. Quando uma semana se passou, Chanyeol resolveu deixar de lado e esperar pelo que a vida planejava para si. Fora o próprio Baekhyun quem disse que era uma segunda chance da vida, então ele deveria aproveitá-la.

 

Era sexta feira em fim de tarde e Chanyeol estava brigando com Sehun pelo skype, já que seu amigo estava tentando ensiná-lo uma nova receita, mas Chanyeol não estava acertando o ponto do molho e Oh Sehun não era um exemplo de paciência para ninguém. Jongin estava em um encontro com a namorada, então estava livre de ouvir os amigos brigando como sempre. Às vezes Sehun e Chanyeol assemelhavam-se a duas crianças mimadas enquanto gritavam um com outro esperando ter a última palavra e Jongin já não tinha a mesma paciência da época da faculdade.

 

“Sehun, ele só ficou um pouco aguado!”, Chanyeol exclamou. “Ainda está gostoso!”

 

“Mas a consistência vai ficar horrível”, Sehun insistiu. “Deixa reduzir mais um pouco, não é possível que você não coma faz uma semana que não pode esperar mais alguns minutos.”

 

A verdade é que Chanyeol estava arrependido de ter pedido ajuda para Sehun porque o cozinheiro era extremamente chato com comida. Qual era o problema de seu molho aguado, afinal? Estava gostoso, Chanyeol não se importava com a consistência, só ele iria comer daquele molho. Porém, para evitar brigas com Sehun e poupar seus ouvidos de mais reclamações, resolveu deixar o molho por mais tempo no fogo, por mais que estivesse ansioso para poder comê-lo.

 

Quando ouviu o toque de seu celular perdido pela cozinha, pediu licença a Sehun e que cuidasse de seu molho (“Eu estou pelo computador, babaca, como quer que eu saiba como está?”) e se pôs a procurar o aparelho. Quando o encontrou já nos últimos toques, não pôde impedir sua surpresa. Chanyeol tinha até mesmo desistido.

 

Era Baekhyun.

 

“Oi, Baekhyun”, atendeu. “Que surpresa.”

 

“E aí, Chanyeol”, Baekhyun respondeu. “Desculpe não ligar antes, eu gosto da expectativa.”

 

Chanyeol adorava como o ruivo era uma caixinha de surpresas. “E a que devo a honra agora?”

 

A risada de Baekhyun veio antes de sua resposta. “Eu queria saber se você está livre, você sabe, para aquele segundo encontro que prometi.”

 

“Estou”, Chanyeol respondeu, sem pensar direito. Realmente queria ver Baekhyun. “Vai me levar para jantar?”

 

“Acho que isso fica para um terceiro encontro”, Baekhyun riu baixinho. “Você se lembra daquele parque que eu te levei? Queria levá-lo novamente.”

 

“Só me dizer o horário”, Chanyeol se prontificou.

 

“Vamos nos encontrar lá daqui uma hora, tudo bem?”, Baekhyun questionou, a animação evidente em sua voz, o que fez com que Chanyeol também se animasse em silêncio. Era muito bom saber que não era o único ansioso.

 

“Perfeito”, Chanyeol respondeu. “Te vejo lá, então.”

 

Baekhyun também se despediu e Chanyeol voltou para a cozinha para contar a novidade a Sehun. Sua surpresa foi encontrar sua panela esfumaçando; tinha esquecido completamente de seu molho no fogo e Sehun não fez nenhum esforço para avisá-lo. Olhou incrédulo para a videochamada em andamento; Sehun era realmente um ótimo amigo e alguém em quem sempre poderia contar.

 

O sorrisinho esboçado por Sehun fez com que se irritasse mais ainda, mas não o suficiente para eliminar sua animação pelo encontro em uma hora ou sua ansiedade em rever Baekhyun. Sehun era expert em tirá-lo do sério e o fazia por puro gosto, mas não seria dessa vez que conseguiria fazê-lo perder a paciência. Estava esperando há tanto tempo que Baekhyun o ligasse, mesmo que dissesse que não, que nada poderia tirá-lo de seu estado de felicidade, nem mesmo seu amado molho estragado por capricho de seu melhor amigo.

 

“Parece que reduziu demais”, Sehun pontuou com um sorriso de canto.

 

Chanyeol revirou os olhos. “Antes tivesse deixado como eu queria”, resmungou. “Mas eu tenho que sair agora, então não tenho tempo para fazer outro.”

 

“E para onde você vai?”

 

“Tenho um encontro com Baekhyun”, Chanyeol respondeu, “e preciso me arrumar. Tchau, Sehun!”

 

“Não se esqueça de contar os detalhes depois”, Sehun disse antes de desligar a chamada.

 

Chanyeol desligou o fogão, deixando suas tentativas na cozinha para depois. Tinha pouco tempo para se arrumar e encontrar Baekhyun e não tentava esconder de si mesmo que estava ansioso. Baekhyun era um cara legal com quem não esperava ter um segundo encontro, sequer imaginava que voltaria a vê-lo, então não desperdiçaria sua chance. A vida não era conhecida por dar mais do que segundas chances, no final das contas.

 

Não havia expectativa demais porque o Park sabia como Baekhyun funcionava, os limites foram bem estabelecidos no primeiro dia, mas Chanyeol saiu de casa vestindo suas roupas favoritas e com seu melhor perfume, por pura coincidência.


 

Quando Chanyeol chegou, a noite já estava caindo e a lua dava o ar de sua graça no céu. Procurou por Baekhyun no lugar marcado, mas não encontrou nada além de um banco vazio. Conferindo as horas, percebeu que faltava pouco para o horário combinado, tinha se apressado e não percebeu que chegou mais cedo. Sentou-se para aguardar Baekhyun, analisando o que havia mudado no lugar.

 

No lugar do telão improvisado onde assistiram Um amor para recordar semanas atrás, havia um pequeno palanque onde algumas pessoas se apresentavam. Tinha várias pessoas ao redor vibrando pelo que era apresentado e Chanyeol se perdeu divagando sobre cada uma delas e sobre como aquele apoio era importante para aquelas pessoas.

 

Gostava de se colocar no lugar das pessoas às vezes e seus amigos o diziam sobre como sempre acertava o que a maioria das pessoas estava pensando. Era um talento ao qual se orgulhava muito e sempre o ajudou a compreender melhor as pessoas ao seu redor, saber quando estavam interessadas ou não em si e principalmente em sua carreira, ao conseguir sentir o que o autor tentou passar através de seus personagens para poder dar uma dica ou outra a respeito do andamento das histórias.

 

Contudo, com Baekhyun não funcionava dessa forma. O ruivo ainda era um livro fechado e enigmático para si para qual estava ansioso em descobrir tudo que lhe fosse possível. O Byun não era alguém disposto a falar de si mesmo, pelo que Chanyeol percebeu, mas esperava conseguir arrancar algumas informações para saciar sua curiosidade. Estava sempre ávido por tudo que pudesse vir de Baekhyun e não deixaria que mais nenhuma oportunidade lhe fosse passada para trás.

 

Manteve-se tão compenetrado em seus pensamentos que não percebeu o momento em que outra pessoa se aproximou. Esse também sempre fora um de seus grandes defeitos, já que costumava se desligar da realidade com muita facilidade e se deixar viajar pelo que sua mente lhe oferecesse no momento. Sua mente fértil fora decisiva para sua escolha de carreira no futuro.

 

“Parece que a surpresa já foi estragada”, Chanyeol ouviu às suas costas. “Me desculpe pelo atraso.”

 

“Eu cheguei mais cedo, não tem problema”, Chanyeol disse, levantando-se para encarar Baekhyun. “Essa era a surpresa?”

 

“Quando te trouxe aqui da última vez eu disse que alguns artistas se apresentavam por aqui”, Baekhyun sorriu, “e quando Yifan me disse que hoje era a sexta deles, eu só consegui lembrar de você.”

 

“Você levou a sério mesmo a ideia de um segundo encontro”, Chanyeol brincou.

 

“Se me recordo bem, o segundo encontro envolvia um jantar e velas”, Baekhyun recordou. “Estou apenas consertando um engano.”

 

“Você fere meu orgulho negando nosso encontro dessa forma”, Chanyeol disse, com uma expressão falsamente magoada.

 

Baekhyun não se impediu de rir. “Quem disse que estou negando?”, questionou. “Estou recordando-lhe apenas de que ainda espero o jantar.”

 

Chanyeol devolveu o sorriso sem dizer nada. Poderia proporcionar o jantar a Baekhyun, antes mesmo de que o mais velho esperava, mas deixaria para que a vida os guiasse até esse momento. Estava dando tão certo sem que nenhum dos dois colocasse expectativas, sem marcar o novo encontro por antecedência, que Chanyeol resolveu que o melhor era aproveitar aquela noite como se fosse a última.

 

Quem sabe finalmente conhecesse Baekhyun.

 

Sentaram-se na mesma árvore de semanas atrás, como se estivessem revivendo a primeira noite por ali. A música chegava em uma altura agradável, permitindo que pudessem conversar e aproveitar as atrações ao mesmo tempo. Não havia muitas pessoas ao redor, dando-lhes a privacidade necessária, onde não precisariam se preocupar com o que falavam ou em conter seus atos.

 

A verdade é que Chanyeol estava louco para beijá-lo novamente, mas dessa vez precisaria conversar e conhecê-lo melhor antes. Sabia do efeito que Baekhyun causava em si, não demoraria muito para que se visse seduzido, mas precisava tentar antes de se deixar levar mais uma vez pelo ruivo.

 

Quem era aquele rapaz de cabelos de fogo que o incendiava apenas com o olhar?

 

“Devo dizer que não esperava que tivéssemos uma continuação do nosso primeiro encontro”, Chanyeol comentou, recostando-se contra a árvore.

 

Baekhyun ergueu a sobrancelha. “Quem você acha que eu sou?”

 

“Você foi embora antes que eu acordasse”, Chanyeol o recordou. “Achei que fosse do tipo que nunca passa da primeira noite.”

 

“Parece que você me pegou, não é mesmo?”, Baekhyun riu. “Geralmente não pego contato porque gosto de esperar que o destina devolva. Se nos encontramos no supermercado, você também não acha que era para acontecer?”

 

“Vou lembrar de agradecer ao destino mais tarde”, Chanyeol brincou. “Será dessa vez que eu saberei um pouco mais sobre você?”

 

Baekhyun deu um sorrisinho de canto. “Você tem direito a uma pergunta, escolha com sabedoria.”

 

“Com o que você trabalha?”, foi a primeira pergunta que lhe veio à mente. Ainda se sentia curioso desde o mistério feito por Baekhyun quando o conheceu.

 

“Com todas as perguntas no mundo e você quer saber do meu emprego?”, Baekhyun riu. “Se é tão importante para você, sou escritor.”

 

Chanyeol não podia acreditar nisso. “Você só pode estar brincando.”

 

“Estou acostumado a não ser reconhecido por isso, mas em um encontro é a primeira vez”, Baekhyun disse. “Já ouviu falar em fingir para deixar os outros felizes?”

 

“Não é nada disso”, Chanyeol discordou. “É só porque, por mais que eu me esforce, parece que meu trabalho está em todos os lugares.” Baekhyun pareceu confuso. “Também trabalho com livros, Baek, mas na parte que ninguém liga, os os editores.”

 

“Cada dia mais acreditando que o destino nos quer aqui, Chanyeol”, Baekhyun sorriu.

 

“Nossa história poderia ser um de seus romances”, Chanyeol sugeriu.

 

“Talvez eu realmente use”, Baekhyun concordou, “se tivermos alguma ação nela. Você sabe o que os leitores querem ler.”

 

Baekhyun fora suficientemente claro para Chanyeol e o mais novo inclinou-se em direção ao ruivo, tomando seus lábios para si, saciando o desejo de semanas atrás. Estar com Baekhyun dava-lhe a mesma sensação de adrenalina de um mergulho, como se pudesse se afogar no que aqueles olhos escondiam, desvendar seus mistérios e acalmar a tempestade dentro de si que sempre o bagunçava quando o assunto era Byun Baekhyun.

 

A forma como Baekhyun retribuía seu beijo, parecendo tão entregue, o puxando para si para que ficassem ainda mais próximos, também não ajudava para que mantivesse sua sanidade como devia. Baekhyun era diferente de qualquer outra pessoa que passou por sua vida e era bizarro como os poucos momentos de contato eram suficientes para isso; todas as vezes em que estavam próximos sentia-se desejoso em tê-lo mais uma vez e, durante o tempo em que não se falaram, não deixara de pensar no rapaz de cabelos de fogo.

 

Estava cada vez mais próximo do fogo e não tinha medo de se queimar.

 

Baekhyun ainda mordia seu lábio inferior quando encerraram o beijo, como se não desejasse soltá-lo. Chanyeol também não queria, não depois de ver o sorrisinho que nascia nos lábios avermelhados de quem conseguiu o que queria. O editor-chefe nem conseguia detestá-lo por isso porque não podia negar o quanto queria também; o efeito Baekhyun era algo ao qual sempre seria sensível, pelo visto.

 

“Você levou mesmo a sério sobre o negócio da ação”, Baekhyun brincou.

 

“Acho que não podemos oferecer algo de má qualidade aos seus leitores, não é?”, Chanyeol retrucou.

 

“Você tem toda a razão”, Baekhyun respondeu, inclinando-se mais uma vez. “Eu acho que podemos refazer a cena, inclusive; meus romances não tem um único beijo.”

 

Chanyeol riu baixinho, levando a mão à cintura do escritor para mantê-lo colado a si, e selando os lábios próximos em um selar inocente, como se não entrassem em combustão espontânea sempre que se tocavam. Baekhyun grunhiu insatisfeito; queria mais de Chanyeol, queria tudo que o mais novo tinha a lhe oferecer.

 

“Acho que temos bastante tempo para isso”, Chanyeol disse, ajeitando-se rente a árvore. O corpo de Baekhyun continuava encostado ao seu de forma confortável. “Não quer me falar sobre a banda que me trouxe para ver?”

 

“Eu sequer sei seus nomes”, Baekhyun deu de ombros. “Eu queria te ver e achei que seria a desculpa perfeita.”

 

Chanyeol sorriu de canto. “Bastava me ligar e dizer”, explicou. “Eu aceitaria de qualquer forma.”

 

“Isso mancharia a minha imagem”, Baekhyun brincou. “Desejando um segundo encontro? Nah, só consertando o erro do primeiro.”

 

O sorriso no rosto de Baekhyun o fez rir. “E eu imaginando que tínhamos uma conexão importante”, Chanyeol comentou.

 

“Se você quer saber, eu acho que podemos ter”, Baekhyun disse. “Recordo-me brevemente a respeito de um jantar.”

 

Chanyeol sabia onde o mais velho queria chegar. “Que coincidência, está bem na hora”, disse. “Quer ir lá em casa?”

 

“Já ouvi esse convite antes”, Baekhyun comentou, repleto de malícia.

 

“Dessa vez pode ser diferente”, Chanyeol de ombros. “Ou não, você quem sabe.”

 

Baekhyun estava ansioso para descobrir.

 

. . .

 

O apartamento de Chanyeol estava exatamente como Baekhyun se recordava.

 

Algumas coisas jogadas pelo sofá e o notebook de Chanyeol ainda em cima da mesa da cozinha denunciava que o editor-chefe tinha saído apressado, o que fez Baekhyun se sentir melhor. Estava sendo estranho para si demonstrar estar interessado porque Chanyeol estava certo, era o tipo de cara de um único encontro, mas sentia que ainda não tinha o suficiente do mais novo. Perceber que o interesse era mútuo auxiliava para que não se sentisse o único a abrir mão de seu orgulho.

 

Estar de volta ao apartamento trazia consigo lembranças da noite em que esteve ali antes e Baekhyun sentia-se ansioso apenas com as memórias. Queria ter outra noite ao lado do mais novo, mas estavam ali para a parte de Chanyeol do segundo encontro e por isso estavam indo para a cozinha e não para o quarto.

 

Não que Baekhyun precisasse do quarto; na verdade, tinha boas ideias para aquela mesa de jantar.

 

A cozinha de Chanyeol parecia uma extensão dele mesmo; algumas coisas estavam fora dos lugares, havia um livro de receitas em cima da pia e algumas panelas no fogão. Baekhyun o olhou, encontrando o olhar embaraçado de Chanyeol para o estado de sua cozinha, e não pôde deixar de achar de fofo.

 

“Tem certeza que não estava ocupado quando o chamei?”, Baekhyun perguntou em um tom trocista.

 

“Eu estava testando um novo molho”, Chanyeol revelou, “mas me distraí enquanto falava com você e, bem, ele reduziu demais.”

 

Baekhyun arriscou olhar para dentro da panela. “Com redução demais você quer dizer carinhosamente de que não existe mais molho?”

 

“Nada que eu não possa fazer de novo bem rápido”, Chanyeol respondeu, afastando Baekhyun da panela. “Essa não era a visão do jantar que você deveria ver.”

 

“Eu acredito no seu potencial, não se preocupe”, Baekhyun deu de ombros, sentando-se à bancada que dividia a cozinha da sala. “Estou ansioso para saber o que fará para nós.”

 

“Minhas habilidades são limitadas, mas farei o melhor para esse jantar”, Chanyeol respondeu, apressando-se  para apanhar os ingredientes necessários.

 

Como não queria deixar Baekhyun esperando, optou por comida rápida e gostosa, como o macarrão que Sehun o ensinou a fazer quando se espantou com a quantidade de macarrão instantâneo na casa de Chanyeol (“Por uns minutos a mais de cocção você poderia comer comida de verdade, Chanyeol!”). Os ensinamentos raivosos de Sehun deveria servir de alguma coisa.

 

Colocou água para ferver, apanhando o macarrão escolhido e correndo até a geladeira para apanhar tomates para o molho. Baekhyun o acompanhava com o olhar, divertindo-se com a afobação de seu anfitrião; durante os momentos de flerte conhecia um pouco mais do editor-chefe, mas nada que se comparasse a vê-lo em seu habitat natural.

 

Não pôde deixar de comparar ao café da manhã que evitou ter com Chanyeol, perguntando-se quanto daquela visão teria perdido. Havia ido embora sem dizer nada para evitar futuras cenas constrangedoras para os dois, caso não soubessem o que falar ou como agir após a noite juntos, mas agora começava a se perguntar o que poderia ter acontecido.

 

Estava acostumado a nunca ficar pelo café da manhã, mas sentia que com Chanyeol podia começar a mudar um pouco suas próprias regras.

 

“Talvez você precise de ajuda?”, Chanyeol o ouviu dizer, vendo Baekhyun se aproximar pelo canto de olho. “Você pode cuidar do macarrão e eu faço o molho, ele demora mais.”

 

“Então, você é um cozinheiro de mão cheia?”, retorquiu passando a faca para que terminasse de cortar os tomates.

 

“Quando você convive com alguém que poderia colocar fogo no apartamento se tentasse apenas esquentar leite, você aprende uma ou duas coisas”, Baekhyun respondeu, focando em seu trabalho.

 

Chanyeol não segurou sua risada. “Sehun ia ter um ataque se convivesse com seu roommate, que bom que não deram certo”, disse. Baekhyun o olhou sem entender. “Sehun é cozinheiro, ele leva isso muito a sério.”

 

Baekhyun finalmente pareceu entender. “Seria ótimo vê-los juntos, você não faz ideia. Se alguém conseguisse colocar um pouco de juízo na cabeça do Yifan em relação à cozinha…”

 

“Sehun ia enlouquecer seu amigo, não deseje isso nem por brincadeira”, Chanyeol o interrompeu. “Ele tem aquele jeito meio despojado que faz com que caiam na lábia dele, mas Oh Sehun é o próprio diabo.”

 

“Você parece gostar muito dele”, Baekhyun observou com ironia em seu tom de voz. “Grandes amigos, hein?”

 

“Depois que você passa anos ao lado de alguém você acaba percebendo seus lados ruins”, Chanyeol deu de ombros, voltando a focar sua atenção no macarrão. “Mas por que mesmo Sehun está atrapalhando meu jantar mesmo quando o maldito nem está aqui?”

 

Baekhyun riu voltando a cortar seus tomates, deixando o clima descontraído tomar conta da cozinha onde estavam. Descobriram o quanto era cômodo estar na presença um do outro sem que estivessem se beijando o tempo todo ou respondendo aos desejos de seus corpos em ficarem em constante contato; estavam apenas dividindo o mesmo espaço conversando trivialidades e estava sendo a noite mais divertida em muito tempo para os dois.

 

“Já cozinhou com alguém antes, Chanyeol?”, Baekhyun o questionou, sem deixar de focar sua atenção no que estava fazendo.

 

Chanyeol o olhou de soslaio, perguntando-se o motivo da pergunta feita. “Se o Sehun não contar me puxando as orelhas o tempo todo, não”, deu de ombros. “Eu faço muita bagunça na cozinha para que alguém queira se aventurar comigo.”

 

“É mais uma das minhas exclusividades então?”, Baekhyun perguntou, dando-lhe um sorriso maroto.

 

“Que outras exclusividades você tem, Baekhyun?”, Chanyeol o questionou, virando-se para olhá-lo. “Alguém esqueceu de me avisar isso.”

 

Baekhyun deixou a faca onde estava, aproximando-se do rapaz com o sorriso que Chanyeol detestava porque o desarmava por completo. Esqueceu-se do que estava tomando conta, abandonando no fogão ligado e prestando atenção aos movimentos felinos de Baekhyun, que aproximava-se em uma lentidão que quase o fez gemer de frustração, mas não daria esse gosto a Baekhyun. Sabia exatamente o que o ruivo estava aprontando.

 

Suas mãos coçavam para segurar sua cintura e trazê-lo para perto de uma vez, mas manteve-se como estava e o sorriso de Baekhyun alargou-se ainda mais ao perceber sua respiração tornando-se mais descompassada. Xingou-se mentalmente por não ser capaz de controlar essa parte de seu corpo porque, ao ver o ruivo afastar-se mais rápido do que quando se aproximou, Chanyeol sabia exatamente o que ouviria depois.

 

“Duvido que seu corpo reaja dessa forma a qualquer outra pessoa e eu nem sequer o toquei, Chan”, Baekhyun disse. “O que você dizia antes?”

 

“Cala a boca e só corta os seus tomates”, Chanyeol resmungou voltando a olhar para a panela com água fervendo à sua frente como se fosse a coisa mais interessante do mundo e tentando ignorar a risada de Baekhyun ao seu lado.

 

Chanyeol parou para pensar que nunca se imaginou em um encontro como este com Baekhyun. Tudo no ruivo era intenso, era como queimar em fogo vivo só por estar por perto, era sentir as pontas de seus dedos formigarem para tocá-lo, era o desejo insano em ter um pouquinho mais de seu mistério para si. Tê-lo ao seu lado apenas sorrindo para si e cantarolando uma música qualquer não fazia parte de nenhum de seus sonhos que o envolviam, mas não quer dizer que Chanyeol gostava menos da situação.

 

Para Baekhyun, soava igualmente estranho por nunca ter se imaginado nessa situação; não era o tipo de pessoa que age como um casal cozinhando lado a lado, trocando risadinhas e criando piadas internas com coisas bobas. Não era sequer o tipo de pessoa que aceita um jantar como o que estavam fazendo, mas ali estava ele, rendido ao sorriso gentil de Chanyeol e a suas piadas ruins que só conseguia rir por se sentir contagiado pela risada do mais novo.

 

Eram situações novas com sentimentos igualmente novos em seus peitos, mas não deixava de ser bom. Baekhyun não estava acostumado a isso e Chanyeol nunca sequer se viu ao lado do ruivo sem tocá-lo por seus desejos, mas era uma situação a qual ambos estavam dispostos a tentar manter.

 

O clima ameno facilitou o trabalho de ambos que sequer perceberam quanto tempo demoraram até que todo o jantar estivesse pronto e servido, com o macarrão feito por Chanyeol servido com o molho de Baekhyun por cima. Sehun teria orgulho do molho feito pelo ruivo, afinal, era melhor do que qualquer tentativa que Chanyeol pudesse fazer - não que o editor-chefe fosse dizer isso algum dia, alguns segredos devem morrer conosco.

 

Sentados à mesa prontos para comer, o silêncio ao qual não estavam mais acostumados voltou a cair sobre ambos, trazendo consigo a tensão já conhecida. Baekhyun não conseguia se esquecer dos momentos que teve naquele mesmo apartamento algumas semanas antes, principalmente vendo a forma como Chanyeol comia seu macarrão o olhando, despertando dentro de si algo que não sabia se conseguia controlar.

 

Resolveu que aquele era um jogo que os dois poderiam jogar, mesmo que Chanyeol não estivesse fazendo de propósito. Se seu anfitrião poderia prová-lo daquela forma e sair ileso, então Baekhyun tinha igual direito de provocá-lo enquanto desfrutava de seu jantar e Chanyeol não poderia dizer nada, afinal, eles só estavam comendo juntos e tendo um bom tempo ao lado um do outro.

 

As ideias referentes à mesa de jantar nunca estiveram tão frescas na mente de Baekhyun, mas ele as guardaria para um outro momento. De alguma forma, sabia que essa não seria a última vez que seu destino cruzaria com o de Chanyeol e algumas surpresas precisavam continuar onde estavam. Gostava de ser imprevisível e ser como uma caixinha de surpresas, sempre com alguma coisa em mente para surpreender a todos.

 

Seu alvo preferido atualmente respondia por Chanyeol.

 

Chanyeol estava distraído com seu jantar até começar a perceber o que Baekhyun estava fazendo. A perna do ruivo começava a roçar contra a sua embaixo da mesa, brincando de subir e descer lentamente. Olhou-o na esperança de ver qualquer coisa em sua expressão, mas Baekhyun desfrutava de seu jantar como se nada estivesse acontecendo e como se não estivesse enviando arrepios pela coluna de Chanyeol com simples movimentos por baixo da mesa.

 

“Isso está muito gostoso”, Baekhyun comentou, olhando-o e sorrindo para si mesmo ao perceber as reações do Park. “Seu amigo deve estar orgulhoso de você com esse macarrão.”

 

“A estrela do prato é o seu molho”, Chanyeol discordou, tentando parecer casual embora os movimentos de Baekhyun estivessem se tornando um pouco mais ousados em subir por sua perna. Não queria que o ruivo percebesse o que causava  em seu corpo, mas sabia que ele já havia percebido. “Poderia comê-lo com qualquer coisa.”

 

“Com qualquer coisa mesmo?”, Baekhyun questionou, erguendo uma das sobrancelhas.

 

A sutileza utilizada em uma simples pergunta fez com que Chanyeol se sentisse um adolescente controlando sua vergonha ao não ter percebido o duplo sentido que Baekhyun encontrou em sua frase. Contudo, decidiu que poderia continuar jogando com Baekhyun e entrar em seu jogo, dançando conforme a música escolhida pelo ruivo. Se ele queria provocá-lo, aproveitaria do espetáculo já que Baekhyun era expert no assunto.

 

O Byun percebeu como Chanyeol se mostrou desconcertado, mas sorriu ainda mais ao ver que o editor-chefe passou a devolver os olhares cheios de volúpia em sua direção. O jantar já não era mais tão importante quando ambos só conseguiam enxergar um ao outro e o mesmo desejo de outrora começava a atacá-los novamente, como se estar separado por uma mesa fosse um sacrifício grande demais para manterem.

 

Chanyeol precisava tocá-lo novamente, precisava sentir a pele contra a sua, precisar sentir seus lábios passeando por seu corpo e desfrutar de seus suspiros e gemidos como da primeira vez. Não se importava mais sobre acordar sozinho na manhã seguinte como Baekhyun fez da primeira vez; a única coisa que precisava era tê-lo em seus braços novamente e a frustração da manhã seguinte valeria a pena.

 

“Com qualquer coisa”, Chanyeol concordou depois de um tempo, desfrutando de um pouco mais do molho em seu prato para provocar o rapaz à sua frente.

 

Baekhyun se ergueu, aproximando-se de Chanyeol que afastou sua cadeira para recebê-lo em seu colo. O ruivo acomodou-se da melhor forma, como se fosse feito para estar junto ao corpo do editor-chefe em qualquer situação, e resgatou o sabor de seu molho da boca de Chanyeol, dividindo consigo em um beijo cheio de desejo e luxúria.

 

As mãos de Chanyeol se encaminharam para a cintura do mais velho, prendendo-o contra seu corpo e entrando por baixo de sua camisa, sentindo a pele quente contra seus dedos gelados. Baekhyun suspirou contra sua boca, as mãos presas em seus fios de cabelo e os puxando vez por outra para erguer seu rosto e poder descer seus lábios por seu pescoço.

 

Ambos sabiam que aquilo não era o suficiente, não ficariam satisfeitos apenas com alguns amassos em sua sala de jantar e por isso Chanyeol ergueu-se da cadeira com Baekhyun em seu colo, o ruivo prendendo as pernas em torno de sua cintura sem deixar de beijá-lo enquanto o editor-chefe o levava em direção ao seu quarto. Baekhyun já conhecia o caminho pelo corredor e riu contra a pele de Chanyeol ao vê-lo tendo dificuldades de abrir a porta do quarto sem tirá-lo de seu colo.

 

“Deixamos o molho na cozinha, Chan”, Baekhyun sussurrou contra seu ouvido, mordendo o lóbulo em seguido. “Você disse que poderia comê-lo com qualquer coisa.”

 

“Nós podemos buscá-lo depois, mas eu preciso de você agora”, Chanyeol respondeu, tomando sua boca novamente em um beijo decisivo.

 

Baekhyun devolveu o beijo de igual forma, caindo na cama de Chanyeol com o corpo do maior por cima do seu. Suas mãos se tornaram uma bagunça em conjunto, ambos tentando tocar o máximo possível do outro como se há muito tempo tivessem sede um do outro e nenhum outro momento seria possível saciar-se. Não havia espaço para relutâncias tampouco pensamentos de receio; ambos desejavam um ao outro de igual forma, como se aquela fosse a última noite juntos.

 

As mãos de Baekhyun se enfiaram pela camiseta de Chanyeol, trazendo-a para cima e quebrando o beijo apenas para retirá-la. Havia tido apenas uma noite com Chanyeol, mas podia dizer com convicção que adorava o corpo do maior. Tudo em Chanyeol era perfeito aos seus olhos e ao seu toque, parando um minuto para admirá-lo exatamente como já sabia que o mais novo gostava que fizesse.

 

Inverteu a situação, deixando Chanyeol abaixo de si e sentando-se em cima de seu quadril; arrancou a própria camiseta antes de voltar a se inclinar contra Chanyeol para roubar-lhe mais alguns beijos, a sensação de suas peles começando a se tocar intensificando cada sensação. Sentiam-se cada vez mais sensíveis um ao outro e sabiam que aquela era uma noite longe de terminar.

 

“Baek…”, Chanyeol o chamou quando Baekhyun largou sua boca para descer com seus beijos, “estará aqui amanhã?”

 

Baekhyun ergueu o rosto, ficando em silêncio por um tempo para observar o rosto ofegante do mais novo, a forma como seus olhos estavam fixos em sua figura e seus cabelos estavam completamente despenteados por suas mãos nervosas. O tórax de Chanyeol subia e descia devido sua respiração e, depois de depositar mais alguns beijos pela pele de seu peitoral, Baekhyun lançou um sorriso de canto ao mais novo.

 

“Estou curioso sobre como você faz o café da manhã”, respondeu.

 

Chanyeol não precisava de mais nenhuma palavra ou qualquer tipo de confirmação para saber que não precisava se preocupar em acordar frustrado ou com o lado gelado da cama; Baekhyun não iria a lugar nenhum, estava ali ao alcance de seus dedos causando-lhe as mesma sensações da primeira noite, como se o queimasse de dentro para fora e Chanyeol mal podia esperar por mais e mais.

 

Nunca era suficiente de Baekhyun e o editor-chefe não se recordava de algum dia alguma paixão sua ter sido tão abrasiva e arrebatadora como sua atração por Baekhyun era. Tudo que o ruivo fazia o deixava em êxtase, a forma como brincava com seu corpo, como depositava seus beijos onde sabia ser sensível, como rebolava em seu colo por pura provocação para depois não ceder aos pedidos de Chanyeol.

 

Tudo em Baekhyun gritava volúpia e Chanyeol estava pronto para afogar-se nisso naquela noite. Por uma noite, não daria rótulos a nada que Baekhyun o fazia sentir e deixaria que as coisas acontecessem como deveriam acontecer. Estavam desde o início apostando no destino e confiaria cegamente no que ele fizesse consigo contanto que trouxesse Baekhyun em seu caminho mais vezes.

 

Naquela noite, o cheiro de Baekhyun ficaria impregnado em seus lençóis exatamente como estava em sua memória, marcado à fogo como seus cabelos.

 

Girl, you know I want your love
Your love was handmade for somebody like me
Come on now, follow my lead
I may be crazy, don't mind me
Say, boy, let's not talk too much
Grab on my waist and put that body on me
Come on now, follow my lead
Come, come on now, follow my lead...


Notas Finais


É istooo! Espero que tenham gostado! <3

O último capítulo vai sair o mais rápido que eu conseguir escrevê-lo, mas eu to um pouquinho atarefada com a faculdade voltando, então paciência comigo, hm? Prometo tentar voltar rápido!

Qualquer coisa, vocês sempre me encontram aí nos comentários (mesmo com as minhas demoras gigantes em respondê-los), também estou sempre no twitter que é @iambyuntiful e temos esse lugar aqui para recadinhos anônimos: https://iambyuntiful.sarahah.com/

Se quiserem me mandar perguntinhas, meu curiouscat é esse: https://curiouscat.me/iambyuntiful

Até o próximo capítulo e beijinhosss~!


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