História De Repente aconteceu - A parte em que minha vida mudou

Capítulo 1

A parte em que minha vida mudou

Minha vida mudou drasticamente em uma fria manhã de domingo.

Abri lentamente os olhos e senti uma dor forte na cabeça. Minhas lembranças estavam confusas e eu não sabia dizer como fui parar naquele quarto que não parecia ser o meu.  Virei meu corpo para o lado e senti algo, ou melhor, um corpo quentinho se aninhar ao meu. Como meu rosto estava acima de sua cabeça não pude ver sua face. Inalei o odor de seus cabelos, automaticamente fechei os olhos, o cheiro era gostoso e me trouxe leves lembranças da noite passada. Sem sombra de dúvida eu e essa pessoa compartilhamos intimidades.

Tateei a mão por baixo do lençol e acariciei suas costas. Que pele macia. A sensação que tinha de tocá-la era boa e ao mesmo tempo nostálgica. Imagens de minha boca percorrendo aquela área vieram em minha mente, cheguei ouvir o som de seu gemido enquanto minha língua decorria por suas costas. Quem era aquela mulher que fazia meu coração acelerar só de recordar os momentos íntimos que dividi com ela?

Senti ela se mexer, parecia estar acordando. Minha mão agora afagava seus cabelos e com o outro braço livre enlacei sua cintura a trazendo para junto de meu corpo.  Senti a mulher misteriosa esfregar delicadamente seu rosto em seu peito, ela suspirou. Eu beijei o topo de sua cabeça. Seja lá quem for, eu queria continuar o que começamos ontem. Já sentia todo meu corpo dar sinal de excitação. Não me recordo de ter tido essas mesmas sensações com outra mulher.

Senti sua cabeça levantar-se lentamente, iria finalmente ver o rosto daquela pessoa que mexeu tanto comigo mesmo sem saber sua identidade.  Estávamos tão colados que conforme ela inclinava a cabeça para me fitar, minha boca roçava em sua testa, nariz, até que nossos lábios se tocaram.  Fechei meus olhos ao sentir aquela maciez e tenho certeza que ela também estava com olhos fechados.

Fiquei por alguns segundos me deliciando com a boca dela na minha, mas precisava saber quem era aquela mulher. Gradativamente fui abrindo meus olhos e tal foi meu espanto ao deslumbrar finalmente o rosto da pessoa que fiz amor na noite passada. Ela parecia não estar diferente de mim. Aqueles violetas me olhavam com espanto, tenho certeza que também não se lembrava muito bem do que aconteceu.

— R—Rukia? – foi tudo que consegui murmurar.  Nem em um milhão de anos adivinharia que a mulher que estava nua comigo em uma cama desconhecida era Rukia, minha amiga de longa data.

— O que pensa que tá fazendo, seu idiota? – senti a mão pesada dessa baixinha enfezada socar meu queixo violentamente. A força foi tão grande que fui direto ao chão. 

Eu me levantei e ia gritar com ela.  Por que tem que resolver tudo me batendo? Ok, a situação era estranha, mas eu também estava confuso e sem entender o que tinha acontecido. Entretanto não consegui dizer uma única palavra que fosse ao olhá-la sentada naquela cama completamente nua. Por eu estar enrolado no lençol, quando Rukia me lançou no chão o trouxe comigo.

Nunca tinha visto ela como mulher. Rukia é minha amiga e temos uma boa relação por anos, porém confesso que fiquei balançado ao constatar o quanto ela é linda por baixo daqueles vestidos longos que costuma usar.

— O que foi? – fala visivelmente irritada. Ela ainda não tinha notado sua nudez. Eu discretamente apontei para seu corpo e Rukia acompanhou com o olhar. – Não olhe para mim! – berra. Pega um travesseiro, taca em mim e com o outro se tampa. Seu rosto estava vermelho de vergonha. – O que ta acontecendo aqui? – estava totalmente confusa e muito abalada.

— Eu não tenho certeza. – disse me levantando e sentado na cama. — Vou ao banheiro me vestir e quando voltar conversamos – minha voz estava tranquila, apesar da agitação que se encontrava meu coração.

Rukia não disse nada, apenas percebi que seus olhos ficaram ainda mais arregalados ao notar que eu também estava nu.

Algum tempo depois.

Já estávamos ambos vestido. Eu sentado em uma cadeira de frente para minha amiga, que estava na cama de igual modo sentada.

Ela apenas me olhava, parecia que estava tentando entender o que tinha acontecido. Rukia aparentava confusão tanto quanto eu.  Vi sua boca abrir e fechar algumas vezes. Ela queria falar algo, porém as palavras não saiam ou não sabia o que falar. Eu me encontrava na mesma situação.

— O que aconteceu, Ichigo? – ouviu sua voz baixa, foram poucas as vezes que a vi tão constrangida.

— Não tenho certeza, apenas uns flashs vêm e vão em minha cabeça. – não menti, era exatamente isso que acontecia desde que acordei. Porém, apesar de não me lembrar completamente do que aconteceu, sabia que tínhamos feito amor. Mas como vou falar isso para Rukia?

— Flashs? Então faz uma ideia do que aconteceu?  — ela parecia desesperada e esperançosa para eu esclarecer toda aquela confusão. Confesso que temi a reação de Rukia se eu lhe contasse.

— O que se lembra? – Respondi com outra pergunta. Precisava saber se ela já sabia e estava me testando ou realmente não tinha a menor ideia de que transamos. E ao julgar pela marca vermelha em seu pescoço, foi bem intenso. Fiquei rubro só de pensar nas circunstancias que deixei aquele hematoma em sua pele tão alva.

— Não muito. As últimas lembranças que tenho é de estarmos na festa de aniversário do Ishida. Depois disso não me recordo de mais nada. – ela passava as mãos no cabelo os deixando levemente bagunçados.

Naquele momento tive certeza de que Rukia não tinha a menor ideia de que se entregou a mim na noite passada. E agora? Como vou fazer para lhe contar a verdade?

Continua...