— Ele tá na porra do cio? - perguntei genuinamente confuso.
Depois de eu ter... aliviado a dor do dragão vermelho, ele acabou desmaiando de sono, então eu o limpei, dei água para que se hidratasse, passei mais um pouco da gosma em seu corpo e por fim cobri sua nudez parcial.
Eu não sabia o que estava acontecendo, então fui até a única pessoa que o conhecia por aqui:
O tritão de merda.
“Aí que humilhação.”
É para o bem do ruivo.
O moreno começou a rir, uma risada pequena e acanhada que me deixou com um ódio mortal.
“Ele tá tirando uma com a minha cara?”
— Kirishima é um dragão.
Fingi surpresa de uma forma completamente exagerada.
— Não diga, todo esse tempo e eu achando que ele era um papagaio. Muito obrigado pela sua revelação, isso mudará minha vida.
Ele tremeu borbulhando um pouco de água antes de inspirar fundo e continuar com a explicação.
— Ele não tem cio... ou tem?
— Ajudou pra caralho enh.
— Não precisa debochar desse jeito... e-eu não sei o que exatamente é aquilo. - coçou ao lado das guelras como se estivesse pensando.
— Que?
O sereio respirou fundo antes de continuar, a voz saindo mais baixa do que seu tom natural.
As bochechas dele ficaram vermelhas assim que o tritão sentiu meus olhos atentos sobre ele.
“Pra que tanta vergonha? Credo.”
— Muitas espécies de répteis entram em rituais de acasalamento que podem levar horas, dias ou mais. Com ele não é diferente, entretanto... Kirishima me disse que se tornou um pária, isso significa que o direito de acasalar foi revogado, então seria impossível ele estar se preparando para copular , ainda mais que a temporada de acasalamento terminou.
— Sim. Mas isso não explica por que...
“— Ele disse que tinha um... evento importante. Que, tenho certeza, envolvem muitos hormônios. Tome isso como exemplo, ok? “
— Merda. Aquilo deve ser um efeito colateral ao alguma caralha parecida. - sussurrei a última parte para mim mesmo.
Porra, aquela merda de antídoto, eu esqueci que ele tinha “voltado no tempo” ou sei lá... algo parecido.
“Confusão da porra.”
— E o que eu faço se ele estiver acasalando?
— Pega suas coisas e vai para longe.
“Atá e deixar ele sozinho com você?”
— Independente do estado de letargia sexual ele ainda pode te atacar quando menos você espera, ou acabar se machucando sem querer. Dragões machos são muito irracionais, eles se deixam levar pelo instinto animalesco, ainda mais em uma situação como essas.
Revirei os olhos.
— Ele nunca me machucaria. Não é a cara dele. Além disso eu já... dei uma mãozinha pra ele... e... talvez mais que isso. - corei com as lembranças ainda frescas em minha mente.
O moreno levantou a sobrancelha antes de acariciar a ponte do nariz e apertar os lábios como se estivesse pensando seriamente no assunto.
— Não é o suficiente, este episódio, provavelmente, foi apenas o começo para algo mais devastador. Olha...eu posso ajudá-lo, entendo do assunto e... além disso ele precisa ser selado por alguém de confiança, isso garantirá fertilidade e fidelidade além de ser um processo lindo de união que, aliais, pode ser assistido pelo parceiro ou qualquer pessoa que tenha um vínculo forte com ele.
— Chamamos isso de “corno consciente” então, não.
O peixinho de lago arregalou os olhos incrédulo.
— Sinceramente, não estou te entendendo. Você vem até mim querendo conselhos, me lança desaforos, se recusa a ir embora e me impede de ajudar meu próprio amigo. O que você quer Katsuki?
Bufei me sentando da melhor maneira possível antes de estender uma adaga na direção do moreno.
— Para alguém tímido você está bem soltinho agora, acho que perdeu a noção do perigo. - passei a lâmina cortante pelas minhas mãos como se não fossem afiadas o suficiente para deixarem um corte sangrento na superfície áspera. — Acho que... você não entendeu o que estou fazendo aqui, perdendo o meu tempo com um peixinho de vala. Mas eu vou explicar direitinho. - finquei a lâmina no chão, satisfeito com o olhar amedrontado que recebi em resposta. — Primeiro, eu só queria saber como lidar com essa situação inusitada. Segundo, eu não vou embora tão cedo e se eu for o Kirishima vai junto, queira ele goste ou não. Terceiro, você não encostará um dedo nele sem o meu consentimento.
— Na-não é você que tem que decidir isso.
— Realmente, mas sei que você não fará nada para magoar o ruivo. - sorri sínico. — E ele ficaria muito triste se eu fosse embora.
— O que te garante isso?
Ri como um verdadeiro louco psicótico.
— Era o meu nome que ele estava gemendo. - tirei a faca do chão e lambi lentamente a ponta. — Eu só quero o que é meu.
— Vo-você está sendo inconsequente. Dragões podem ser criaturas dóceis, mas são extremamente violentas quando o instinto toma conta. Você vai morrer se não achar um jeito de contê-lo.
Logo após o tritão mergulhou para as profundezas do lago.
Cliquei a língua no céu da boca.
— Eu sei conter a porra do meu dragão. Eu acho.
[...]
Voltei para a caverna carregando um monte de equipamentos de contenção: uma fucinheira estranha, correntes pesadas e enormes, uma espécie de coleira, cordas...
Só pra garantir. Não que eu esteja com medo dele, é apenas para garantir um ritmo saudável, aquela gosma não ia durar muito tempo e eu não sou uma máquina.
“Até o comerciante ficou surpreso com minha compra absurda.”
— Vai caçar uma família de ursos? - o homem moreno indagou enquanto bocejava de sono.
— Não é da sua conta.
— Eu não ligo, meu trabalho é extorquir dinheiro de caras como você, só ia perguntar se vai levar a fucinheira.
“Bem... quase surpreso.”
Procurei pelo dragão carmim que estava sentado em um canto, roçando a cauda entre as pernas, eu podia ouvir os suspiros sôfregos e a respiração desregulada, mas não era naquela urgência absurda, então estava tudo bem... por enquanto.
— Pra que tudo isso? - ele perguntou curioso, se arrastando até mim.
— Pra te conter.
Ele me olhou com deboche, sorriu e segurou uma das correntes entre os dedos.
— Você sabe que isso aqui não vai me conter.
— Não custa tentar. Eu não quero morrer por falta de porra no corpo.
— Katsuki, ninguém morre por falta de porra.
— Fale por você. Minha porra é muito importante pra mim.
Ele gemeu antes de se deitar no chão.
— Chega dessa conversa por favor. Faça logo o que você tem que fazer.
— Ok, acho que isso basta. - Terminei de martelar os enormes ganchos na parede da caverna. — Você não precisa usar isso o tempo inteiro, se estiver incomodando pode tirar, mas terei que te prender quando seu... instinto... tomar conta. - na última frase tentei imitar a voz irritante do coleguinha peixe dele.
Me virei para averiguar o ruivo e quase tive um troço:
Ele me encarava de forma lasciva enquanto girava no dedo a corrente ligada a sua grossa coleira, as outras amarras que prendiam os dois pulsos e a cintura balançavam em sincronia com seus quadris, um ritmo lento e erótico repleto de rebolado. A melhor parte era o rosto saliente do menor, língua bifurcada para fora, bochechas vermelhas, olhos selvagens que estavam ainda mais realçados pelo preto da focinheira, não vou nem dizer o quanto aquela boca atraente ficava ainda mais perigosa tendo um objeto tão pontudo quanto os seus dentes moldurado o sorriso predatório.
Quando o meu filhote, assustado, ingênuo e bobinho se transformou nisso?
Será que eu perdi algum cap?
“Deuses. Me deem forças para aguentar um mês inteiro com essa perdição de homem lagartixa.”
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.